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Tiago Santos, técnico de prótese dentária e

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Tiago Santos

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Técnico de prótese dentária. Experto em gestão e liderança. Diretor do Laboratório de Prótese Dentária HiTec.

A revolução digital na contratação de técnicos de prótese dentária

Estes tempos de pandemia têm permitido fazer algumas reflexões sobre várias temáticas, uma delas, naturalmente, aquilo que tem acontecido ao setor da prótese dentária.

Num desses momentos de confinamento social, recordei-me dos meus tempos de escolha de curso, uma das decisões mais importantes a tomar à altura. A minha opção foi por uma licenciatura bietápica em prótese dentária. Um curso inovador, que poucas pessoas conheciam e algumas associavam ainda a um curso técnico-profissional.

Muito mudou desde esse tempo! Nos últimos 14 anos, os laboratórios têm sofrido várias alterações estruturais com impacto na maneira como os técnicos de prótese dentária (TPD) trabalham e interagem com os seus clientes. Claro está que muitas dessas alterações são devidas ao conhecimento técnico-científico adquirido pelos profissionais, assim como a introdução de novas tecnologias na produção de trabalhos e comunicação com a equipa médica.

O facto de estar há 12 anos a trabalhar num dos maiores laboratórios de prótese dentária do país tem-me permitido interagir com diversas instituições públicas e privadas ligadas ao setor da saúde oral. Esta convivência, tanto com universidades e escolas como com a indústria, possibilitou-me criar uma rede de contactos, tornando o laboratório do qual sou diretor numa empresa que tem contribuído para colocar no mercado de trabalho vários jovens talentos.

Acredito profundamente numa ligação de cooperação entre escolas e universidades permitindo aos alunos estágios curriculares e estágios profissionais em contexto real de trabalho. Esta interação de décadas tem possibilitado perceber e contribuir para a revolução digital que tem acontecido nestes últimos anos de profissão.

Só há bem pouco tempo os currículos dos cursos de prótese dentária incluem na sua formação de base as novas tecnologias ligadas à reabilitação oral. Foi um passo enorme! Hoje é indiscutível que para além das competências técnicas os novos profissionais têm de ter uma formação sólida em CAD (computer-aides design).

De acordo com a minha experiência em receber várias dezenas de jovens licenciados, uma

Só há bem pouco tempo os currículos de prótese dentária incluem na sua formação de base as novas tecnologias ligadas à reabilitação oral. Foi um passo enorme!

das áreas mais atrativas tem sido justamente o departamento de CAD-CAM. É todo um novo mundo que se abre, onde se consegue aliar a tecnologia, a previsibilidade, os conhecimentos técnicos e a produtividade. É sem dúvida um setor que irá continuar a crescer num ritmo cada vez maior e que ocupará mais espaço nos nossos laboratórios.

Os jovens profissionais estão cada vez mais aptos a trabalhar com os softwares de desenho e nota-se que as novas gerações têm ainda

O mundo atual está impelido pela tecnologia e assim irá continuar e, como tal, a profissão de técnico de prótese dentária será obrigada a acompanhar esta evolução

mais facilidade de aprendizagem e otimização destas tecnologias. Mesmo que o técnico de prótese dentária tenha apenas umas “luzes” no software de desenho, a sua curva de aprendizagem é cada vez mais rápida.

Esta geração (a geração z, também conhecida por centennials) é a primeira geração digitalmente nativa, que tem muita facilidade em adquirir e reforçar conhecimentos através de webinars, YouTube, Google e que já não está à espera que os mais velhos lhe ensinem. Estas características fazem com que o processo de aprendizagem seja mais rápido.

Para além do conhecimento técnico e científico, ou seja, as hard skills, o TPD ainda será mais completo quando adquire outro tipo de competências, cada vez mais valorizadas pelos líderes, as conhecidas soft skills, inteiramente relacionadas com a inteligência emocional. As competências comportamentais relacionadas com uma comunicação eficaz, pensamento criativo, resiliência, empatia, liderança e ética do trabalho são para mim tão ou mais fundamentais que o conhecimento/ capacidade técnica.

É também importante destacar o papel fundamental que a indústria tem tido. Atualmente a relação de cooperação entre indústria, escolas/universidades e empresas tem permitido colocar no mercado novos materiais que requerem menos expertise dos TPD, obtendo resultados bons sem que para tal sejam necessários anos e anos de experiência. Dou como exemplo os materiais monolíticos com multicamadas.

A maneira como os profissionais e a indústria se têm comportado também sofreu uma enorme revolução, muitas vezes é a própria indústria que cria programas de reforço de competências para os TPD, sejam eles relacionados com materiais ou software. À semelhança de outros setores, a indústria dentária tem patrocinado salas de aulas com as mais recentes tecnologias.

O mundo atual está impelido pela tecnologia e assim irá continuar e, como tal, a profissão de técnico de prótese dentária será obrigada a acompanhar esta evolução.

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