‘de colores’
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Director: Pe. J. Neves Machado | Directora adjunta: Margarida Fernandes Propriedade: Associação de S. Paulo | Sede: Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga - Telef. 253 263 415 Excução gráfica: Empresa do Diário do Minho, Lda. | Tiragem: 3000 exemplares Registo ERC: Isento ao abrigo do decreto regulamentar, 8/99 de 9/6, art.º 12, n.º 1 alinea a). Preço: 0,50 euros
REMETENTE: SECRETARIADO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE - Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga
DEZEMBRO 2017
“Uma Nova Esperança” Caros irmãos cursilhistas, aproxima-se um tempo de muito proveito, para meditarmos, orarmos e vivermos ao encontro do Senhor que vem. Liturgicamente falamos do tempo de Advento, onde se inicia um novo ano litúrgico, com o aprofundamento dos mistérios de Jesus Cristo, através do evangelista São Marcos. Para a nossa missão é tão importante não descurar a nossa identidade com Aquele que dá sentido pleno à nossa vida, pois a enche de alegria e esperança. É hora dos cursilhos serem uma mediação profunda de encontro catecumenal com Senhor Jesus Cristo. Ele prepara-nos o caminho a seguir. Deixemo-nos levar pelas Suas mãos. À imagem do nosso padroeiro São Paulo unamo-nos tão profundamente a Ele que nos guia pelos caminhos da vida, para que Ele viva em nós em todos os momentos: “Tudo posso Naquele que me conforta”. O Papa Francisco disse-nos na sua mensagem, para o primeiro Dia Mundial dos Pobres, que o caminho que devemos percorrer “é um caminho atrás Dele e com Ele: um caminho que conduz à bem-aventurança do Reino dos Céus”, pois a nossa vocação cristã é seguir Jesus pobre. É a isso que nos alude a vinda de Jesus à humanidade, pois
“a pobreza cria condições para assumir livremente as responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações, confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela Sua graça”. Neste sentido, desafio-vos a fazerem-se pobres com o exemplo do Pobre de Belém, “que se fez tudo para todos”, que veio para servir e não para ser servido, que nos abre à semelhança de Eduardo Bonnin, a uma verdadeira renovação na evangelização, através de uma esperança cristã, cada vez mais assente no pilar do testemunho de vida, que não pode, nem deve ser esquecido, por quem se encontrou com Cristo, foi chamado e interpelado por Ele à missão da transmissão da Boa Nova.
Elevo ao Senhor da Esperança as minhas mais humildes orações, para que o Movimento dos Cursilhos de Cristandade seja uma boa notícia para todos aqueles que estão afastados, por diversos motivos, do seu encontro verdadeiro com Aquele que se dá a conhecer como o Humilde, o Pobre, o Verbo (Palavra), o Amor, a Verdade, a Vida e a Paz, no presépio de Belém (Casa do Pão: onde todos os homens podem saciar a sua fome e sede do verdadeiro Deus que percorre connosco o caminho da história, ontem, hoje e sempre). Votos de Santo e Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, com as maiores bênçãos de Deus, que escolhe quem quer, aonde quer e como quer. Decolores Pe. Henrique Ribeiro
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Registamos a Vossa Generosidade Donativos para o jornal “MAIS ALÉM” Narciso Almeida Lima Maria Regado Brás Pe. Carlos H. C. Mesquita Margarida Rocha Ferreira Mário Luis C. Coelho António P. Fernandes José Fernandes Laurindo Martins Araújo Artur Vieira Azevedo Henrique Ribeiro Dinis Abílio Oliveira Machado Francisco da Silva Marques Maria Glória M. Azevedo Susana Maria Lemos Abreu Maria Conceição F. Ribeiro Francisco José V. Nogueira João Pinheiro José Marques Trocado Manuel Marques Trocado Orlando Pereira Rajão Aurora Barros José Paulino G. Passos Isabel Maria Martins Costa Camila Leite
Marinhas Marinhas Guimarães Roriz BCL Regadas P. de Tibães Taipas P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos P. Saramagos Lapa PVZ Lapa PVZ Lapa PVZ Lapa PVZ Fafe Abação Abação Abação
5,00 10,00 50,00 10,00 10,00 5,00 10,00 5,00 5,00 10,00 10,00 5,00 15,00 15,00 5,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 5,00 5,00 10,00 10,00
Ana Maria D. A. da Rocha
M. S.Pedro
20,00
Maria Fátima Pinto da Silva
M. S.Paio
10,00
Fátima Carneiro
Lousado
10,00
Padre José Vitorino Veloso
Braga
20,00
Bernardino Flores
Braga
20,00
Belmiro Lopes
Braga
20,00
Francisco Pinto da Silva
Braga
20,00
Maria José de Sá Condesso
Apúlia
10,00
Luísa Faria
Apúlia
5,00
Fafe
5,00
Artur Freitas Nogueira Manuel Ferreira da Costa
Fafe Louro
10,00 10,00
José Mesquita Ribeiro
Louro
10,00
Joaquim Rodrigues Araújo
Louro
10,00
Conceição Sousa
Louro
10,00
Teresa Jesus Azevedo
Louro
10,00
Maria Emília Oliveira Silva
Louro
10,00
José Borges
Braga
10,00
Guimarães
20,00
Centro da Lapa
50,00
Centro de Vila do Conde
28,00
Centro de Caxinas
255,00
Rosa Carvalho
José Veiga e esposa Cândida Veiga Maria Josefa M. Machado
Coletas
Cursilhistas Falecidos NOME CURSILHO CENTRO António Eduardo Peixoto 239 Braga Ana Rodrigues Fangueiro 267 Caxinas José Martins Marques 99 Caxinas José Madalena Pereira 102 Caxinas Maria Adelaide Cristelo 268 Caxinas Maria Cristina Macieira 100 Caxinas Maria das Dores Clara Fortunato 304 Caxinas Maria de Fátima C. Pontes 228 Caxinas José Alberto Ribeiro de Oliveira 206 Pevidém António Ferreira Matias da Silva 174 PVZ
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Centro de Cossourado
70,00
Centro de Guimarães
105,38
Coletas eucaristia Cursilhos
46,48
Centro de Pousada de Saramagos
80,00
Centro de Braga
59,76
Centro de Marinhas
50,00
Centro de Braga
53,69
Centro de Vila Verde
40,00
Centro de Vila do Conde
135,00
Centro de Abação
128,00
Centro de Braga
33,74
Centro de Braga
43,08
Centro de Fafe
100,00
Centro de Cossourado
50,00
Centro de Caxinas
215,00
Centro de Apúlia
110,00
Centro de Braga
42,75
Coletas Escola 23.10.2017
40,21
Coletas Escola 06.11.2017
21,35
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Silêncio! Esperança!
Bendito é o Senhor Deus do universo que me dá a constante possibilidade de fazer paragens na minha vida e me faz sobrepor barreiras, pelo sentimento de transcendência, por tudo o que Deus fez por mim, pelo privilégio de me ter dado a graça de O ver, sentir e adorar. Por mais que tudo à minha volta me desiluda, por mais que o ser humano seja aquilo que não deveria ser, por tudo que eu não deveria ser: Senhor, ajuda-me a ser mais e melhor! Dá-me a Tua força e paciência, para que neste meu caminho seja Tua testemunha, de amor perseverança, lealdade e fraternidade. Assim, e pelo sentimento de esperança deixado por Deus como um legado na minha vida, sentir Deus é estar em paz, é alcançar o inalcançável; é ser/estar feliz no meio da maior infelicidade; é ter a certeza de um acompanhamento invisível, que é tão visível como a luz; é o desejo de luz que retempera todas as minhas forças, que me seca as lágrimas e que me mostra a verdadeira vida. Vida dom, vida presente. Ter fé é responder com o coração a Jesus; é ultrapassar qualquer realidade; é conhecer o Deus da esperança, é consolidar a minha relação com o Divino. A força da fé reforçou e harmonizou o meu vínculo com o Senhor, sem ela jamais teria chegado até aqui. Esperança é felicidade; é o renovar da vida e do caminho; é o reconstruir de cada sonho, alimentado pela relação intrínseca que tenho com Deus. É pela fé que sigo o meu caminho, independente da estrada que me aparecer. É sempre necessário silêncio para que o Senhor entre no nosso coração. Temos que cair para nos levantarmos. Temos que percorrer estradas vazias, sem amor, sem esperança. É sempre inevitável o fim, para poder recomeçar. É pela confiança N’Ele que vou em frente que recomeço constantemente pelo maravilhoso dom da vida que me deu. Componho o que Te escrevo como se de uma música se tratasse. No início sem cuidado, apenas sons, depois a música faz sentido, os arranjos encaixam-se. Este é o modo que encontrei para Te louvar. Muito mais que um legado de fé, hoje vivo com o Senhor uma vivência próxima, que não consigo explicar. Que o frio nunca arrefeça o calor da esperança, que os caminhos que percorro me ajudem cada vez mais a ter determinação na minha fé, por pior que as minhas forças estejam. Que no silêncio do Sacrário eu possa encontrar sempre tudo aquilo que preciso, para que o milagre da vida em Cristo, se renove a cada tropeço. “Cristo e eu, maioria absoluta!”
O fim de um caminho é sempre o início de outro! O silêncio diz tudo, outras vezes não diz nada! Silêncio pode ser paz, mas também pode ser desassossego! Silêncio castrador, silenciador de sentimentos de alma, camuflador da voz que grita interiormente. Em silêncio encontrei-me! Encontrei o Senhor que no silêncio do Seu Sacrário espera sempre por mim! De fronte D’Ele tudo é diferente, o magnetismo do Seu ser sempre presente reconforta o emocional, alimenta o espírito sofredor e incompreendido, pelo mundo castrador e inibidor da diferença. Em silêncio choro a indiferença do mundo, das pessoas, que do alto da sua prepotência, manipulam idolatram-se a si próprias, como que querendo comparar-se a Jesus e à Sua Infinita Majestade. Ele que é manso e humilde de coração, nunca se sobrepôs a ninguém! Com Ele aprendi que um olhar vale mais que mil palavras, que os olhos gritam, manifestam a mais profunda das tristezas, manifestam a mais profunda das alegrias, a alheamento e o desdém. Penso no silêncio, tantas vezes difícil suportar e a alma sangra por não poder gritar. Abafa o ser, manipula a dor, tira a esperança, quantas vezes deixa o peito com dor. Porém, o silêncio também é alegria quando Te louvo e agradeço. O silêncio da voz faz sobressair a expressão ocular, o labiar dos olhos. Foi neste silêncio que O encontrei e percebi “que o fim de um caminho é sempre o início de outro…” O caminho leva-me onde preciso chegar, entre encruzilhadas e linhas retas, entre montes e vales. Os obstáculos são constantes e aparecem do improvável. Mas é nessa improbabilidade que conheço a alma humana, que redefino o meu caminho. No horizonte o Sacrário chama por mim, mostra-me a Sua luz, a Sua força e o Seu amor, projeta em mim o sentido da vida: Jesus! Este Jesus que um dia cruzou o meu caminho num cursilho e com afeto veio para ficar! É este Deus de afeto que me seduz, que me sibila ao ouvido “Eu sou o caminho a verdade e a vida” é por Mim que estás cá, é por Mim que tens de caminhar e dar testemunho do Novo Mandamento do amor. Caminho com o Senhor, por isso nunca me sinto desamparada. Ele orienta-me e é esperança na minha vida. O misterioso Deus, que me mostra constantemente o caminho que me levanta das quedas, que me mostra a Sua Cruz. Ao vê-la percebo que o meu caminho é fácil, que tenho que acreditar e me deixar envolver pela Sua vontade. Os trilhos são muitos e, por vezes, conduzem-nos a nichos de sociedades totalitárias, onde o Homem é tratado com indiferença, por razões de ordem social, cultural e académica. Na maioria das vezes apartamos quem de nós precisa, confundimos muitas vezes irreverência com falta de educação e assim, esquecemos muitos daqueles que caminham connosco. É só pela via do amor que se dá a conversão afetiva, o início da mudança de vida, com Ele no coração. Hoje sei que o melhor ainda está para vir. Não adianta mentir nem trapaçar, pois só as boas condutas e a honestidade nos conduzem à plenitude do amor e assim nos sentiremos bem. Nós somos o caminho que escolhemos e eu tive a graça de renascer no caminho de Deus.
Maria José Costa Centro de Guimarães
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“CRISTO CONTA CONTIGO!” ATIVID Mais Além
Últimos cursilhos O Movimento dos Cursilhos de Cristandade presente na Diocese de Braga há mais de 50 anos, realizou em julho passado dois cursilhos: 394.º Cursilho de Homens e 395.º Cursilho de Senhoras.
Os Cursilhos decorreram em simultâneo, de 05 a 08 de julho, um nas instalações do Centro Pastoral Paulo VI, em Darque e outro nas instalações da Congregação da Divina Providência e Sagrada Família, em Braga, respetivamente. Recordados das descobertas efetuadas no Cursilho e dos momentos em que perante o Sacário obtiveram resposta a dúvidas e anseios; e conscientes de que a oração é elemento fundamental para e no decorrer dos Cursilhos, irmãos portugueses e de vários países, dos diferentes pontos do mundo, uniram-se a nós e fizeram chegar a sua intendência para o sucesso apostólico e bênção destes cursilhos. Aos valentes durante três dias foi dada a conhecer a oportunidade de seguir um novo ideal: Jesus Cristo. Como disse o Papa Francisco, “Seguir Jesus quer dizer dar-Lhe o primeiro lugar, despojando-nos das muitas coisas que sufocam o nosso coração.” A Clausura dos Cursilhos realizou-se, ao princípio da noite, no dia no Auditório do centro Paroquial das Caxinas, seguida de Eucaristia. Na clausura os centros fizeram-se representar por irmãos que acolheram de braços abertos os novos cursilhistas. Os presentes tiveram a oportunidade de ver como o Senhor tocou os seus corações, o Senhor faz em nós maravilhas. Foram vividos momentos de muita felicidade e entusiasmo, com a certeza de que todos, novos e velhos cursilhistas, saíram mais fortalecidos para o seu Quarto Dia, esboçando no rosto a alegria de que vive em “maioria absoluta” com Cristo.
Na pele de reitora Sou a Paula Cunha Silva, casada com o Jaime Silva, pais de 3 filhos, natural e residente na Póvoa de Varzim, pertenço ao Centro da Lapa e, e tenho 51 anos. Começo por vos dizer que fiz o meu Curso de 19 a 22 de Maio de 2004, tinha eu 38 anos. Fui pescada dentro do aquário. Depois de muitos dos meus amigos cursistas me abordarem para fazer um Curso de Cristandade, aos quais eu respondia que ainda era muito cedo, um belo dia, o meu Pároco, o padre Telmo, da Lapa, no fim de uma Eucaristia de domingo, faz-me o convite, o qual eu aceitei, com a condição de que enquanto casal tínhamos de ir um de cada vez Temos três filhos e não era fácil deixá-los entregues a alguém e, por essa razão, um de nós teria que ficar para fazer a ponte. Tive consciência desde aquele momento que Deus me chamou. Para quê eu ainda não sabia, mas durante o curso fui-me apercebendo que O ouvia. Para mim não era novidade, Deus queria incumbir-me de alguma missão e então ia escutando com a maior das atenções o grande desafio que Deus me estava a fazer. Para quem se recorda e esteve na minha Clausura, na presença do senhor Cónego Melo, que presidia à Eucaristia, fiz um juramento ao
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Senhor ao estilo D’Artagnan juntamente com as minhas companheiras, as quatro mosqueteiras, com a frase “Uma por todas e todas por uma”. Durante os primeiros meses foi tudo muito bonito. Neste momento, apercebo-me que as mosqueteiras foram ficando de pantufas no sofá e que a D’Artagnan, dentro dos possíveis, vai permanecendo. Fiz esta breve resenha da minha vida para me perceberem e conhecerem um pouco mais. Depois do meu curso, passados oito meses comecei a trabalhar como responsável e, desde aí, até hoje ainda não parei. Quis o Senhor, um belo dia destes, fazer-me o desafio de trabalhar como reitora. Quando me foi feito este convite achei que o presidente do Secretariado e o Senhor, desculpem-me a expressão, “estavam malucos”. Como poderia isto acontecer sendo eu tão leiga na matéria? Como é que eu tão pequena e insignificante poderia assumir tal responsabilidade? Depois de algum tempo de relutância, comigo mesma e com o Senhor, após algumas conversas com o meu marido e alguns amigos, decidi aceitar este enorme desafio cheio de responsabilidades, que o Senhor me chamou a cumprir. Contudo disse ao Senhor: “eu vou fazer o meu trabalho de casa e vou contar que Tu faças o resto porque eu sem Ti não sou nada”.
DADES ” E NÓS COM A SUA GRAÇA! Mais Além
Escolhi a melhor equipa reitora com a ajuda do Espírito Santo, depois de ter rezado muito ao Senhor. A vice-reitora foi muito importante nesta equipa uma vez que era a minha primeira vez como reitora. Desde da primeira hora que aceitei o desafio, entreguei nas mãos de Deus o curso e as novas irmãs. Em Fátima, na Ultreia Mundial, entreguei aos pés de Nossa Senhora o curso, pedindo-lhe que me ajudasse a fazer o trabalho que Deus me tinha pedido, que me desse muita humildade, generosidade e espírito de serviço. Foi nesta confiança, de acreditar que Deus estaria ao meu lado, que comecei a preparar o curso. A meio da preparação do curso, recebi a notícia de que, possivelmente, este não se iria realizar, uma vez que, até àquela data, os centros não tinham fichas de inscrições, e era preciso proceder-se à reserva do espaço para se fazer o curso. Dadas as circunstâncias seria melhor não haver nada. Depois de ter falado com a vice-reitora e uma das responsáveis a dar-lhes esta triste notícia, não sei como, vejo-me a pensar que não iriamos desistir de preparar o curso, acontecesse o que acontecesse iríamos até fim e fosse o que Deus quisesse. Todas as que integrávamos a Equipa fomos unânimes nesta nossa escolha. Foi, sem dúvida, Deus que nos iluminou nesta nossa decisão. No dia de começar o curso o presidente do Secretariado, o irmão Jaime Pinto, pouco antes da Eucaristia de Envio, segreda-me que em vez das doze mulheres só teríamos sete. Eu perguntei “e agora Senhor?” No início da Eucaristia com as equipas reitoras de homens e mulheres, comecei a serenar e fui-me deixando envolver pela Palavra de Deus de tal forma que fui tendo respostas às minhas inquietações. No final, então pensei assim: “ Seja o que Deus quiser. Nas Tuas mãos entrego o meu espírito e seja feita
a Tua vontade e não a nossa. Senhor Tu é que sabes.” Antes do curso começar, comentei com a equipa o que se estava a passar. Olhamos umas para as outras e abraçamo-nos. Sentimo-nos mais unidas. Comentado com o padre Neves Machado o que se estava a passar deparei-me com o seu ar admirado, como se me estivesse a perguntar “Só?”. Refletiu e na sua serenidade, respondeu-me “Bem, que seja!” Acredito que a providência divina quis que isto tudo acontecesse, pois pôs-nos a todos à prova. Em tom de brincadeira, mas a sério disse à equipa reitora que o Senhor teve piedade de mim, pois era a minha primeira vez como reitora. Imagino que Ele me terá dito: “Vou-te mandar só estas novas irmãs para não ficares muito aflita!”. Durante o curso senti a presença viva das vossas orações ao Senhor, senti a luz, a alegria e a força do Espírito Santo. No rosto de cada irmã a cada rolho, meditação, visita à capela, recitação do terço e na celebração da Eucaristia vi a conversão e a transformação interior de cada uma delas. Também a mim e às minhas irmãs responsáveis o Senhor fazia-nos sentir a alegria de estarmos ao serviço do nosso Deus. No final das contas, o curso só se realizou com seis mulheres, mas estas são seis mulheres valentes, que valeram o esforço que eu, toda a equipa e sacerdotes fizemos, pois sentimos e vivemos a experiência de ver o rosto de Cristo em cada uma delas.
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Ao terminar o curso, fiquei muito feliz porque eu, os elementos da equipa reitora e diretores espirituais não baixamos a guarda; seguimos em frente porque percebemos que não devemos travar as coisas que só a Deus pertencem. Esta foi uma das maiores vivências e experiências da minha vida. Sabendo o quanto sou pequenina, Deus quis precisar de mim para ajudar no seu plano salvífico. Foi, também um grande privilégio estar ao serviço do Senhor e das novas irmãs. O curso para mim começou quando Ele me chamou para trabalhar neste Cursilho de senhoras. Ao terminar este relato, aproveito para vos dizer que desde o dia em que o Senhor me chamou para este curso até ao final do mesmo, senti o peso da responsabilidade que este exigia de mim, tremi por sentir que o meu Deus depositava a maior confiança em mim, eu que nada valho. Com plena convicção vos afirmo que, tudo isto, só foi possível porque a retaguarda orante foi muito forte. Pude contar com irmãs e irmãos que acreditando na força que a oração tem perante Deus, deram o seu Sim quando lhes pedi que rezassem por cada uma de nós, equipa reitora e diretores espirituais. Agradeço ao Senhor por ter trabalhado no Curso como reitora, contando com a equipa de responsáveis e diretores espirituais mais maravilhosa que Deus me deu. Só assim foi possível bom êxito do curso; êxito que a só a Ele pertence. Decolores
Paula Cunha Silva Centro da LapaMCC Fafe
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A Nossa relação com Deus O Advento é um tempo de preparação, de alegria e de esperança na vinda do Senhor. Todos os batizados e, principalmente, nós cursilhistas que fizemos um Cursilho de Cristandade, somos convidados a preparar-nos interiormente, através da oração mais profunda e atenta, numa abertura de coração que nos incentiva a deixar caminhos tortuosos e a procurar aqueles que nos levam à compreensão, ao amor, à fraternidade e à paz. Assim aguardamos, com mais interioridade, a vinda do nosso Deus que é amor e chega até nós, feito menino, num coração de criança. Maria, Nossa Senhora e João Baptista são duas grandes figuras que se apresentam como modelos de fé, esperança e confiança, e nos podem ajudar a preparar o coração, numa atitude de alerta constante e atenção permanente nesta espera da vinda do Salvador. Eles souberam escutar, acolher e transmitir, com a vida, a Palavra de Deus. E nós cursilhistas somos convidados a fazer como eles. Temos uma boa proposta de oração, “Lectio Divina”. É uma expressão latina que pode ser traduzida como “leitura divina”, “leitura espiritual”, ou ainda como “leitura orante da bíblia”. Na Sagrada Escritura encontramos Deus presente que nos interpela; encontramos o sublime e o transcendente de mãos dadas com a simplicidade comunicativa de um Deus próximo e familiar. Levemos Deus a passear pelos caminhos da nossa vida, de modo a encontrar Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus, pois a natureza é um livro aberto, uma exposição grandiosa e variada das obras de Deus que devemos rezar.
É um alimento necessário para a nossa vida espiritual, tornando-se Palavra viva, presença de Cristo, sinal eficaz da comunhão de uns com os outros, que é também “comunhão com o Pai e com o seu Filho Jesus. Edifica-se, assim, a comunhão divino-humana, na qual se manifesta o Mistério da Igreja, através da aceitação da Palavra, o Espírito de Deus congrega-nos na unidade, de acordo com o dom pessoal de Cristo a cada um. A oração-relação com o nosso Deus-amigo para todas as ocasiões é como uma árvore. Quanto mais profundas são as raízes, maior altura pode alcançar e produzir melhores frutos. Assim acontece connosco cursilhistas, quanto mais profundas forem as nossas convicções com Jesus, mais frutos alcançaremos. A nossa oração de intimidade, conversa entre amigos, precisa de ter raízes fundas no campo da vida para crescer bem alto até Deus. Assim, de modo algum a vida será um obstáculo à oração, uma distração que nos estorva o acesso à intimidade
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com Deus. Pelo contrário, a vida concreta é a ponte que nos transporta à outra margem onde nos encontramos com Deus. Ela deve ser uma escada ou trampolim que nos faz subir até Ele. Não há situação alguma da nossa vida que não possa ser rezada em clima de amizade e de à vontade filial com o Pai. Este contacto com Deus não pode deixar de ser altamente contagioso de paz, serenidade e confiança que nos leva a dizer: Bendito seja o Senhor dia após dia. Ele toma conta de nós: é o nosso Deus Salvador. Bendito seja o Senhor que não rejeita a nossa oração, nem retira de nós o Seu amor. A oração torna-nos mais conscientes do plano de Deus e da Sua vontade sobre todos. É uma autêntica comunicação do Espírito que reza em nós e nos estimula a partilhar a sua ação para edificar o Corpo de Cristo. É como que um exercício vital de aperfeiçoamento do nosso coração porque o coração que usamos para amar as pessoas é o mesmo que usamos para amar a Deus. É momento de encontro, escuta, reflexão, aco-
Mais Além
lhimento e partilha da Palavra de Deus que nos é proposta através da bíblia, para o qual se deve criar um clima de silêncio interior e exterior para favorecer a oração, que é uma forma de dom de si e aceitação do outro, mediante a qual entramos em comunicação com Deus e enriquecemos em nós essa mesma vida de Deus. Este clima familiar de comunicação espontânea permite a descoberta das potencialidades do diálogo na fé, a escuta e interpelação da Palavra de Deus e faz sentir as moções interiores do mesmo Espírito que reza em nós e que se revela também através da comunicação dos outros, abrindo-nos à aceitação da diversidade, e enriquecendo assim a nossa oração pessoal, sendo um meio para criar comunidade de vida através das experiências de dons espirituais que cada um recebeu. Pois os momentos que passamos em oração, mesmo que sejam notoriamente fracos, tem-nos Deus em muita consideração, por isso a nossa oração tem de ser muito perseverante e é de perseverança que temos necessidade, e a oração é um espelho da vida. Oração constitui-se como momentos de forte encontro pessoal com Deus que se faz presença no mais fundo do nosso coração, pois rezar não é só falar com Deus é, sobretudo, escutá-l’O Ele nos faz sentir como o Seu Espírito é princípio de unidade e de diversidade que nos faz experimentar a complementaridade, na medida em que cada um vive o mesmo valor evangélico e o vive de modo original, pelo qual cada um se enriquece e é movido pelas diversas expressões com que os outros vivem o mesmo valor. Esta união de relação com Deus e com os irmãos, incentiva-nos a escutar profundamente o outro e leva-nos a um compromisso pes-
soal e comunitário de conversão e renovação pois, a nossa oração-relação com Deus, a familiaridade com Ele é porta-voz do nosso estilo de vida que deve ser como que uma esponja que se deixa embeber na água viva do próprio Deus. Aqui, no Movimento dos Cursilhos de Cristandade, a partilha de grupo é muito enriquecedora, pois Deus faz-se presença no meio de nós, quando nos reunimos em seu nome. No Evangelho Jesus diz: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome Eu estou no meio deles”. (Mt 18,19-20). A oração de intimidade com Deus será, portanto, uma forma de escutar os apelos que o próprio Deus suscita dentro de nós. É preciso renascer na nossa vida de oração-relação com mais esperança, porque o contacto com Deus não pode gerar derrotismo pessimista. Para ter esta relação pessoal com Jesus é necessário conhecê-l’O. Uma amizade não se improvisa, não se provoca automaticamente: prepara-se, cultiva-se, alimenta-se… Ele quer unir-nos a Si para nos levar com Ele e n’Ele ao Pai fazendo-nos penetrar no profundo mistério do seu Amor. Assim o Amor de Deus, transmitido pelo coração humano de Jesus, manifesta-se atento, terno, humilde, acolhedor, misericordioso, compassivo… Ele ama-nos tal como somos, com qualidades e defeitos, santos e pecadores… Olha-nos com amor e dá, a cada um, a sua graça, mas só a pode receber quem se despojar e arranjar espaço no seu interior para O acolher. Convida-nos a confiar-lhe o nosso coração e a oferecer-lhe tudo o que somos e temos. Assim a nossa relação com Deus abre-nos, cada vez mais, à esperança, ao seu projeto de Amor sobre nós. O conhecimento de Deus produz
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o amor, e o conhecimento de nós próprios e faz-nos crescer na humildade. A humildade é apenas a verdade. O que é que possuímos que não tenhamos já recebido? – Pergunta São Paulo: Se recebemos de Deus tudo o que é bom, o que temos de nós mesmo? Se estamos convencidos disto, nunca ergueremos a cabeça com orgulho. Se formos humildes, nada nos tocará, nem o louvor nem a humilhação, porque nos revemos em Deus que é Amor e, quanto mais amamos, mais Ele se manifesta em nós. Assim podemos viver mais d’Ele numa relação fraterna com os irmãos, nos quais se encontra vivo, e com quem se quer identificar. O essencial da oração-relação com Deus está na adesão da nossa vontade à Sua Vontade Divina. Ela orienta-nos, inevitavelmente, para o dinamismo e eficácia na ação. Oração e ação encontram-se mutuamente ligadas. Ela dá-nos uma outra visão sobre a missão a realizar. Isto acontece quando, voluntariamente entregamos o mais profundo do nosso ser nesta relação íntima com Jesus Cristo. É por Jesus que temos acesso ao Pai num mesmo Espírito. Só o verdadeiro encontro-relação com Deus pode reanimar, purificar e fortificar o amor que nos permite rezar a vida: foi precisamente isto que aprendi no meu cursilho de Cristandade. Senhor Jesus, que moras no fundo do nosso ser desperta, no mais íntimo do coração, o desejo de Te encontrar nos irmãos, nos acontecimentos do dia-a-dia, nos bons e menos bons, que geram em nós tristeza, ansiedade, desavenças, alegria, bem-estar, paz, harmonia, felicidade… Decolores Raul Carvalho, Centro de Vila do Conde Adaptação do texto original da autoria da Irmã Gracinda Martins
“CRISTO CONTA CONTIGO!” Mais Além
Ultreia Arquidiocesana Encontro da família cursilhista de Braga Aos quinze dias do mês de Outubro de 2017, o centro de Marinhas esteve presente na Ultreia Arquidiocesana, realizada no centro João Paulo II, na Apúlia, em união com os vários centros da Arquidiocese.
Fomos recebidos pelo presidente do MCC Braga, o irmão Jaime Pinto, e alentados com palavras de acolhimento que nos fortaleceram ao longo do dia. Nesse encontro, fomos alertados de que continua a Hora dos Cursilhos, a hora de dar as mãos, a hora de pensar, de refletir mais, de nos unirmos e caminhar mais ligados às origens do Movimento. As origens do MCC são nos dadas a conhecer através de livros existentes e da Escola de Formação. É nosso dever procurar conhecer, pois ninguém dá aquilo que não tem. Deus precisa de todos nós para continuar a sua obra. Tudo é possível formando bons grupos de amizade baseados na sinceridade e no sigilo, cumprindo, ao mesmo tempo, o tripé “piedade, estudo e ação”. Era assim que os Apóstolos viviam; só em união
e comunhão se consegue. O Pai está presente em tudo, por isso chama-nos à sua presença, ao diálogo, a uma conversa aberta para entusiasmar e sensibilizar cada um de nós. Um dos chamamentos que nos faz é à reunião de grupo onde podemos partilhar as nossas ideias e manifestar as nossas opiniões. Chegada a hora do almoço fizemos uma refeição fraterna, com muito convívio e partilha. Ficamos saciados com o alimento, mas também com o diálogo. Contamos, também com a presença de alguns sacerdotes, incluindo o nosso pároco padre Avelino Marques Peres Filipe e os senhores padres José das Neves Machado e Daniel Marques. Retomadas as atividades, escutamos as palavras calorosas do Diretor Espiritual do Movimento, senhor padre José das Neves Machado que, de novo, nos incentivou bastante.
Seguiu-se o Plenário onde cada responsável dos grupos de trabalho, reunidos na parte da manhã, manifestou as conclusões do seu grupo. Verificou-se que todos anseiam por mais amizade, encontro e partilha. O senhor padre Henrique Ribeiro apresentou o Rolho Místico. As suas palavras enriquecidas de entusiasmo alimentaram e fortaleceram cada um de nós no caminhar do seu Quarto Dia. O dia de Ultreia Arquidiocesana terminou com a Eucaristia concelebrada pelos sacerdotes José das Neves Machado e Henrique Ribeiro. Os participantes do Centro de Marinhas, e todos em geral, dão graças a Deus pelo Dom da Palavra que o Senhor doou aos nossos Sacerdotes que nos enriqueceram de forma admirável. Decolores Arminda Couto Centro de Marinhas
Chegou a minha hora! Os Cursilhos de Cristandade chegaram até mim através de um velho amigo cursilhista. Nas nossas conversas, o meu amigo foi-me falando da importância do cursilho na sua vida. Um dia de março liga-me a averiguar se podia vir a minha casa para conversar comigo. Trazia a proposta para eu frequentar um Cursilho de Cristandade, que se ia realizar em Viana do Castelo.
A minha primeira reação foi de receio. Receei não ser capaz de completar o Cursilho. No entanto, entendi que se quisesse ser mais que cristão da “missa de domingo” era importante participar. Na realidade, logo no primeiro rolho ouvido, percebi que como cristão tinha que fazer da mensagem cristã o Ideal para a vida, pois só assim ela pode fazer sentido. Conforme os rolhos se foram sucedendo, convenci-me de que
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seguir Cristo e viver a vida de acordo com os seus ensinamentos era o ideal que precisava para mim. Todos os rolhos me marcaram, de alguma forma, e ensinaram-me a viver como cristão. Mas o momento mais marcante e de enorme profundidade foi, sem dúvida, a primeira vez que fui ao Sacrário, o que nunca antes tinha acontecido. Foi um momento único sentir Cristo a meu lado, conversar com
” E NÓS COM A SUA GRAÇA! Mais Além
Ele, desabafar as minhas dúvidas e incertezas, senti-Lo a escutar-me e poder-Lhe agradecer o quanto me tem ajudado. Senti algo que nunca tinha sentido antes. Saí dali com a firme convicção de que seguir o Ideal de Cristo é uma tarefa profunda. Tenho, também que referir a Clausura e todo o ambiente envolvente é sem dúvida gratificante. Quando o senhor Bispo me diz, de uma forma segura, “Cristo conta contigo!” tive a certeza do que seria o meu futuro, eu conto com a Sua graça. O cursilho passou e ficam as memórias e os ensinamentos. Começou o Quarto Dia, sem dúvida
assim a vida fará sentido.
o mais importante e difícil desafio. É o Dia em que é preciso fazer do “tripé” uma vivência diária, pois só
Decolores João Dias / Centro de Guimarães
em plenitude com Deus e com seu filho Jesus Cristo, porque é isso que eu procuro fazer e é também isso que Ele quere que eu faça. Sendo certo que alguns obstáculos podem surgir na nossa vida quotidiana, mas para os quais, devemos ter a força e a capacidade para os ultrapassar. Para isso, existe Aquele que me ajuda que é Jesus Cristo, porque eu sei que Ele está sempre atento a tudo. Por isso, este cursilho ensinou-me que, também é necessário ir ter com Ele, visitá-lo à sua casa, à “Igreja”, pedindo-lhe com oração, para que a dita linha vertical que se encontra à minha frente, não se torne sinuosa e que eu não caia na tentação de perder a direção que Ele quer que eu siga. O caminho de levar o evangelho de Cristo àqueles que andam mais afastados. Foi então que, com oração, meditação, reflexão, com a ajuda dos irmãos que trabalharam no cursilho do qual fiz parte e com a força do Espírito Santo, que os três dias de cursilho me ensinaram a ser aquilo que penso ser hoje. Desde então, tenho participado nas atividades que são realizadas pelo centro ao qual pertenço (Marinhas), cooperando, expondo ideias, no sentido de melhorar a nossa atividade e
continuando a dar alento para que não se caia no facilitismo de deixar adormecer aquilo que Eduardo Bonnín criou. Também tive a oportunidade de assistir à V Ultreia Mundial que, onde vivi momentos únicos. Acontecimento para o qual me foi dada oportunidade de me pronunciar sobre a mesma, no jornal Mais Além. Agora, no passado dia quinze de outubro, o nosso movimento, no centro João Paulo II na Apúlia, realizou mais uma Ultreia Diocesana, na qual estive presente, assim como um número muito significativo de irmãos do centro de Marinhas. Facto que demonstra que o MCC, em Marinhas, está vivo e bem vivo. Depois do acolhimento, passou-se à fase das intervenções, onde o irmão Jaime, veio de algum modo, reforçar o que já tem sido dito. Concretamente, falou-se da importância de arranjar formas para resolver alguns óbices. Pois, caso contrário, corremos o risco de perder o nosso tempo. Tendo em conta a intervenção, é verdade que me parece que estamos a ficar um pouco adormecidos. Digo isto, apenas, para lembrar que, no passado dia quinze, se tratava de uma Ultreia
Viver o Quarto Dia Caros irmãos e irmãs, faz precisamente um ano, no final do mês de novembro, que eu recebi um chamamento de alguém, certamente enviado por Jesus Cristo e pelo Espirito Santo, a participar num cursilho de Cristandade, e para o qual não hesitei em dizer que sim. E disse sim por quê? Porque, realmente, já tinha pensado para comigo mesmo que deveria, certamente, haver uma forma para que eu me pudesse sentir melhor. Foi então que essa oportunidade surgiu e foi aí que dei o passo que faltava para que tal acontecesse. Daí que lá fui eu fazer o meu cursilho. Hoje, sinto-me feliz por ter participado, porque aprendi muito. Aprendi, ainda mais, a valorizar tudo o que a doutrina de Jesus Cristo me oferece através do Evangelho. Por isso, tornei-me diferente, capaz de agir e de compreender os outros mais facilmente, mas também, procurando sempre levar à verdade aqueles que andam mais afastados da casa de Deus, que é a Igreja. Sinto-me feliz e bem comigo mesmo, porque sei que esta linha vertical que foi traçada na minha vida, só tem sentido se eu caminhar sempre na direção da mesma. Isto é, estar sempre
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Diocesana, mas, por sinal, só la estávamos cento e cinquenta cursilhistas. Quer isto dizer, que começa a haver razão para alarme. Por isso, devemos fazer certamente mais intendência para que, através da mesma, o poder do Espírito Santo faça o seu chamamento, tanto para aqueles que queremos que se juntem a nós, como, também, para que Deus ilumine aqueles que andam mais afastados da Igreja. Temos que, realmente, fazer muito mais para revitalizar o nosso MCC, na nossa Diocese. E o facto de terem estado poucos cursilhistas presentes, mostra claramente uma desmotivação da parte dos centros. O que, em certa medida, é verdade, conforme foi dito nas intervenções feitas pelos diversos representantes dos mesmos. Gostei do que ouvi, porque ao mesmo tempo serviu-me de lição. Por exemplo: quando ouvi, dos irmãos do cento de Cossourado, as palavras, “falta de conhecimento”, é verdade que me atrevo a dizer que, realmente, existe ainda muita falta de conhecimento sobre o que o evangelho nos transmite e que conclusões devemos tirar das leituras que fazemos. E porquê? Porque somos diariamente confrontados com pessoas que giram à nossa volta, obviamente descrentes da nossa orientação religiosa, mas que nos questionam, fazendo perguntas astuciosas, às quais, muitas das vezes, ficamos sem resposta.
Ora, entendo que temos que saber dar resposta àqueles que não acreditam na Cristandade e em Deus. Mas, para isso, temos que ser mais conhecedores da Sagrada Escritura, sem nunca deixar de nos identificarmos com os nossos valores, sermos sinceros connosco e com o nosso semelhante. Gostei também de ouvir todos os irmãos que se pronunciaram sobre o questionário que o Secretariado colocou a todos os centros para reflexão. Gostei, porque fui tomando conhecimento de ideias e propostas feitas pelos grupos e que, realmente para mim, foram muito positivas. Na minha ideia o questionário resumia-se a duas ideias centrais. A primeira relacionada com a forma de nos sentirmos unidos na Irmandade de Cristo com o Grupo, ou seja com a necessidade de haver lealdade, confiança, honestidade, crença e principalmente muita Fé, porque a Fé sem tudo isso é vã entre os irmãos. A Segunda questão relacionada com a dinâmica dos Centros e do Secretariado, que na minha opinião deve passar por haver uma espécie de intercâmbio entre centros, para alargar mais o conhecimento dos Cursilhistas entre eles, e daí saírem novas ideias, novos conhecimentos do que é ser Cristão. Penso que, também deveria haver, da parte do Secretariado, uma ou outra visita aos centros, para dar incentivo e reforçar o Carisma do MCC.
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Não poderia também deixar de dar uma palavra de alento para o Reverendíssimo Padre Neves Machado, que apesar da sua limitação, por motivos de saúde, não deixou de estar presente nesta Ultreia, reforçando que não nos podemos deixar adormecer e que o projeto que Deus criou para os seus filhos, tem que ser executado na perfeição. Para tal, o MCC tem de fazer com que o mesmo se concretize. Só assim daremos resposta ao que Jesus Cristo nos pede. Ao senhor padre Henrique também um agradecimento em nome de todo o centro de Marinhas. Primeiro pela sua disponibilidade, segundo pela forma como abordou o tema que nos apresentou, não deixando de nos incentivar com a sua forma muito própria de nos explicar, quais os caminhos que temos que seguir para que o nosso trabalho dentro do MCC produza resultados. E pelo alento, para que a nossa comunidade cresça sempre com a esperança que um dia seremos recompensados. Também um agradecimento a todos os centros que estiveram presentes nesta Ultreia, porque foram realmente fantásticos e o MCC é isso mesmo, não escolhe classes, mas sim Homens e Mulheres de bem. Decolores
Fernando Morgado Centro de Marinhas
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Tempo de Esperança Para o triénio, que agora começamos a viver a nossa Diocese convida-nos a refletir sobre uma das três virtudes teologais: a Esperança. Sendo assim, comecemos já, não percamos tempo. A Esperança é a última a morrer. Como precisamos dela nos tempos que correm! Esperança, esta é uma palavra acerca da qual falamos e na qual por vezes pensamos. Muitos de nós desejámo-la e até a procuramos de diversas maneiras. É essencial para alcançar um sonho ou um objetivo. A esperança é algo que se pode ganhar com muita facilidade, mas também perder rapidamente. Será que o mundo vive sem esperança? Olhando para a crise financeira mundial, os problemas de poluição, o aquecimento global e até à subsistência do planeta, perguntamos: ainda haverá esperança para o nosso futuro? Por outro lado, sentimos na pele a insegurança do desemprego, a fragilidade das relações familiares, os problemas de saúde e vários tipos de dependência e questionamos: o que vai acontecer-nos a nós, aos nossos filhos e aos nossos netos? Então ter esperança em quê?
Algumas pessoas colocam a sua esperança em objetos, riquezas, pro-
jetos, sonhos e até noutras pessoas, na expectativa de alcançar aquilo que desejam. Infelizmente acabam por chegar à conclusão que tudo não passa de falsas expectativas. Em alguns casos, a solução durou pouco tempo ou não as satisfez na plenitude, noutros casos nada aconteceu. Depois dessa desilusão chega um sentimento de pessimismo em relação a quase tudo, e surge a pergunta: afinal em quem ou no que é que posso depositar a minha esperança? Será que ainda há esperança para a vida do mundo diante de tantos fracassos e tentativas de solucionar os problemas? Quem nos poderá dar essa esperança? Sabemos que o passado ficou para trás e não podemos trazê-lo de volta; quanto ao presente vivemo-lo segundo a segundo, nem o sentimos passar, o futuro é a esperança… E há alguém que nos pode dar essa esperança! Existe uma pessoa que nos quer dar esperança não passageira nem parcial, mas total e eterna, essa pessoa é Jesus. Jesus deseja que tenhamos segurança e confiança no amanhã. O seu objetivo é transformar as nossas dúvidas em certezas, deseja transformar a nossa vida vazia numa vida cheia de alegria, paz, segurança e esperança. Basta confiar a nossa
vida, o nosso futuro nas mãos de Jesus Cristo, façamos isto: digamos sim a Jesus, sim à esperança. “Tu nos trarás a salvação que te pedimos, ó Deus, tu és a esperança da humanidade inteira”. Que alegria inunda nosso coração! Que alegria nos dá a palavra de Deus; que alegria nos dá a esperança de dias melhores; quanta esperança nos vem quando sabemos que podemos levantar a cabeça e olhar para a frente, certos de que contamos com o amor de Jesus fortalecendo-nos nesta caminhada. Não olhemos mais para trás para o pecado do nosso passado, mas sim para a frente com a esperança e alegria de que Jesus nos chama para uma vida melhor, para a vida nova, vida de filho amado de Deus Pai. Lembremo-nos: “É o Ressuscitado que nos diz, com uma força que nos enche de imensa confiança e firmíssima esperança: “Eu renovo todas as coisas” (Ap 21,5). Devemos mantermo-nos unidos a Jesus, o que significa participarmos da Santa Eucaristia, se possível todos os dias, “quem come a minha carne e bebe o Meu sangue, permanece em Mim e Eu nele” (Jo. 6-56). Maria Leonor Carvalho Continua no próximo jornal
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Redescobrir com Maria a nossa identidade cristã (continuação do número anterior)
Silêncio, interioridade, louvor, oração e penitência são cinco palavras que dão forma ao nosso “Magnificat” de cada dia e proporcionam a vivência da fé contemplada, que o evangelho de Lucas reflete tão maravilhosamente em Maria.
A primeira palavra de Isabel a nossa Senhora é uma bênção: “bendita és tu entre as mulheres” (Lucas 1. 42). Isso significa que Maria é uma mulher de comunhão: Maria acolhe, encontra, acompanha, ama e procura ser prestável. Acolher é um dos verbos da fé, porque se trata de uma atitude de disponibilidade e compromisso. Neste caso, a disponibilidade e compromisso de Maria tornam-se disponibilidade e compromisso da Igreja.
Maria reza incessantemente pela unidade da família de Deus. O amor a Maria tanto nas Igrejas Orientais como Ocidentais é inquestionável. Todos aspiramos a que um dia haja “um só rebanho e um só pastor”.
Maria é a verdadeira escola da catequese sobre o Evangelho. Ela precede e acompanha os seus filhos na missão que lhes foi confiada por Jesus. Ela é figura e modelo da Igreja no seu mistério mais íntimo de mãe e de virgem, para levar todos os cristãos à unidade.
Por isso, a Igreja deve olhar para Maria com Mãe e Modelo, para compreender na sua integridade, o sentido da sua missão no mundo.
O dogma da maternidade divina (Concílio de Éfeso, 431) é para a Igreja “como um sinal indelével da sua própria maternidade”.
Resumindo, o diálogo entre Isabel e Maria leva-nos ao centro do “Magnificat” e provoca-nos a entoá-lo sempre com palavras e sobretudo com a nossa vida, sendo e vivendo como discípulos missionários da misericórdia.
A peregrinação na fé feita por Maria é um ponto de referência para a Igreja e para o mundo.
De facto, em contraciclo às origens, todo o caminho da Igreja e sobretudo no nosso tempo, está marcado pelo ecumenismo. Se o mistério do Verbo encarnado nos permite vislumbrar o mistério da maternidade divina o mesmo se deve dizer do mistério da Igreja e da função de Maria na obra da salvação.
Maria está sempre presente neste peregrinar da Igreja, como o demonstra de modo especial o cântico do “Magnificat“. Saído da fé profunda de Maria, na Visitação não deixa de vibrar no coração da Igreja através dos séculos.
Como dizia o Papa Paulo VI “o conhecimento da verdadeira doutrina católica sobre Maria, será sempre a chave para a exata compreensão do mistério de Cristo e da Igreja”.
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Concluindo, o que o Concílio nos declara no n.º22 da GS “o mistério do Homem só se esclarece à luz do mistério do Verbo Encarnado”, cumpre-se de forma particular em Maria.
Padre Leonel Oliveira Guimarães, 19/10/216
Nota: Com a publicação deste texto dá-se por concluída a reflexão sobre o tema “Redescobrir com Maria a nossa identidade cristã”, que foi sendo publicada nos dois números anteriores deste jornal.