Decolores Mais Além

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‘de colores’

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Director: Pe. Henrique Ribeiro | Directora adjunta: Ana Araújo Propriedade: Associação de S. Paulo | Sede: Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga - Telef. 253 263 415 Excução gráfica: Empresa do Diário do Minho, Lda. | Tiragem: 3000 exemplares Registo ERC: Isento ao abrigo do decreto regulamentar, 8/99 de 9/6, art.º 12, n.º 1 alinea a). Preço: 0,50 euros

REMETENTE: SECRETARIADO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE - Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga

MARÇO 2020

EUTANÁSIA OU KALOTANÁSIA? Caros irmãos e irmãs cursilhistas: A problemática da Eutanásia e as suas consequências são nefastas para a pessoa humana e a sua dignidade. Sabendo que a palavra eutanásia significa na sua origem «boa morte», quer a nossa comunidade política (não toda) legislar sobre como se deve morrer, como se acima da vida estivesse a morte. Não podemos esquecer que uma boa morte é dar condições humanas propícias para que com serenidade e com alívio dos sofrimentos através de cuidados paliativos a pessoa possa ter uma morte digna. Querem dizer-nos que a morte tem de ser sem sofrimento, mas já reparam que em muitas situações da nossa vida pagamos para sofrer (tudo na vida exige esforço e sofrimento, mesmo na hora da morte)? Será que na hora de maior importância temos que pagar para morrer, pedindo ao estado que adquira a medicação para a morte que lhe pedimos, com o auxílio de um médico? Onde fica o valor/dom supremo e absoluto da vida, nisto tudo? Onde está a nossa coerência? Então quem ama não sofre? Se eu amar a minha irmã morte, como São Francisco de Assis, significa que eu também sofro com ela e nela. O Catecismo da Igreja Católica diz o seguinte: 2258. «A vida humana é sagrada porque, desde a sua origem, postula a acção criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é senhor da vida, desde o seu começo até ao seu termo: ninguém, em circunstância alguma, pode reivindicar o direito de dar a morte directamente a um ser humano inocente». 2276. Aqueles que têm uma vida deficiente ou enfraquecida reclamam um respeito especial. As pessoas doentes ou deficientes devem ser amparadas, para que possam levar uma vida tão normal quanto possível. 2277. Quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia directa consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes

ou moribundas. É moralmente inaceitável. Assim, uma acção ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassínio gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador. O erro de juízo, em que se pode ter caído de boa fé, não muda a natureza do acto homicida, o qual deve sempre ser condenado e posto de parte. 2278. A cessação de tratamentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionados aos resultados esperados, pode ser legítima. É a rejeição do «encarniçamento terapêutico». Não que assim se pretenda dar a morte; simplesmente se aceita o facto de a não poder impedir. As decisões devem ser tomadas pelo paciente se para isso tiver competência e capacidade; de contrário, por quem para tal tenha direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente. 2279. Mesmo que a morte seja considerada iminente, os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. O uso dos

analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, mesmo correndo-se o risco de abreviar os seus dias, pode ser moralmente conforme com a dignidade humana, se a morte não for querida, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma excepcional da caridade desinteressada; a esse título, devem ser encorajados. Assim, irmãos e irmãs cursilhistas a Kalotanásia que significa verdadeiramente boa morte (estética da boa morte), na linguagem bioética, é aquela que nos prepara com dignidade, com todos os meios medicamente possíveis (Cuidados paliativos) para uma morte natural e mais suave. Peçamos a Nossa Senhora da Boa morte e que nos dê uma santa morte, e que ilumine o pensamento e os corações de todos os nossos legisladores para que possam sempre defender a dignidade e o valor da vida humana. Pe. Henrique Ribeiro, Diretor Espiritual


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Registamos a Vossa Generosidade Donativos Jacira Morais José António Mendes Oliveira José Salgado Oliveira Fernanda Morgado Rosa Capitão Delfina da Cunha Gomes António Oliveira Manuel Carlos Carvalho Saldanha Emílio do Vale Gomes Enes Armindo Ferreira Arminda Couto Fátima Morgado José António Carqueijo Teresa Ribeiro Laurinda Ribeiro José Ferreira de Oliveira Daniel Correia Albertino Monteiro Orlanda Andrade Sílvia Araújo Conceição Marinho Açucena Marinho José Nogueira Emília Leitão Luísa António Alves Mário Bernardo Magalhães Sousa Manuel Ferreira da Costa Luísa Campos Ana Maria Coutinho Rocha Helena Teixeira José Joaquim Macedo Araújo Camila Leite Josefa Ribeiro Alice Varela José Borges António Sacramento Marina Martins André Hipólito Mavilde Tomé Manuel Queiroga

Guimarães Oliveira Sta. Maria S. Clemente Taipas Marinhas Marinhas S. Cristóvão Selho Oliveira Sta. Maria Oliveira Sta. Maria Apúlia Taipas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Lousado Braga Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Louro VNF Guimarães Louro Trofa Merelim SP Fafe Fafe Abação Abação Braga Braga Apúlia Apúlia Apúlia Apúlia Apúlia

10,00€ 20,00€ 20,00€ 5,00€ 5,00€ 20,00€ 20,00€ 20,00€ 20,00€ 20,00€ 15,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 5,00€ 20,00€ 10,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 5,00€ 5,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 20,00€ 25,00€ 10,00€ 5,00€ 20,00€ 10,00€ 5,00€ 10,00€ 5,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€

Manuel Moreira Fernando do Padre Ribeiro Domingos Freitas Cardoso Margarida da Silva Carneiro Manuel da Costa Comend. Albano Abreu Coelho Lima Maria Zélia Pereira Dias Leopoldina Abreu Rosa Capitão Manuel Lemos Angelina Ferreira Lucinda Ferreira Glória Capitão Cirilo A. Torres Ribeiro Lurdes Marques Martinho Losa Arminda Capitão André Arminda Ferreira Capitão Manuel de Abreu Capitão Maria Celeste Abreu Capitão Adélia Assunção Manuel Abreu Júlia Pereira Anónima Deolinda Cunha Artur Freitas Nogueira António Freitas Nogueira Rosa Oliveira Manuel Freitas Pereira Maria Arminda Costa Olinda Costa Azevedo Cândida Barbosa Isabel Cavalheiro Manuel da Benta João Bajão Amélia Miranda Lurdes Lima Luciano Capitão Centro de Caxinas Pe. Carlos Hermenegildo Carvalho Mesquita

*Falecidos no ano de 2019

20,00€ 5,00€ 20,00€ 20,00€ 10,00€ 100,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 6,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 10,00€ 5,00€ 10,00€ 5,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 10,00€ 10,00€ 5,00€ 10,00€ 5,00€ 5,00€ 5,00€ 5,00€ 320,00€

Guimarães

50,00€

Coletas

Falecidos NOME CURSILHO Mª Alice Ferreira Graça 318 Mª de Lurdes Ramos 365 Mª Arminda Gomes Bento 318 Sebastião Correia Neves 90 Lucinda Ferreira Nunes 275 Clarisse Cadilhe Milhazes 120 Mª da Graça Ferreira Maravalhas 316 Mª do Carmo Pinheiro Nunes Vareiro 330 Mª dos Anjos Tavares 100 José Pinto Cardoso 18 Pe. António Domingos 42 Bernardo José Oliveira 212 Pe. Manuel Reis Lima 2 Mª do Céu Fernandes Oliveira 49 José Rodrigues Maio * 264 Ermelinda Marques Regufe * 214 Inácia da Costa Marques * Palmira Ferreira da Silva 96 Álvaro Gomes de Oliveira 197

Apúlia Apúlia Taipas Taipas Guimarães Pevidém Abação Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Marinhas Caxinas

CENTRO Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Braga Braga Braga Braga Braga Lapa Lapa Lapa Lousado Rates

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Coletas Escola 21.10.2019

51,30€

Coletas Clausura do 403

90,89€

Centro de Fafe Centro de Braga Centro de Marinhas Centro de Apúlia

250€ 107,03€ 60€ 200€

Coletas Eucaristia Enc. Natal 2019

87,51€

Coletas Escola 02.12.2019

19,89€

Coletas Escola 02.12.2019

135€

Centro de Abação

190€

Centro de Apúlia

150€

Centro de Braga

72,28€

Centro de Marinhas

50€

Centro de Vila Verde

30€


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Jantar de Natal

Encontro do Núcleo Norte Realizou-se a 1 de fevereiro de 2020 a reunião do Núcleo Norte na nossa diocese, na casa S. João Paulo II na Apúlia. Foi com muita alegria que o MCC de Braga acolheu os irmãos em De Colores vindos dos vários pontos da zona norte.

No dia 20 de dezembro a família cursilhista reuniu-se, como já vem sido habitual ao longo de algumas décadas, no Centro João Paulo II, na Apúlia, para conviver e celebrar o Natal. Sendo assim, demos início a esta festividade com a celebração da Eucaristia, presidida pelo nosso bispo D. Jorge Ortiga, onde recordamos todos os nossos irmãos cursilhistas que já partiram para a Ultreia Celeste; aproveitamos para viver esta liturgia recordando como Maria que também somos convidados a escutar a mensagem do Anjo, e como Ela possamos criar um ambiente acolhedor, para recebermos a Palavra de Deus e Dela fazermos vida. O senhor bispo na homilia aproveita para nos falar também, entre muitas outras coisas, de termos um Espírito fraterno com aqueles que mais precisam de nós e de sermos solidários com todos aqueles que nos rodeiam. Por fim, o nosso presidente deixa-nos, nesta Eucaristia, com uma mensagem de despedida, dizendo-nos que “voltemos, assim, para casa dispostos a viver uma vida na responsabilidade aos projetos que Deus tem para cada um de nós. E que esta responsabilidade nos alicerce na fidelidade e responsabilidade de manter sempre acesa a chama do credo da nossa Fé, como o Sim de Maria; crentes de que quem percorre o “caminho” de Jesus subirá, como Ele, à vida plena. Erguer é servir, e a bênção transmitida por Jesus é a força presente daqueles que levam adiante

a sua tarefa, a sua mensagem de amor. Só desta forma conseguiremos viver um Natal pleno e cheio da Graça de Deus em nós”. Depois da Eucaristia, seguimos para a sala de refeições, para o nosso jantar e convívio fraterno, e com muita alegria fizemos uma festa à cursilhista em que todos pudemos rir, brincar, dançar e cantar, onde o entusiasmo e a partilha foram notórios por todos nós participantes. Todo o nosso espaço foi devidamente ornamentado de forma a darmos cor à De Colores e evidência de uma beleza onde se sentia o espírito natalício. Contamos com a presença do comandante dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim e a sua esposa, que não são cursilhistas, mas que desde a primeira hora que os convidamos, aceitaram o desafio proposto pelo Secretariado, e de uma forma gratuita, para animarem o nosso serão de festa natalícia. Tivemos, ainda, como convidados o nosso Presidente do Secretariado Nacional, Joaquim Mota e a sua esposa Maria José, que quiserem associar-se a nós nesta nossa festa. No final o irmão presidente Joaquim Mota, deixou-nos uma pequena mensagem de Natal, dizendo-nos que encontrou neste jantar uma grande alegria e uma grande amizade entre todos os presentes, referindo o seu agradecimento ao convite alegre para se associar a este evento. Paula Cunha Silva

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Estiveram presentes neste encontro de trabalhos as dioceses de Bragança, Viseu, Lamego, Viana do Castelo, Vila Real, Porto e Braga, representadas pelos seus secretariados. Presidiu a esta reunião Conceição Pontes do secretariado de Viana de Castelo. O encontro contou com as presenças sempre amigas dos sacerdotes Neves Machado, Carlos Lopes, Henrique Ribeiro e Jorge Lopes, de Viseu, que fizeram aquecer os corações.

O ponto alto desta reunião foi o diálogo gerado em volta do próximo congresso do Movimento a realizar-se de 24 a 26 de abril, em Fátima. O presidente do Secretariado Nacional, Joaquim Mota, é um grande entusiasta desta atividade para onde estão convidados todos os cursilhistas, sacerdotes e bispos do país, que acolheram com agrado esta iniciativa subordinada ao tema “Cursilhos de Cristandade numa igreja em saída”. O slogan deste congresso cursilhista é bastante apelativo. Vivamos intensamente este congresso. Marquemos encontro todos juntos na capelinha das aparições aos pés da Mãe Maria Santíssima. Gritemos bem alto “Cristo e eu, maioria absoluta!”


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V Retiro de Mudança da Arquidiocese de Braga

No passado dia 14 de fevereiro teve início o quinto Retiro de Mudança da nossa Diocese. Para além da Equipa Reitora composta pelo Manuel Reis, pela Amélia Santos – a quem, carinhosamente chamamos Melita – pelo Raul Carvalho, pela Leonor Moça Carvalho e pelo signatário que esteve no Retiro de Mudança como servo na coordenação dos trinta e dois participantes de vários centros de Ultreia. O Rev. Senhor Padre Henrique Ribeiro, respondendo as solicitações do MCC Braga e desdobrando-se no sentido de acorrer aos anseios dos que participaram, foi o nosso herói, aquele que esteve sempre próximo de todos. Todos temos uma ideia, muito precisa, do que foi um Cursilho de Cristandade e do quanto ele mudou a nossa vida depois daquele encontro que, por certo, nos marcou para vida. Pessoalmente posso testemunhar que o meu cursilho, por ter sido realizado a poucos dias do Natal de 1982 me fez ver o nascimento de Jesus Cristo de uma forma mais intensa. Em João 1, 35-42 podemos constatar que para André, ter conhecido Jesus foi, de facto, tão importante que o Evangelista menciona a hora em que foi chamado a ir verificar onde o Mestre morava – “era por volta das quatro da tarde”. “Que carinho Senhor, Vós tivestes comigo. Quando me chamastes, quando me escolhestes.” Sim. Cada um de nós foi chamado a participar num Cursilho. Cada um de nós foi escolhido de entre muitos e nesse Cursilho vivemos três momentos inesquecíveis: encontro de cada um consigo mesmo, encontro com Cristo e encontro com os irmãos.

Assim, no início do nosso quarto dia o nosso coração ardia e pulsava para trabalhar mais e melhor na Sua messe e, ao longo dos meses e dos anos, alguns foram progredindo, outros esmorecendo e outros foram-se afastando. Ele chamou e escolheu cada um de nós e, para que pudéssemos parar, escutar e prosseguir na Sua graça… colocou-nos num Retiro de Mudança. O que é um Retiro de Mudança? É uma vivência de dois dias e uma noite em Irmandade Cristã. Durante esse tempo Ele chama-nos à razão, mostrando a cada um de nós onde estão e o porquê dos nossos fracassos. Aponta-nos os nossos defeitos, aqueles que teimamos em não corrigir por termos sido tomados pelo caruncho. Considera-nos seus Eleitos e reitera a Sua disponibilidade para nos receber em audiência – no local onde o encontramos no nosso Cursilho – no Sacrário. Fez-nos ver o quanto precisa de cada um de nós para que o Plano de Deus seja cumprido e qual o papel de cada um de nos nessa tarefa. Aponta-nos o percurso a seguir até ao Perdão. Mostrou-nos o caminho para perseverar lutando por ser militante. Para tal colocou à nossa disposição instrumentos que deveremos usar para nos mantermos fiéis ao compromisso assumido. Fez-nos ver, também, a importância do Grupo de Cristandade através de uma visão global do Grupo, dos seus compromissos em relação a cada um dos membros e fez-nos considerar o que é viver em Irmandade… em Grupo… em família de Cristo. Depois de nos ter feito subir ao Tabor, apresentou-nos o Homem Novo. Tal como a Pedro, Tiago e João… bom seria continuar

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mesmo que não houvesse uma tenda para nos abrigar… tudo foi arrebatador. No final testemunhamos a nossa vivência e convivência cristã, o entusiasmo, o espírito de entrega, a alegria que fez abrir as nossas mentes e os nossos corações. Despertou-nos a vontade de mudar já que, é preciso continuar o caminho que nos propusemos seguir. Entendemos que não podemos encher uma garrafa que já está cheia, mas que devemos preocupar-nos por purgar o que está a mais para poder, de facto, mudar. O clima de amizade foi tal que era palpável a presença do Senhor. O Retiro de Mudança não é para mudar estruturas, programas ou fórmulas, mas tão-somente, mudarmos as nossas disposições interiores e reforçarmos o nosso compromisso com o Cristo que nos chamou, nos escolheu porque nos quer e precisa de nós. Só conseguiremos mudar o nosso “metro quadrado” se conseguirmos mudar o nosso interior. Participar na Eucaristia do último dia, refletiu o estado de alma, a paz, a alegria, o entusiasmo, a força da nossa união com Cristo e com os Irmãos bem como a vontade de mudar para fazermos “mais e melhor”. Houve muita emoção e olhos marejados pelo sentimento, pela proximidade e pela alegria incontida. Que o Senhor fortaleça e conceda muitas bênçãos a todos os que participaram e para que continuem a caminhar fieis ao Carisma do MCC – “Fermentar de Evangelho os nossos ambientes”. Decolores Jaime Pinto


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Na primeira pessoa

Centro de Marinhas

Comemoração do Dia de São Paulo

Retiro de Mudança

“Dei-te a conhecer aos homens que, do meio do mundo, me destes. Eles eram teus e Tu mos entregastes e têm guardado a tua palavra. Agora ficaram a saber que tudo quanto me deste vem de Ti pois as palavras que me transmitistes eu lhas tenho dado. É por eles que eu rogo…” (João 17, 6-9) “Felizes os mansos, os construtores da paz. Felizes os pacíficos, não por serem passivos mas, por responderem à contra ofensa com o perdão. Sem mim nada podeis fazer. Agora quero apenas falar-vos de coisas boas. Elas acontecem.” Irmãos, sou do grupo Nossa Senhora do Sameiro, curso 324 do ano de 2000. Aconteceu nos dias 14 a 16 de fevereiro um retiro de mudança no qual tive o gosto de fazer parte. A primeira lição que colhi foi: “Parai no vosso caminho e vede.” (Jr 6,16) Parar! E caminhar diferente. Ser transformado. Estas três coisas porque o Senhor quer habitar em ti. Mesmo à mercê das circunstâncias, há uma luz dentro do nosso peito que nos faz ser os Eleitos do Senhor. Sentir e viver tudo aquilo, foi a confirmação do que um cursilhista sente perante Deus, o Deus de amor. Algo grande de mais para guardar só para nós. “Tenho de vos comunicar que o Amor é para ficar”, disse o padre Henrique. A segunda lição foi o Amor e Paz: “Alegra-te com o bem dos outros. Amar

como Jesus ama já não é o mesmo, porque é Ele que ama primeiro. Ela é este amor afeto, amor apego a cada um de nós. A ti, a mim, ao outro, àquele outro… Simão, filho de João, tu amas-me?” (João 21,16) O que é que eu aprendi no retiro de mudança? Fez-me tanto viver a parábola do bom samaritano. Nela revejo a minha vivência. “É o homem que abandonaram deixando-o meio morto. É o homem que sendo samaritano, se enche de compaixão pelo seu irmão. Cura-lhe as feridas, deita nelas toda a sua bondade e os seus meios, leva-o para uma estalagem e cuida dele. Pede a outro irmão que trate bem dele. E, o que gastares a mais pagar-to-ei quando voltar. Quando tudo acabou Jesus disse: Vai e faz tu também o mesmo.” (Lucas 10, 29-37). Há algo de inocente e redentor sobre o meu irmão que me faz recordar que em primeiro lugar, é um ser humano. Que devo amá-lo até ao extremo. Devo, apenas, de olhos limpos, perceber e meditar que às vezes quem não está bem somos nós. Devemos agradecer por sermos filhos especiais e orar. Mãe, Senhora minha, eu te louvo por me teres devolvido o meu lugar. Ele não veio para ser servido, mas para servir. Decolores Ana Maria Cadilhe Centro das Caxinas

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Pelo terceiro ano consecutivo, o Centro das Marinhas reuniu-se para comemorar o dia de São Paulo, patrono dos Cursos de Cristandade, a 25 de janeiro. Nesse mesmo dia pelas 15 horas, o Sr. Padre Avelino Marques Peres Filipe em união com o grupo dos Cursistas, reuniu-se na Igreja Paroquial de Marinhas. Houve a exposição do Santíssimo Sacramento, rezou-se a Hora Apostólica, foi proclamada a Palavra e entoaram-se cânticos, assim como um Salmo. O Sr. Padre falou sobre os enviados do Senhor, falou sobre Paulo que volvidos três dias proclamou Jesus como Filho de Deus, esse Jesus que lhe apareceu no caminho e o fez sentir-se cheio do Espírito Santo. A forma como abordou a mensagem de São Paulo foi com tanta beleza e encanto que a todos encheu o coração. O momento de Oração e Adoração foi terminado após a Bênção do Santíssimo realizado pelo padre Avelino. Nos momentos após oração, os presentes dirigiram-se ao Salão Paroquial de Marinhas, onde houve convívio e partilha de lanche. Não faltou o salgadinho, nem o docinho, acompanhado pelo copinho. Muitos sorrisos e muitas palavras doces como caracteriza um Cursilhista. Decolores Arminda Couto Centro de Marinhas


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À conversa com o padre Neves Machado Quem é Neves Machado, o Sacerdote?

­ ue dificuldade maior encontra Q no exercício do seu ministério?

É um sacerdote da arquidiocese de Braga, ordenado em 12 de setembro de 1959 pelo Senhor Arcebispo Primaz de então, Senhor D. António Bento Martins Júnior, e que, ao longo destes sessenta anos, exerceu as várias missões que lhe foram confiadas pelos seus superiores.

A maior dificuldade que hoje encontro no exercício do meu ministério é a indiferença por parte das crianças, jovens e adultos. A família demitiu-se da sua missão. A escola limita-se, quando muito, a instruir. Inverteram-se ou desapareceram os valores pilares da sociedade. Tudo é materialismo e consumismo. Não é, como poderá parecer, a oposição, o ataque, a rebelião contra a Igreja e contra Deus. O que mais magoa é a indiferença perante os valores de que se deveria revestir uma vida consentânea com a dignidade do homem.

E o Neves Machado criança? Nascido, em S. Cláudio de Barco, uma pequena aldeia do concelho de Guimarães, no dia 05 de novembro de 1936, batizado no dia 15 do mesmo mês e ano, que foi crescendo com a ajuda dos seus queridos pais e dos seus nove irmãos mais velhos que, certamente exageravam muito no “mimo” que me dispensavam, uma vez que era o caçula da casa. Dizem-me que comunguei pela primeira vez com pouco mais de cinco anos (!…). Infelizmente não recordo nada, mesmo nada, desse dia tão importante da minha vida. Pouco tempo depois comecei a “ajudar à missa”, tarefa de que muito gostava e, por isso, nunca faltava. Talvez por essa razão começou a ouvir-se que tinha muito jeito para padre e, na escola primária (assim se chamava), a excelente professora que tive nas quatro classes começou a insistir muito nessa ideia e a incentivar meus pais a que me deixassem ir para o seminário. Não obstaram a opinião da senhora professora e no dia 14 de outubro de 1947 lá vai esta criança para Braga a fim de frequentar o seminário de Nossa Sra. da Conceição, já que tinha sido aprovado no exame de admissão. Traquina como era, mas respeitador e consciente dos meus deveres, foram decorrendo sem dificuldade, e até com prazer, estes anos de formação, olhando o sacerdócio como uma possibilidade bastante remota. Até que aos quinze anos, injustamente “castigado” por má interpretação e antipedagógica teimosia de um formador, se deu o “clique” fatal que havia de me fazer pensar seriamente no meu futuro e a dizer a mim mesmo “quero ser padre”. E toda a minha vida mudou. A partir daí tudo foi diferente e pensava no sacerdócio como única forma de ser feliz na vida. Acertei. Deus é maravilhoso na Sua forma de agir connosco.

É um homem e sacerdote experiente e, por isso, deve ter experimentado alguns dissabores e contrariedades. Já se questionou sobre os propósitos que o movem e o fazem transpor essas barreiras? Sim, creio que todos nós experimentamos na vida dissabores e contrariedades. Tive alguns momentos desses que desafiam a nossa paciência ao sofrermos sobretudo as injustiças e as inverdades de que somos alvo. Mas devo confessar que as contrariedades maiores que eu tive foram as motivadas por algo que no exercício das minhas funções correu menos bem por culpa minha e, por isso, fui para o meu próximo uma imagem deturpada do Cristo que anuncio. Isso é que dói. Ao levantar-me, em cada dia, agradecendo ao Deus da vida esse dom, penso que é mais um passo que me aproximará do dia em que do outro lado ouvirei a voz do Amigo de todas as horas:” Vem, bendito de Meu Pai...”. E, assim, estou mais forte e determinado a transpor todas as barreiras.

Sabemos que é cursilhista. Como teve conhecimento deste Movimento? Soube da existência do Movimento pela voz amiga do então Bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Maria da Silva. Tendo ouvido falar das maravilhas do Movimento na vizinha Espanha quando andava em visitas pastorais por terras do Alto Minho, logo pensou em trazer para a

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nossa Diocese tão precioso meio de evangelização. Convidou, então, sete sacerdotes (eu era o mais novo) e 28 leigos para irmos a Tuy, de 19 a 22 de setembro de 1962 fazer o Cursilho de Cristandade, que seria o 1º de Braga.

O que o levou a fazer um Cursilho de Cristandade? Bem. Não posso dizer que fui de muito boa vontade. Nunca gostei de desperdiçar qualquer oportunidade de formação e esta, pelo entusiasmo do Senhor D. Francisco, parecia ser ótima. Mas estávamos em finais de setembro e, em meados de outubro, eu ia assumir o cargo de diretor de um colégio semi diocesano (tinha 24 anos) e queria preparar-me. Mas Deus, por intermédio do D. Francisco, foi mais forte e seduziu-me. E eu fui. Bendita teimosia!

Que testemunho pode dar do que foi e tem sido a sua vivência como cursilhista? Na nossa Diocese como há dois e um ano, respetivamente, tinha acontecido nas dioceses de Lisboa e do Porto, foi um extraordinário rejuvenescimento da Igreja. Num curto espaço de tempo nós começamos a sentir a alegria, o contagiante entusiasmo de punhados de cristãos, a maior parte vindos da “periferia” que diziam ter conhecido o Cristo autêntico que ignoravam ou tinham esquecido e agora proclamavam “De colores”, “Cristo e eu maioria absoluta”. Os nossos encontros nas Ultreias, nas Clausuras, nos Grupos eram de tal forma calorosos que se tornavam verdadeiro pré cursilho para muitos e havia longas filas de espera para novos cursos. Este calor não só alimentou a minha esperança como me levou a partilhá-la com os outros, trabalhando em equipas sacerdotais de outras dioceses, como Lisboa, Viseu e Aveiro. Posso afirmar que o MCC foi não só o suporte da minha fé mas também o encanto do meu sacerdócio pela presença amiga de tantos irmãos que, unidos pelo mesmo ideal, se tornavam uma presença amiga e encorajadora nos momentos mais difíceis.


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Trouxe-lhe uma mensagem de esperança. Na sua opinião qual a melhor forma de a passar aos outros? Sim, sem dúvida. O Cursilho trouxe-me uma mensagem de esperança. A Ação Católica, que tinha sido um ótimo meio de evangelização, estava em franco declínio e parecia que se extinguia nos cristãos a fé na promessa de Jesus Cristo que garantiu estar com a Sua Igreja até ao fim dos tempos. Os Cursilhos vieram dizer-nos que os milagres eram possíveis e que Jesus Cristo continuava bem vivo no meio de nós. A melhor forma de passar esta mensagem é vivê-la na íntegra e na sua primitiva pureza, fiéis ao carisma, essência e método dos cursilhos. Não é necessário inventar nada. Basta sermos coerentes e deixarmo-nos conduzir pela certeza de que Jesus Cristo nos ama não porque mas apesar de.

Como vê o Movimento? Qual o incremento que pode dar à Igreja nos dias de hoje? O MCC, como todos os Movimentos servidos por humanos, têm as suas crises, altos e baixos, avanços e recuos. O MCC também sofre estas crises. Sabemos quão

difícil é encontrarmos hoje pessoas que saibam honrar os seus compromissos e, muito menos, assumi-los. A vertente espiritual do ser humano é completamente ignorada. Só conta a felicidade imediata, o consumismo esbanjador, a diversão que o mundo apregoa dos modos mais aberrantes. O MCC pelo seu kerigma, pelo seu método, pela forma de “viver” dos seus membros pode e deve abrir caminhos de esperança para transformar este clima de superficialidade dos ambientes, dos nossos ambientes, em terreno fértil onde possa germinar o amor, a solidariedade e a paz, gritando bem alto a todos os que já não encontram razões para viver de outro modo: Apesar de tudo, DEUS AMA-TE! O MCC pelo seu kerigma, pelo seu método, pela forma de “viver” dos seus membros pode e deve abrir caminhos de esperança para transformar este clima de superficialidade dos ambientes, dos nossos ambientes, em terreno fértil onde possa germinar o amor, a solidariedade e a paz, gritando bem alto a todos os que já não encontram razões para viver de outro modo: Apesar de tudo, DEUS AMA-TE!

Já participou em muitos cursilhos como assistente espiritual. Pode partilhar connosco

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uma mensagem da experiência vivida em cada cursilho? Sim, já participei em muitos cursilhos. Nenhum foi igual, mas o denominador comum em todos eles é a extraordinária ação do Espírito Santo e a força indispensável da oração. Em muitos deles a abundância de “milagres” operados nos participantes é tal que as equipas reitoras, depois de três dias esgotantes, ficam diante do sacrário durante horas a agradecer tantos dons e, depois, em convívio fraterno, gastam o resto da noite a saborear tanta alegria e a pensar no próximo cursilho. Chegávamos a nossas casas na manhã de domingo. Não esqueçamos: Quem age é o Espírito; o que força esta ação do Espírito é a oração.

Como vê a participação do sacerdote na dinâmica de um cursilho? É imprescindível a participação do sacerdote no Cursilho. Como garante da ortodoxia da mensagem transmitida, ele deve ouvir todos os rolhos e interferir, se necessário. Mas a necessidade da sua presença é maior no trabalho de corredor. Em muitos casos há assuntos que apenas se confiam ao sacerdote. Depois, não nos esqueçamos que ele, como cada elemento da equipa reitora, também está a fazer (viver) o cursilho.


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O MCC e a realização de um sonho! Um caminho de santificação... Relato de uma vida pessoal. Em meados de 2018, mediante circunstâncias da caminhada que exercia, este singelo padre que vos escreve, em sua simplicidade de vida, augurava conhecer um dia as terras além-mar que deram origem à sua família. Na iminência de se organizar para que este sonho se pudesse realizar e de sua vinda para a sua diocese de origem (Criciúma – SC – Brasil) onde seus familiares residiam, tomei as devidas providências para que mais próximo à minha família pudesse auxiliá-los e também realizar minha caminhada sacerdotal. Tendo já decidido pedir a licença da congregação religiosa do qual fazia parte, os Salesianos de Dom Bosco, solicitei minha licença canônica para fazer a experiência agora como padre diocesano. Com o carinho e a benevolência própria de um pai, fui acolhido pelo Bispo diocesano de Criciúma para em minha terra natal, poder dar continuidade ao meu projeto de vida sacerdotal. Já sendo conhecido e querido pela comunidade local, não tive dificuldades em adaptar-me tão prontamente. Os primeiros meses passaram-se e fui convidado de imediato pelo bispo diocesano para realizar o Retiro do MCC (Movimento de Cursilho de Cristandade) de minha diocese já com o intuito de. Aceitei o convite e prontamente fiz o Retiro do MCC e apaixonei-me por este carisma tão rico e tão próximo de nossa Igreja. De pronto, fui convidado pelo Bispo a assessorar o movimento uma vez que nosso assessor eclesiástico, Padre Ângelo Galatto, já contava com boa idade e já estava há pouco mais de 40 anos à frente da assessoria e orientação espiritual deste movimento. Desde então fui inteirando-me cada vez mais do que é o MCC, seu carisma, sua espiritualidade, sua ação social e principalmente como fazia para cultivar entre os seus participantes, o carisma fazendo com que o MCC nunca esmoreça e perca seu brilho “decolores”, próprio de todo cursilhista. O tempo foi passando até que fiz um planejamento de minha caminhada e consegui juntar todos os proventos necessários para realizar o tão sonhado projeto pessoal de conhecer as idealizadas “terras além-mar”, Portugal, país origem de parte de minha família. Como não conhecia muito sobre quaisquer aspectos sejam culturais ou

mesmo sociais, bem como a mobilidade prática de um visitante só num país desconhecido, empenhei-me em procurar nas páginas de redes sociais, um perfil do MCC com o intuito de solicitar um roteiro básico de passeios em Braga, Guimarães e região norte de Portugal. De pronto, um irmão cursilhista, identificou-se e prontamente me escreve que “o melhor roteiro para aquela região seria o número de seu telemóvel”! Qual não foi minha surpresa que imaginei que ali seria a possibilidade de conhecer meus irmãos cursilhistas naquela região – neste caso – Braga e Guimarães e região próxima. Este irmão apresentou-se e solicitou-me a possibilidade de, lá estando, fazer uma partilha da minha experiência no Brasil com este rico movimento que enriquece a nossa Igreja com sua ação evangelizadora. Seu nome: “Zé Manel” ou José Manuel. Uma das grandes riquezas que Deus em sua infinita bondade nos concede ao longo de nossa vida! Em meu coração algo me alertava que seria uma grande possibilidade de levar minha experiência com o MCC aos irmãos deste Movimento que tanto amo. Aceitei o desafio e propus-me a falar-lhes na ocasião de seu encontro para finalização de suas atividades do ano. Este encontro deu-se em sua casa-sede da Apúlia, na arquidiocese de Braga. Confesso que demorei um pouco a dar a resposta ao pedido de nosso amigo e irmão em Cristo José Manuel. Mas finalmente organizei-me em pouco mais de um mês e meio antes da data de minha viagem e passei a dedicar-me à preparação de minha partilha com estes irmãos que estariam reunidos para sua confraternização de fim de ano. Qual o tema? Deixaram-me livre para escolhê-lo. Preparei-me, então, para falar-lhes sobre o MCC como caminho de santificação, a partir de minha experiência no Brasil à frente dos muitos cursilhistas de minha diocese, a partir de uma leitura da Exortação Apostólica Gaudete et Exultat (GE) do Papa Francisco sobre a santidade. Proposta aceita, tema também acolhido no coração dos organizadores deste encontro do MCC da arquidiocese de Braga e meu coração disparou já pensando na iminência de estar com todos estes meus irmãos em Cristo que outrora vim a conhecer. Ao longo do tempo de preparação

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deste encontro, pensava em tantas possibilidades de partilha sem que fosse preponderantemente repetitivo, pensava em como falar de santidade num mundo contemporâneo (cito aqui a minha, a vossa realidade) onde vivia-se, por vezes, uma cultura permeada de egoísmos, individualismos, subjetivismos, voluntarismos e autorreferencialidades... e em como a santidade interessa a alguém? A quem interessa a santidade? Mesmo sabendo que estas realidades se tornam constantemente um desafio para a espiritualidade cristã, atrevi-me a partilhar sobre esta temática aos irmãos do MCC que lá estavam. Um fato é que somos chamados a buscar uma resposta satisfatória que possa convencer a todos os seres humanos sobre a beleza e o encanto de se viver a santidade no mundo atual. O dia tão sonhado chegou e qual não foi minha alegria de estar com meus irmãos cursilhistas reunidos na Apúlia para este encontro fraterno de partilhas, de sonhos, de novidades, de riquezas espirituais, de olhares diferentes (mas não menos importantes!) sobre o que entendemos e vivemos em nosso Movimento de Cursilho de Cristandade seja no Brasil ou em Portugal ou em qualquer parte deste mundo. A experiência foi linda! A partilha de vida e de todos os anseios que tenho em minha caminhada sacerdotal e principalmente na assessoria do MCC em minha diocese, enriqueceu-me ainda mais e tornou-me ainda mais um padre apaixonado pelo que faz e pelo que vive. Ver a alegria daqueles irmãos e irmãs em Cristo unidos por um mesmo objetivo só me fez perceber que o “decolores” que devemos viver constantemente em nosso movimento não pode ceder às agruras e obstáculos que este mundo ferido pela ausência dos valores humanos e cristãos possa estar sofrendo. Somos cursilhistas, somos um arco-íris de vida a levar a mensagem de evangelização por onde quer que estejamos, onde quer que atuamos! Conhecer nossos irmãos cursilhistas de Portugal já foi um imenso presente que recebi. Mas ainda em meu coração, havia o desejo de conhecer aquela região tão rica em cultura e diversidade e história! Fomos ciceroneados por nossos irmãos cursilhistas e agraciados pelas lindas imagens das imensas e belas igrejas de Portugal. Emocionava-


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-me em cada igreja que entrava; apreciava seus detalhes culturais e arquitetónicos tão ricamente cravados nas pedras, nas paredes e nos presbitérios daqueles “museus religiosos”. Meus olhares buscavam cada detalhe, cada particularidade que a história fez questão de deixar registrado. Nestes onze dias de estadia por terras lusitanas, tive o prazer e a alegria de conhecer Lisboa, Porto, Braga, Guimarães, Viana do Castelo, Apúlia, Esposende, e ainda a honra de poder celebrar o sacrifício de Cristo – a Santa Eucaristia – na Igreja Senhor dos Navegantes em Caxinas, onde fui muito bem acolhido. Por fim, não posso deixar de relatar aqui a experiência única de conhecer os diversos santuários que a região dispõe. O final desta viagem que descrevo aqui como “peregrinação” deu-se no Santuário de Fátima. Lá entreguei

todas as minhas perspetivas de vida, todas as almas que conheci nesta viagem e lá pedi à Mãe do Céu, Nossa Senhora de Fátima, que ouvisse e intercedesse por todos os irmãos e irmãs cursilhistas que conheci na arquidiocese de Braga. Pedi por todos! E até hoje os ponho em minhas orações quando também estou diante do altar para celebrar o santo sacrifício de Jesus – a Santa Missa! Sou grato a Deus por estas possibilidades em minha humilde caminhada! Mesmo diante de minha indignidade, pois poderia fazer-Lhe mais, e minha pequenez mo impede! Mas continuo neste intuito, seja como sacerdote e também como cursilhista, de onde quer que eu esteja, em qualquer ambiente, possa eu ser um verdadeiro evangelizador e propagador da Palavra de Deus!

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Aos meus irmãos de Portugal, principalmente do Movimento de Cursilhos de Cristandade, minha eterna gratidão pelo lindo presente que me concederam! Com vocês, entre vocês, tornei-me um pouco melhor! Peçamos ao Espírito Santo que infunda em nós o desejo intenso de ser santos para a maior glória de Deus e continuemos animando-nos uns aos outros neste mesmo propósito (Gaudete et Exultat 177). Compartilhemos a alegria de sermos cursilhistas de tal forma que o mundo não poderá nos tirar do verdadeiro caminho – o caminho de Jesus Cristo! Com carinho e estima, Padre Giovane de Souza E-mail: giovane@dombosco.net (Assessor para o MCC da Alberto Diocese Moreda de Criciúma, Manuel Sul do Brasil)


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O MEU DESAFIO QUARESMAL Iniciamos um caminho pascal em sete semanas, particularmente cheio de ressonâncias bíblicas e que tem como ponto de partida a Quarta-feira de Cinzas. É um caminho, cuja meta está perfeitamente desenhada: a Páscoa do Senhor Ressuscitado. Trata-se de um caminho de conversão e bem-aventurança, que todo o cristão deve fazer de mãos dadas, em comunhão com os irmãos. Desde o primeiro dia, uma coisa deve estar clara: a meta é a Páscoa da Ressurreição, mesmo tendo de passar pelo crivo da Paixão e Morte. No entanto, as celebrações da Quaresma e da Semana Santa não podem resumir-se a uma mera compaixão do Senhor. Elas têm de nos motivar a segui-Lo e a comprometer-nos com Ele, nessa mesma caminhada de dor e ressurreição. A Quaresma nasce da Páscoa, como tempo gozoso da sua preparação, numa referência à história da salvação no que se refere aos 40 dias do dilúvio, da peregrinação do Povo de Deus pelo deserto, do encontro de Moisés com o Deus da Aliança no monte Sinai, da caminhada do profeta Elias até ao monte Horeb, da penitência dos ninivitas como resposta à pregação de Jonas, do tempo que Jesus passa no deserto, conduzido pelo Espírito. E tudo na perspectiva da conversão quaresmal, a qual, desde o princípio esteve ligada à preparação e celebração do baptismo. Este itinerário catequético e celebrativo, culmina com a celebração dos baptismos na noite pascal. A Quaresma é, por isso mesmo, um processo catequético e celebrativo por etapas. Trata-se, como é evidente, de um caminho pascal de conversão. Nos primórdios do Cristianismo, a Igreja pensou que, como diz S. Paulo, a morte ao pecado, pelo baptismo, «era um morrer ao pecado de uma vez para sempre» e a vida «um viver para Deus» também para sempre. Daí que o baptismo não se pudesse repetir. A fragilidade humana, porém, levou a Igreja de novo a confrontar-se com a realidade. Os que tinham morrido para o pecado a fim de viverem para Deus, «tinham também morrido para Deus» ao porem os seus membros ao serviço do pecado. A forma de recuperarem, de novo, a sua condição de ressuscitados em Cristo, deixando de «ser escravos do pecado», exigia repetir o processo que os tinha conduzido ao baptismo. Dito de outra forma, exigia uma «reciclagem». Este processo passou a ser realizado na Quaresma, mediante a escuta abundante da Palavra de Deus, que conduzia à «conversão», explicitada no rito de «reconciliação dos penitentes» na Quinta-feira Santa. Vivia-se, desta forma, uma espécie de segundo baptismo, no qual o penitente renovava todos os seus compromissos baptismais e recuperava a condição de ressuscitado em Cristo, com o fim de viver «a vida nova», dando abundantes frutos de santidade para a construção do Reino de Deus. Nesta perspectiva, tenho a certeza de que nenhum de nós poderá dizer que não precisa da Quaresma, pois «não tem nada de que se arrepender». Mas, nesse caso, se tal fosse possível, viria

logo ao nosso encontro o apóstolo S. João, para nos dizer: «Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós próprios e a verdade não está em nós» (1 Jo 1, 8). Além disso, sabemos que muitos cristãos receberam o baptismo, mas nunca realizaram a sério o processo da sua conversão. E, mesmo no caso de o terem vivido profundamente, há necessidade de o voltarem a repetir, pois como diz S. Paulo, «entregámo-nos a fazer coisas de que nos envergonham, como a fornicação, a impureza, a libertinagem, a idolatria, a feitiçaria, as dissensões, as invejas, as borracheiras, as orgias e outras coisas semelhantes» (Gal 5, 19-21). Na realidade, o Senhor deixou-nos um caminho e uma meta de profunda exigência, ao dizer-nos por meio do Apóstolo que temos de «reproduzir em nós a imagem do seu Filho» (Rom 8, 29). O tempo da Quaresma é, por isso mesmo, o tempo mais favorável para levar a bom termo este processo. É esta a nossa tarefa na Quaresma: responder a esta exigência, vivendo em permanente conversão ao Senhor. Este apelo à conversão surge logo no início da nossa caminhada quaresmal, quando na Quarta-feira de Cinzas, a Igreja nos diz: «Convertei-vos e acreditai no Evangelho». Jesus, o pioneiro da nossa fé pascal Já não poderemos dizer: «Caminhante, não há caminho!». É que, de facto, há caminho. Alguém o experimentou primeiro, fazendo-se Ele mesmo o caminho: Jesus de Nazaré. A espiritualidade da Quaresma e da Semana Santa situa-se no seguimento de Jesus. Como diz a Carta aos Hebreus, «afastemos de nós o peso que nos impede de andar e o pecado que tão fortemente nos prende, e continuemos com valentia a corrida que Deus nos propõe... Tenhamos os olhos postos em Jesus, de quem a nossa fé depende do princípio ao fim...» (Hebr 12, 1-3). Este texto assinala os elementos básicos da espiritualidade quaresmal: abandono do pecado, fixar bem os olhos no exemplo de Jesus, que suportou a cruz e a ignomínia, a fim de nos podermos sentar com Ele, no trono do Pai. A conversão Abandonar o pecado significa caminhar sobre as pegadas de Jesus, sem desfalecer, aguentando o seu passo. Isto supõe desembaraçar-se de todo o peso inútil, isto é, o pecado sob quaisquer formas. Lembremo-nos de que na nossa caminhada, Jesus está sempre presente disposto a superar a nossa paralisia, a vendar as nossas feridas, como o «bom samaritano». A conversão exige, por isso, reconhecer o peso dos nossos pecados, pôr remédio a essa paralisia que nos lançou na berma da estrada, recuperar o ritmo de Jesus, suportar, como Ele, a ignomínia da cruz e, com Ele, chegar à glória de ressurreição. Jesus abriu-nos o caminho, experimentou as suas agruras e, por isso, continua a repetir-nos como ao jovem do Evangelho: «Vem e segue-Me» (Mc 10, 21). S. Pedro diz-nos a este propósito: «Cristo sofreu por vocês e deixou-vos o exemplo, para seguirem os seus passos» (1 Ped 2, 21).

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Rumo à Páscoa Os Evangelhos apresentam-nos um Jesus itinerante com uma meta bem definida: «Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e dos doutores da Lei, e eles vão condená-Lo à morte... Mas três dias depois, ressuscitará» (Mc 10, 33-34). O itinerário quaresmal que iniciámos, convida-nos a fixar os olhos neste Jesus itinerante, submetido constantemente pelo Pai, à prova da fidelidade. Na sua mente não cabem o caminho da vida fácil e dos «milagres úteis»; muito menos o caminho dos chefes e senhores deste mundo que tudo esmagam, de cima do seu orgulho implacável. Nem sequer cabe o caminho de um messianismo espectacular, feito de coisas surpreendentes e prodigiosas, para provocar a admiração popular e manipular o seu entusiasmo e as suas emoções. Para Jesus, as coisas são absolutamente transparentes: «Não procuro fazer a minha vontade mas a do Pai que me enviou» (Jo 5, 30). Jesus revela assim a sua glória pascal, precisamente enquanto se faz ao caminho. Basta pensarmos na Transfiguração, no monte Tabor... Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas situam-na após o primeiro anúncio da sua morte e ressurreição (cfr. Mt 17, 1-9; Mc 7, 2-10; Lc 9, 28-36). Perante uns discípulos titubeantes e ainda pouco seguros na sua fé, Jesus manifesta antecipadamente, através da sua humanidade transfigurada, a glória de ressuscitado, confirmada pela voz do Pai. Ora, a Quaresma introduz-nos no meio desta nuvem que encobre a voz do Pai e convida-nos a contemplar Jesus transfigurado. Isto dar-nos-á a devida força para enfrentarmos os dolorosos momentos do Getsémani, da paixão e da cruz. Não podemos ceder à tentação de Pedro: «Que bom é estarmos aqui!». Urge descer do monte e recomeçar a aventura do dia a dia da nossa vida, porque o fim do caminho ainda está longe. Ora, o nosso caminho faz-se caminhando, de mãos dadas, ao lado de Jesus Cristo. Ele encarna a «misericórdia» do Pai, revela-nos o rosto do «Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação» (cfr. 2 Cor 1, 3). A parábola do filho pródigo, mais do que o explanar duma situação de fuga e de pecado, é a expressão viva e concreta da bondade e do perdão de Deus. A Quaresma é um tempo propício para nos aproximarmos deste Deus que se fez «um homem novo», que «se compadece das multidões», que nos assegura constantemente «os teus pecados estão perdoados», que diz carinhosamente à mulher adúltera «Eu também não te condeno» (Jo 8, 11). É este, pois, o meu desafio quaresmal: «De nada me quero gloriar, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo» (Gal 6, 14).) Pe. Leonel

(o autor do texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico)


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HUMOR

PÁGINA LÚDICA “Caritas Christi urget nos - o amor de Cristo nos impele” (2 Cor 5,14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. 2 Coríntios 5:14,15

“ Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. 15 E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” 14

Resolve este acróstico tendo em conta o texto do evangelho acima – apenas na horizontal E U U V V A Õ N E O T G E M L V I S Z A A R T

DESCOBRE AS 6 DIFERENÇAS

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ANEDOTAS * Ao chegar a casa da catequese, pensativo, Joãozinho decide tirar uma dúvida junto da mãe: - Mãe é verdade que do pó viemos e ao pó retornaremos? - Sim, Joãozinho é isso mesmo. Porquê? -Porque de baixo da minha cama tem um monte de gente que eu não sei se está indo ou vindo.


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Ecos do nosso tempo 1 - Com a mensagem de Cristo na alma e com Ele à cabeça do Movimento dos cursos de cristandade, convidam-se os homens a uma vida cristã autêntica, dinâmica e testemunhal, de forma que todos sentem que é preferível Ser que Fazer, uma vez que “o caminho para Deus passa pelos irmãos”. 2 - As equipas Reitora e Sacerdotal, nos cursilhos de cristandade, trabalham antes e durante o cursilho, para que os “novos irmãos” não se abatam com as turbulências passadas de uma vida mal vivida. Ambas as equipas, em nome de Cristo, trabalham para que a insensibilidade - em cada homem – não seja o cancro da alma. 3 - Quando o homem se encontra, interiormente, a transbordar da graça de Deus, possui tal armadura que, o demónio, não consegue sujeitá-lo a emboscadas ou agressões e, muito menos entrar no coração do homem, por este ser o sacrário do próprio Deus. 4 - TRIPÉ do Movimento Cursilhista: Piedade, Estudo e Acção, é a essencial resposta aos cursilhistas, para caminharem e, obterem uma vida espiritual mais rica para o apostolado. Se assim não fosse, o cursilho não teria passado de uma mera convivência social. 5 - O cristianismo, não é para pessoas resignadas. Os recuos, as tentações, as dúvidas e sofrimentos, todos são úteis, apesar do perigo que encerram. Constituem um risco, é certo, mas sem este risco, não conheceríamos nem o lucro nem a vitória em Cristo. 6 - Nos cursilhos de cristandade, não se mostra um Deus à medida de cada homem, mas sim o Deus de Jesus Cristo: que ama, perdoa e que garantiu no fim da vida terrena uma habitação no Céu. 7 - O maior estabelecimento de ensino que a humanidade teve e tem, é a Bíblia, sobretudo a sala dos quatro Evangelhos. Todos os homens pertencem a esta Sala e, dentro dela, somos alunos e discípulos iniciados. Queira Deus que, chamando cada um ao Quadro, saibamos justificar-Lhe as nossas debilidades.

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8 - A escola de responsáveis dos cursos de cristandade, é uma escola de homens comuns por fora. Mas que se pretende que sejam especiais por dentro. Especiais e sábios, vivendo uma vida cheia com a graça de Deus, ainda que exteriormente todos sejam simples. 9 - Bem sabemos que não é fácil, hoje, ser-se cristão e perseverar. A vida, tantas vezes nos atraiçoa, sufoca e cria-nos a dor. Mas Jesus Cristo, no Seu tempo, alertava os discípulos dos pedregulhos em que haviam de tropeçar e, ensinou-os a que fizessem desses obstá-

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culos, boa massa para construções seguras e cómodas. 10 - A forma como vivem e convivem a equipa Reitora e Sacerdotal num curso de cristandade, ultrapassa a natureza humana. É indispensável portanto, que estas equipas – findo o cursilho – pensem como agiram, como estiveram no curso e, sobretudo pensem, de Quem falaram, a Quem falaram e Quem representaram. Artur Soares (P.S. O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico).


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