DeColores Mais Além

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‘de colores’ mais além Director: Pe. Henrique Ribeiro | Directora adjunta: Margarida Fernandes Propriedade: Associação de S. Paulo | Sede: Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga - Telef. 253 263 415 Excução gráfica: Empresa do Diário do Minho, Lda. | Tiragem: 3000 exemplares Registo ERC: Isento ao abrigo do decreto regulamentar, 8/99 de 9/6, art.º 12, n.º 1 alinea a). Preço: 0,50 euros

REMETENTE: SECRETARIADO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE - Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga

Um Advento de Esperança Iniciamos um novo ano litúrgico e com ele novas esperanças surgem no nosso pensamento e no nosso coração. São os projetos que fazemos para o nosso movimento, sempre colocados nesta expetativa de um empenho e de uma entrega cada mais frutuosa. Verdadeiramente para nós cursilhistas, Cristo é o centro das nossas vidas, é a alavanca para nos pôr mais ativos e participativos nas periferias e nos ambientes que nos rodeiam em cada dia. Assim, nos convida o Pastor da nossa Arquidiocese neste tempo de Advento: «Os ambientes de vida interpelam-nos a mostrarmos que o amor de Deus deve passar pelo testemunho e pela ação dos cristãos.» Para que isto aconteça, é necessário, e até mesmo urgente, avaliar tudo o que se tem feito, tirar dilações, para se prosseguir sadiamente na missão que nos é incumbida como cursilhistas, pois diz-nos o Sr. Arcebispo Primaz: «Auguro que a caminhada de Advento seja pautada pela serenidade de avaliar. “O que fazemos cumpre a missão de ser fermento de Deus no meio da humanidade? Somos lugar de misericórdia gratuita, onde todos se sentem acolhidos, amados, perdoados e animados a viver segundo a vida boa do Evangelho?”.» Faz-nos também este desafio: «Queremos um modo novo de fazer pastoral e pretendemos que esta seja “de carácter

sinodal, um caminho mais participativo, criativo, comunitário, corresponsável e missionário”. Para nos ajudar a acolher com alegria este desafio é necessário que cada um de nós não se sinta excluído dele, sabendo que todos somos necessários e cada com os seus dons e missão contribui para o enriquecimento do movimento e da Igreja. Como nos diz D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz: «Cada cristão deve assumir esta missão, de modo inequívoco e transparente, conservando e estimando a Palavra. Não podemos esquecer que o Papa Francisco nos diz na Evangelii Gaudium n.º 33: «Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores …». O que posso e devo fazer? Se tudo isto nos faz repensar a nossa forma de estar na vida, o tempo de advento é sempre uma oportunidade para relançarmos a vida, acendermos a chama

DEZEMBRO 2018

da esperança e chegarmos à alegria que não tem fim, pois confiamos na misericórdia de Deus, que nos é revelado no mistério da Encarnação. Simples, pobre, humilde, mas sempre generoso em assumir a nossa miséria, Deus assume a nossa natureza humana para nos libertar das cadeias da opressão, dos egoísmos, da violência, do orgulho, da prepotência e de todas as más atitudes do ser humano contrárias à realidade de Deus que é se revelou com, em e por amor. Um Advento de esperança para nós cursilhistas, é a oficialização da equipa de trabalho para organizar todo o processo para a causa da beatificação do nosso querido fundador Eduardo Bonnin Aguiló, na Diocese de Maiorca (Espanha) onde está a fundação com o seu nome e onde começaram os Cursilhos de Cristandade. Desejo-vos a todos, uma frutuosa caminhada ao encontro do Nosso Salvador, Jesus Cristo, Pe. Henrique Ribeiro, Diretor Espiritual do MCC


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Registamos a Vossa Generosidade Coletas Centro de Caxinas Centro de Vila do Conde Centro de Caxinas Centro de Marinhas Centro de Vila Verde Centro de Caxinas Centro da Lapa Centro de Guimarães Centro de Marinhas Centro de Abação Centro de Guimarães Centro de Ribeirão Centro de Apúlia Coletas Escola 22.10.18 Coletas Eucaristia 05.11.18 Centro de Braga Coletas Clausura Cursilhos 398-399 Centro de Braga Centro de Marinhas

Alzira Faria António da Silva Francisco Pinto da Silva Alice Varela Manuel da Costa Manuel Ribeiro Guimarães Maria Conceição Lima Sá Maria Alves Amorim Isilda Amorim Sameiro Ramiro da Venda Lopes Artur Fernandes da Silva Manuel do Monte Cesar Martins Agra Orlando Pereira Rajão Torcato Martins Moreira José Bravo Manuel Augusto Silva Pe. Manuel Ferreira Martins Manuel Teixeira Magalhães Anónimo Arminda Moura Emília Leitão José Manuel Pereira José António Mendes de Oliveira António Rodrigues Maria Isabel Leite Rodrigues Jaques François Oliveira Rodrigues Arminda André Lima Eduardo Gonçalves Domingos Freitas C. Maia Maria Conceição Gomes Mota José Rodrigues Lima Anónimo Pe. Carlos Hermenegildo Cunha Mesquita

315,00 15,00 200,00 10,00 50,00 210,00 101,00 262,72 80,00 130,00 161,13 350,00 60,00 12,85 42,52 87,71 111,35 49,44 100,00

Donativos José Salgado de Oliveira Ana Maria Dias Alves Manuel Rebelo Arminda Moura Olinda Pereira Magalhães Maria da Glória Sampaio D. Irene Armindo Afonso Manuel da Cunha Ribeiro António Machado Maria Fátima Salgado Rosa Peixoto

Ceia de Natal Reviver Encontro Nacional de Escolas Retiro de Mudança Cursilho de Homens

Taipas Merelim S.Pedro Lousado Fafe Fafe Fafe Fafe Serafão Fafe Fafe Fafe Prado

20,00 20,00 10,00 5,00 5,00 10,00 5,00 10,00 20,00 5,00 5,00 20,00

Braga Braga Braga Braga Estela Estela Estela Estela Estela Apúlia Apúlia Apúlia Lapa P.Varzim Lapa P.Varzim Lapa P.Varzim Braga Pevidém Braga Fafe Fafe Fafe Fafe Fafe Pevidém Pevidém Pevidém Pevidém Marinhas Marinhas Taipas Taipas Prado Prado Guimarães

ATIVIDADES A LEMBRAR

15 de dezembro de 2018 19 de dezembro de 2018 26 de janeiro de 2019 15 a 17 de fevereiro de2019 1 a 4 de Março de 2019 Estas e outras atividades podem ser consultadas no Calendário 2018/2019 do MCC Braga.

NOME

FALECIDOS

CURSILHO 24 46 18 303 231 382 310 225 340 345 99 14

Álvaro José Seabra Augusta Vieira da Silva Adelino da Silva Reis Mário Joaquim Dias Ramos Manuel Cardoso de Sá Silva Lopes Rosa Batista Gonçalves Ana das Dores Ramos Manuel Alves Fortunato Curso Maria das Dores dos Santos Maravalhas José Maria da Costa Marques José Leite Ribeiro Henrique Saraiva Gomes

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CENTRO Braga Ribeirão Lousado Braga Taipas Vila Verde Caxinas Caxinas Caxinas Caxinas Pevidém Vila do Conde

20,00 10,00 20,00 10,00 10,00 10,00 20,00 20,00 20,00 7,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 5,00 10,00 10,00 10,00 7,00 5,00 5,00 5,00 20,00 10,00 5,00 5,00 5,00 10,00 10,00 10,00 10,00 20,00 100,00


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Em Deus nós somos a mudança…

Secretariado nacional - Comissão permanente

Amigos, Ao assumirmos as funções de nova Comissão Permanente do Secretariado Nacional do Movimentos dos Cursilhos de Cristandade, gostaríamos de dirigir algumas palavras. A consciência da tarefa que nos foi incumbida para o próximo triénio, leva-nos a manifestar, publicamente, o agradecimento pela confiança em nós depositada. Mas é a mesma consciência que nos confronta, por um lado, com a responsabilidade de tão nobre serviço e, por outro, com a humildade que nele queremos imprimir. Como “Movimento de Igreja”, com missão específica na ação pastoral e evangelizadora no contexto eclesial, temos o nosso lugar nas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no nosso país, mantendo a identidade do MCC de acordo com o nosso carisma, mentalidade, método e finalidade. O MCC é hoje um Movimento de referência em Portugal, reconhecido e credível, com uma história riquíssima, traçada ao longo de 58 anos. São muitos anos de Graça, inundando o nosso país. Olhando para o passado, temos que inequivocamente, saudar e reconhecer a existência de tantas pessoas que com iniciativas e posturas contribuíram para a afirmação do Movimento, do qual todos devemos ter motivos de orgulho. Quantas incertezas traz o futuro. Por vezes, sentimo-nos paralisados diante de tantas mudanças, ameaças económicas,

instabilidade do emprego, violência na família, das feridas emocionais e da angústia dos nossos dias. A instabilidade não pode tomar conta de nós, dominar-nos, controlar-nos, obcecar-nos, estrangular-nos, sufocar-nos. Também não pode tornar-se um mero tema de arremesso ideológico, de especulação e de análise teórica. São as pessoas e as famílias que devemos manter dentro do nosso horizonte, é delas que nos temos de aproximar, são os seus corações que devemos ouvir. Como resposta, temos o desafio de viver e dar espaço à Palavra de Deus no nosso pensar, sentir e agir. Este é o tempo de fazer diferença na generosidade, na fé e na esperança. Com Jesus essa diferença é possível e eficaz. Em Deus nós somos a mudança, não esperando que os outros façam, mas fazendo nós o que está ao nosso alcance, cada qual com o seu dom, mas todos unidos no mesmo mandato, na mesma missão. Caros amigos, estamos todos convocados para sermos pessoas identificadas com a proposta de Jesus Cristo. Isso implica anunciar não só as promessas, mas a exigências do Evangelho, buscar a transformação dos indivíduos, mas também da sociedade como um todo. Decolores Joaquim Mota, Presidente Secretariado Nacional MCC

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Traduzir o carisma, na sua fidelidade Encontro Nacional de Dirigentes

Nos dias catorze e quinze de setembro, como já vem acontecendo anualmente, realizou-se um Encontro Nacional de Dirigentes, no Hotel Santo Amaro, em Fátima, subordinado ao tema “Traduzir o carisma, na sua fidelidade”. Neste encontro pretendeu-se o debate, a clarificação e partilha das experiências já efetuadas, a partir dos documentos apresentados pela Comissão para a Unidade dos Cursilhos de Cristandade (CUCC), no ano pastoral 2017/2018. Este encontro de amigos, que chegaram das mais variadas dioceses nacionais, incluindo representantes da Diocese de Angra do Heroísmo, começou na tarde de sexta-feira, do dia catorze, com a receção pelo presidente do Secretariado Nacional Joaquim Mota. Como noutros encontros nacionais, o dia de sexta-feira foi mais destinado aos sacerdotes associados ao Movimento, pois a partir de Sábado à tarde, muitos tiveram que se retirar para garantir as atividades paroquiais, embora os leigos que quiseram e puderam tivessem participado. Os participantes de sexta-feira contaram com a Graça de poder contar com a disponibilidade do senhor arcebispo D.Francisco Senra Coelho que, com a sua habitual simplicidade e eloquên-

cia, com todos partilhou a sua enorme experiência e conhecimento profundo da história do Movimento, através do rolho “A Graça e a Fé no cursilho” com oportunas intervenções e partilha dos presentes. Na manhã de sábado, dia quinze, após a Eucaristia celebrada pelo padre João Fernando Dias, Assistente Espiritual Nacional foram iniciados os trabalhos. Premiando os objetivos propostos para

este encontro, foram apresentados três rolhos que de uma forma prática e baseada em experiências realizadas, analisaram documentos chave do Movimento – Caderno do Reitor e Livro “Rolhos e Meditações – para que os presentes melhor os conheçam e utilizem.

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Joaquim Mota, nas suas últimas palavras aos presentes, exortou-os à necessidade de todos os dirigentes conhecerem bem os documentos para que se possam melhor identificar com o Carisma do Movimento e assim, poderem “falar a mesma linguagem”, embora cada um com o seu “sotaque” próprio. Por outras palavras, o presidente do Secretariado Nacional lembra a importância da unidade do Movimento, sem esquecer a autonomia de que cada Secretariado Diocesano e Centro de Ultreia possui. Encerrou o encontro o Assistente Espiritual Nacional, o padre João Fernando, congratulando-se com a concretização do trabalho da CUCC e a forma como decorreu o encontro, lembrando que “só unindo esforços e vontades” os cristãos serão capazes de levar “a cabo a missão que o Senhor” lhes confiou. O encontro finalizou com um plenário onde os representantes de cada Secretariado Diocesano apresentaram as suas conclusões e atitudes de esperança, na certeza de que urge lutar pela Unidade do Movimento dos Cursilhos. Ao terminar, ficou a certeza de que foram dois dias riquíssimos para todos os cursilhistas presentes das várias dioceses do nosso país, na possibilidade de partilharem a vivência e a convivência do fundamental cristão.


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Ultreia Arquidiocesana de Braga No passado dia 30 de setembro, os cristãos da Arquidiocese de Braga foram convidados a participar na Ultreia Arquidiocesana, que se realizou no concelho de Famalicão.

ção de grupos para refletir sobre algumas questões pertinentes, que transcrevo: – Por que razão deixei de ser assíduo(a) à Reunião de Grupo e Ultreia, a Escola de Dirigentes, à Reunião de Delegados e outros eventos que o secretariado me propõe?

À paróquia de Castelões acorreram Cristãos Cursilhistas, famílias e amigos de vários pontos da arquidiocese. Ao evento associou-se o Diretor Espiritual do Movimento, o senhor padre Henrique Ribeiro. O dia foi preenchido com momentos de oração, de reflexão e convívio. O acolhimento teve lugar pelas nove horas e trinta minutos, sendo os presentes, pouco depois, convidados à oração da manhã com “Hora Apostólica”. Já bem instalados nas instalações do Centro Paroquial e Social de Castelões os cursilhistas, alegres com o hino Decolores e com o coração aquecido pelo fogo do Espírito Santo, reuniram-se em assembleia para aprofundar e refletir sobre o tema “Missão”. Os presentes tiveram a oportunidade de ouvir um Rolho proferido pelo presidente do Movimento, Jaime Pinto, que partilhou as suas vivências de missão com o Senhor, nosso Pai, apoiando-se na mensagem do Santo Padre e no propósito desta verdade para ser aprofundada e vivida. O Cristão tem que ser missão sempre em toda a sua vida e no seu espaço. Não pensemos que missão é só para os missionários que procuram levar a verdade do Evangelho onde esta ainda, não é conhecida. Nós também somos missão no nosso metro quadrado quando damos testemunho e testemunhamos o nosso Jesus Salvador. Depois do rolho e de uma pausa para um cafezinho no bar do centro, com duas de treta uns com os outros, voltamos à assembleia onde se seguiu a forma-

– Por que razão desvio a atenção dos meus irmãos Cursilhistas para necessidades alheias? – Rezo o Pai-Nosso? Procuro viver o que rezo ou sou incoerente? – Tenho consciência da minha Missão como cursilhista? Como espero executar tal tarefa? Seguiram-se, as reuniões de grupo e, terminadas seguimos para o almoço, ou seja, partilha de farnel. Caríssimos irmãos, não desvalorizando qualquer momento deste dia, o momento do almoço, é algo fantástico em especial pela partilha, (eu aprecio e vejo o milagre da multiplicação) o pouco de cada um torna-se em abundância para todos. É lindo ver os irmãos partilhar vivências entre belos sorrisos, saltar de mesa em mesa oferecendo o que trouxeram, o espaço é formidável e reúne todas as condições para permanecer por ali toda a tarde em confraternização, o que seria muito bom pois há irmãos que só se reveem após o cursilho nestes eventos que o Movimento nos proporciona. Por isso, 5

acho eu, que este espaço de convívio se torna curto, pois dada a alegria no diálogo, o gosto de partilhar, o ser de cada um ao serviço do Movimento e dos outros no seu meio ambiente, quando chega o momento do “até à próxima”, fica logo, um gostinho a saudade antes da despedida. Mas continuando e atendendo à chamada, fomos para o plenário onde foi apresentada a reflexão de grupo por um dos elementos. Tudo foi um acrescentar fenomenal de ideias para todos os presentes que se sentiram muito mais enriquecidos na Fé e na Missão que nos é proposta, a cada um de nós pelo Senhor. Após este momento, tivemos o privilégio de ouvir a reflexão, do Diretor Espiritual, o padre Henrique, sobre tudo o que se viveu em Espirito de Comunhão, reforçando a vivência de “Ser Missão” no nosso dia-a-dia; tudo isto no dia maravilhoso que o Senhor nos proporcionou, onde vivemos momentos de grande espiritualidade. De ânimo fortalecido e de coração aberto à Missão, a Ultreia encerrou com a participação dos presentes na Eucaristia celebrada pelo diretor espiritual do Movimento, Sr. Padre Henrique Ribeiro, com o seu espirito de humildade e de profunda entrega ao Movimento enriqueceu os presentes com palavras de incentivo a um encontro íntimo com Cristo e com os irmãos em “Missão”. Tudo isto decorreu no Centro Paroquial e Social de Castelões, a quem ficamos agradecidos e congratulamos pela preparação das instalações e pela forma como tão bem nos acolheram. Parabéns a todos os que de uma forma ou outra permitiram a vivência deste dia. Que o Senhor vos encha de Graças e Bênçãos. Decolores Kinito, Centro de Guimarães


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“FEITO CARNE DA NOSSA CARNE” Em vésperas de mais um Natal, decidi tomar um pouco do meu tempo e refletir enquanto cursista sobre este mistério insondável da Encarnação. Sou cursista há quase 52 anos. Isto leva-me a assumir uma atitude cristã de maior compromisso e testemunho evangelizador. Talvez esta minha reflexão contribua para uma maior vivência do Natal, dando ao nosso Movimento o movimento de que tanto precisa. E começo, recordando as palavras sapienciais de Santo Agostinho: «Quis (Cristo) nascer hoje no tempo, para levar-nos até à eternidade do Pai. Deus fez-Se homem para que o homem se fizesse Deus... O homem pecou e converteu-se em réu; Deus nasceu como homem, para que fosse libertado o réu...» (Santo Agostinho - Sermão 13) . «Tanto nos amou, que por nós foi feito no tempo, Aquele por quem foram feitos os tempos... Tanto nos amou, que Se fez homem O que fez o homem» (Santo Agostinho - Sermão 188, 2). Nada mais apropriado de que lembrar aqui também, o convite feito a toda a humanidade, pelos Papas S. João Paulo II, Bento XVI e o Papa Francisco: «Diante da barbárie do terrorismo, a humanidade não tem outra alternativa senão seguir o caminho do amor, que supera toda a forma de ódio e violência...» De facto, no coração do homem, combatem todos os dias, o «espírito do mundo» e o «espírito de Deus». Esta dicotomia antagónica bem a sentiu São Paulo, quando na Carta aos Romanos, escreve: «Nem me compreendo, pois não faço aquilo que queria fazer e faço o mal que detesto... Encontro, pois, em mim esta regra: quando eu quero fazer o bem, faço mas é o mal...Cá no meu ínti-

mo, eu quero seguir a lei de Deus, mas vejo que no meu corpo há uma outra lei que está contra a lei da minha inteligência» (Rom 7, 15ss) a) Saboreando um pouco de história Tendo em vista, portanto, a celebração do Natal, sabemos que o mês de Dezembro já era celebrado no Antigo Testamento. No I Livro dos Macabeus 4, 52-53, lemos o seguinte: «No dia 25 do nono mês, que é o mês de Quisleu, do ano cento e quarenta e oito, levantaram-se muito cedo e ofereceram um sacrifício segundo a Lei, sobre o altar dos holocaustos». Judas Macabeu ordenou a destruição do altar profanado e no seu lugar edificaram um novo altar, consagrando-o na madrugada do dia 25 do mês de Quisleu, isto é, o mês de Dezembro. De forma similar, no dia 25 de Dezembro, os cristãos celebramos o nascimento de Jesus. Um novo altar com um sacrifício perfeito, foi instaurado com o nascimento do Messias Jesus, para júbilo e salvação da humanidade. A solenidade do Natal foi instituída pela Igreja no século IV. Em que ano? Aqui radica um certo mistério, pois os cristãos, após a morte e ressurreição de Jesus, apenas se preocuparam por viver como Ele viveu e estender a Boa Nova a todas as nações. Entre perseguições e martírios, assim se passaram os anos até que o Império Romano se desmoronou e dividiu com a invasão dos bárbaros (ano 476). É então quando um monge chamado Dionísio o Exíguo, homem de baixa estatura mas de grande inteligência, decidiu mudar o cômputo dos anos, a partir do nascimento de Cristo. Baseou-se para isso no Evangelho de Lucas (3, 23) onde diz:

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«Quando iniciou o seu ministério, Jesus tinha cerca de trinta anos». E no cap. 3, 1, descreve que o baptismo que recebeu das mãos de João Baptista, no rio Jordão, foi no ano 15 do reinado do Imperador Tibério, sendo Pôncio Pilatos governador da Judeia. Confrontando as cronologias romanas, Dionísio deduziu que o ano 15 de Tibério correspondia ao ano 783 «ab urbe condita» (da fundação de Roma). Subtraindo-lhe os 30 anos que tinha Jesus naquele momento, concluiu que Jesus tinha nascido no ano 753 «ab urbe condita», e portanto, o ano 754 deveria chamar-se o 1.º ano depois de Cristo. Esta nova forma de contar os anos foi sendo aceite por todas as nações cristãs. É curioso que, mesmo para as relações internacionais atuais, entre países que têm o seu próprio calendário, se usa este cálculo dos anos. Hoje, porém, graças às modernas investigações, sabemos que Dionísio se equivocou um pouco. O Evangelho de Mateus (Mt 2, 1) diz-nos que «Jesus nasceu em Belém, na região da Judeia, no tempo do rei Herodes». Segundo o escritor romano Flávio Josefo, o rei morreu no ano quatro antes de Cristo. Se acrescentarmos mais dois que terá vivido após a visita dos Magos, temos o erro de uns seis anos mais ou menos. Daí os historiadores admitirem como data do nascimento de Jesus, uns 6 anos antes da data que comemoramos. Sabemos, portanto, mais ou menos, o ano do nascimento. Mas, e o dia? Para os romanos, o dia do nascimento era o «dies natalis». Para eles, o dia mais importante, era o dia do nascimento do Sol, dia 25 de Dezembro, que eles veneravam como divindade, e que significava a vitória da


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luz sobre as trevas da noite. Entretanto, os cristãos, não sabendo exatamente o dia do nascimento de Jesus, acreditavam que Ele era a Luz verdadeira vinda a este mundo. Desta forma, cristianizaram uma data pagã, ao contrário com o que hoje se intenta fazer em muitos lugares: paganizar as festas cristãs. O primeiro dado histórico da celebração do Natal no ocidente cristão, é um calendário litúrgico do ano 354 d. C. No Oriente passaram a celebrar o Natal juntamente com a Epifania (no dia 6 de Janeiro). Um dos testemunhos mais valiosos daquela época é o itinerário da jovem Egéria (ou Etéria) aos Lugares Santos, ori-

ginária da Galiza, por volta dos anos 381-386. No que diz respeito à celebração do Natal, a Liturgia Católica, desde longa data, celebra uma Missa da Vigília, uma Missa da Meia-noite (ou do Galo), uma Missa da Aurora, e por fim, a Missa do Dia. À volta da liturgia oficial da Igreja, foram-se formando, no decurso dos séculos, a partir da devoção cristã, uma série de costumes populares que a Jerarquia foi consentindo, criando assim um ambiente cada vez mais alegre e festivo. Assim nasceram as variadíssimas canções de Natal. Simultaneamente com esta devoção popular, apareceu o primeiro

MARANATHA O dia cai no ninho do ocaso, A lua espreita em lamparina acesa, E em Ti, esperança minha e fortaleza Descanso a alma e assim desaso… Eu sei que Tu virás, não por acaso, Bater a minha porta com leveza Espero dar-Te, então, minha pobreza Com ela entrar no Céu, se me deres azo. Mas antes vou guiar-me até Belém Levado pelo sonho de Te ver, Gritar maranatha e mais além – Anelo meu do Teu amanhecer… E orar, enquanto a noite se mantém: Jesus, por Ti espero ao sol nascer! Alberto Moreda

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presépio, obra de S. Francisco de Assis e seus frades. Com tudo isto, chegamos ao século XXI. E já é hora de que a nossa sociedade adulta, sobretudo os que se dizem cristãos, encarem o Natal não apenas como uma bela história ou o relato dum acontecimento de há 2000 anos... O Natal não é a celebração de uma data, nem simplesmente a festa de um dia, mas

nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados» (Lc 2, 13-14). Os cristãos não celebramos datas; celebramos factos. No Natal, celebramos o facto d’Aquele que não cabe no universo, ter decidido nascer de uma virgem neste pequeno planeta da imensidade do Cosmos, para reconciliar o homem pecador com o seu Criador e Redentor.

rico, se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza» (2 Cor 8, 9). É esta a grande lição do presépio. O Natal é, portanto, algo que deve estar sempre presente, pois Jesus desde que nasceu, a partir desse dia, vive permanentemente connosco. Aquele acontecimento que ocorreu na humilde gruta de Belém, marcou para sempre a vida dos homens. Esta nossa civilização ocidental influen-

a celebração do Nascimento do Salvador, acontecimento absolutamente decisivo na história da Salvação, como já fora anunciado pelo profeta Isaías: «Um menino nasceu, um filho nos foi dado...Os seus títulos são: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz» (Is 9, 5). A magnitude deste acontecimento relata-a São Lucas, no seu Evangelho, quando descreve, que perante os pastores, a multidão dos anjos louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus

b) O reverso da medalha? Vivemos uma época na qual o valor do Natal de Jesus deu lugar ao espírito consumista, que caracteriza o processo de descristianização e o relativismo moral em que se caiu. Mesmo as nossas missas, em vez de exprimirem o sagrado e ajudarem a contemplar o Mistério, transformam-se, quantas vezes, em pequenos «shows» de uma criatividade medíocre, que se prolonga depois numa comercialização sem pudor. O Natal é a festa da pobreza de Deus que «sendo

ciada pelos ensinamentos do Evangelho, gerou um verdadeiro «humanismo cristão», caracterizado pelo respeito à dignidade e liberdade da pessoa humana. Hoje, o Natal resume-se a uma festa de aniversário, onde um vaivém de prendas sem fim, se reparte por todos, menos pelo Aniversariante, que é Jesus. Este nome, perante o qual se «dobrará todo o joelho no céu, na terra e até no inferno», como diz S. Paulo, é motivo de abominação para ideologias capitalistas e campanhas publicitárias, que só

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concentram o seu olhar no consumismo mais absurdo. É Jesus Quem nasce, mas quem é lembrado é o «Pai Natal». Os presentes materiais ganham mais relevo do que o Nascimento do Salvador. O mundo materialista em que caímos, transformou o Natal num enorme «show» de compras desenfreadas. Este consumismo obcecado, em que mergulharam mesmo os que se dizem cristãos, fala mais alto do que a Verdade que já dura há mais de dois mil anos... O Natal tem de ser tempo de viver em harmonia com o irmão, de partilhar com ele os verdadeiros presentes, como a oração, a Palavra de Deus, a Eucaristia, o amor fraterno. Natal é estar constantemente de coração aberto para acolher Cristo que vem ao nosso encontro. Viver o Nascimento de Jesus é viver o nascimento de uma nova sociedade. Esta data não é uma simples data. Ela marca o início da renovação de todos os corações, sobretudo das pessoas amarguradas, rancorosas e ignorantes. Façamos do Natal de Jesus o nosso Natal, voltado exclusivamente para a solidariedade, a caridade e o amor aos mais carenciados e abandonados. Deixemos que Cristo seja o nosso principal consumo. Deixemos que se realizem em nós as palavras do profeta Ezequiel: «Vou dar-lhes um

coração novo e infundirei no seu íntimo um espírito novo. Arrancarei da sua carne o seu coração de pedra e dar-lhes-ei um coração um coração de carne, para que caminhem segundo os meus preceitos e observem as minhas leis e as cumpram. Eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus» (Ez 11, 19-20). É assim que tem sentido o Natal e tudo quanto na sua celebração contribui para que a Luz se imponha definitivamente às trevas. Porque «a vida eterna (à qual todos aspiramos), consiste em conhecer o Pai como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a Quem enviou» (Jo 17, 3). Aliás, como diz o mesmo São João, «ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo... O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espirito é espírito» (Jo 3, 3-6). Não queria terminar, sem uma referência ao que o Papa Bento XVI exprimiu num dos seus artigos, enviado ao jornal inglês «Financial Times», a 22 de Dezembro de 2012: «As narrações de Natal do Novo Testamento têm por finalidade demonstrar que este Menino nascido num obscuro e distante recanto do Império Romano, veio para oferecer ao mundo, uma paz verdadeiramente universal... O Natal é, sem dúvida, uma ocasião para uma reflexão profunda e um

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exame de consciência... O Natal pode ser o tempo no qual aprendemos a ler o Evangelho e a conhecer Jesus, não só como o Menino da manjedoura, mas como Aquele no Qual reconhecemos o Deus que Se fez homem. É no Evangelho que os cristãos encontram inspiração para a sua vida diária... Combatem a pobreza porque reconhecem a dignidade suprema de todos os seres humanos, criados à imagem de Deus e destinados à vida eterna... Os cristãos dão a César o que é de César mas não o que pertence a Deus... Com o Natal, temos um Rei Novo, o Qual não confia na força das armas mas no poder do amor. Ele traz esperança a todos os que, como Ele mesmo, foram postos à margem da sociedade... Desde a manjedoura, Cristo chama-nos a viver como cidadãos do seu Reino celeste, um Reino que cada pessoa de boa vontade pode ajudar a construir, já aqui, na terra». Como cursistas convictos da missão evangelizadora que nos toca desempenhar, despojemo-nos de tudo o que é património do pecado que há em nós, e abramo-nos à misericórdia do nosso Deus que, porque nos amou desde o princípio, decidiu amar-nos até ao fim, enviando-nos o seu próprio Filho. Pe. Leonel Oliveira


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Diocese de Vila Real recebeu encontro dos Cursilhos de Cristandade

No sábado, dia 20 de Outubro, reuniu o Núcleo Norte do Movimento dos Cursilhos de Cristandade, desta vez o encontro realizou-se no Seminário de Vila Real. Com início na Capela com Oração de Laudes, na presença do Sr. Bispo D. Amândio Tomás que em jeito de boas vindas nos dirigiu algumas e boas palavras de incentivo a sermos discípulos missionários nos nossos ambientes. Estiveram presentes as dioceses de Aveiro, Braga, Bragança, Lamego, Porto, Viana do Castelo, Vila Real com exceção do Secretariado da Diocese de Viseu, que por imprevistos de última hora não puderam estar presentes. Acompanharam o seu Secretariado os Diretores Espirituais das dioce-

ses de Vila Real (Padres João Dias e Adão Moura), o de Aveiro (os padres Paulo Gandarinha) e de Viana, o padre Torres Lima. De seguida, e para dar início à ordem de trabalhos, deslocamo-nos todos em direção à sala onde decorreu a partilha dos pontos da agenda da reunião, onde todos os Secretariados colaboraram e apresentaram as suas respetivas observações e sugestões. No decorrer dos trabalhos e em “clima” de bom entusiasmo, foram partilhados alguns assuntos daí derivados e oportunos, nomeadamente o novo esquema de rolhos, a importância da nossa oração e do Espírito Santo para neles incorporarmos o nosso cunho vivencial. O senhor padre Gandarinha dirigiu-nos algumas palavras sobre o espaço penitencial nos cursilhos referindo que “os

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novos” não frequentam o cursilho para fazerem a confissão. Referiu, que essa poderá ser realizada quando já estiver iniciada a caminhada do Quarto Dia. A confissão será uma necessidade para o novo cursilhista. Terminamos este frutuoso encontro enriquecidos com a partilha entre irmãos em Cristo, na certeza de que é com Ele, nestes encontros, que buscamos vitalidade para nos renovarmos no caminho, caminhando para o crescimento e expansão da Sua obra. Recordando as palavras do Sr. Bispo D. Amândio Tomás “saímos reforçados na amizade, confirmando assim, a grande família que é o MCC, e estamos conscientes da nossa missão evangelizadora”. Carlos Castro Centro de Guimarães


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A minha caminhada Testemunho

Sempre me considerei católico, mas não passava de mais um dos muitos, a maioria, dos que não passam da Eucaristia de Domingo e mesmo, essa, assistida com pouquíssima convicção; a homilia não me dizia muito; à comunhão não ligava; e as leituras, terminada a missa, já delas não me recordava. Até que um dia, um amigo meu me falou nos Cursilhos de Cristandade. Achei a ideia interessante. No mínimo, eu tinha consciência de que me faltava qualquer coisa para ser cristão de verdade. O cursilho aconteceu e a primeira ilação que retirei da minha participação foi reconhecer a minha ignorância do que é ser Igreja, de todo o seu envolvimento e dos seus princípios. Os testemunhos que alguns elementos da equipa reitora, fizeram-me ver como estava longe de ser cristão. A emoção mais forte foi a chegada ao sacrário, nem sabia da sua existência. Terminado o cursilho começa o Quarto Dia. A minha primeira preocupação foi com o Estudo, pois constatei que conhecia melhor o budismo e o taoísmo do que o cristianismo. Também, passei a dedicar uma parte do dia à oração. Com o tempo fui adquirindo conhecimento do que é a Igreja e do seu envolvimento na sociedade atual. Antes, evitava assumir a minha condição de católico porque não tinha conhecimentos, não tinha bases para melhor defender a minha posição. Hoje tudo é diferente! O estudo tem-me dado a capacidade de poder comunicar e dialogar sobre a Igreja sem complexos. Penso mesmo que, no presente e tendo em consideração as críticas de que a Igreja é alvo, sem deixar de assumir que alguns membros da Igreja tiveram comportamentos menos dignos, é impor-

tante lembrar o papel da Igreja junto das pessoas que perderam tudo, em locais de guerra e de catástrofes naturais. É a Igreja, através dos seus membros, o único apoio, a única palavra de esperança nas suas vidas. Assim é, também em países onde a pobreza é grande. É a Igreja que está no apoio aos mais desprotegidos procurando que os seus dias não seja tão difíceis. Diria, que

pírito Santo me guia e orienta. Essa certeza é-me bastante reconfortante. No meu dia-a-dia, também procuro com o meu viver ser testemunho de Jesus. Talvez tenha sido aqui que menos se alterou a minha vida; desde sempre preferi “dar a outra face”. Passado ano e meio de vivência do Quarto Dia, tenho consciência de que muito tenho para aprender e me-

por cada por cada membro da Igreja que age de forma condenável, existem outros cem que se dedicam com amor a ajudar os mais fracos e oprimidos. É testemunho desta realidade que nos cabe dar no dia-a-dia. A oração continua a ser muito importante na minha vida; dá-me força para viver com tranquilidade com a certeza de que Deus por intermédio do Es-

lhorar na minha vida. Para isso, conto as ultreias semanais, que têm sido importantes e que certamente, com ajuda de todos os irmãos leigos e com os sacerdotes Leonel Oliveira e Henrique Ribeiro, serei cada vez mais apóstolo de Cristo.

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Decolores. João Dias, Centro de Guimarães


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Ecos do nosso mundo

O Espírito Santo trabalha. Pois o primeiro Curso de Cristandade, foi realizado em Agosto de 1944 no chalé de Cala Figuera de Santanyi, com 14 assistentes e, de acordo com o esquema que se tem mantido até aos nossos dias, embora haja quem, à revelia da origem - que Eduardo Bonnín sempre defendeu até ao seu último dia de vida - tente alterar o que o Espírito Santo deu e tem ensinado ao Movimento. Os Cursos de Cristandade, pelo que se conhece, pelo bem que a Igreja tem recebido ao longo destas dezenas de anos, foram pensados e organizados para que os seus responsáveis e dirigentes procurassem mudar ou transformar os ambientes. Aqui, possivelmente há falhas. É que o que parece ter mudado é para um “ambiente novo”, feito integralmente de “cursistas entre cursistas”. Entendo que no pré-cursilho a fazer aos futuros cursistas, os proponentes deviam recordar-lhes devidamente que são Igreja, porque nela baptizados. O curso em si, seria a prova que Cristo os chamou para lhes oferecer uma

riqueza espiritual, que possivelmente não tinham antes. No início de um curso de Cristandade, surgem por vezes pessoas que procuram em primeiro lugar, compreender antes de crer. Ora isso é humano! Mas no fim do curso, todos “crêem”, embora nem todos “compreendam”. Ora isso é divino, uma vez que todo o homem só tem um aliado – Jesus Cristo. Se as qualidades humanas do responsável nos cursos de Cristandade não estiverem empapadas pela Fé, e potenciados pela esperança e pelo amor, só por milagre ou por cortesia é que temos propostos. Sendo assim, num caso podemos ter um convertido e um apóstolo; no outro, podemos ter “mais um que passou pelo Movimento”. Há milhares de cristãos e centenas de Cursilhistas no mundo, que gastam todo o seu tempo a falar de Cristo: da Sua valentia, coragem, convicção até à morte de cruz e, falam ainda, das injustiças e das faltas de amor dos outros, que, impressionando, nem tempo têm para pôr em prática o que dizem.

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Neste nosso tempo sem tempo, sempre existiram os que por várias razões foram inimigos do tempo: encurtaram ou encurtam o tempo dos seus semelhantes nas actividades apostólicas da Igreja e do Movimento Cursilhista, por inveja, por protagonismo, por maus-tratos psicológicos, por debilitações programadas, por tola dispensa dos de boa vontade e por muitas mais outras desbastações. Não se deve elogiar os êxitos apostólicos aos militantes do Movimento ou da Igreja de Pedro, uma vez que o militante será sempre um pincel na mão do Espírito Santo. E também não se pode nem se deve envernizar a incompetência ou a indiferença. Na verdade, muitos, estão retidos num Cristianismo sem bases, sem convicção, doentio, sem noção do verdadeiro amor aos outros. E testemunhar o Evangelho, a acção e a oração, não podem ser efectuados por biscateiros. Artur Soares (P.S. O autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico).


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