‘de colores’
mais além
Director: Pe. J. Neves Machado | Directora Adjunta: Margarida Fernandes Propriedade: Associação de S. Paulo | Sede: Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga - Telef. 253 263 415 Excução gráfica: Empresa do Diário do Minho, Lda. | Tiragem: 3000 exemplares Registo ERC: Isento ao abrigo do decreto regulamentar, 8/99 de 9/6, art.º 12, n.º 1 alinea a). Preço: 0,50 euros
REMETENTE: SECRETARIADO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE - Rua do Alcaide, 9 - 4700-024 Braga
DEZEMBRO 2016
NATAL Caía o dia num cinzento azulado, mesclado ente a azáfama duma última oferta, e a ânsia que saía do mais íntimo de cada um, de um encontro com aqueles que nos são mais próximos e queridos. O Natal, é no espaço e no tempo somente algumas horas, mas o gelo e a distância, que durante um ano em muitas famílias se manteve entre as pessoas, é, durante aquelas horas, derretido no mais fervoroso dos atos de amor, fraternidade e amizade. É assim normalmente, a vivência do espirito Natalício no seio das famílias. O Natal é por excelência a festa da família. Nestes momentos de suprema alegria e de fecundidade humanística, as famílias deixam escorrer pelos braços, pelos olhares e sobretudo pela alma, afetos incontidos doados no mais singular preito de gratidão. Não basta uma mesa repleta de sabores únicos e iguarias deliciosas, uma árvore enfeitada com brilho, preenchendo por completo o imaginário das crianças, mas também, a satisfação dos pais, filhos, netos e avós, é imperioso e necessário, que em cada casa exista um presépio, mas sobretudo é necessário refletir na realidade e no significado que para nós católicos tem o presépio e o conteúdo que aque-
las imagens encerram. Sobretudo, é necessário e imperioso que cada pessoa em cada família, entenda a sublime mensagem que nos é transmitida pelo presépio. Se por alguns minutos que sejam, olharmos atentamente para um presépio e refletirmos naquelas imagens, sobretudo no simbolismo contido na mais nobre simplicidade, onde Maria deu à luz o seu Filho, aquele que ali, na mais humilde manjedoura veio ao mundo para ser o nosso Salvador, Ele, que é o filho de Deus feito homem, e que
um dia haveria de morrer na cruz por nós, e ressuscitar para nossa salvação, certamente que o nosso Natal será um Natal mais completo mais preenchido e sobretudo um Natal onde a verdadeira razão esta na confluência e na interação e similitude, entre a Família de Nazaré e a nossa própria Família. Quando maior for a afinidade entre ambas, mais profícuo, santo e sobretudo mais pleno será o nosso Natal. Continua na página 3
Mais Além
REGISTAMOS A VOSSA GENEROSIDADE DONATIVOS Maria Adelaide Mendanha
Lousado
10,00
Padre Horácio Campos Moreira
Brufe
10,00
António Pereira Fernandes
Tibães
5,00
José Bravo
Braga
5,00
Alaíde Ferreira
Braga
20,00
Aníbal Araújo Rodrigues
Braga
5,00
Ana Teixeira Barros
Braga
10,00
António Freitas Nogueira
Fafe
5,00
Manuel Freitas Pereira
Fafe
10,00
João Lopes
Fafe
5,00
Aurora Barros
Fafe
5,00
Manuel Pereira
Fafe
5,00
Júlia Domingues
Fafe
5,00
Artur Freitas Nogueira
Fafe
10,00
Guimarães
25,00
Manuel Trocado
Lapa PV
5,00
Ernesto Nunes
Lapa PV
5,00
Maria Conceição Ambrósio Ferreira
Lapa PV
20,00
Manuel Marques Trocado
Lapa PV
5,00
Inácia Carvalhido
Lapa PV
5,00
António Luís Postiga
Lapa PV
5,00
João Pinheiro
Lapa PV
5,00
José Luís Ribeiro da Silva
Lapa PV
5,00
Narciso Almeida Lima
Marinhas
5,00
Teresa Marques Ribeiro
Marinhas
5,00
Laurinda Marques Ribeiro
Marinhas
5,00
Maria Marques Ribeiro
Marinhas
5,00
Fernando Costa
Medelo
10,00
Manuel Azevedo Miranda
Ribeirão
20,00
Mário Bernardo Magalhães de Sousa
CURSILHISTAS FALECIDOS
COLETAS Centro Abação
73,00
Centro de Braga
101,15
Centro de Fafe
100,00
Centro da Lapa
200,00
Centro de Marinhas
50,00
Centro de Ribeirão
300,00
NOME
CURSILHO
Deolinda Fernanda Soares da Cunha
226
Trofa
José Manuel Oliveira Salgado
212
Guimarães
José Lopes Júnior
145
Guimarães
Coletas Escola de 07.11.2016
27,09
Joaquim Fontão Pereira
247
Apúlia
Coletas Escola de 12.09.16
43,40
José Manuel Soares Lemos
51
Braga
Manuel da Cruz Filipe
258
Caxinas
Manuel de Moura Peixoto
140
Braga
PAGAMENTO DE JORNAIS Centro de Vila do Conde
15,50
Centro de Caxinas
235,00
Centro da Lapa
125,00
Centro das Caxinas
240,00
Paz às suas Almas
2
Mais Além
NATAL Continuação da página 1
Obviamente que o Natal na nossa Família é um motivo festivo, e é bom que assim seja, e bom será que assim continue a ser, até porque a família é a célula mais importante da vida e onde se devem desenvolver todos os afetos e ensinamentos. Já o foi assim na Família de Jesus, e tal como se disse, assim deverá ser na nossa. Porém, devemos sobretudo nesta noite lançar um olhar sobre aqueles a quem a sociedade impiedosa lançou na mais desventurada amargura, a quem a sociedade nega nalguns casos o minimio de dignidade humana, aqueles que sem família, ou abandonados por ela, estão nesta noite que deveria ser de afetos e amor, a dormir tal como jesus numa qualquer manjedoura na mais desesperada tristeza humana. É sobre estes que devemos lançar o nosso olhar e a nossa ajuda, é para eles que nesta noite,
provavelmente de intenso frio, deveremos desviar as nossas preces e a nossa ajuda, para que um dia, tal como nós, consigam ter um Natal com dignidade, mas sobretudo com amizade e afeto. E imperioso também que nos lembremos daqueles que sofrem, dos doentes, sobretudo aqueles cuja esperança de vida está nos limites da existência, e o desespero assola a sua consciência, aqueles que numa cama de um qualquer hospital ou num lar, sentem que a dor é mais forte do que a lembrança do Natal. É para esses também, que vai a nossa palavra de afeto na certeza que encontrarão no presépio a mensagem certa que reconforte a sua consciência, tornado mais fácil suportar as agruras de quantas noites de sofrimento mal dormidas. Por último, um olhar e uma palavra de carinho e ternura, para as crianças, sobretudo aquelas para quem o Natal deveria ser um mo-
mento único de exaltação, e que se veem privadas de o sentir, muitas vezes por culpa duma sociedade destituída de valores, para essas crianças vitimas da guerra e retiradas as suas famílias, violentadas, humilhadas, com fome, com sede, utilizadas como arma de arremesso em situações de guerra, vítimas de abandono, vitimas de abusos, vítimas de separações quantas vezes destruidoras do deu direito a ser crianças, para esses meninos e meninas que nunca tiveram direito nem sabem o que é ser criança, são, ou deverão ser, a nossa principal preocupação para este Natal. Vamos dar um abraço de amizade a uma criança que nunca soube o que isso é. Se calhar, um abraço é tão ou mais importante do que um brinquedo e é de graça, além disso satisfaz mais a alma e o coração a quem o dá mas sobretudo a quem o recebe.
Boas e Sant as Fest as!
Inocêncio Paulo Moreira
O Secretariado Arquidiocesano do MCC Braga deseja a todos os cursilhistas e familiares umas
3
Mais Além
E o Senhor vai ficar sozinho? Continuação texto publicado no jornal de julho/2016
(…) Quem faz um Cursilho de Cristandade jamais voltará a se a mesma pessoa, por mais que lute contra si próprio, por mais que queira negar a evidência, a consciência apela. O cursilho fez-me ter o conhecimento quase contundente e extraordinário de que Ele existe. Falo de vivências reais experienciadas na primeira pessoa onde as emoções falam por si, de um assombro, sensibilidade e realismo que remetem para o divino, como nunca havia sentido. Deslumbramento, paixão, loucura, fascínio. Chamem-lhe o que quiserem, mas o facto é que o sentir daquele Deus misericordioso é real, autêntico, intrínseco, transmissível apenas pelo olhar de quem vive com Ele. Infeliz de mim se não estiver apaixonada pela vida, pelo Deus que me fez perceber que a passagem nesta vida é uma quimera. Apenas as lembranças de ternura, delicadeza, doçura e afeto permanecem até ao fim. Mal de nós se vivermos amargurados a transpirar sentimentos de tristeza. Feliz de mim que O encontrei! Tenho a lucidez de que não sou o filho de Deus esculpido à sua imagem e semelhança, não faço e não tenho atos por vezes dignos dos valores cristãos, mas quando a consciência se sobrepõe à razão, por mais correta que achava que estivesse, a realidade mostra-se evidente. Sei que não sou o melhor exemplo. Muitas vezes sou contrária ao Seu plano salvador, contrária no que Ele planificou para a nossa salvação e vivência cristã. Mas quando sou tocada no coração, tudo muda e a perceção de que Jesus Cristo veio para servir e não para ser servido, abre o meu horizonte e o sentimento de oposição desintegra-se. Arrebatamentos, encantamentos todos nós temos, amores platónicos que nos fazem sorrir e sonhar, os quais tão pouco podemos tocar. Nesta busca constante que aprendi a fazer de Deus sinto que de utopia nada tem. É uma busca interior real e au-
têntica. É uma felicidade inigualável poder sentir uma mão que por mais invisível que pareça está sempre presente. E se me perguntarem se Ele me toca? A minha resposta é concreta e concisa. Sim, toca! Por palavras, gestos, olhares… Tem que existir uma paixão para que possa falar do mais intrínseco. Por essa paixão saem as palavras que numa fase inicial, conduzem esse encantamento que é próprio de quem encontra um grande amor. Percebo e fala a voz da consciência de quem por paixões mundanas se perdeu, que na vida tudo é efémero e fugaz, principalmente quando existe uma troca de sentimentos alicerçada no nada. O que sinto em relação a Deus a cada acordar é um palpitar constante, uma vontade de O invocar quando acordo. Pergunto-me se será normal? Depois dou comigo a pensar que acordar com o coração cheio de tudo é fascinante. Existem dias em que me levanto em que nada faz sentido, em que me questiono sobre tudo. Dou comigo a pensar que não tenho fé suficiente, que não sei louvar o Senhor de modo correto; todavia quando passo em frente da igreja pela manhã, por mais que seja a minha revolta, sou incapaz de não parar e dar bom dia ao Senhor. Louvá-Lo e agradecer-Lhe tudo que fez e faz por mim. Compreendo que tenho a minha parte de culpa nas decisões que tomo em relação à minha vida e que as decisões humanas têm consequências humanas. O Deus de amor está ali sempre para que no meu coração possa encontrar descanso, um colo paternal, uma ajuda quando tudo parece perdido. Com ou sem coerência as palavras saem-me e não consigo nem quero barrá-las. Eu, na minha descrença, nunca imaginei este amor que faz tão bem, um intocável tocável. Que as minhas palavras possam ser um incremento positivo para todos nós. Sei que por ser recente a minha vivência, a vontade de ir em frente é grande. O meu desejo é que possamos ter sempre novos cursilhistas no nosso seio, que a alegria recente de estar com Cristo nos contagie,
4
para que a chama do nosso cursilho não se apague facilmente. Sei que o amadurecimento da fé é de extrema importância; por isso, que novos e velhos cursilhistas possam unir-se no sentido de mostrar que somos Cristãos diferentes e com alegria de dar a conhecer aos outros o que é ser cursista. Que consigamos fazer das nossas ultreias o reviver constante do nosso cursilho, pois só assim manteremos a chama acesa. Ultreias alegres, não exuberantes, ultreias sentidas, não fingidas, ultreias no verdadeiro sentido cristão da palavra onde todos nos possamos unir e conhecer, na humildade e troca de valores. Decolores, é a primavera, época de renovação da natureza, em que tudo se transforma. Decolores são os pássaros a trazer a boa nova do renascimento. Decolores, ficou o meu interior com tamanha intensidade de luz que o arco-íris produziu. Depois da chuva, ele resplandece, reluz com um brilho ímpar. Decolores é o estado de graça em que todos ficamos ao despertar para a fé e ao descobrir o caminho de Deus. Não deixemos que esta canção deixe de nortear a nossa vida, pois é de simplicidade, amor e ingenuidade que nos fala. Que ela seja o suporte que nos sustenta, o colorir diário do nosso caminho, direcionando-nos sempre ao Senhor. Decolores, essa música tão singela, autêntica de simples palavras, porém com um sentido nobre da apologia do amor, cheia de cor e alegria. Apesar de simples suas palavras, as suas entrelinhas são de um conteúdo prodigioso, retratando de modo genuíno, o nosso renascimento após um Cursilho de Cristandade. Para mim, Decolores é a simbologia da mudança, uma metamorfose, a estrutura montada que me levou ao caminho… Contudo, o que aprendi com exatidão foi o que é ser a maioria absoluta, de Cristo, assim sendo, quando for Ele a chamar vai de cabeça… Maria José Carvalho Freitas da Costa (Centro de Guimarães)
Peregrinação Noturna ao Sameiro Na noite de sábado, dia um de outubro, duas centenas e meia de pessoas, de vários pontos da Arquidiocese saíram de suas casas e corresponderam ao convite lançado pelo Secretariado Arquidiocesano do MCC (Movimento dos Cursilhos de Cristandade) ao participarem na Peregrinação Noturna ao Sameiro. A iniciativa não foi novidade na Arquidiocese de Braga, mas a peregrinação deste ano pautou-se por uma afluência maior de cristãos. A peregrinação partiu da igreja de S.Lázaro, em Braga, por volta das vinte horas e quarenta e cinco minutos, após a Bênção do Peregrino dada pelo cónego Roberto Rosmaninho.
Uma mancha humana perfilada atrás de uma cruz e duas tochas ardentes marchou para dar cumprimento a um conjunto de intenções (extinção da violência, vivência profunda do Ano Pastoral e pelo Movimento e seus próximos cursilhos) ao qual associou o próprio aprofundamento espiritual. Esta foi a Peregrinação Jubilar do MCC, que passou a Porta Santa da Misericórdia, na Basílica do Sa-
Peregrinação Noturna em Guimarães Em 26 de novembro passado, realizou-se uma peregrinação noturna, em Guimarães. A peregrinação partiu da Igreja da Nossa Senhora do Carmo onde os presentes foram convidados a meditar nas intenções a que se propunham. De seguida, pela rua de Santa Maria, a artéria mais antiga da cidade, os peregrinos encaminharam-se para a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira. Daí para a Igreja dos Santos Passos, seguindo para a Basílica de S.Pedro e terminando na Igreja do Perpétuo Socorro. Nesta, o Padre Leonel de Oliveira, Diretor Espiritual do Centro de Guimarães, esperava os peregrinos para fazer o encerramento da peregrinação noturna. Movimento dos Cursilhos de Cristandade
meiro. O final da peregrinação culminou com a celebração da Eucaristia presidida pelo padre José António Arantes, que teve amabilidade de se associar ao evento, e concelebrada pelo Diretor Espiritual do Movimento, o padre Neves Machado. O Secretariado Arquidiocesano do MCC fez um balanço bastante positivo do evento. Movimento dos Cursilhos de Cristandade
Mais Além
Igreja e Eutanásia: um não inquestionável Conferência O Pe. José Costa Pinto, Professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais na área de Bioética, falou sobre eutanásia ao Igreja Viva. O orador na conferência “Eutanásia sim ou não?” afirma que a doutrina é muito clara no que respeita a esta problemática: “A Igreja sempre se colocou do lado da vida, a vida em todos os seus momentos e em todas as suas circunstâncias”. Um grito contra a “solidão” e a “falta de afecto”. Em todas as grandes discussões sobre o Homem, a Igreja insurge-se em defesa da vida humana. O Pe. Costa Pinto explica que a Igreja parte do princípio de que ninguém pode dispor da vida de outra pessoa, já que o Homem “tem direito à vida sem qualquer adjetivo, não é por ser homem inteligente, rico, sábio, ou bonito”. Outro dos argumentos evocados pelo jesuíta para justificar a posição da Igreja relaciona-se com o facto de a vida ser um dom. “Isso significa que se eu nada fiz para viver, para vir à vida, nada devo fazer para antecipar, voluntariamente, o fim dessa vida”, esclarece. A questão da dor, sofrimen-
to e morte é também revestida de sentido para os católicos, que compreendem que “a partir do momento da fusão dos gâmetas, no momento em que começa a existir vida”, o ser humano começa também a morrer. Encontrar um sentido para a morte e para o sofrimento permite, de acordo com o presbítero, ganhar um “novo fôlego”, para equacionar os “parâmetros referenciais que dão significado ao enigma humano em toda a sua complexidade”. O padre jesuíta defende também o “não à eutanásia” com base no facto de, na sua perspectiva, grande parte das pessoas que procura esta prática não deseja acabar com a vida, mas sim com “a solidão que está a viver, com a falta de carinho, com a falta de afecto”. “É um grito eutanásico à falta de ambiente humano que rodeia a pessoa nessa sua situação”, resume. Para apoiar este ponto de vista, o Pe. Costa Pinto recorre também a um estudo do professor Walter Osswald, publicado na Revista Portuguesa de Bioética em Agosto. O estudo consiste numa análise à lei
6
da eutanásia em alguns países europeus, em particular na Bélgica. De acordo com as conclusões do estudo, os pedidos de eutanásia “são formulados muitas vezes por pessoas que vivem sós, sem companhia e que se sentem desmotivadas, sem alegria de viver, fartas de uma experiência que nada lhes traz de positivo”. Assim, sustenta o Pe. Costa Pinto, é a experiência da solidão e da falta de solidariedade por parte das pessoas mais próximas que está na base deste sentimento. O mesmo estudo revela ainda que “a esmagadora maioria dos suicídios” tem origem numa “doença tratável”, como é o caso da depressão. “Então tratêmo-las!”, alerta o sacerdote. Outra das advertências do estudo relaciona- -se com a “banalidade” com que a eutanásia é aplicada. “Tem-se alargado imenso e facilitado muito o processo que antecede a eutanásia por parte do pedido do doente, e aquilo que antigamente era excepcional passa a ser banal”, argumenta. Revista “Igreja Viva” Suplemento da edição n.º 31181 de 06 de Outubro de 2016, do jornal Diário do Minho.
Mais Além
A FÉ
“Deus ama cada um de nós como se não existisse mais ninguém.” (Santo Agostinho)
Confiados nesta verdade vamos falar de fé. Pela fé o Homem entrega-se total e livremente a Deus, aceita sem hesitar a Palavra de Jesus Cristo, porque a Palavra por ser verdade não pode enganar-se nem enganar-nos. “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva aquilo que Ele quiser”. Assim, é pela fé que todo o Homem vai a Deus. Deus é a sua fonte. Sem fé é impossível agradar a Deus, porque ela vem de Deus. Deus vem e só temos de O acolher. Isto é ter fé. Ter fé é a resposta do Homem à revelação de Deus. A fé é, em primeiro lugar, obra divina e só depois obra humana. É transcendental, não compreendo, mas aceito. É um dom espiritual que se torna necessário para a nossa salvação. Mohamed, um menino muçulmano de 13 anos diz: “A fé está no coração. Tens de acreditar”. Estas sábias palavras são a mais pura verdade. Devemos procurar a fé dentro do nosso coração, sem nunca deixá-la esmorecer. Devemos procurar fazer diariamente uma avaliação para que a nossa fé aumente. Deus é a chave para que a vida seja vivida em pleno, em felicidade. Deus não criou o ser humano para a infelicidade, mas para uma vida plena de amor. Uma vida sem Deus não tem sentido, é vazia. Ele não exclui ninguém do seu projeto de salvação. A vontade salvífica de Deus é para todos. “Ele compreende-nos, Ele espera por nós, Ele nunca se cansa de nos perdoar. Cruzar o limiar da fé implica ter olhos que se maravilham”. (Papa Francisco) Deus não está contra o ser humano, dá-lhe liberdade de escolha. Esta liberdade tem um papel determinante na aceitação da revelação de Deus. Só Deus nos pode dar certezas para os nossos anseios, nossas esperanças, nossa alegria e nossas limitações. A fé deve produzir em nós o desejo de realizar boas obras, porque uma fé sem obras é morta, oca; não
se pode ser cristão sem nada fazer. A fé deve envolver a totalidade do ser humano em todas as suas ações, só assim é uma fé viva e verdadeira. O tripé que suporta a nossa vida cristã (Piedade, Estudo e Ação) é a expressão real do nosso amor a Deus e ao nosso irmão. Ter fé consiste em aceitar sem vacilar a Palavra. O cristão tem necessidade de ouvir a Palavra e guardá-la no seu coração. Acolher a Palavra de Deus é acolher Jesus Cristo. Cristo é a Palavra plena do Pai. É importante ouvir a voz de Deus no silêncio, escutando o nosso interior e sobretudo na Palavra. Ao ler o Evangelho entramos em contato com Jesus e a Sua Graça, vem constantemente até nós como que uma dádiva, uma luz que se acende no nosso espírito e na nossa mente, que nos deve defender de todas as tentações, levando-nos a ver quem somos, de onde vimos e ainda mais importante para onde vamos. Deus chama-nos para algo de muito grande. É um chamamento livre, sem qualquer condição. Como já foi dito, pela fé o Homem entrega-se total e livremente a Deus, aceita e confia em Nele. “Eu, tudo posso Naquele que me dá a vida.” Ter fé é acreditar que Deus é tudo o que preciso. Como nos revela o Antigo Testamento “Caminhai na minha presença e vivei sem culpa, foi a primeira coisa que Deus pediu a Abraão. Caminhar sempre na presença do Senhor, na Sua luz. Depois no Novo Testamento há um grande exemplo de chamamento, de fé em relação aos discípulos. Confiar em Deus que se revela em Jesus é arriscar-se em Deus (não compreendo mas arrisco). Ao comprometermo-nos com Ele arriscamos as nossas seguranças para chegarmos às nossas certezas. A oração neste sentido é o percurso que nos leva a Deus, ao caminho da felicidade. O poder da oração é como uma torrente, um rio que transborda. Deus espera por nós e ao longo
7
da nossa vida Ele espera pela nossa oração, pela nossa entrega e pelo nosso despreendimento. A oração sentida em nosso coração é a elevação da mente a Deus para adorá-Lo, dar-Lhe graças e pedir-Lhe o que necessitamos. Isto é a fé. Celebramos a nossa vida, a nossa fé em Deus através da oração, pessoal ou comunitária. A oração torna possível ver na realidade as coisas pelas quais oramos e esperamos, e ao orar manifestamos a nossa aceitação do projeto que nos revelou na interpretação da Palavra. Ao lermos a Bíblia Sagrada verificamos que várias pessoas tiveram as suas vidas transformadas por Jesus quando Ele lhes disse: “vai a tua fé te salvou.” A fé é a essência da nossa vida cristã infundida pela Graça de Deus no nosso batismo. Ter fé significa confiar em Deus e guardar os seus mandamentos, aceitando o Seu projeto de salvação. Se colocarmos a nossa fé em Jesus, tornamo-nos seus discípulos, mas não podemos ter fé em Jesus se não a tivermos em Deus Pai. A fé de Jesus e de Deus é a fé do Espírito Santo, essa seiva de amor que faz viver Deus em nós. A fé deve influenciar os nossos relacionamentos familiares, na comunidade, no trabalho, no tempo livre e a nossa esperança na vida eterna. Jesus disse: “se tiverdes fé como um grão de mostarda (…) nada vos será impossível” (Mateus 13,31-32). Naquele que me dá a vida, tudo posso. Deus é o meu Senhor e deixo-me seduzir e comandar por Ele. Deus procura-nos, deixemo-nos encontrar por Ele. Maria também se deixou cativar e disse sim, um sim por todos nós, um sim generoso e confiante. A Seu exemplo que seja esse também o nosso sim.
De Colores! Armida Oliveira (Centro de Fafe)
Mais Além
“Um meio de crescimento na fé” IV Mini-Cursilho No fim-de-semana de 12 e 13 de novembro esteve reunido na Apúlia, mais precisamente no Centro João Paulo II um grupo de cursilhistas que se dispôs, uma vez mais, a dar o seu “sim “ à chamada de Deus Pai. Reuniram-se homens e mulheres, de vários estados civis com o intuito de se enriquecerem e crescerem na fé. Reuniram-se para participar no IV Mini-Cursilho da Arquidiocese de Braga. O Mini-Cursilho foi reitorado por uma equipa da diocese do Porto, liderada pela Maria José Mota e Joaquim Mota, unidos pelos laços do matrimónio. A esta equipa fantástica juntou-se o Padre Henrique Ribeiro. Todos os presentes ficaram mais atentos, comovidos e motivados para a sua missão no seio das suas famílias e na evangelização do mundo enquanto cônjuge, pai, mãe, filho, viúvo, … Ao longo do Cursilho foram debatidos temas muito pertinentes sobre a família, nomeadamente “ Família um lugar exigente”, “ Família lugar de evangelização”, “Importância do diálogo no casal” e “ A família e os outros”. Estes temas, através de um método próprio, proporcionaram vivências e sensibilizaram para uma maior reflexão sobre o papel de cada um de nós na família e na sociedade. A família é de facto como se mencionou “a nossa primeira escola e célula vital da sociedade”. No seu centro tem “o Amor que é lei suprema e única da educação”. Amor este que tem como alimento “o diálogo, fundamental e fulcral na relação do casal (...). “O Diálogo e a oração fortalecem as famílias e ajudam-nas a ultrapassar obstáculos.” Durante a vida terrena há muitos obstáculos com que as famílias se deparam, por vezes, muito difíceis de encarar, mas testemunhos demonstraram, que com fé, oração e união familiar se conseguem ultrapassar todos estes obstáculos de forma diferente. De facto, é necessário viver o Evangelho, a começar nos nossos lares; uma família abençoada e feliz é aquela que cria as condições necessárias para a harmonia (só há harmonia quando pai, mãe, filhos, irmãos vivem em união); amor e perdão (quando
existe amor, todos os problemas são ultrapassados e o perdão é a ferramenta essencial para a resolução dos problemas, mas é preciso perdoar e esquecer) e diálogo (é através do diálogo que verbalizamos sentimentos, que debatemos ideias, que conhecemos o outro e que desenvolvemos a capacidade de tolerar as frustrações). (…) Tudo isso é possível se a família viver a alegria da fé. Todos temos que fazer um esforço para harmonizar as famílias. O nosso lar deverá ser uma inspiração a outros casais. O Papa Francisco na sua exortação apostólica “A alegria do Amor” menciona que a família é a primeira escola dos valores humanos, onde se aprende o bom uso da liberdade. “A família é o âmbito da socialização primária, porque é o primeiro lugar onde se aprende a relacionar com o outro, a escutar, partilhar, suportar, respeitar, ajudar, conviver. A tarefa educativa deve levar a sentir o mundo e a sociedade como “ambiente familiar”, é uma educação para saber «habitar» além da própria casa. No contexto familiar, ensina-se a recuperar a proximidade, o cuidado, a saudação. É lá que se rompe o primeiro círculo do egoísmo mortífero, fazendo-nos reconhecer que vivemos junto de outros, com outros que são dignos da nossa atenção, da nossa gentileza, do nosso afeto” (Papa Francisco, 2016, p.181). Daí ser necessário uma maior atenção à família, numa sociedade em constante mudança e proporcionar bem-estar e exortação na fé, aos nos-
8
sos mais próximos, nomeadamente vizinhos, colegas de trabalho, pessoas das nossas comunidades que sofrem de solidão, de falta das condições mínimas sociais, que vivem em lares ou na prisão e que neste momento estão (quase) abandonados pela família. “Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros (...) este não é o desígnio que Deus tem para nós.” (Papa Francisco, 2014, p.3). Todos viveram este Mini-Cursilho com muito amor e fé, uma maior consciência para a responsabilidade de cada um de nós no seio da nossa família, e de todos, no testemunho aos outros e no sentido de comunidade. É de facto preciso “divulgar e testemunhar pelo Evangelho os valores, a alegria, a presença de Cristo nas estruturas temporais, tornando possível a criação de núcleos cristãos que contagiam os ambientes onde vivem.” Este testemunho, da nossa vivência no Mini-Cursilho não é de perto o que se lá passou. O que se vive no Mini-Cursilho é único, envolvente, e intenso para se definir. Só mesmo participando e vivendo o Mini-Cursilho no seu todo. Foi maravilhosa a partilha, as vivências, a oração a união do grupo. O que temos para dizer é simplesmente, PARABÉNS E OBRIGADO. De Colores! Ângela e Gaspar Miranda (Centro de Cossourado)
Mais Além
392.º Cursilho de Homens da Arquidiocese de Braga O Movimento dos Cursilhos de Cristandade realizou, entre os dias 30 de novembro e 3 dezembro de 2016, o 392.º Cursilho de Cristandade de Homens da nossa Arquidiocese. A Equipa Sacerdotal foi constituída pelos Reverendos, Padre José António Andrade, Padre João Monteiro e Padre Neves Machado. A Equipa Leiga teve como Reitor o Artur Soares. A Clausura e a Eucaristia de encerramento, presididas pelo Arcebispo Primaz como habitualmente, tiveram lugar no Centro Social João Paulo II, na Apúlia e contou com a presença dos irmãos, que encheram parcialmente o auditório e vibraram com os testemunhos dos novos Cursilhistas, que deixaram transparecer a forte vivência Espiritual e forte ensinamento testemunhal, vi-
vidos nos três dias de Cursilho, que certamente os vai impelir para uma corresponsabilidade mais assumida e vivida em Igreja e a um testemunho de vida cristã mais empenhada
na família, no ambiente laboral e na sociedade em geral, através do seu Quarto Dia. Movimento dos Cursilhos de Cristandade
Maternidade de Substituição Conferência
Ao modo Cursilhista, com a invocação do Espirito Santo e uma breve oração teve inicio mais uma conferência organizada pelo MCC de Braga, intitulada “Maternidade de Substituição e outras Substituições”. Para este tema foi orador convidado o senhor Professor Doutor José Carlos Miranda, docente da Universidade Católica de Braga. O tema atual e de grande complexidade foi abordado de uma forma, clara e concisa, tendo os presentes o esclarecimento de tão sensível problemática. Do início ao fim da conferência, o ambiente foi de simbiose entre orador e público, que com a maior das atenções ouviu as dissertações do Professor, fundamentadas numa consistência ética e moral Cristãs do mais profundo valor humano. Fomos convidados a refletir sobre o valor das pessoas, não sobre o modo como são concebidas.
E as objeções que se podem e devem colocar às técnicas de reprodução artificial em seres humanos. Apreendemos que o verdadeiro amor implica desprendimento, que não somos máquinas incubadoras e que a reprodução in vitro levanta sérios problemas quando se deitam fora os embriões excedentá-
9
rios, sendo que numa sociedade ninguém está a mais. Fomos chamados à atenção para os lobbies que se criaram em função da família, dos possíveis danos psicológicos que podem advir desta indústria artificial, e que a adoção é a mais autêntica doação de sentimentos. Maria José Costa
Mais Além
DE CORAÇÃO ABERTO… à conversa com o padre Pedro Daniel Quem é o Pedro Daniel, o sacerdote?
Sou sacerdote há 5 anos e meio (ordenei-me no dia 17 de Julho de 2011 na Cripta do Sameiro, e desde então tenho servido a Igreja como Pároco da Cidade de Fafe, na grande Paróquia de Santa Eulália. Aos 6 anos de idade, após a celebração da minha Primeira Comunhão, manifestei aos meus Pais a intenção de ser sacerdote e foi este o início da história da minha vocação que se desenrolou nos Seminários de Braga (Seminário de Nossa Senhora da Conceição e Seminário Conciliar de São Pedro e São Paulo) entre os anos de 1998 e 2010. Foram anos muito importantes (sobretudo entre os meus 10 anos de idade e os 18 - quando passei pelo Colégio D. Diogo de Sousa e Seminário Menor) pois foi aí que me estruturei como jovem e homem comprometido com Jesus Cristo e a Igreja.
Quem foi o Pedro criança?
Como criança penso que fui como todas as outras da minha idade, talvez um pouco mais traquina que o habitual. Sou natural da Paróquia de São Silvestre de Requião, Arciprestado de Famalicão, onde nasci no dia 10 de Julho de 1986. Tenho uma irmã 4 anos mais nova (Isabel) e vivo com os meus Pais (Albano e Cármen), pois a minha irmã encontra-se a trabalhar em Southampton (Inglaterra) há quase 4 anos. A minha infância teve duas fases muito importantes. A primeira, até aos 10 anos, em que vivi na minha terra e em nossa casa, com os meus pais e irmã, crescendo muito feliz no seio da minha família e dos meus amigos. A segunda fase começou aos 10 anos, quando uma decisão muito importante aconteceu. Eu queria muito ser padre e ir para o seminário e manifestei esse desejo de forma muito clara aos meus pais, ao meu pároco (Pe. Manuel Magalhães) e à minha professora primária (D. Alice). No entanto, o meu pároco informou-me que só poderia ir para o seminário aos 12 anos (para o 7.º ano) e teria, por isso, de
esperar 2 anos e fazer o 5.º e 6.º no Ciclo com os meus colegas da Primária. Essa notícia deixou-me muito triste e manifestei essa tristeza aos meus pais e professora. Estive mesmo a desanimar. Então, a minha professora aconselhou aos meus pais que me inscrevessem no Colégio D. Diogo de Sousa (em Braga), em regime de internato, pois era muito novo e talvez ao fim de algum tempo viesse a desistir da minha ideia. E assim foi, em parte. A minha família inscreveu-me no colégio e fez muitos sacrifícios para que eu pudesse lá estar durante aqueles dois anos, mas nunca desisti. Ao fim de 2 anos acabei por entrar no Seminário Menor e continuar a perseguir o meu sonho. Acredito que este foi um momento decisivo na história da minha vocação, e todas estas pessoas foram importantíssimas, verdadeiros instrumentos nas mãos de Deus, e a quem eu nunca conseguirei agradecer convenientemente.
Acha que o Pedro criança ficaria orgulhoso e feliz pelo homem que se tornou?
Penso que só no final da minha vida poderei responder totalmente a esta questão. Ao fim de 30 anos de vida, olhando para trás, sinto-me uma pessoa extremamente feliz e realizada, e isso é muito bom. Arrependo-me de muitas coisas que fiz e disse, pois sou pecador, tenho muitas faltas e, como toda a gente, também necessito do perdão e da misericórdia de Deus. Mas a minha resposta é sim. O Pedro em criança sonhava ser Padre e é isso que sou, graças a Deus. E a maior bênção que tenho de Deus é sentir-me imensamente feliz com o trabalho que realizo todos os dias.
Em que altura da sua vida (idade) sentiu o apelo ao sacerdócio? Como soube que era a hora?
Já respondi, em parte, a esta questão. Tudo começou com a celebração da minha Primeira Comunhão.
10
Foi nessa altura (aos meus 6 anos) que senti nascer em mim o desejo de abraçar o Sacerdócio. Após entrar no Seminário foram 12 anos de caminhada de discernimento espiritual, acompanhada pelos Sacerdotes que me ajudaram a compreender melhor os chamamentos e apelos do Senhor. Não posso dizer que tenha havido uma hora exata onde tenha compreendido e tomado a decisão definitiva, pois esse processo foi-se desenrolando, naturalmente, ao longo dos anos de formação no Seminário.
Enquanto sacerdote que dificuldades encontra no exercício do seu ministério?
As dificuldades fazem parte da nossa vida e, como qualquer pessoa, também as sinto muitas vezes e de muitas formas. Umas causadas pelos outros, outras provocadas por más decisões ou escolhas nossas. Mas, de uma maneira geral, o ministério sacerdotal traz-me muitas mais alegrias e felicidade do que dificuldades, graças a Deus. Face às dificuldades, que porventura vive ou viveu, já se questionou sobre os propósitos que o movem? Explique. Diante das dificuldades da vida o importante é não sucumbirmos nem desanimarmos. Mantermos a esperança e a confiança na bondade de Deus. E, claro, lutar e trabalhar para superar estes momentos de desafio que diariamente batem à nossa porta. É por isso que necessitamos de ter bem claras as nossas prioridades e responsabilidades, pois só assim aguentamos as tempestades. O grande e único propósito que me move é ser sacerdote, discípulo de Jesus Cristo, e procurar agir, pensar e falar como Jesus nos ensinou a fazer.
Como teve conhecimento do MCC?
Eu tive conhecimento do MCC na Paróquia das Caxinas, no Arciprestado de Póvoa de Varzim/Vila
Mais Além
do Conde. No ano pastoral de 20102011, durante o meu Estágio Pastoral como Diácono, estive nessa bonita comunidade onde aprendi muito com o seu grande pároco, o Monsenhor Domingos Araújo.
O que o levou a participar num Cursilho de Cristandade?
O desafio foi-me lançado pelos Cursistas das Caxinas. Um dia manifestei vontade de participar nas reuniões (para conhecer melhor o movimento) e então convidaram-me a fazer a experiência do Cursilho que aceitei.
Que testemunho pode dar do que foi a sua vivência do cursilho?
Foi muito positiva. Foram três dias de muita alegria, comunhão e amizade entre todos os participantes. Participei no Cursilho n.º 375 em Maio de 2011. A poucos meses da minha ordenação sacerdotal foi uma experiência muito importante para conviver de perto com pessoas que viviam uma experiência real de encontro com Jesus e de autêntica conversão. A mim, como Diácono e como cristão, fez-me muito bem, ajudou-me a crescer e a ver os milagres concretos que Jesus operava na vida real de tantas pessoas boas. E, claro, fiz grandes e bons amigos no Movimento.
Que mensagem de esperança leva aos outros depois da sua participação?
Levo e partilho a mensagem de esperança que Jesus nos deixa no Evangelho, em toda a sua riqueza e profundidade. Experiências como a do Cursilho de Cristandade são cada vez mais importantes e necessárias para os nossos cristãos. Um tempo de retiro, oração, alegria e partilha de vida é, na verdade uma riqueza muito grande que nos é oferecida pelo MCC e que mais pessoas poderiam aproveitar. Espero que a espiritualidade do nosso Movimento não deixe de se tornar cada vez mais conhecida e acessível a todos.
Como vê o Movimento e que incremento traz para a Igreja?
Vejo o nosso Movimento com muita esperança, pois acredito que é um dos Movimentos que mais falta fazem à Igreja nos dias de hoje. No entanto, o MCC precisa de se renovar constantemente para ir ao encontro dos homens e mulheres de hoje que procuram sentido para a sua vida, no fundo procuram Jesus Cristo. A Igreja, impulsionada pelo Papa Francisco, vive momentos de profunda reflexão e renovação que não deveríamos desperdiçar. Refletir sobre as nossas bases, métodos, objetivos e propostas não é uma traição ao espírito do nosso fundador mas antes um compromisso em tornar o nosso carisma mais pertinente e acessível a todos. Penso que este é um desafio que todos devíamos abraçar pelo futuro do MCC e do fermento bom que ele pode trazer às nossas comunidades.
11
Estaria interessado a ingressar numa Equipa Reitora de um cursilho? Como vê a participação do sacerdote na dinâmica de um cursilho?
Não gosto da palavra interessado, mas os responsáveis sabem que estou sempre disponível. Já mais de uma vez, graças a Deus, fui convidado a integrar Equipas Reitoras de Cursilhos mas, infelizmente por motivos de compromissos paroquiais, tal nunca foi possível. Talvez um dia possa vir a concretizar-se essa missão, que entendo ser de uma grande importância. Num Cursilho, o Sacerdote é muito, muito importante. Não tanto para falar ou pregar (temos leigos muito bem preparados) mas sobretudo para ouvir, acolher, abençoar e consolar... Creio ser esta a grande missão de um sacerdote num Cursilho de Cristandade, o rosto vivo e misericordioso de Jesus perto de cada um dos seus participantes.
Mais Além
Redescobrir com Maria a nossa identidade cristã A Mãe do Redentor tem um lugar único no plano da salvação, porque “ao chegar à plenitude dos tempos, enviou Deus o seu filho, nascido de mulher, nascido sujeito à lei, para resgatar os que se encontravam sujeitos à lei, para nos tornar filhos de Deus. Para provar que vocês são filhos, Deus enviou o espírito de seu filho aos nossos corações, e Esse espirito clama: “Abbá” que quer dizer “Meu Pai” (Gal 4, 4-6). Com estas palavras do apóstolo São Paulo, que o Concílio Vaticano II cita, no começo da exposição sobre a Bem-Aventurada Virgem Maria (LG cap.VIII), vamos então refletir sobre o significado sobre o significado que Maria tem no Mistério de Cristo e sobre a sua presença ativa e exemplar na vida da Igreja. Maria é, efetivamente, a primeira discípula missionária, convidada a participar ativamente na história da salvação. A sua mais profunda identidade está escrita nas palavras do Anjo “Avé ó cheia de graça!”. Como diz Bento XVI (Carta Apostólica - Porta da Fé, 13), “pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação. Maria escuta, perturba-se, interroga-se e questiona-se. É uma atitude de diálogo, simples e delicada, atenta e perfeitamente
proporcionada à situação, que é nova imprevista e inédita. Por isso, podemos (com Isabel) repetir ao longo da vida: “Feliz de ti que acreditaste”. A plenitude dos tempos que determina o momento fixado desde toda a eternidade no qual o Pai envia o seu Filho, exprime-se, na bela expressão do Papa, “a entrada da eternidade no tempo”, fazendo do próprio tempo salvo e penetrado pelo mistério de Cristo, um “tempo de Salvação”. É o abraço da eternidade com o tempo, ou por outras palavras, a união profunda do mistério de Cristo com a História e com a história de Maria, em particular. Daí que, ao sublinhar essa união inegável entre a história de Maria que se faz mistério e o mistério de Cristo que se faz história, se possa falar da “presença ativa e exemplar da Virgem na vida da Igreja”.
Maria associada ao Mistério de Cristo O encontro entre Maria e Isabel confirma plenamente o que o Anjo tinha anunciado. É a própria Isabel que se antecipa a qualquer palavra de Maria para confirmar tudo o que se estava a passar no corpo e na vida de Maria: “Bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado a mim que venha ter
12
comigo a mãe do meu Senhor?” (Lucas 1, 42-43). Maria é introduzida definitivamente no mistério de Cristo através do acontecimento da Anunciação. Que significado teriam aquelas estranhas palavras e, em concreto, a expressão “cheia de graça”? Na linguagem bíblica, “graça” significa um dom especial, que segundo o Novo Testamento tem a própria fonte na vida trinitária no mesmo Deus, um Deus que é Amor. Perante isto, Maria é “cheia de graça” porque a Encarnação do Verbo, isto é a união do Filho de Deus com a natureza humana realiza-se e cumpre-se precisamente nela. Maria é efetivamente escolhida para ser a Mãe do Verbo Encarnado. Isso significa também que, graças aos méritos redentores d’Aquele que seria o seu Filho, Maria foi preservada da herança do pecado. Deste modo, desde o primeiro instante da sua existência, ela é de Cristo, participa da graça salvadora e santificante e daquele amor que tem o seu início no ”amado”, o Filho do eterno Pai que, mediante a Encarnação, se converteu no seu próprio Filho. Padre Leonel Oliveira Guimarães, 19/10/2016 Continua no próximo número