MECAJournal # 16 - Novembro/2017

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mecaradar: o guia das bandas para você ficar de olho — pág. 20

os melhores museus ao redor do mundo para quem ama música — pág. 11

depois a louca é ela: tati bernardi e seu processo criativo — pág. 12

the biggest smallest cultural platform

mecajournal Distribuição g ratuita

Número #016 — Novembro, 2017

de olhos bem vendados

Qual é o papel do artista? Frente às recentes tentativas de censura à arte, conversamos com nomes como o chinês Ai Weiwei (foto) e Cibelle Cavalli Bastos pág. 14

[a]

porto alegre é uma festa mecaiberê — Em outubro, o MECA lançou um trio de festivais que promove a simbiose entre arte, música e arquitetura. Veja como foi a estreia no Sul — pág. 21

sex and the —city

Um roteiro para explorar a sexualidade com opções que vão de um curso de tantra a uma festa de sexo no centro pág. 23

run the world cool people — Rhuan Santos e Clara Soares: nomes por trás da festa Bronx, que se firma como espaço de liberdade e protagonismo negro — pág. 13

agenda cultural family & friends around the world playlists

Headliner do MECAMis e do MECAUrca, Nomi Ruiz canta os dilemas no palco pág. 10 [b]

[c]

www.meca.love


mECAplatform

MECAIberê

MECABar

MECAInhotim

MECACafe

MECAMis

MECARoom

MECAShop

MECAUrca

MECAEvents

MECASpot

Arte, Conhecimento, Cinema, Esportes, Gastronomia, Moda & Música

Café, Coworking, Minieventos, Locação de Espaço & Loja

the biggest smallest cultural platform

MECAMedia

MECAWorks

Audiência Proprietária, Canais de Mídia, Geração de Conteúdo & Informação

Plataforma de Influenciadores, Pesquisa, Planejamento, Produção de Conteúdo & Vídeos

MECAFuture

MECANews

MECASite

MECASocial

Cidade Planejada, Members Club, Publicação Científica & Serviço de Curadoria

MECABox

MECAHouse

MECAPaper

MECATown

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MECAFilm

MECAIdea

MECALink

MECAType

fotos CAPA: [a] divulgação/Gao Yuan; [b] raul aragão/i hate flash; [c] DIVULGAÇÃO/erick peres/massolo

MECAJournal


welcome

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MECAGoods Para equilibrar as emoções, fortalecer o espírito ou apenas deixar um ambiente mais bonito e cheiroso, criamos uma linha de produtos que gostamos de ter em casa. São cristais, incensos, velas, canecas, isqueiros, cadernos e tote bags, além de uma seleção incrível de achados feita durante nossas viagens pelo mundo. Uma boa pedida se está na busca por mimos para alguém especial – inclusive você mesmo. Está tudo aqui no MECASpot, nossa casinha em Pinheiros. Vem conhecer. 2

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1 – Velas em cera de soja, mais duráveis, com aromas como o de sândalo e incensos como Breuzinho 2 – O MECASpot funciona como coworking e café, é só chegar 3 – Cadernos feitos em parceria com a marca Chocolate Notebooks 4 – Cristais para energizar o ambiente ou apenas deixá-lo mais bonito

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Acompanhe o nosso dia a dia e as novidades de cultura e entretenimento no nosso site, na nossa newsletter ou nas nossas redes sociais.

fotos: MARI CALDAS

www.meca.love @mecalovemeca facebook.com/mecalovemeca

MECACrew

MECASpot

Ana de Souza Dantas, Andrea Soares, Brett Kincaid, Eloá Orazem, Fernanda Grahl, Helder Ferreira, Gabriel Pires, Guil Salles, Guga Roselli, Igor Cavalera, Juli Baldi, Laima Leyton, Leo Galvão, Letícia Ippolito, Luisa Martini, Maíra Miranda, Manuela Rahal, Marcela Zanon, Mark Daniel, Mariana Caldas, Matheus Barros, Matthew Rowean, Max Pollack, Natália Albertoni, Paula Englert, Pedro Valério, Peèle Lemos, Renata Magueta, Roberto Martini, Rodrigo Santanna, Rony Rodrigues, Seth Kallen, Thabata Guerra, Thum Thompson, Valentine Giraud, Victória Cordiolli, Yentl Delanhesi e muitos mais!

Rua Artur de Azevedo, 499 Pinheiros – São Paulo – Brasil, CEP 05404-011 +55 (11) 2538-3516

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#hellocidades são paulo

comida - Novo

izakaya em Pinheiros

O Toki segue o conceito dos izakayas, pequenos botecos japoneses escondidos sob

Em novembro será difícil escolher a quais shows ir. Mas a gente ajuda. E também indica onde comer, o que comprar e até ler Drink it O drink de Gabriel Wickbold

“Sou um cara de gostos simples. Gosto de gim-tônica, um drink tropical refrescante e que não dá ressaca (risos). A minha combinação favorita é a que leva limão-siciliano e mirtilo.” Receita • 50 ml de Gin Tanqueray • 10 ml de suco de limãosiciliano • 90 ml de água tônica • mirtilo a gosto Modo de preparo Em uma taça, coloque a dose de gim, o suco de limão e a água tônica. Misture. Adicione pedras de gelo e decore com o mirtilo e uma fatia de limãosiciliano desidratado.

viadutos ou atrás de portas despretensiosas. O novo restaurante aberto em Pinheiros, porém, não aposta nas referências orientais para além do cardápio, que é enxuto. Através da fachada de vidro com luminoso rosa identificando o endereço, nota-se o estilo minimalista de poucas mesas e um balcão que concentra a maior parte dos assentos da casa. Das cadeiras é possível acompanhar o preparo de boa parte dos pratos, que inclui beliscos como guioza de kabochá (abóbora) com nirá (R$ 19). R. Artur de Azevedo, 986.

Indie mania

festival - PJ

Harvey volta após dez anos

Com Phoenix e PJ Harvey como headliners, o Popload Festival faz a quinta edição no dia 15/11, no Memorial da América Latina. A banda francesa faz show do disco “Ti Amo”, lançado em junho. Já a cantora volta ao Brasil após dez anos com o álbum “Hope Six Demolition Project”. O evento tem ainda Daughter, Neon Indian, Carne Doce e Ventre, além de uma feira gastronômica com curadoria da chef Helena Rizzo. Os ingressos custam entre R$ 180 e R$ 500. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664.

Toda forma de amor festival - 25° Mix Brasil

faz tributo a Gus Van Sant

Orgulho negro

festival - Festa

tem cultura afro em foco

No mês da Consciência Negra, a 5ª FlinkSampa (Festa do Conhecimento e Literatura Negra) ocorre entre 16 e 18/11, homenageando a atriz Zezé Motta e o escritor Paulo Lins, (“Cidade de Deus”). O evento na Faculdade Zumbi dos Palmares é focado na promoção da literatura e da cultura negra. Av. Santos Dumont, 843. da América Latina, o Festival Mix Brasil é realizado de 15 a 26/11 em endereços como CineSesc. O evento faz um tributo ao cineasta americano Gus Van Sant, que vem ao país pela primeira vez. A programação inclui a exibição de longas como o elogiado “Me Chame pelo seu Nome” (foto), de Luca Guadagnino. mixbrasil.org.br

A 25a edição do maior evento cultural sobre a diversidade sexual

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Rock ensolarado

música - Banda Whitney vem ao Brasil

Nome por trás da faixa “No Woman”, a banda norteamericana Whitney toca pela primeira vez no Brasil no dia 14/11, na Clash Club. Revelação da música alternativa, o grupo é formado por Max Kakacek (Smith Westerns) e Julien Ehrlich (Unknown Mortal Orchestra). O ingresso é R$ 120. R. Barra Funda, 969.

Aretha Sadik, drag

queen multiartista, usa artes visuais, performance e música eletrônica para falar de suas experiências.

Quem é Aretha Sadik? É diversão, alegria, força e medo também, com certeza. A sua formação em artes cênicas e moda influencia a sua performance? Total. Faço um trabalho autoral de música eletrônica. Quando escolho a música, já penso a imagem dela, como vídeo, o figurino... Qual é o seu papel como artista? Acredito na militância. Vivemos a contradição de ser um dos países que mais mata travestis, mas que também acolhe Pablo Vittar. Como artista, temos o potencial de exibir a diversidade para que cada um possa ser o que quiser, sem medo de voltar pra casa. Você estuda questões de gênero... Sim, estudar teorias de nomes como a filósofa Judith Butler me fez questionar a respeito da performance de gênero. Trago isso para o meu trabalho. Seu must-have de make? A máscara de cílios. Inclusive para pentear a sobrancelha e deixá-la mais grossa.

fotos: divulgação; [a] the summer hunter; [b] divulgação/ Antonella Gaibiso Pompei; [c] divulgação/Adriana De Maio; [d] divulgação/Fusca Azul Coletivo

Tóquio é aqui


#hellocidades são paulo

Lá vem história

feira - Miolos chega à sua 4ª edição promovendo publicações Um dos principais encontros de editoras alternativas do país, a Feira Miolo(s), promovida pela Lote42, terá novidades este ano. No dia 11/11, quem for à biblioteca Mário de Andrade encontrará um espaço novo dedicado a editoras que produzem obras para os pequenos leitores. Na Miolinho(s), que pode virar feira indie em 2018,

[a]

O seu novo rolê

loja -Void chega à capital com loja, drinques e comidinhas Depois de transferir o GQ de Porto Alegre para o Rio em 2014 e mudar a cena carioca abrindo sete unidades por lá, a Void finalmente chegou a São Paulo. No Largo da Batata, o misto de loja e bar segue a

mesma linha dos outros endereços, porém é maior. Por lá, as araras exibem peças das marcas nacionais mais bacanas, como Bolovo, Sri Clothing, Haight e Cotton Project. Há ainda uma lanchonete com

o mobiliário e a decoração serão pensados para as crianças. Interessados em expor trabalhos na feira – que já conta com 200 inscrições – podem entrar em contato. O evento vai repetir o clima de festa, com música em todos os ambientes para 12 horas de programação. São esperados oito mil visitantes. R. da Consolação, 94.

Amor para recordar

by Julito Calavante

— O vocalista e guitarrista da banda BIKE, representante da cena psicodélica contemporânea, lista suas cinco músicas do momento.

em breve. Não deixe de conhecer. R. Martim Carrasco, 56.

[d]

O verão tem endereço

[b]

loja - Galeria Nacional e The Summer Hunter se juntam

teatro - Poeta

Gertrude Stein é tema de peça

A partir deste mês, a Galeria Nacional e a plataforma Summer Hunter criam uma pop-up store totalmente dedicada a produtos que traduzem o lifestyle da estação mais gostosa do ano, o verão. A curadoria levou em conta iniciativas com design 100% brasileiro e inspi-

De 6 a 27/11, o monólogo “Alice, Retrato de Mulher que Cozinha ao Fundo” é encenado na Biblioteca Mário de Andrade com entrada gratuita. A peça recupera a relação de amor entre a cozinheira e escritora Alice B. Toklas (18771967) e a poetisa Gertrude Stein (1874-1946) que, na efervescente Paris dos anos 1920, recebia em casa nomes como o pintor Pablo Picasso. R. da Consolação, 94.

ração solar. Estão na seleção produtos como as desejadas cordinhas para os óculos. R. Mateus Grow, 540.

‘Gamma Knife’ King Gizzard & The Lizard Wizard

Kim Gordon cantando a melhor música da segunda melhor banda da história.

‘The Devil May Care’ The Brian Jonestown Massacre Anton Newcombe é o grande gênio da música dos anos 1990.

‘Em Busca do Sol’ Leno

Assim como Leno, também estou em busca do Sol.

A pergunta que não quer calar. Seremos a banda do ano?

Com o propósito de formar protagonistas criativos, a Polifonia explora competências, paixão e propósito de cada aluno Av. Pedroso de Morais, 457.

O Instituto Amani foi fundado pelo indiano Roshan Paul e pela argentina Ilaina Rabbat com a missão de desenvolver profissionais que possam criar impacto social. Há “campus” em Nairobi, no Quênia, e em São Paulo. R. dos Ingleses, 182. Em constante reinvenção, a Perestroika acredita que o aprendizado precisa ser divertido. Entre os cursos fixos há o Chora PPT. R. Fidalga, 66.

por TNT Energy Drink

resistência — Gente que não se rende às dificuldades do dia a dia atividades de graffiti, além de competições inusitadas no bowl. No palco TNT, montado para o evento, teve apresentação do rapper e beatmaker Kamau. E no TNT Lab, laboratório móvel

listicle

‘Cross the Breeze’ Sonic Youth

‘cachorrada’ Hierofante Púrpura

Em outubro foi realizada em Atibaia (SP) a primeira etapa do Skate Vert Battle. O circuito de skate vertical foi idealizado por Rony Gomes, campeão brasileiro e mundial na categoria, e incluiu

A cidade é inquieta. A cada instante, algo novo acontece. Por isso, a Motorola criou o HelloCidades, que convida todo mundo a dar um Hello para as novidades que a cidade respira. Algumas delas estão aqui e outras, nas nossas redes sociais! @motorolabr

Lugares nada convencionais para aprender

A banda que mais trabalha no mundo hoje em dia. Referência total para quem quer viver de música.

[a]

sanduíches, drinks e snacks, além de um rooftop onde devem rolar festinhas

turn the music on

da marca, rolaram bate-papos com os skatistas, como o paratleta Vinicius Sardi. Ele, que nasceu com uma má-formação nas pernas, dá dicas de como resistir no esporte e na selva de pedra.

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Adapte-se “Uso prótese nas duas pernas, e era acanhado com isso. O skate mudou minha vida. Ter uma barreira física não significa não poder fazer nada. Tenta. Todos podemos nos adaptar.”

Aprenda a cair “É importante usar proteção, porque uma das etapas para andar de skate é aprender a cair. É impossível não cair. Faz parte. É 50% de acertar a manobra.”

Promova o skate “O skate, agora, está nas Olimpíadas. Isso vai mudar drasticamente a visão preconceituosa da sociedade sobre o esporte. Divulgue como ele é bonito, difícil e aberto a todos.”


#hellocidades são paulo

taste city - explorar e expandir os horizontes é necessário Renatathe Brandão, CEO da Conspiração Filmes Carlos Costa, playlister e DJ Curador do Bananas Music Branding, ele se divide entre as pick-ups e o canal no YouTube Quarto/Fresta. Aqui, o criador das playlists mais legais elege seus lugares favoritos na cidade.

Perca a cabeça

Bar - Ótimos drinks no Guilhotina Boa parte dos melhores drinks da cidade saem daqui. O bartender, Márcio Silva, é a simpatia em pessoa, e o bar tem uma vibe muito boa. Peça o Vitriol, que leva bourbon, e sentese no balcão. R. Costa Carvalho, 84.

Conexão catalã

Pasv leva você a Barcelona

Comida -

Eles se anunciam como churrascaria, mas escon-

didas no cardápio estão pequenas joias, como o polvo à la feira, que te levam a uma surpreendente conexão Av. São JoãoBarcelona. No fim, o charme do balcão é tudo. Av. São João, 1145.

Improvisos musicais música - CCSP tem uma

ótima curadoria musical

A nova curadoria de música do CCSP, a cargo de Alexandre

Matias, foi uma das melhores coisas que aconteceu no cenário musical

Comida - Com donos coreanos, Pho.366 serve bons pratos

deste ano. Muitas bandas diferentes em shows incríveis, além de uma programação de palestras, rolam sempre por lá. R. Vergueiro, 1000.

No Bom Retiro é servido um dos meus vícios atuais, o Pho, sopa de macarrão vietnamita com caldo delícia e carnes ou frutos

do mar à escolha. Aqui o prato é o rei, e melhora o dia de qualquer um. Peça com coentro extra. R. Silva Pinto, 366.

#tastethecity é uma plataforma criada para oferecer uma jornada de descobertas e um novo olhar sobre o que há de mais incrível na cidade de São Paulo. @ tastethecitybr

rio de janeiro

All I wanted

Trama artística

Voador recebe Daughter

reúne obra de 12 artistas

música – Circo

ARTE – Mostra

O grupo de indie folk liderado pela compositora Elena Tonra sobe ao palco do Circo Voador, na noite de 14/11, para tocar as canções do disco mais recente, “Not to Disappear”, lançado em 2016, e relembrar hits como “Youth”. A entrada sai R$ 190. Depois do Rio, a banda segue para São Paulo e Porto Alegre. R. dos Arcos, s/n.

No dia 25/11, o espaço de arte Saracura recebe a exposição

Dos Sentidos do Fio, que apresenta obras criadas por 12 artistas de diferentes regiões do Brasil durante residência artística na Serrinha do Alambari, área de proteção ambiental no sul fluminense. Trabalhando com

tecidos e linhas, os autores elaboraram uma proposta artística baseada na investigação do bordar como ato político e orgânico. A curadoria é de Catarina Duncan. R. Sacadura Cabral, 219.

De 18 a 20/11, a cidade recebe a 6ª edição do Mimpi, Festival Internacional de Filmes de Surfe e Skate, que premia as melhores produções audiovisuais dedicadas aos dois esportes. Além da exibição de curtas e longas, o evento contará com atrações ligadas à

arte e à música, feira independente e diversas oficinas. Este ano, o júri da competição será presidido pelo fotógrafo Jair Bortoleto e pelo skatista profissional e videomaker Adonis Perfeito. A entrada é gratuita. mimpifilmfest. com.br

[a]

Marinado alcoólico

BAR – Endereço

aposta em destilados

O gastrobar NOSSO abriu as portas em Ipanema há apenas alguns meses, mas já se tornou o queridinho dos

boêmios cariocas. Tai Barbin assina a carta de drinks, na qual o rum tem lugar especial – são 29 rótulos diferentes do destilado –, e o chef Bruno Katz aposta em pratos etílicos, como o salmão marinado no gim. R. Maria Quitéria, 91.

[b]

Sobre pranchas

CINEMA - Festival exibe filmes focados no surfe e no skate

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fotos: DIVULGAÇÃO; [A] DIVULGAÇão/ StaceyHatfield; [b] i hate flash; [c] Marcela Ghirardelli; [d] divulgação/Anderson Mahler; [E] REPRODUÇãO/garfoemala.com.br; [f] carter

Vício do momento


#hellocidades belo horizonte

Organismo vivo arte - Novo

espaço cultural na cidade Alocado num casarão dos anos 1970 no bairro Santa Lúcia, o recém-inaugurado Do \ Ar se proclama

espaço-movimento. Por lá, as coisas estão sempre sendo ressignificadas: a piscina vira palco, o salão também é praça, a garagem se transforma em bar e os quartos podem virar salas de aula. Com uma curadoria norteada por temas como diversidade, economia local e

diálogo com o urbano, a casa também é aberta para eventos. No dia 11/11, o local recebe a re \ vista, uma feira de moda que reúne marcas autorais de BH e promove discussão sobre consumo consciente. R. Amoroso Costa, 32.

Caminho das Letras FESTIVAL –

Tributo a Drummond

Em sua 12ª edição, o Fórum das Letras de Ouro Preto terá uma novidade: pela primeira vez, estenderá suas atividades à cidade

vizinha, Mariana. Este ano, o festival literário será norteado pelo tema “Sentimento do Mundo: a Poesia como Antídoto”, em homena-

gem ao poeta Carlos Drummond de Andrade, que completou 30 anos de morte em agosto. De 19 a 26/11, escritores, acadêmicos e jornalistas participam de mesas de discussões gratuitas nos dois municípios. forumdasletras. com.br

All that jazz

Sesc Palladium na noite de 16/11. A cantora de jazz norte-americana apresenta seu novo álbum, “Secular Hymns”, em parceria com Jon Herington e de Barack Mori. O repertório vai de Stephen Foster a Tom Waits. E o ingresso sai R$ 32. Av. Augusto de Lima, 420.

Buatchy solidária

noite - Festa faz noite beneficente Espaço para acolhimento de travestis e pessoas trans, a Casa Transvest realiza O Baile da Loira do Bonfim n’O Mercado, na noite de 10/11, com o intuito de arrecadar fundos para a abertura de uma nova unidade. Durante a madrugada, passam por lá o Bloco Corte Devassa e os DJs das festas TRANSA, Devils e @bsurda. Av. Olegário Maciel, 742.

[c]

SHOW – 20 anos de Madeleine Peyroux Comemorando duas décadas de carreira, Madeleine Peyroux vem ao Brasil para uma série de shows, e passa pelo palco do

porto alegre

Viva la vida

Apenas brasilidades

show –

FESTA – Cadê

Coldplay volta ao país O Coldplay volta ao Brasil para uma apresentação na Arena do Grêmio, em 11/11. O show é parte da turnê do 7º disco do grupo de 2015, “Head Full of Dreams”, que será encerrada com os shows na América do Sul. O repertório contará também com as composições inéditas do EP “Kaleidoscope”, lançado em julho. Ingressos a partir de R$ 320. Av. Padre Leopoldo Brentano, 110.

Tereza? rola na Casa do Gaúcho

A festa Cadê Tereza? realiza mais uma madrugada de celebração à música brasileira. Em 18/11, na Casa do Gaúcho, os DJs Nanni Rios,

Excêntrico destino

[d]

[e]

BAR – Casa faz referência a Wes Anderson

Peculiar, o cineasta Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste") é a inspiração central do bar Margot, alocado na Cidade Baixa. O endereço respeita a palheta de cores do artista norte-americano e, na decoração, apresenta referências claras à sua obra, como o longa "Moonrise Kingdon"

Ricardo Pont, Joelma Terto e Natalia Lescano tocam da Tropicália aos expoentes mais contemporâneos da MPB. Quem comprar a entrada antecipadamente paga R$ 25; na porta, custa R$ 30. R. Otavio Francisco Caruso da Rocha, 301.

Vibes porteñas

FEIRA – OPEN reúne designers no Pátio Ivo Rizzo Em 11/11, acontece mais uma edição da tradicional OPEN_Feira de Design, evento inspirado nas feiras abertas de Palermo, em Buenos Aires, que já reuniu mais 35 mil pessoas e 400 expositores desde que foi criada. Entre 14h e

[e]

(2012). Para complementar, o cardápio oferece uma varidade de comes e bebes batizada com os nomes de personagens dos filmes do diretor. Aproveite. R.João Alfredo, 577

[e]

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21h de sábado, estarão reunidos no Pátio Ivo Rizzo marcas e criadores das mais diversas categorias, além de barraquinhas gastronômicas. Caso chova, o evento será transferido. A entrada é franca. R. Félix da Cunha, 1213.


MECAMis 02 de Novembro Museu da Imagem e do Som São Paulo patrocínio

parceria


DJs

Painéis

Mostra

– Música, imagem e som

– O amor e o sexo nos tempos modernos – Liberdade na arte – Política, tecnologia e o futuro da democracia – O futuro somos todxs: as diversidades na era digital

Nomi Ruiz BudMECAChallenge Davi Carneiro Guga Roselli Pathy Dejesus

Documentário – “Híbridos, Os Espíritos do Brasil” Priscilla Telmon (diretora) Vincent Moon (diretor)

Workshops

– Sex hacking – Kombucha – Estamparia manual – Experimentações em letterpress – Incensaria natural – Stencil – Bordado contemporâneo – Cerâmica – Encadernação – Lettering

Talks

(Auditório TNT Energy Drink) – Shoot for the Stars: astrologia e propósito em 2018 – Mente e matéria: quais os limites da consciência? – Autonomia afetiva e relacionamentos lúcidos – Corpo expandido: wearables e biohacking – Tribo digital: tecnologia sem exceção – Smart citizens: inovação e acesso

Entrada gratuita! Mais infos: www.meca.love/mecamis


ponto de vista A VOZ DA REVOLUÇÃO

o palco como divã

Headliner do MECAMis e do MECAUrca, a serem realizados no início de novembro, Nomi Ruiz canta os próprios dilemas no palco – sua terapia

“quero mergulhar mais fundo. não tenho medo do desconhecido”

“Há canções belíssimas que são uma forma de protesto, mas não acho que a música ou a arte tenham nenhum tipo de obrigação. Acredito que cada artista tenha liberdade para escolher o que faz com o próprio trabalho. Alguns músicos fazem música para escapar, para sair da loucura. Outros escrevem e cantam para defender um ponto de vista ou expressar uma revolta, e isso não é menos poético ou menos bonito, tampouco é uma obrigação.” WHAT IT FEELS LIKE FOR A GIRL

“Me sinto uma mulher realmente muito empoderada. Acho que a maturidade permite às mulheres um maior autoconhecimento e, no meu caso, sinto como se estivesse cada vez melhor na minha própria pele.” TRUMP’S TRAP

“Meus pais são de Porto Rico, e eu acompanhei o desdobramento da recente tragédia que aconteceu na ilha. Infelizmente, a atitude de Donald Trump não me causou nenhum espanto, nenhuma surpresa. Por sorte, o povo porto-riquenho é muito unido.” MUNDO, MUNDO, VASTO MUNDO

“Morei na Grécia por um tempo e nutro um carinho especial por esse cantinho do mundo. Acho que todos que têm a oportunidade de morar em outro país por um determinado período de tempo deveriam fazê-lo, porque é importante mergulhar em uma nova cultura e descobrir que o mundo é grande, que a gente é pequeno e que há muito mais para aprender do que podemos supor.” Em tempos estranhos, em que uma mostra sobre diversidade sexual na arte foi cancelada em Porto Alegre (leia mais na página 14), Nomi vem ao Brasil pela segunda vez para ser headliner dos festivais MECAMis, marcado para o dia 2/11, em São Paulo; e MECAUrca, a ser realizado em 4/11, no Rio. Representante da disco moderna, a artista é conhecida por sua passagem pelo vocais do coletivo Hercules and Love Affair, nome fundamental para o revival underground da house e da dance music vivenciado na primeira década dos anos 2000. Ganhando espaço, visibilidade e reconhecimento por seu talento singular, Nomi emprestou sua voz a músicas como “You Belong”, “I’m Telling You”

e “Hercules Theme”, faixas que compõem o álbum homônimo da banda. Como uma das principais atrações do MECA no segundo semestre, ela traz toda a solidez da carreira que começou com o lançamento independente do disco “Lost in Lust” (2005). Bem recebido por público e crítica, o trabalho de estreia chancelou sua trajetória no mercado fonográfico, a começar com os tours ao lado de Debbie Harry, CocoRosie e Antony & The Johnsons – com o qual, neste último, ela participou do projeto autoral “Turning”. Em entrevista pelo telefone, ela fala sobre o tempo em que morou na Grécia, empoderamento feminino e o papel do artista. E só nos deixa com mais vontade de vê-la de pertinho.

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O SEGREDO

“Em tempos tão estranhos, sou bastante cuidadosa com as pessoas que me cercam. Me rodeio de gente genuína e leve, cujos pensamentos apontam para a beleza. Protejo esse meu universo pessoal com unhas e dentes, porque é uma das coisas que tenho de maior valor.” DEEPER AND DEEPER

“Faço terapia há anos: quero mergulhar ainda mais fundo. Não tenho medo do desconhecido.”

foto: DIVULGAÇÃO

“A minha música é meu divã particular: canto porque preciso, porque alivia a alma. Minhas letras são bastante pessoais por esse motivo”, explica a cantora norte-americana Nomi Ruiz. Autora de composições que parecem diários abertos, ela canta os dilemas que enfrenta em relação ao sexo, ao amor, às drogas, às suas caminhadas mais obscuras e à dor de ser condenada ao ostracismo por amantes que têm vergonha de assumi-la – por ser ela uma mulher trans. Esse processo, em especial o de narrar suas experiências como transexual tanto em canções quanto em entrevistas para veículos a exemplo da revista “Interview”, acabou tornando-a referência na comunidade LGBTQ.


trends

When art meets music MÚSICA — Foi-se o tempo em que museus serviam apenas para a

exposição de obras de arte e artefatos históricos. A tendência agora é integrar linguagens e, nesse contexto, a música tem sido uma das principais apostas. Conheça quatro espaços que recebem atrações musicais ao redor do mundo

[A]

MIS – Museu da Imagem e do Som

Alocado em São Paulo, o MIS é a casa das mostras mais pop que já

transitaram pela cidade. Do músico inglês David Bowie ao apresentador brasileiro Silvio Santos, passando pelos cineastas

François Truffaut e Stanley Kubrick e pela série infantil Castelo Rá-TimBum, todos já tiveram suas histórias recontadas ali. Inau-

gurada em setembro, a mostra mais recente faz um tributo a Renato Russo até 28/1. Além das megaexposições que le-

varam o endereço a ser um dos museus mais visitados da capital nos últimos anos, o espaço recebe feiras de discos e eventos

Somerset House

fotos: divulgação; [a] reprodução/sproad.com.br

Esse palácio londrino do século 18 já nasceu com vocação para as artes: foi lá que funcionou a primeira sede da Royal Academy of Arts. Transformado em

MoMA PS1 – Museum of Modern Art

Um dos principais museus de arte moderna do mundo, o MoMA, em Nova York, leva a sério seu compromisso com o novo – seja na curadoria

de seu acervo permanente e exposições temporárias, seja em sua disposição em experimentar formas inovadoras de ocupação do espaço. É por isso que a instituição criou o PS1, um espaço no Queens

que serve de casa para eventos multidisciplinares que reúnem o que há de melhor nas sete artes. O festival Come Together, que reúne shows, talks e mostra de cinema, é um deles. Além disso, duran-

te todo o verão, aos sábados, rola por lá o Warm Up Music Series, que recebe artistas emergentes e consolidados para shows ao ar livre. 22-25 Jackson Avenue.

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Moderna Museet

O Museu de Arte Moderna de Estocolmo não é cuidadoso apenas com a curadoria de sua coleção, repleta de exemplares de arte sueca, nórdica e internacional, mas também na escolha dos músicos que se apresentam ali. É que o espaço recebe anualmente em seus jardins o festival Stockholm Mu-

sic & Arts. No ano passado, o line-up teve a poeta e rockstar Patti Smith como headliner, acompanhada por José González e Loney Dear, nomes expressivos da cena indie. Além disso, os frequentadores puderam visitar uma instalação da artista japonesa Yayoi Kusama exposta também ao ar livre. Exercisplan 4.

de música Summer Series, que já teve entre suas atrações nomes como Norah Jones, Goldfrapp, Foster the People e Birdy. Em 2015, a casa serviu também de estúdio de gravação para a cantora

PJ Harvey, que, durante um mês, trabalhou no seu nono álbum, “The Hope Six Demolition Project”, dentro de um cubo de vidro exposto ao público. Strand, London WC2R 1LA.

como o festival Clipes e Bandas. Em 2/11, está marcado o MECAMis, com DJ sets, workshops e painéis. Tudo grátis. Av. Europa, 158. centro cultural, o local recebe megaexposições, como Björk Digital, da cantora islandesa, além de diversos eventos, como a Bienal de Design de Londres. Por lá, também acontece o festival


#quemteinspira

os loucos somos todos nós

Com um texto meio “trem descarrilado”, Tati Bernardi tira sarro das próprias neuroses (e das suas também)

Foi com textos em primeira pessoa sobre sexo, vício em remédios e namoros complicados que Tati Bernardi foi ganhando espaço. Primeiro na internet, no site da revista “TPM”, depois na grande mídia, com a coluna no jornal “Folha de S.Paulo”, e, então, na Rede Globo e no cinema. Autora do best-seller “Depois a Louca Sou Eu” (Companhia das Letras) e roteirista de sucessos como o blockbuster “Meu Passado me Condena” e o programa “Amor & Sexo”, ela usa o humor para tratar das próprias neuroses. E, assim, com um pouquinho de exagero ficcional e um quê para as polêmicas, faz quase todos rirem de si mesmos. O que te inspira? Meus pensamentos me inspiram mais do que ouvir uma conversa na rua, sair para ver uma peça ou viajar. Sei que parece um absurdo, mas as besteiras que eu penso no banho é que são essenciais para mim. Como escrevo muito sobre neuroses, faz sentido. Mas claro que se eu não viajar e sair de casa e viver, não vou ter neuroses para pensar. Então é esse mix.

Escrever sobre feminismo nas redes já rendeu alguns conflitos. O que é o feminismo para você? E como ele se manifesta no seu trabalho? Eu tenho uma vida feminista, apesar de não militar, e acho todas as campanhas supernecessárias. A minha única preguiça é com raiva generalizada “de homem”. Tem homem gente fina! A sua formação em publicidade reflete de alguma maneira no seu trabalho hoje como escritora?

Me ajuda a ser rápida e clara. Na publicidade, não temos tempo nem espaço para enrolar.

associada ao tipo de bebida que mais socializa as pessoas em festas, me pareceu uma excelente aposta.

Falando em pouco espaço, você foi convidada a escrever cartas para estampar o rótulo de uma cerveja. Como foi esse processo? Achei a ideia genial. E adorei trocar cartas com grandes amigos. Em tempos de WhatsApp, em que tudo é rápido e pode soar impessoal, uma correspondência “à moda antiga”,

Com humor, você toca em uma questão séria, que é a saúde mental. Qual a importância de dar voz ao tema? Tiro sarro das neuroses que, de uma forma ou de outra, vivem na cabeça de todos. Não faço pela importância, faço para me divertir e divertir os outros. Mas acaba ajudando algumas pessoas a rirem de si mesmas.

parece um absurdo, mas as besteiras que penso no banho é que são essenciais para mim

Tem uma rotina para escrever? Eu funciono com prazo. Sem prazo sou uma desgraça, não entrego nada. Trabalho melhor na parte da tarde, de manhã eu saio para resolver coisas. Separo meu dia entre trabalhos que dão dinheiro e trabalhos mais autorais. Não saberia viver sem a soma dos dois. Você fala abertamente sobre a sua ansiedade. Em momentos de pressão no trabalho, como você dribla a mente? A minha ansiedade está ligada à vida social, a sair de casa... Não fico ansiosa para trabalhar, muito pelo contrário. Fico bem mais ansiosa numa praia. Ler “Depois a Louca Sou Eu” parece travar uma conversa com um fluxo de pensamento intenso. Sua ansiedade tem influência sobre a sua escrita? Totalmente. Eu escrevo sempre desse jeito meio “trem descarrilado”. Acabou virando meu estilo.

foto: divulgação/renato parada

Quando sabe que uma experiência vai virar texto? E as suas crônicas são diários abertos mesmo ou há muito espaço para imaginação? Quando fica dias na minha cabeça, ou me incomodando, ou me fazendo rir. Mas eu exagero sobre tudo, o exagero é a parte ficcional. O resto sempre parte de alguma verdade. Essa versão mais “pessoa real”, que tira sarro de si mesma e faz ode ao shopping, aproxima você dos leitores? Sem dúvida, e é também o estilo de texto ou livro que mais gosto de ler. Eu escrevo o livro que eu teria saco para ler.

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cool people behind cool projects

foto: DIVULGAÇÃO/erick peres/massolo

os donos da festa

espaço de liberdade. Por isso, drag queens circulam sem ter de aguentar olho torto e mulheres se sentem à vonPrestes a completar um ano, a festa Bronx se firma na cena de Porto Alegre como tade para ficar de blusinha transparente (ou blusinha nenhuma) para dançar espaço de liberdade e protagonismo negro mantendo-se central e democrática “sem homem passando a mão”. Tem dado certo. Firme na agenda gaúcha, viu o público triplicar desde a Vestindo calça laranja, um cropped de tos com estética negra em boates caras, desse tipo por aqui só usavam fotos de primeira edição, mantendo-se fiel às alcinha da Fiorucci e uma peruca loura porém, sem protagonismo negro. artistas na divulgação, por exemplo. A origens: central e democrática, com incom fios lisos até a cintura, Rhuan San“Queríamos fazer uma festa de hip- gente convida pessoas que frequentam gressos até R$ 20. A festa comemora tos assume a identidade de 90’s Hustla hop acessível onde negros e minorias o rolê para estampar os convites”, diz. um ano no dia 18 de novembro – e, se para tocar de Cardi B a Beyoncé até al- pudessem tomar a frente, criando um Ainda que todo o line seja negro, to- tudo der certo, será realizada na Fundatas horas. E há um ano (trocando de espaço em que a diversidade fizesse o dos são bem-vindos. De preferência tra- ção Iberê Camargo, mesmo local que looks) faz lotar a pista da Bronx, que po- público se sentir acolhido de verdade”, jando aquela combinação de peças que recebeu o MECAIberê no último mês. de rolar sob um viaduto, em uma gara- lembra Rhuan. veste na frente do espelho por medo do “Hoje, a Bronx é o lugar onde posso gem, na quadra de uma escola de samba E, de fato, na Bronx, jovens negros que os outros vão pensar. ser quem sou, olhar em volta e me idenou até em parque aquático. O visual realmente importa. E não tificar, sendo negro e gay. A gente consocupam todos os papéis principais, seja A festa foi criada na periferia de Por- na produção ou nos flyers do evento. para ostentar marcas, mas como forma truiu algo que não existia na cidade”, to Alegre em 2016, após Rhuan e a ami- “Nossa visão como coletivo sempre foi de expressão. Num ambiente ainda pre- conta. Os próximos passos são consega Clara Soares – sua sócia – identifica- dar visibilidade ao público para que ele dominantemente machista como o do guir patrocínio e chegar a outros estarem um cenário noturno comum: even- se sinta representado. Antes, as festas hip-hop, a Bronx se consolida como um dos. Fica a dica.

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REFRESH YOUR MIND

a arte será castigada? Diante das tentativas recentes de censura à arte – incluindo apreensão de obras e fechamento precoce de exposições –, batemos um papo com especialistas para entender qual o papel do artista. O veredito não é unânime, mas suscitar reflexões e instigar o público a expandir o pensamento estão entre os objetivos

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O episódio faz parte de uma sequência de acontecimentos que, nos últimos meses, catapultou a discussão sobre arte contemporânea às manchetes dos principais jornais e telejornais brasileiros. A polêmica começou em julho, com a detenção do artista Maikon K por realizar uma performance nu em frente ao Museu Nacional da República, em Brasília, e escalou à repercussão internacional em setembro com o encerramento precoce da citada exposição QueerMuseu, após uma onda de protestos nas redes sociais acusando a mostra de blasfêmia e apologia da pedofilia e zoofilia. Dias depois, também sob a acusação de incitação ao abuso sexual infantil, um quadro da artista plástica Alessandra Cunha foi apreendido pela polícia em Campo Grande e o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) foi atacado

após a viralização de um vídeo que mostra uma criança, acompanhada da mãe, tocar o pé de Wagner Schwartz durante performance em que o coreógrafo deixa o corpo nu para manuseio do público. Para Cibelle, parte do problema advém do modo como o grande público lida com a arte, acreditando que imagens e textos criados por um artista são afirmações apologéticas. “Falta educação com pensamento crítico. Não se ensina filosofia nem arte nas escolas, não se ensina a questionar, apenas a obedecer às leis, obedecer ao Estado.” Para ela, uma das principais funções sociais da arte e do artista é diametralmente oposta ao modus operandi do pensamento conservador que, justamente, quer que as coisas fiquem como estão. “A arte abre portas, te tira do lugar, rompe a normatividade, te faz pensar”, filosofa.

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Fotos: divulgação; [a] divulgação/Gao Yuan; [b] reprodução

“Deixem a arte em paz! Obras são pontos para reflexão, não estão ali para afirmar nada, e sim questionar”, explica Cibelle Cavalli Bastos. Uma das artistas selecionadas pela curadoria do QueerMuseu, exposição de temática LGBTQ que esteve em cartaz no Santander Cultural de Porto Alegre, ela se viu citada entre manifestações online contra a mostra em função de uma de suas obras: “Is a Feeling”, quadro em que uma criança tem um arco-íris sobreposto ao rosto. “Se deram ao trabalho de imprimir a imagem e fazer um vídeo segurando-a e dizendo que aquilo era uma imundice, pedofilia, e que eu tinha que ser punida”, relembra. “Não sei onde o mundo vai parar com esse salto quântico de conexão e pensamento aí. Primeiramente, porque o arco-íris da diversidade não diz respeito somente à sexualidade.”


1 e 4 – Cibelle Cavalli Bastos e a obra “Is a Feeling” 2 – “Pedofilia”, de Alessandra Cunha 3 – O artista chinês Ai Weiwei 5 e 6 – Algumas obras da mostra “Histórias da Sexualidade”, em cartaz no MASP (Suzanne Valadon e Nicolas Poussin) 7 – O coreógrafo Wagner Schwartz 8 – O performer Maikon K

3 “A censura à Arte é sinal de que um momento de retrocesso se aproxima” — Ai Weiwei

Quatro artistas que chocaram o mundo Nudez e sexo não são novidade na arte. Assim como o escândalo [b]

Rembrandt

Em 1646, o pintor holandês desenhou um monge em pleno ato sexual em “The Monk in the Cornfield”. [a]

“O meu papel como artista é também o de promover a expansão de pensamento, a libertação interior de condicionamentos sociais, para que se possa, de fato, expandir o amor, a empatia, para que a gente possa se relacionar na terra pacificamente, com compaixão por si mesmo e por todos e pelo nosso crescimento espiritual individual e coletivo.” Segundo o pesquisador e crítico de arte Ronaldo Entler, a arte é, sem dúvida, um espaço de crítica e contestação. No entanto, ele contemporiza que essa é uma de suas potências e não mais sua definição, já que, diferentemente das vanguardas do século 20, que tinham como motor o desejo de ruptura, um artista não precisa mais eleger um oponente para justificar suas escolhas. “A performance realizada no MAM, por exemplo, não quer transgredir nada. O corpo do artista apenas afirma e potencializa uma abertura da forma que já estava proposta por outra obra, um bicho de Lygia Clark”, explica o coordenador de pós-graduação da Faculdade de Comunicação da FAAP. “Para aqueles que viram efetivamente o trabalho, seria preciso estar muito predisposto e desejante para encontrar nele qualquer representação erótica.” O especialista identifica um certo anacronismo nas discussões recentes sobre a criação artística. A seu ver, a representação do sexo na pintura pode ter sido transgressora em algum momento do século 16 e o nu no museu pode ter sido libertário em meados do século 20, mas, hoje, não deveriam mais ser um ponto de choque. “Essa suposta agenda transgressora tem sido pautada por pessoas que estão muito distantes da arte”, afirma. “Não se percebeu, por exemplo, que a obra retirada de uma exposição no Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande era, na verdade, uma manifestação contra a pedofilia. Não se trata de conservadorismo, mas de retrocesso. E cá estamos nós, neste exato momento, com dificuldades de olhar para a nudez.” No fim de outubro, o MASP inaugurou Histórias da Sexualidade, cuja curadoria selecionou 300 obras de 150 artistas que vão de Renoir, pintor francês do sé-

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Katsushika Hokusai

Em “The Adonis Plant”, de 1815, o japonês fez um retrato explícito de penetração.

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Robert Mapplethorpe

Em “Self Portrait with a Whip”, de 1978, o americano aparece com um chicote enfiado no reto. [b]

Jeff Koons

Em 1991, o americano dedicou a exposição Made in Heaven à sua vida sexual com a atriz pornô La Cicciolina.

[b] [b]

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[b]

culo 19, à artista contemporânea brasileira Adriana Varejão, incluindo também nomes como Cibelle Bastos, ouvida pela reportagem. Por seu conteúdo, que, além de nudez, inclui violência e sexo explícito, a mostra foi proibida para menores de 18 anos, mesmo acompanhados dos pais. Apesar da coincidência de timing, a mostra não foi pensada como resposta aos episódios recentes e já constava da programação do museu desde o ano passado. Isso não quer dizer, no entanto, que eles não tenham sido levados em conta. Segundo Lucas Pêssoa, diretor de operações da instituição, foram tomadas diversas medidas preventivas, que incluem o reforço do time de seguranças, bem como treinamento específico para a equipe de orientadores de público. “O MASP respeita as opiniões e eventuais críticas que a mostra possa suscitar,

e esperamos que as possíveis manifestações ocorram de forma madura, responsável e democrática”, afirma. No mesmo dia em que a exposição chegava à Avenida Paulista, a pouco mais de um quilômetro dali, o artista chinês Ai Wewei, em passagem pela cidade para a Mostra Internacional de Cinema, alertava para os perigos de cercear a arte. Ciente dos eventos recentes no país, ele disse: “A primeira coisa que essas pessoas fazem, sempre arvoradas em seu direito moral ou religioso, é tentar calar a voz da arte. É o primeiro sinal de que um momento perigoso de retrocesso político pode estar próximo. Pode até ser inspirador em algum sentido, mas também deprimente quando você se dá conta de que vive num mundo em que valores essenciais são violados. Sou chinês e essa é a realidade com a qual convivo há tempos”.

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MECAUrca 04 de Novembro Morro da Urca Rio de Janeiro


Washed Out Homeshake Nomi Ruiz BudMECAChallenge Balako Carol Emmerick Filipe Raposo Guga Roselli Heavy Baile Larissa Busch Minha Luz ĂŠ de LED Pathy Dejesus Pedro Zuim

Mais infos e ingressos: www.meca.love/mecaurca


around the world

Ice ice baby

listicle Histórias sem fim: as livrarias e bibliotecas pelo mundo que valem incluir no roteiro

ISLÂNDIA -

Música boa abaixo de zero

Trinity College Library Eleita uma das bibliotecas mais deslumbrantes do mundo, a Trinity recebe mais de 500 mil pessoas ao ano e reúne a maior coleção de manuscritos do país. College Green, Dublin 2.

merecem destaque nomes como Mumford and Sons, Fleet Foxes e Mura Masa. Os ingressos para estrangeiros começam em US$ 90. icelandairwaves.is

Splash the jazz BERLIM -

Festival leva música às ruas No terceiro e último ano em que o escritor britânico

Richard Williams atua como curador do Jazzfest Berlin, o evento tem como mote lembrar a sociedade de que a vida é como o próprio jazz: tudo fica mais harmonioso quando trabalhamos juntos, em

Light up the way

TAILÂNDIA - Rituais que iluminam o céu e a alma As noites tailandesas ficam particularmente concorridas durante o mês de novembro, quando o pequeno

Narrativa africana NIGÉRIA -

Festival celebra o cinema local

Cinegrafistas locais e estrangeiros se encontram no African Film

Festival, que acontece até o dia 4/11, em Lagos, na Nigéria. O evento, repetido anualmente há seis anos, tem a nobre função de dar mais visibilidade ao mercado audiovisual africano, cujas obras impressionam pela narra-

tiva, dramaticidade e fotografia. Além da exibição de filmes (a maioria inédita), o evento conta com palestras e workshops. Mais de 2 mil pessoas da indústria cinematográfica prestigiaram o festival

africano desde sua primeira edição, e a expectativa é de que esse número cresça, assim como a visibilidade dos trabalhos. Para participar, é necessário solicitar credenciamento na página do evento. afriff.com

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arquipélago paradisíaco realiza o Festival das Luzes e o Festival das Lanternas. Celebrados em regiões

sistema de cooperação. Até 5/11, o festival traz às ruas da capital da Alemanha artistas renomados, como Pat Thomas e a banda Heroes Are Gang Leaders. Celebrado há 54 anos, o evento tem, pela primeira vez, um artista residente: o nova-iorquino Tyshawn Sorey. Os ingressos variam de € 10 a € 55. berliner festspiele.de

diferentes, os eventos fazem tributo a Buda e trazem boa sorte. O Loi Krathong (Festival das Luzes) é realizado no dia 3/11, e consiste na soltura de receptáculos em forma de lótus, com uma vela no centro. No mesmo dia, o Yi Peng (Festival das Lanternas) tem os céus de Chiang Mai como cenário, para onde milhares de pessoas lançam suas lanternas de velas acesas. Programe-se para chegar cedo. thaizer.com

The Last Bookstore Títulos novos e usados têm vez na livraria escondida no coração de Los Angeles Downtown. Ali dentro, túneis de livros dão um ar meio “Alice no País das Maravilhas” à visitação. 453 South Spring Street. Shakespeare and Company Em Paris, a livraria foi ponto de encontro de escritores como Ernest Hemingway. Seus corredores figuraram em clássicos do cinema, como o longa “Meianoite em Paris”, de Woody Allen. 37 Rue de la Bûcherie.

José Vasconcelos Library Desenhada pelo arquiteto Alberto Kalach, a livraria mais visitada do México tem estrutura de concreto e vidro. O local é conhecido por abrigar a maior variedade de títulos do país. Eje 1 Norte Mosqueta S/N, Buenavista.

fotos: divulgação

Um brunch seguido de DJs ou sets seguidos por filmes? Um festival pop ou um underground? Pelo mundo, a agenda está repleta de opções

Há quase duas décadas, o Iceland Airwaves é realizado na cidade de Reykjavik, capital do país da Björk. No festival anual, artistas novatos e outros mais experientes têm a mesma visibilidade, embora o evento de música alternativa tenha como foco abrir caminhos para novos talentos. Este ano, o festival que acolhe todos os gêneros musicais é realizado entre 1o e 5/11 em mais de quatro palcos simultâneos espalhados pela cidade. Do line up,


around the world

Estranho no ninho LONDRES -

África na Inglaterra Inaugurado em julho deste ano, o Ikoyi é uma reverência à

culinária da região oeste da África, até então pouco conhecida e explorada na capital da Inglaterra. Seguindo a tendência dos restaurantes highends inaugurados na cidade, este também tem a cozinha

aberta, assim todos podem acompanhar em tempo real a ação que acontece nos bastidores. Com decoração simples e direta, porém cheia de objetos de cerâmica feitos à mão, a casa traz no cardápio

iguarias como pimenta de crocodilo, arroz jollof e carne assada na brasa, temperada com especiarias e uma espécie de pasta de amendoim. Experimente. ikoyilondon.com

Coraçã0 selvagem POLÔNIA-

David Lynch ganha tributo Um dos festivais cinematográficos mais importantes do mundo, o

Camerimage celebra seus 25 anos em grande estilo. Além das dezenas de filmes exibidos nos dias de comemoração, o evento conta com o cineasta David Lynch como convidado honorário. O diretor de

sucessos como “Cidade dos Sonhos” e “Twin Peaks” terá, no centro de arte contemporânea Znaki Czasu, a maior exposição de sua carreira. Intitulada Silence and Dynamism, a mostra abre as

portas no dia 12/11 e fica em cartaz até fevereiro de 2018. Com mais de 400 peças de seu acervo pessoal e de galerias dos EUA, da França e Alemanha, o evento abarca todas as fases da carreira do artista. camerimage.pl

tiva. Sediado no histórico Grand Palais, o evento conta com a curadoria de especialistas – e a seleção contempla trabalhos atuais, nos mais distintos formatos. Entram

na lista nomes como o brasileiro Sebastião Salgado e o retratista britânico Jimmy Nelson. A feira fica aberta de 9 a 12/11, e os ingressos custam cerca de € 30. parisphoto.com

Riso certo

NY - Festival de comédia vai de 7 a 12/11

Encontro de arte

ITÁLIA - Templo da cultura moderna Apenas em 2016, cerca de 50 mil pessoas visitaram a Artissima, feira de

arte contemporânea mais importante da Itália. A iniciativa reuniu o trabalho de 206 galerias provenientes de 31 países diferentes. Os números prometem ser ainda maiores na edição deste ano, a ser

realizada entre 3 e 5/11. Ocupando uma área de mais de 20 mil m², o evento confia sua relevância à expertise de 46 curadores e diretores de museu, responsáveis por selecionar as obras que ali desfilam. Mais do que uma

experiência contemplativa, a feira promove inovações por meio de prêmios. São sete categorias diferentes, que agraciam os artistas vanguardistas com quantias generosas de dinheiro. artissima.it

Come on over

tem apenas 69 suítes. O empreendimento foca a experiência de cada visitante, apostando alto no que diz respeito à gastronomia. No restaurante da casa, o Bazaar Interactive Marketplace, a culinária local encontra novas experimentações. qthotel sandresorts.com

NOVA ZELÂNDIA-

Hotel 5 estrelas foca na comida Aberto há pouco em Queenstown, o QT Hotel é o primeiro do tipo “design hotel” da cidade. Desenhado pelo diretor criativo Nic Graham, o local

Acostumada aos excessos, Nova York se prepara para mais um. A 13ª edição do New York Comedy Festival reúne mais de 200 artistas em mais de 60 shows, que acontecem em mais de 20 lugares da Big Apple. Nomes como Kevin Smith, Vir Das e Laurie Kilmartin estão confirmados no evento organizado pela TBS e Carolines on Broadway. Os ingressos custam, em média, US$ 40. nycomedy festival.com

Desenhar com a luz

PARIS - Grand Palais recebe feira de foto

Destinada a profissionais, colecionadores, artistas e entusiastas, a Paris Photo Fair é o maior evento exclusivamente voltado para o mundo da fotografia. Celebrada todos os anos, desde 1996, a feira reúne nesta edição mais de 180 galerias e publishers que se propõem a trazer ao público uma experiência divertida, provocante e significa-

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True Characters

Budweiser

pop rock com potência vocal

Livia Facirolli,

Trio paulistano faz pop eletrônico com sintetizadores, guitarras rock’n’roll e um vocal que remete a representantes máximas da soul music, como Etta James

designer de sapatos, é do rock, bebê.

música –

Há um clima soturno – e noturno – no som da Jules que caberia bem na trilha de um filme de suspense pop desses com direito a vampiros ou vingadores. Embora não descarte a ideia, não é o que tinha em mente o trio de pop eletrônico formado por Mariana Castello Branco (voz), Daniel Chalfon (synths, baixo e bateria eletrônica) e Matheus Zingano (guitarra e voz). O primeiro EP do grupo, “City Lies”, é inspirado nas grandes cidades e tem lançamento previsto para novembro, ainda sem data definida. O trabalho inclui faixas como “Clouds”, “Do What You Got to Do”, “Numb” e “What Did I Say?”, ainda inéditas. São todas cantadas em inglês, o que reflete um desejo da banda de tocar para o mundo. “Boa parte das nossas referências são de fora. Saiu naturalmente. Mas também queremos fazer música em qualquer lugar. Nesse sentido, o inglês é meio que universal, né?”, reflete Daniel Chalfon. Inspirada pelo pop inglês dos anos 1980 e 90 e pelo rock clássico do Pink Floyd, a Jules carrega em beats e synths, que se somam às guitarras para receber a voz potente de Mariana Castello. A mistura dá vazão à forte influência da música eletrônica que a banda compartilha com grupos como Jungle, AlunaGeorge e Chet Faker. Não por acaso, uma das composições, “Marginal”, é mixada pelo produtor inglês Neil Comber, que já trabalhou com Florence + the Machine.

Iron Maiden e Kiss estampam suas camisetas. Você é mesmo do rock? Sim! (Risos.) Vou sempre a shows e “visto a camisa”. Em todos os momentos eu sou do rock. Até quando estou me arrumando em casa ao som de Lady Gaga. Onde busca novos sons? As rádios do Spotify e festas são boas fontes. Sempre tem um nome novo bacana vindo para Gop Tun, por exemplo. Minhas amigas também trazem the fresh stuff, como Cardi B.

MECARadar — Bandas para você ficar de olho

por Bananas Music Branding

[a]

tim bernardes (Brasil) Primeiro álbum solo do vocalista d’O Terno, “Recomeçar” é uma pequena obraprima de música e lírica. À primeira

ouvida, remete logo a “Lóki?”, de Arnaldo Baptista, igualmente genial e motivado pelo término de um grande amor. Na versão de Tim, a

história desse fim é cantada em pegada folk, que lembra Fleet Foxes. A narrativa das memórias desse relacionamento e a delica-

deza das melodias que direcionam o disco certamente o colocarão nas listas de melhores do ano.

Red Axes (Israel) O trabalho dos DJs e produtores israelenses é orientado para as pistas de dança. Mas, muitas vezes com vocais em português graças à colaboração do vocalista Abrão, eles surpreendem com um caminho indie-psicodélico em algumas faixas do seu recémlançado álbum “The Beach Goths”.

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Baco Exu do Blues (Brasil) “Esú”, primeiro disco do rapper soteropolitano, reflete o amadurecimento musical do artista após o estardalhaço provocado pela polêmica faixa “Sulicídio”. Sua mistura entre a mitologia e o sagrado fica aparente nos samples de raízes africanas e nordestinas com as bases pesadas de trap.

RAKTA (Brasil) Ir a um show do Rakta é como presenciar um culto de uma seita. O transe da pulsação repetitiva dos ritmos e as vozes cheias de eco das paulistanas Paula Rebellato e Carla Boregas leva a música da banda a uma experiência quase ritualística. Não são à toa o trânsito em turnês internacionais e aparições em lineups de festivais.

E inspiração para criar? Quem cria vê inspiração em todo lugar. No momento, tenho amado assistir a clipes antigos e entrevistas de bandas dos anos 1980 e 90. De olho em looks, postura, maquiagem. Demais. O que faz você descer do salto? Gente que faz maldade com animais. Isso me deixa maluca. O comércio de animais também. Respeito a opinião de cada um, mas isso não consigo aceitar. Não se vende uma vida.

Assim como a cerveja, que há mais de um século tem sua receita inalterada, a Bud acredita em pessoas autênticas, genuínas e que fazem as coisas do seu próprio jeito. Alguns desses exemplos estão nesta página!

fotos: DIVULGAÇÃO; [a] Fabio Politi

trio tem faixas mixadas por Neil Comber, que já produziu cantoras como Charli XCX e M.I.A.


MECAiberê

grande encontro Mais do que uma busca por cenários incríveis, o MECA quer promover uma troca cultural com espaços que também entendam a arte, a música e a arquitetura como ferramentas para melhor compreender o mundo. Em outubro, a plataforma multicultural lançou um trio de festivais que promove a simbiose entre esses universos. Estreante, o MECAIberê, em Porto Alegre, teve uma agenda focada na cena eletrônica com destaques como o projeto americano The Shelter e o duo argentino Silver City.

turn the music on

by Carrot Green

— Um dos headliners do festival, o DJ carioca lista o que tem ouvido nos últimos tempos.

a outra – Arthur Verocai e Vinicius Cantuária “Delícia de faixa do álbum do Verocai, um dos que mais escutei este ano. Musicalidade forte, arranjo e letra maravilhosos.” [b]

samurai – Djavan

“Pop brasileiro da melhor qualidade. E pensar que eu odiava Djavan... Gênio total!”

Só Telele – Os Mulheres Negras “Um outro álbum que não saiu do iPod durante as viagens este ano. Mistureba maravilhosa direto de São Paulo.”

Something for Your Mind – Nytron & Mofofo

fotos: i hate flash; [b] Giulia Müller

“Exemplo de eletrônica criativa e dançante feita nos dias de hoje.”

Get Around to it – Arthur Russell

“Outro artista genial. Um clássico. Exemplo de produção DIY na época em que isso era bem mais complicado.”

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family & friends 1

[A]

2

OUTRAS PALAVRAS 1. Allexia Galvão,

diretora e escritora — “O que sonhamos já é nosso em um nível maior de consciência. Direciono a minha vida no caminho da evolução, do respeito, do desejo, da arte – capaz de transformar o mundo – e do amor.”

2. Rafael Rocha,

4

3. Gui Jesus Toledo, produtor musical — “Eu seria o George Martin. Crucial na história da música gravada, ele é o ícone por trás dos fonogramas que vamos ouvir para o resto da vida. Para mim ele é o rei!”

4. Luiza Ferraz,

fotógrafa — “O que não sai na selfie é a minha vontade de viver intensamente. Vivo em busca de experiências, de aprendizados e trocando muito com cada um que cruza meu caminho.”

fotos: acervo pessoal; [a] diogo conde

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sócio-fundador da Noize — “Está tudo do avesso: as pessoas abrem o Facebook, em vez do coração, para divagar sobre a vida. A gente consome tanta mentira, mas tanta mentira, que quando vê uma verdade desconfia.”

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route

vila romana

barra funda

8 perdizes

1 vila buarque

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pacaembu

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higienópolis

sumaré

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vila madalena

4

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pinheiros

3 bela vista

jardins

Seja com um curso de tantra na Vila Madalena ou em uma festa de sexo no centro, explore sua sexualidade (e a cidade) 269 Chilli pepper – O maior hotel para homens da América Latina é mais conhecido por suas saunas. Contando também com piscina, cinema e bar, o local tem programação variada de festas e cobra por hora a hospedagem em seus quartos. Largo do Arouche, 610.

Histórias da sexualidade – Indissociáveis da arte, as questões de sexualidade e gênero são o fo-co dessa megaexposição no MASP. De Renoir a Adriana Varejão, são mais de 300 obras que dialogam com a temática. Av. Paulista, 1.578.

Alizée Erotic Store – Todo fetiche tem vez no acervo desta loja erótica de luxo nos Jardins. De apoios com ventosas para facilitar o sexo no banho a uma surpreendente variedade de vibradores, ali encontra-se de tudo. Al. Lorena, 2.138.

Comum – O espaço de desenvolvimento humano para mulheres oferece um curso de autonomia afetiva. O objetivo é quebrar a lógica de dependência e aprender cultivar a si mesma dentro e fora das relações amorosas. R. Bernarda Luiz, 325.

Dando – Setlists de house, a performer Dudx, um boy interativo e a liberdade de transar em qualquer lugar da casa são as atrações da festa que acontece em 17/11 no The Cube 380. Para os mais tímidos, há dark rooms. R. Álvaro de Carvalho, 380.

A alma imoral – Nesta adaptação teatral do livro homônimo do rabino Nilton Bonder, a premiada atriz Clarice Niskier discorre sobre a nudez e a imoralidade da alma e usa, para tanto, conceitos que vão além da religião e da filosofia. Av. Paulista, 2.073.

Cia do ser – Na Vila Madalena, esse instituto oferece cursos de aprofundamento em tantra que ajudam a melhorar a percepção do prazer, aprimorar a qualidade das relações afetivas e, até mesmo, evoluir a forma de atuação no mundo. R. Paulistânia, 309.

Maravilhosas cdb – Para promover a autoestima de mulheres de todos os tamanhos, esse coletivo e corpo de baile na Pompeia oferece aulas de Pole & Dança. A ideia é encontar uma relação de amor, leveza e liberdade com seu próprio corpo. R. Tucuna, 958.

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Produzimos os eventos que a gente gostaria de ir. Geramos o conteĂşdo que a gente gostaria de consumir. ConstruĂ­mos os lugares que a gente gostaria de frequentar. Criamos os produtos que a gente gostaria de comprar. Investimos nos negĂłcios que a gente gostaria de participar. Aproximamos as pessoas com quem a gente gostaria de conviver. Conectamos as marcas que a gente gostaria de trabalhar. Simples assim. Celebrating a new generation of Alphas & Betas since 2010


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