lugares que amamos: restaurantes, bares e centros culturais — pág. 4
uma seleção de locais e eventos imperdíveis ao redor do mundo — pág. 8
uma rota pelas belezas botânicas e culturais de inhotim — pág. 19
the biggest smallest cultural platform
MECAJournal Distribuição g ratuita
Número #028 — Outubro, Novembro e Dezembro — 2019
réveillon do meca no inhotim! A primeira edição do festival de Ano Novo do MECA reúne grandes nomes da música brasileira como Marina Lima, Marcos Valle e Luedji Luna, além da vibe carnavalesca de como blocos Tarado Ni Você, Chama o Síndico e muito mais! — pág. 10
inovação & criatividade FESTIVAIS — Por que festivais de inovação estão se multiplicando pelo mundo afora — e quais são fundamentais para quem quer estar sempre à frente— pág. 12
por mais empatia e regeneração — Gabriel Vilaça atua incansavelmente para ajudar a comunidade de Brumadinho (MG) — pág. 9
silvero pereira tem fome ENTREVISTA — O ator que roubou a cena em “Bacurau” como o cangaceiro queer Lunga compartilha sua paixão pela arte e seu desejo de dar voz às minorias — pág. 7
Tudo que rolou nos festivais MECABrennand e MECAMaquiné — pág. 14 [B]
www.meca.love
revelações brasileiras no mecaradar as músicas que fazem o rolê de marô kazu makino e seu novo trabalho
MECANew no Inhotim
Marina Lima + Letrux Marcos Valle Tarado Ni Você (SP) Luedji Luna Chama o Síndico (BH) MC Tha + Jaloo Forró RED Light Dicky Trisco (UK) Mehmet Aslan (SWZ) Ruby Savage (UK) PATROCÍNIO
APOIO
REALIZAÇÃO
wYear
+
Festas DJ Sets Galerias de arte Natureza Side Party Rituais de Passagem VivĂŞncias Open Bar na noite da virada E muito mais!
Compre seu passaporte 28 a 31 de dezembro www.mecanewyear.com
LUGARES QUE AMAMOS RIO DE JANEIRO
LISTICLE
Pra levitar na Lapa
4 novidades para você renovar suas referências
CASA DE SHOWS —
Elza e Céu no Circo Voador
“Sobre os Ossos dos Mortos”, Olga Tokarczuk Uma reflexão necessária sobre a condição humana e a natureza. Da vencedora do Nobel de Literatura e da editora Todavia Livros. [A]
“Planeta Fome”. E dia 7/12, Céu (foto) apresenta o novo disco “APKÁ!”. Fica na Lapa, então
SÃO PAULO
[B]
Calmaria de casa de vó
LOJA — É obrigatório comer o bolo
de chocolate do Quintal do Centro Um recanto todo esverdeado no centro da capital paulista, com o aconchego de uma casa de vó. Assim é a loja de plantas, cafeteria e res-
taurante Quintal do Centro. O casarão enorme e super charmoso abriga um grande quintal, como o nome sugere, acariciado pela sombra de
aproveite para dar uma passadinha no Armazém da Cachaça ou, se preferir mais agito,
vá à Barraca da Fátima para esquentar o clima. R. dos Arcos, s/n. @circovoador
árvores frondosas. Lá você encontra mimos botânicos, almoço com churrasco vegano fenomenal, toda a sorte de cafés deliciosos para degustar (e despertar), além de bolinhos e salgados veganos. Peça o bolo de chocolate da Parparim, que derrete na boca, depois de
almoçar bem por um preço fixo honestíssimo. Você vai se surpreender com a vibe relaxante e afetuosa do local, e tavez se lembrar de um lar querido e calmo no interior. Aberto de segunda a sábado, das 11h às 19h. R. Barão de Tatuí, 95. @quintaldocentro
“Jaguatirica Print”, Luísa e os Alquimistas A mistura mística de brega, pop e ritmos populares vai grudar na sua cabeça e balançar corações com os vocais doces e provocativos da cantora potiguar.
PORTO ALEGRE
Lacoste é uma marca de estilo de vida, nascida da criatividade do campeão de tênis René Lacoste. Seja nas quadras ou na vida cotidiana, a marca francesa busca pela autenticidade, desempenho e elegância natural.
Ponto de fuga etílico
BAR — Fuga Bar brilha no gole e
“Modern Love”, Amazon Prime Video Baseada em uma coluna do “The New York Times”, a série explora o amor em todas as formas complicadas e bonitas de ser, com um elenco estelar.
nas luzinhas do amplo galpão
Novidade na capital gaúcha, o Fuga Bar ocupa um galpão imenso no Quarto Distrito e tem uma grande área externa com luzinhas no teto. Oferece de drinks autorais a
cervejas especiais e food park, além de receber shows e DJ sets. Quinta e sexta, das 19h às 00h. Sábados, das 18h às 00h. R. Álvaro Chaves, 91. @fugabar
[C]
SÃO PAULO
Conexão ancestral ESPAÇO CULTURAL — Unibes
é palco do YBY Festival
O canto sagrado indígena Toré vai inundar a Unibes Cultural de 29 de novembro a 1º de dezembro para o primeiro festival nacional de música
indígena, o YBY Festival. O evento idealizado pela Rádio Yandê vai reunir todas as formas de arte dos nossos habitantes mais antigos, entre
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rodas de conversa, desfiles, exposições, o 1º Prêmio Galdino de Música Indígena e vários shows. Integram a programação: Brisa Flow, Arandu Arakuaa, Bro’s MCs, Djuena Tikuna, Edivan Fulni-Ô, Katu Mirim (foto), Gean Ramos Pankararu, Nory Kayapó, Oxóssi Karajá, Wakay,
Ian Wapichana, Oz Guarani, Wera Kunumi e Wera MC. A entrada é gratuita, mas o festival precisa de apoio e financiamento coletivo para acontecer. Colabore e desperte seus sentimentos mais genuínos. R. Oscar Freire, 2500. @ybyfestival
“A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz Representante brasileiro na corrida pelo Oscar, o filme versa sobre a força de duas irmãs, em uma época em que não havia escolha a não ser ser forte.
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: [A] DEGUIN ERIC; [B] ANA MELLO; [C] PARÁ POTY-RAY; [D] RONCCA; [E] INSTAGRAM AMO PINHEIROS; [F] PH NUNES; [G] SUPER CAMERA
Conheça lugares incríveis, que fomentam e afagam a cultura brasileira pelos cantos deste país imenso de pluralidade e talento:
A energia do lugar faz qualquer um levitar. Inaugurado em 1982, o Circo Voador resiste catalisando nomes novos e conceituados da música brasileira e gringa. Já brilharam sob a tenda artistas cintilantes como Letrux, Lia de Itamaracá, Di Melo, Djonga, Luedji Luna, Chico César, Tame Impala e mais uma porção de gente maravilhosa. Dia 29/11 é a vez da rainha Elza Soares dar voz & força ao impecável novo disco
LUGARES QUE AMAMOS SÃO PAULO
Potência e resistência
FESTIVAL — Memorial sedia maior feira de cultura negra da América
#PodeVir — essas são as duas palavras em que TNT Energy Drink acredita para resumir o poder da resistência. A cada edição, apresentamos uma novidade que traduza toda a energia necessária para lutarmos e construirmos um mundo melhor.
“De onde vieram, onde estão e pra onde vão a arte, a cultura e o empreendedorismo pretos?” Depois de realizar vários eventos em novembro, mês da Consciência
RECIFE
Negra, a 18ª edição da Feira Preta chega ao Memorial da América Latina, dias 6 e 7/12, com o tema “Passado, Presente e Futuro”. O objetivo é saudar e valorizar a cultura
afro-brasileira em várias áreas, da militância ao entretenimento. Inclui exposições, shows, gastronomia, cinema, literatura, workshops e palestras com discussões mais que necessárias. Entrada grátis. Av. Auro Soares Andrade, 664. @feira pretaoficial
SÃO PAULO
Juventude sônica
Para jantar à luz de velas
RESTAURANTE — Cenário e cardápio encantadores no novo Boto
CONFIRA MAIS CONTEÚDOS EXCLUSIVOS E DICAS CULTURAIS EM MEDIUM.COM/ MECALOVEMECA
SHOWS — Golf
Club sedia festival explosivo
Clube de golfe com natureza paradisíaca, o Caxangá Golf & Country Club recebe dia 16 de novembro a explosão musical do festival No Ar Coquetel Molotov. O rapper Black Alien (foto), MC Tha, Liniker e os Caramelows, Saskia, Lia de Itamaracá, Clarice Falcão e vários representantes da da “juventude sônica” da música brasileira estarão por lá. Ingressos a partir de R$ 65. Av. Caxangá, 5362. @noarcm
Deixe o caos de São Paulo e entre em um restaurante lindo, aconchegante, à luz de velas e com música agradável — para conversar ou namorar. No novíssimo Boto, restaurante autoral do chef Leo Botto em Pinhei-
ros, técnicas de cocção ancestrais preparam delícias para compartilhar. Peça o nhoque com paleta à milanesa e se delicie. De terça a sábado, das 19h às 00h. Rua Cônego Eugênio Leite, 1152. @boto. restaurante [E]
[D]
BELO HORIZONTE
[F]
O novo acena de perto LOJA — Mercado Novo recebe o
frescor de iniciativas genuínas
O Velho Mercado Novo, na capital mineira, está de cara nova e com iniciativas inéditas focadas em sustentabilidade e fortalecimento de produtos locais. Entre as lojas, os bares e os restaurantes,
destaque para Distribuidora Goitacazes, Cozinha Tupis, Super Câmera e Copa Cozinha. Recebe shows e festinhas deliciosas. Av. Olegário Maciel, 742. @velho mercadonovo
natureza de 40 criadores de todo o país. A curadoria é idealizada pelo olhar atento de Juliane Miranda e Vivian Lima. Na vitrine, leveza, respeito, paixões, aprendizado, sintonia e outras joias. No acervo, a
RECIFE
Para acolher e agregar LOJA — Soneto Tropical é um
convite ao respiro da arte
[G]
O Soneto Tropical, em Recife, faz um convite irrecusável ao respiro da arte dos encon-
tros criativos, apresentando a preciosidade do design, das manualidades e da
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surpresa do acaso — tudo pronto para ser desvendado. Nas paredes, o resgate de memórias afetivas. Artigos botânicos esverdeados e floridos, joias de cerâmica, enfeites de porcelana, cosméticos natu-
rais e looks leves e coloridos estão entre os mimos do refúgio urbano. Para desacelerar, acolher e agregar. Segunda a sexta, das 9h às 19h. Sábados, das 9h às 16h. R. Santo Elías, 367, lj. 6. @sonetotropical
astrovibes
by Ciça Bueno
Dicas da astróloga, numeróloga e escritora Ciça Bueno (@cicabueno). – Mercúrio Retrógrado (até 21/11) O planeta que rege pensamento, comunicação, comércio, transportes, estudos e documentos costuma corrigir seu trajeto três vezes ao ano, quando suas funções podem sofrer descompasso e atrapalhar a fluência das atividades. Provoca atrasos, equívocos, conflitos, assinaturas inválidas, papéis trocados, problemas com transportes, engarrafamentos, greves, panes e desconexões. Mercúrio deve retrogradar no 3º e 2º decanatos de Escorpião e os signos de Touro, Leão e Aquário. A retrogradação acaba dia 21/11, mas seus efeitos permanecem por mais meses. – Júpiter em Capricórnio (2/12) Júpiter, o grande planeta benéfico, muda de signo e entra em Capricórnio, quando deverá promover melhorias, crescimento e expansão aos assuntos e segmentos ligados ao signo de Capricórnio, como economia, empresas, empreendimentos, indústrias, negócios, instituições, mercado de trabalho formal, pesquisa, ciências e tecnologia. Trará crescimento e expansão aos capricornianos e aos signos de Touro e de Virgem. – Mais previsões: www.cicabueno. com.br
LUGARES QUE AMAMOS BRASÍLIA
Conexões reais
playlist
by Marô
COWORKING —
União de pessoas e propósitos
SÃO PAULO
Sem álcool, mas com <3 BAR — Quincho lança 6 drinks
abstêmios de aguar a boca
Depois de se consolidar apresentando a comida plant based, com receitas que exaltam ainda mais os vegetais, o Quincho aposta na tendência mundial de drinks sem álcool — delícias refrescantes que
são um sucesso em Londres e Nova York. São seis opções em um local descolado e aconchegante, como a Baby Beer, a Kombucha Fizz (foto) e a Soda Verde. R. Mourato Coelho, 1140. @quincho.sp
O Manifesto Coworking é um dos espaços mais frutíferos para se criar no coração do Brasil. Em um ambiente inspirador, conecta pessoas, marcas e propósitos, motivando a ação e atitudes empreendedoras, fortalecer iniciativas locais e gerar impacto social positivo. De segunda a sexta, das 8h às 22h. Aos sábados, das 9h às 18h. Comércio Local Norte, 206. Bloco A, Loja 3. @manifesto coworking
GREY AREA — Little Simz
“Amo a força dessa mulher e o ‘papo reto’. Pra ouvir e botar para fora o que não presta. Lavação de alma.”
CHOOSE YOUR WEAPON — Hiatus Kaiyote
BRASÍLIA
DRINK IT
Astral, cultura e skate
O drink de Ricardo Crestani, gerente de planejamento e pesquisa na Ipsos
“O Negroni Mistura as duas coisas que eu mais gosto: o amargo e o cítrico. Também é um drink que bate de um jeito que ninguém segura.” Ingredientes • 30 ml de Campari • 30 ml de vermute tinto • 45 ml de gim • 1 laranja • Gelo
ESPAÇO CULTURAL — Cabe todo
mundo no LayBack Park Brasília
Esse lugar mora no coração dos guerreiros e guerreiras do asfalto. O ambiente astral foi idealizado pela dupla Pedro e André Barros, com o objetivo de reunir
esporte, cultura e gastronomia. A programação agitada do lugar que dispõe de pistas de skate e um amplo espaço ao ar livre também conta com treinamento funcional,
ioga e outras atividades saudáveis para corpo e mente, além de DJ sets, shows e feirinhas. Experimente o Fish and Chips quando bater aquela fome. Ah, o lugar também é pet friendly e acolhedor para os pequenos. SHTN Trecho 1, Lote 6 e 7 - Asa Norte. @lbpark_bsb
RECIFE
GALERIA — Toda a exuberância da
recifense Garrido Galeria
cursos, encontros e um café gourmet, além de um exuberante quintal. Até 12/1, uma mostra revisita a obra do pernambucano Sergio Vasconcelos R. Samuel de Farias, 245. @garridogaleria
Preparo Coloque um gomo de laranja em um copo (esprema a fruta para sair o suco) e complete com gelo. Adicione o vermute, Campari e gim e mexa. Passe a casca de laranja na borda do copo e sirva.
ROBSON JORGE & LINCOLN OLIVETTI — Robson Jorge
“O album é ótimo para ‘receber’ em casa. São instrumentais chiques e animadinhos. Perfeito para drinks com as manas.”
TAKE FROM ME — Dojo Cuts feat. Roxie Ray
“Esse som é foda! A banda é sinistra e tem uma identidade forte. Dar uns beijos com essa trilha é bafo!”
Imenso abraço da arte Um espaço de acolhimento à arte plástica de Pernambuco de todas as épocas: esse é o tamanho do abraço da Garrido Galeria, em um imenso casarão na capital. O local abriga exposições,
“As letras são muito gostosas, boas pra desligar do mundo e curtir um momento só. Essencial. Poder me curtir é tudo.”
HERESIA — Djonga
“Esse disco é um vrá na sua cara! As verdades mais poéticas do BR e um retrato fiel da realidade. Bom pra cantar junto!”
MAMA’S GUN — Erykah Badu
“A rainha dessa porra toda não poderia faltar. Eu amo demais!”
RECIFE
Honestidade no sabor
RESTAURANTE — Retetéu exalta os sabores locais nordestinos
[B]
O nome do restaurante — Retetéu Comida Honesta — norteia o trabalho do chef Thiago das
Chagas, engajado na defesa dos costumes e sabores locais nordestinos. O restaurante
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parece ter saído daquele sonho mais saboroso e aconchegante: cheio de plantinhas, bem iluminado, com uma decoração rústica e, ao mesmo tempo, arrojada. No menu, destaques para a barriga de porco com mungunzá
salgado do sertão (foto), o moscow mule com espuma de jenipapo e a cartola com sorvete de canela. Ah, o café da manhã também é delicioso! R. Prof. Otávio de Freitas, 256. @reteteu comidahonesta
Tanqueray, o melhor gin do mundo, equilibra 4 botânicos: zimbro, semente de coentro, raiz de angélica e alcaçuz. Premiado em 12 campeonatos, com mais de 50 medalhas de ouro, nos últimos anos. Inconfundível.
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: [A] LUCAS TERRIBILI; [B] PHANTOM 5
[A]
— Revelação do R&B, a cantora lista 6 discos essenciais pro “Rolê da Marô”:
QUEM TE INSPIRA
silvero pereira tem fome de arte
Um dos destaques do filme “Bacurau”, no qual interpreta o cangaceiro queer Lunga, Silvero Pereira acumula 20 anos de uma carreira dedicada à arte e visibilidade às minorias na pele da drag queen Gisele Almodóvar, seu alter ego Nascido no sertão do Ceará, na pequena cidade de Mombaça, Silvero Pereira teve seu primeiro contato com o teatro na escola, aos 17 anos — e foi paixão à primeira vista. Aos 37, o ator e diretor dedicou as últimas duas décadas à arte, especialmente ao teatro. Seu coletivo artístico As Travestidas reúne talentosos atores e atrizes transexuais e travestis, com espetáculos que já ultrapassaram as fronteiras de Fortaleza. Sob o alter ego da drag queen Gisele Almodóvar, ele provoca, questiona e desconstrói preconceitos. E foi na pele de Lunga, o cangaceiro queer de “Bacurau”, que Silvero ganhou ainda mais projeção nacional. Em um bate-papo com o jornalista Felipe Seffrin, ele fala sobre arte, desejos e memórias. O que você gostaria que sumisse do mapa? Toda essa política que está acontecendo agora. É um desperdício para a democracia e para um estado laico. Conseguimos avançar nos últimos anos e agora, em tão pouco tempo, a gente só teve retrocesso. Queria realmente que isso saísse do mapa. Para que serve a arte? A arte é para provocar. Não acho que temos que responsabilizar os artistas por transformações sociais. A transformação social é um fenômeno que acontece entre artista e espectador. A principal função da arte é provocar, e a partir daí termos reações na sociedade. Um mundo sem liberdade é... É uma desgraça. A gente tem que pensar na felicidade, que está muito vinculada à liberdade das pessoas. Sem liberdade no mundo, só existe aniquilação.
“A GENTE PRECISA TER MENOS CANSAÇO E MAIS FOME!” —Silvero Pereira, o Lunga
TEXTO: FELIPE SEFFRIN | FOTO: DIVULGAÇÃO/FÁBIO AUDI
No que você pensa antes de dormir? Durmo e acordo pensando em trabalho. Tenho muita dificuldade de relaxar. É um constante processo, seja no teatro, na TV ou no cinema. Estou sempre pensando nos meus próximos projetos. Como foi a primeira vez que você viu uma peça de teatro? Foi uma das coisas mais mágicas que já aconteceram na minha vida. Naquele dia eu decidi que queria fazer arte. Lembro que anunciaram uma peça no meu colégio e eu não estava muito a fim. Eu não gostava de arte até então, porque nunca tinha visto ela feita por pessoas que gostam de fazer arte, professores que são artistas. Quando tive essa experiência, entendi o que era arte e imediatamente me matriculei na aula de teatro. O que tem no sertão brasileiro? Tem mandacaru. Gosto de dizer isso porque aparentemente essa é uma planta que está morta, mas é de onde brotam as flores mais bonitas do sertão. Temos a caatinga, que é uma vegetação que parece
sua imagem começa a desaparecer e virar outra coisa na sua frente. Esse é o momento mais importante do espelho: quando você se enxerga de verdade.
morta, mas basta chover que floresce e fica tudo verde. As pessoas precisam entender que o sertão está sempre vivo. Como você se identifica hoje? Eu não me identifico, na verdade. Não gosto de nenhuma nomenclatura. Não me considero masculino ou feminino, e sim um ser livre. Eu gosto de transitar.
Aonde a comunidade LGBTQ+ pode chegar? Gostaria que a gente chegasse a um lugar onde a gente não precisasse se esconder. Onde ninguém se sinta violentado ao entrar no mercado, ao andar na rua. Onde as pessoas olhem pra gente e enxerguem que fazemos parte da sociedade, e não que estamos à parte dela.
Ser drag queen é... Uma identidade artística. Um ato de liberdade, de gritar para as pessoas o que se pensa e o que se quer através da música e da performance.
Se você pudesse viajar no tempo, para onde iria? Eu iria para a minha infância, ter contato com o Silvero criança. Diria para ele ter mais calma, ficar mais tranquilo, que as coisas vão dar certo.
Armário ou espelho? Espelho, completamente. Agora, é fundamental olhar para o espelho e prestar muita atenção aos detalhes. Chega um momento em que a
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Basta ele seguir com os pensamentos que ele tem, que todas as angústias vão passar. O que precisamos aprender com o Lunga? Que a gente não pode esquecer o lugar de onde a gente veio. A gente pode até não concordar com aquilo e se afastar por um tempo. Mas sempre deixar claro: “Eu estou por perto. Se precisar, eu volto”. E que conselho a Gisele Almodóvar daria para os mais jovens? “Não se sintam cansados.” Tenho ouvido muito da juventude algo como “tenho 20 anos e estou cansado de ser maltratado”. O Lunga fala isso, “cansado o caralho, eu tô é com fome”. A juventude tem que entender que a gente precisa ter menos cansaço e mais fome!
AROUND THE WORLD CIDADE DO MÉXICO
A cantora e compositora nipo-americana Kazu Makino lançou o álbum solo “Adult Baby”.
Explosão de sabores GASTRONOMIA —
Conexão Roma-México
Lugares incríveis para comer, beber, comprar, dançar, conhecer pessoas e se conectar com novas culturas, do México à Austrália: GRANADA
Esquina do prazer
CAFÉ — Sur Coffee Corner oferece
comidinhas e sucos naturais
destaque para os tomates verdes fritos, uma delícia para comer sozinho ou dividir com os amigos. O curioso é que não há um menu para os sucos,
[A]
Índia, França e Itália. Outra boa pedida é provar as cervejas especiais e drinks oferecidos por
diversos estabelecimentos. Para comer, uma dica é experimentar o curioso Choco
pois cada um pode escolher os ingredientes que quiser para montá-los. Além de charmoso, o café fica perto da Catedral de Granada e da Fundação García Lorca, o que já rende um roteiro ótimo pela cidade espanhola. @surcoffeecorner SYDNEY
Vegano chic
O digio, por ser um cartão de crédito internacional, transforma sua vida e proporciona experiências únicas, principalmente quando falamos de música. Siga @meudigio, peça seu cartão e aproveite por este mundão.
RESTAURANTE — Paperbark fica em um complexo de lojas de grife
JACARTA
Maratona eletrônica
O restaurante vegano Paperbark ocupa o primeiro lugar na lista de melhores restaurantes veganos de Sydney no portal Time Out. O purê de abóbora e os churros de batata salgados com vinagrete são as estrelas de um menu que ainda traz sobremesas, sucos e coquetéis exclusivos. @paperbark restaurant
LONDRES
FESTIVAL — Três
dias de discotecagem na Ásia Um dos maiores festivais de música eletrônica do continente asiático, o Djakarta Warehouse Project celebra sua 11ª edição nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, em Jacarta, a moderna capital da Indonésia. Na programação do evento que espera
Burger, do estande Chocogiro — o nome já diz tudo, né? Uma delícia. @mercadoroma
O que te inspira em traduzir tanta força em música? “Estou em todos os lugares quando se trata de música. Música é algo central na minha vida. Estou fazendo um álbum todo meu, e isso tem sido uma explosão vulcânica para mim.” O que você conhece de música brasileira? “Ouso dizer que sei bastante. Vivi muito perto de músicos e produtores brasileiros, e por eles conheci Caetano, Gal Costa e outras lendas. Ouvi muitas coleções, assisti a apresentações, e conhecê-los tornou tudo uma experiência mais íntima e pessoal. Essa troca me deixou muito mais encorajada e inspirada.” Você canta “Salty” com uma voz super doce. Você é mais doce ou salgada? “[Risos.] Acho e espero que eu seja doce, mas talvez eu seja mais salgada. Essa é uma questão para quem está na minha vida responder por mim!”
AbstratoFigurativo
ARTE — Galeria homenageia artista alemão
receber mais de 90 mil pessoas estão DJs, duos e artistas consagrados de diversos gêneros da
dance music, como Calvin Harris, Disclosure, Skrilexx, Martin Garrix, Zedd, Devarra,
O pintor Albert Oehlen nasceu na Alemanha, se radicou na Suíça e desde 1980 é um dos grandes nomes da arte contemporânea. Até 2 de fevereiro, a Serpentine
Marc Maya, Softest Hard, w.W, Yung Bae e Meduza. @djakarta warehouseproject
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Gallery reúne obras com os elementos abstratos, figurativos, colados e as outras abordagens
artísticas e inventivas de Oehlen, para fazer explodir nossos sentidos. @serpentineuk
Mais do que ondas sonoras. Música é uma experiência completa, para ser sentida e cantada a plenos pulmões em qualquer lugar. Junto com Heineken, buscamos projetos e pessoas que vivem a música de um jeito especial. #LiveYourMusic
TEXTO: DIMAS HENKES | FOTOS: [A] JAIME NAVARRO
Na Espanha, um casal formado por um argentino e um colombiano recebe todos de braços e sorrisos abertos. O cardápio do novo café é variado, com
Quem ama fotografar a comida antes de se deliciar precisa visitar o Mercado Roma, na capital do México, pelo menos uma vez na vida. Ele é o lugar perfeito para moderninhos e para todo mundo que gosta de um bom prato, com uma seleção dos melhores restaurantes e cafés mexicanos. O centro reúne um variado número de menus, da gastronomia típica local a sabores de Nepal,
COOL PEOPLE BEHIND COOL PROJECTS
“QUERO VER AS PESSOAS CONVIVENDO E SE IMPORTANDO UMAS COM AS OUTRAS” — Gabriel Vilaça
a força da empatia e do afeto
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTO: JJUNIO CESAR DA SILVA
O articulador social Gabriel Vilaça é um dos integrantes do projeto Polos de Cidadania, que está traçando o mapa dos sentimentos dos moradores de Brumadinho (MG)
A figura de uma mulher de longos cabelos pretos sentada à mesa é uma das memórias que Gabriel Vilaça guarda com mais carinho. “Estava em uma das visitas do projeto Polos de Cidadania quando aquela senhora falou que meu rosto era familiar”, conta o articulador social de 29 anos, nascido e criado em Brumadinho (MG). “Quando disse o nome do meu pai, Gilberto, seus olhos se encheram d’água. Leila foi minha babá, e foi muito bom reencontrá-la. O sofrimento é grande, mas existem pontinhos de felicidade que nos fazem continuar.” Leila mora na comunidade Parque da Cachoeira, zona rural de Brumadinho, região afetada pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão no dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28. E é por isso que Gabriel estava lá. “Faço tudo o que posso para proporcionar alguma ajuda para os outros. Não meço esforços”, destaca o engenheiro civil e estudante de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Essa vontade incansável de reverberar um afeto reconstrutivo fez Gabriel participar de três ONGs ao mesmo tempo. “Cheguei a estar em 42 grupos diferentes no WhatsApp com assuntos sobre Brumadinho.” Depois de reavaliar escolhas, desde maio Gabriel atua integralmente no projeto Polos de Cidadania, coordenado pelo psicólogo e professor da UFMG André Luiz Freitas Dias e calcado na ética do cuidado. “É a ética de estar junto das pessoas, entendendo seus problemas e deixando que elas sejam protagonistas da própria recuperação”, explica Gabriel. O projeto da UFMG existe desde 1995, com foco no apoio a grupos sociais e indivíduos com histórico de exclusão e trajetória de risco em Minas Gerais. É estruturado em conceitos de cidadania, subjetividade, emancipação, reconhecimento e direitos humanos — e chegou a Brumadinho desde o rompimento da barragem. “Agimos num papel complementar junto aos agentes de
saúde, para entender as formas de existência e resistência das pessoas, focando na saúde mental e orgânica delas.” E há muito trabalho pela frente, segundo Gabriel. Estudos apontam que as reações psicológicas crônicas entre os moradores perduram. Entre os problemas estão ansiedade, depressão, transtornos comportamentais e estresse pós-traumático. O número de pacientes com receitas de antidepressivos e ansiolíticos cresceu 60% e 80%, respectivamente, em relação a 2018. E só remédios não surtem efeitos. É aí que entra a “Cartografia dos Modos de Existência” do Polos de Cidadania, um mapeamento dos sentimentos e perspectivas de futuro dos habitantes de Brumadinho, construído a partir de visitas às regiões atingidas e longas conversas regadas de afeto — e respaldado em teorias como “O Avesso do Niilismo”, do pensador húngaro Peter Pál Pelbart, e “A Sociedade do Espetáculo”, do escritor francês Guy Debord.
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“É muito importante que a gente leve em consideração os fatores humanos e tente se desprender da dicotomia de ser contra ou a favor da Vale na cidade. A situação é muito mais complexa do que a simples polarização propõe. Essas vozes precisam ser identificadas e ouvidas, e isso é muito maior e mais importante para a nossa recuperação”, avalia Gabriel. Além de ouvir os moradores, o Polos de Cidadania leva arte para acalentar os moradores de Brumadinho. Uma das parceiras do projeto é a companhia teatral A Torto e A Direito, que conta em espetáculos de rua a trajetória de moradores locais rumo à cura e à ressignificação. “A arte é uma das melhores formas de promover a empatia. Esse espetáculo é apresentado em todos os lugares possíveis, principalmente dentro das comunidades, para mostrar que existem formas de suprimento emocional por meio da cultura.” O maior sonho do articulador social que leva nome de anjo é ver essa empatia se tornar realidade na vida de todos, não só daqueles afetados pela tragédia na região de Brumadinho. “Quero ver as pessoas convivendo e se importando umas com as outras. E o que me inspira, diariamente, é saber que tenho ferramentas suficientes para poder promover cada vez mais esse senso de humildade, empatia e amor.” polosdecidadania.com.br
MECANEWYEAR
2020
Ano Novo do MECA Primeiro festival de Ano Novo do MECA, o MECANewYear acontece de 28 a 31 de dezembro no Instituto Inhotim, maior museu a céu aberto do mundo, com grandes nomes da música brasileira, como Marina Lima (feat. Letrux), Marcos Valle, Luedji Luna, MC Tha (feat. Jaloo) e os blocos Tarado Ni Você e Chama o Síndico
Tão desejado pelo público, o MECANewYear se tornou realidade. A primeira edição do festival de Ano Novo do MECA acontece de 28 a 31 de dezembro em um dos lugares mais mágicos do mundo, o Instituto Inhotim, convidando o público a celebrar a chegada de 2020 em meio a arte, natureza, ritos de passagem e uma curadoria musical especial. A programação inclui artistas como Marina Lima com participação de Letrux, Marcos Valle, Luedji Luna, MC Tha com a participação de Jaloo e Forró RED Light. O festival também convida o público a festejar em ritmo de Carnaval, com os blocos Tarado Ni Você (SP) e Chama o Síndico (BH). Além disso tudo, DJs nacionais e internacionais completam o lineup, mais atrações musicais serão divulgadas em breve e a noite da virada terá open bar e ceia com o melhor da deliciosa culinária mineira. Os passaportes estão à venda em www.mecanewyear.com.
MARINA LIMA FEAT. LETRUX Uma das maiores vozes da música brasileira, a carioca Marina Lima celebra 40 anos de uma carreira magistral com um show inédito — e que estreia justamente no MECANewYear. A turnê “Pra Começar” traz sucessos dos 21 discos de Marina, como “À Francesa” e “Fullgás”. Para agregar ainda mais luz a essa celebração, Marina convida a cantora Letrux para uma participação mais que especial. Juntas elas gravaram “Mãe Gentil” e “Puro Disfarce”.
SIDE PARTY NO TOPO DO MUNDO No dia 30 de dezembro, o MECA sobe a Serra da Moeda para 12 horas de festa no mirante Topo do Mundo, uma das principais atrações turísticas da região de Brumadinho (MG), com uma das vistas mais surreais de Minas Gerais — particularmente hipnotizante ao entardecer. A sideparty, com ingressos vendidos à parte ao MECANewYear, acontece das 15 às 3h na véspera de Ano Novo, com open food proporcionada pela culinária mineira do Restaurante Horizontes e foco em música eletrônica, com a discotecagem de DJs nacionais e internacionais. A britânica de origem surinamesa Ruby Savage é um dos primeiros nomes confirmados, levando as batidas envolventes de sua disco music para nossa festa no Topo do Mundo. Mais atrações serão divulgadas em breve, nos canais de comunicação do MECA. Ingressos estão disponíveis em www.mecanewyear.com
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FOTOS: DIVULGAÇÃO; [A] CAROLINE LIMA; [B] ANCAR BARCALLA; [C] JULIA BOOS; [D] MANTEIGA
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MECANEWYEAR
DICKY TRISCO (UK)
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2020
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O DJ e produtor musical britânico Dicky Trisco já se apresentou em grandes festivais, como Glastonbury, Festival Nº 6 e Electric Elephant, e em eventos dos Estados Unidos ao Japão, levando sempre para a pista sua disco music envolvente e contagiante.
LUEDJI LUNA Uma das mais belas vozes femininas da nossa década, a cantora e compositora baiana de 32 anos apresenta o show “Um Corpo no Mundo”, de seu elogiado disco de estreia, em que canta sobre empoderamento feminino, preconceito e ancestralidade, com uma leveza de lavar a alma.
BLOCO TARADO NI VOCÊ (SP) Criado em 2014 pelo fotógrafo Thiago Borba, o social artist Rodrigo Guima e a empresária Raphaella Barcalla, o bloco carnavalesco Tarado Ni Você arrebata todos os anos mais de 100 mil pessoas pelas ruas de São Paulo homenageando a carreira e as músicas do cantor e compositor baiano Caetano Veloso.
BLOCO CHAMA O SÍNDICO (BH)
MEHMET ASLAN (SWZ)
Um dos principais blocos de Carnaval de Belo Horizonte, na folia desde 2012, traz no repertório sucessos imortais de Tim Maia e Jorge Ben Jor, duas lendas da música brasileira, com arranjos autorais e um alto-astral que levanta qualquer um.
O DJ radicado em Basel, epicentro entre três países europeus – Suíça, França e a Alemanha – é um dos nomes mais requisitados da cena de música eletrônica da Europa, com participações constantes nas melhores casas de shows de Berlim. [C]
RUBY SAVAGE (UK)
MC THA FEAT. JALOO
Filha da mistura do Caribe com a Inglaterra e, atualmente radicada em Londres, ela leva para as pistas toda essa pluralidade de referências e de uma pesquisa musical afinada para criar sets únicos e potentes de disco music internacional.
MC Tha se consolidou como um dos grandes nomes do funk brasileiro atual com o disco “Rito de Passá”, em que junta as batidas do funk com a energia da umbanda. Para ficar ainda melhor, ela convida para o show o cantor Jaloo, parceiro de vida e de música. [D]
Ritos de Passagem MECALovers compartilham o que fazem para marcar a chegada de um novo ano: @eugleidistone “Mudei o cabelo nas últimas viradas. É um processo de autoconhecimento e de me abrir para o novo.”
FORRÓ RED LIGHT É impossível ficar parado com o duo formado pelo brasiliense Geninho Nacanoa e pelo teresinense Ramiro Galas. A dupla faz a melhor das uniões entre as batidas da música eletrônica e do forró, em uma espécie de arrasta-pé do futuro para dançar até o sol raiar.
MARCOS VALLE O carioca de 76 anos é uma das lendas máximas da nossa música. Ele despontou com a bossa nova nos anos 60 e transitou por estilos musicais como rock, funk music, soul e jazz samba. Em 2019, lançou o álbum de inéditas “Sempre”, em que resgata a disco music contagiante dos sucessos “Estrelar” e “Bicicleta”.
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@gutavirtuoso “Toco ‘Saudação às Deusas’, das Melissas, acendo um incenso e tiro cartas para repensar o ano.” @bravin “Agradeço aos meus guias e preparo um banho de alecrim e louro para que os caminhos sejam abertos.” @andreconcourd “Escrevo uma carta pra mim mesmo com o que significou o ano que passou e uma oração para o novo ano.”
REPORTAGEM
Ambiente para inovação Em um mundo que muda tão rápido o tempo todo, festivais de inovação e criatividade como SXSW e Web Summit oferecem uma curadoria apurada dos desafios e revoluções que enfrentamos em áreas como cultura e tecnologia, chamando a atenção de grandes marcas e de um público que quer estar sempre à frente
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Quando recebeu a grade com a programação do South by Southewest (SXSW), a empresária e produtora cultural mineira Patrícia Tavares levou um susto. “A agenda de atividades é tão extensa que você pensa ‘meu Deus, por onde começar?’” A reação de Patrícia com certeza é compartilhada entre os participantes do maior festival de inovação e criatividade do mundo — que surgiu há 32 anos e deu origem a incontáveis festivais similares ao redor do mundo. Patrícia recorda que, há pouco tempo, observava as tendências através da moda e das artes. Hoje, são os festivais que a ajudam a entender um planeta que muda o tempo todo. “A sensação que tenho é que as mudanças estão tão rápidas que está todo mundo perdido e que a gente precisa de uma curadoria.” É aí que entra uma das principais virtudes dos festivais de inovação e criatividade: traduzir o que há de mais relevante acontecendo na atualidade.
É o que acontece no SXSW. Criado em 1987 em Austin, no Texas, o festival realizou sua primeira edição em um salão de hotel para 700 pessoas. E o que nasceu para valorizar a cultura local se transformou no maior evento de inovação do planeta. “A equipe do SXSW sempre foi pequena em relação ao tamanho do evento e teve liberdade para criar. Foi a partir da ideia de um funcionário interessado por personal computers na década de 90 que isso entrou na programação”, lembra Tracy Mann, especialista em parcerias globais do festival. O SXSW cresceu tanto que hoje tem cinco eixos — interatividade, cinema, música, comédia e gaming — e 10 dias de programação intensa. Lá foram lançados Twitter e Foursquare, e revelados artistas como Hanson, John Mayer, James Blunt, Franz Ferdinand, Strokes e White Stripes. O festival já recebeu Barack Obama, Steven Spielberg e Elon Musk, apenas para ficar
em três exemplos. E em 2019, 417 mil pessoas participaram de 2.218 palestras e 2.727 performances artísticas. A efervescência das trocas sobre inovação germinou e floresceu. Novos festivais nasceram para atender uma geração que preza pela experiência como forma de gerar conhecimento e negócios. O Web Summit, em Lisboa, é o maior festival de tecnologia do mundo e este ano recebeu Tony Blair e Edward Snowden. O VidCon, na Califórnia, é dedicado a vídeos online. O Slush, na Finlândia, é o maior festival de startups. O deslumbrante C2 Montréal, no Canadá, acontece desde 2012 em parceria com o Cirque du Soleil. O The Next Web, em Amsterdã, trata do futuro da tecnologia. E a lista continua. Mas a expansão do segmento não preocupa o SXSW. Pelo contrário. “A gente só existe se houver um ecossistema de eventos e se as pessoas têm o costume de frequentar eventos buscando por aprendiza-
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gem e por network”, destaca Tracy Mann. “Não encaramos isso como uma competição e vemos com alegria nosso modelo ser seguido em outros países. Isso cria uma cultura ao redor de tendências e de inovação, o que é muito positivo para todos.” Espírito do tempo Para Franklin Costa, cofundador da Fluxo, consultoria de inovação especializada na indústria do entretenimento, e do Projeto Pulso, plataforma especializada na cultura de festivais, três fatores explicam esse boom. “Estamos passando por transformações cada vez mais aceleradas, e as instituições de ensino tradicionais não têm conseguido acompanhar essa velocidade.” Outros fatores são a busca por networking e por experiências ao vivo, olho no olho. A opinião de Franklin é compartilhada por Luiz Arruda, head de mindset da WGSN na América Latina. “A ideia de fes-
TEXTO: FELIPE SEFFRIN | FOTOS: [A] DAPHNÉE NADEAU; [B] ANN ALVA WIEDING
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REPORTAGEM tivais como pontos de encontro para trocas físicas, humanas e reais é muito poderosa. Além disso, marcas e veículos perceberam que, nessa relação com as pessoas, a experiência virou um produto cada vez mais valorizado”, explica. Outro motivo para tanto sucesso é o papel de curadoria, aquele que a empresária Patrícia Tavares busca quando frequenta festivais. “Os festivais se transformaram em curadores. Ajudam a dar um norte, a navegar por diferentes universos. E é por isso que eles fazem tanto sentido”, completa Luiz. Dono de uma valiosa lista com 55 festivais de inovação pelo mundo, Gustavo Nogueira, 32 anos, está sempre de malas prontas para ir a eventos do tipo. Ele é futurólogo e fundador da Torus, consultoria com base em Amsterdã que estuda o Zeitgeist — o espírito do tempo. “Esses festivais são espaços essenciais para tomarmos o pulso da cultura, principalmente em termos de inovação e mercado. Individualmente, está cada vez mais difícil compreender as mudanças ao nosso redor. Mas, coletivamente, conseguimos ter um fragmento mais nítido do tempo.” Entre os assuntos debatidos atualmente no exterior estão o papel das redes sociais na proteção de dados, privacidade na Era Digital, Cannabusiness, o futuro do trabalho (e do trabalhador), a revolução do Blockchain, a batalha no setor de streaming e as oportunidades com a tecnologia 5G. Com o microfone em mãos, CEOs de empresas como IBM, Amazon, Microsoft, Nasdaq, Mercedes, Intel, Samsung, Tesla e Google — e na plateia um sem-número de profissionais de todas as áreas do conhecimento, que querem estar sempre à frente da próxima transformação. Mas para além da robótica, o pesquisador Rodrigo Turra, 30 anos, parceiro de Gustavo na Torus, em Amsterdã, identifica um movimento que coloca as pessoas como atores principais nessa revolução 3.0. “Apesar de ser um evento de tecnologia, o Web Summit tem a preocupação de trazer causas relacionadas ao planeta e aos direitos humanos. Como disse o presidente de Portugal no encerramento da edição 2018: ‘Não adianta estarmos aqui se deixarmos as pessoas para trás’.” E no Brasil? Por aqui o mercado está atento. Veteranos de estrada, Campus Party, MECA e Festival Path também celebram o interesse cada vez maior do público por eventos imersivos, refletido em novos festivais como o Hacktown, espécie de SXSW à mineira, com mais de 600 atividades na pacata Santa Rita do Sapucaí, no interior de Minas Gerais. Isso sem falar na relevância de eventos como CCXP e YouPix, ou na consolidação de iniciativas mais recentes, como o Rio2C e o Push, da plataforma Steal The Look. E, ao que tudo indica, ainda há espaço para crescimento. Não é à toa que o Brasil tem a maior “delegação estrangeira” no SXSW, com quase 2 mil participantes, superando países como Canadá, Alemanha ou Reino Unido. “A beleza dessa história toda é que conhecimento está ganhando um protagonismo que antes a gente valorizava em outras coisas no âmbito da comunicação”, analisa Luiz, da WGSN. “Esse é o lado mais positivo do boom de festivais de inovação. Além de ser um negócio rentável para marcas e pessoas, conhecimento virou algo sexy.”
2 1 - Instalação no festival C2 Montréal 2 - Barack Obama prestigia o SXSW 3 - Brandi Carlile e Elizabeth Moss 4 - Tecnologia em todas as suas formas 5 - Slush, festival em Tóquio e Helsinque 6 - Mark Zuckerberg, dono do Facebook
3 NA AGENDA Festivais de inovação e criatividade pelo mundo: SXSW, Austin (EUA), 13 a 22/3/2020 O principal festival de inovação e criatividade do mundo. @sxsw Rise, Hong Kong (CHI), 30/3 a 2/4/2020 Maior festival do continente asiático sobre tecnologia. @RISEconfHQ
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Future of Everything Festival, Nova York (EUA), 11 a 13/5/2020 Festival de inovação do “The Wall Street Journal”. @wsj C2 Montréal, Montreal (CAN), 27 a 29/5/2020 A conferência de negócios inovadora do grupo Cirque du Soleil. @c2montreal
Por dentro do SXSW Especialista em parcerias globais e embaixadora do South By Southwest (SXSW) no Brasil, a norte-americana Tracy Mann compartilha detalhes sobre a origem e os desafios do maior festival de inovação e criatividade do mundo: Como você vê o SXSW em 32 anos de existência? O SXSW continua relevante pela força da música. Ele não existiria, nem com todos os conteúdos de inovação, sem a música. A equipe sempre foi pequena e teve muita liberdade para criar. Foi com um funcionário que
se interessava por personal computers nos anos 90 que isso entrou na programação. Mas foi o ambiente de pessoas criativas em torno de música, cinema e cultura que deu origem a uma plataforma de inovação e tecnologia. Sem a música, não teria nenhuma graça ou apelo.
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Como vocês acompanham a multiplicação de festivais pelo mundo? A gente só existe se houver um ecossistema de eventos e se as pessoas têm o costume de ir a eventos buscando por aprendizagem e network. Não encaramos isso como competição. Vemos com alegria nosso
modelo ser seguido em outros países. Isso cria uma cultura ao redor de tendências e inovação, e é algo muito positivo para todos. Qual a receita para ser um evento de sucesso por tanto tempo? Nós não recebemos nenhum apoio do governo. Promove-
mos o evento do próximo ano em cima do lucro do ano anterior. O segredo do sucesso é deixar as coisas acontecerem organicamente, sem forçar. Nossa equipe também tem direito a criar o evento, realizar sonhos pessoais na programação, e isso contribui muito para o sucesso.
VidCon, Califórnia (EUA), 17 a 20/6/2020 Maior festival do mundo dedicado a vídeos online. @vidcon The Next Web, Amsterdã (HOL), 18 a 19/6/2020 Evento debate sobre o futuro da internet. @thenextweb Web Summit, Lisboa (POR), 2 a 5/11/2020 Maior festival europeu focado em inovação e tecnologia. @websummit
MECABRENNAND 2019
O bregafunk foi ao museu MECABrennand levou artistas do bregafunk como Shevchenko & Elloco e a banca de DJs 9k para dançar o passinho em meio às 2 mil obras da Oficina Brennand. O festival com mais de 15 horas de atração ainda contou com Tulipa Ruiz, NoPorn, Mombojó e Romero Ferro, além de DJs da cena eletrônica pernambucana, market e talks
playlist
MECABrennand — Sucessos que fizeram o público cantar e dançar junto em Recife:
PROPORCIONAL — Tulipa Ruiz NINGUÉM FICA PARADO — Shevchenko & Elloco DEIXE-SE ACREDITAR — Mombojó CAVALO — NoPorn CORPO EM BRASA — Romero Ferro feat. Duda Beat HIT DO PASSINHO — Shevchenko & Elloco BAILE DE PERUAS — NoPorn PEDRINHO — Tulipa Ruiz O FESTIVAL LEVOU 2 MIL PESSOAS PARA A OFICINA BRENNAND, UM DOS PRINCIPAIS PONTOS TURÍSTICOS DE RECIFE
PRA TE CONQUISTAR — Romero Ferro
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Todos os lugares em que o MECA acontece são atrações à parte. E, na edição 2019 do MECABrennand, essa potência foi ainda maior. O bregafunk das periferias de Recife conviveu com a arte contemporânea da Oficina Cerâmica Francisco Brennand, representado nos passinhos de Shevchenko & Elloco (by TNT Energy Drink) e dos DJs da 9k. “É um sonho realizado cantar num local como esses, diante de um público tão massa”, celebrou Shevchenko.
O palco principal reuniu as melodias e letras dilacerantes do NoPorn e a força da natureza chamada Tulipa Ruiz, além do brega de Romero Ferro e o alto-astral do Mombojó, expressões do caldeirão cultural chamado Pernambuco. “Lançar meu novo disco aqui foi incrível”, disse Romero. “A energia estava lá em cima. A experiência foi demais”, resumiu Felipe S, do Mombojó. Um dos espaços mais concorridos foi a pista de música eletrônica, onde DJs da
efervescente cena independente local, como Iury Andrew, Libra, Nadejda, JV e Lucio Morais, catalisaram puro talento. Passaram pelas picapes ainda Dimas Henkes, o britânico Roger Weekes e o argentino Jay West. Quem chegou cedo pôde conferir uma feira em parceria com o Festival Bon Bini e participar de discussões relevantes nos talks com Anápuáka Tupinambá (Rádio Yandê), Luiz Arruda (WGSN Mindset), Carlo Pereira (Pacto Global/ONU) e no
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TU — Tulipa Ruiz
painel sobre cultura pernambucana com Aslan Cabral, Amanda Mansur e Ana Garcia. Para coroar o bate-papo, o No Ar Coquetel Molotov apresentou um pocket show da cantora Sofia Freire. Cada festival é sempre um abraço imenso — nosso para o público e do público em nós. Ecoamos toda a positividade semeada para e por Recife, e deixamos o Nordeste com a certeza de que, muito em breve, nos encontraremos mais uma vez.
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: [A] LUARA BAGGI / SHAKE IT BSB; [B] LARA VALENÇA
PAPAPA — Mombojó
MECABRENNAND 2019
“SUBIR AO PALCO DEPOIS DO MOMBOJÓ FOI LINDO. JÁ ENTREI EM TOTAL SINTONIA COM O PÚBLICO. RECIFE, EU TE AMO” TULIPA RUIZ, A FLOR DO NOSSO LINEUP
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“É UM SONHO QUE ESTOU REALIZANDO CANTAR NUM LOCAL COMO ESSES, DIANTE DE UM PÚBLICO TÃO MASSA. SÓ TENHO A AGRADECER A DEUS POR FAZER PARTE DESSE EVENTO”
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SHEVCHENKO, SUCESSO DO BREGAFUNK COM O HIT DO PASSINHO
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“FAZER O LANÇAMENTO DO MEU NOVO DISCO, ‘FERRO’, NO PALCO DO MECABRENNAND FOI ALGO INCRÍVEL” ROMERO FERRO, PRÍNCIPE DO BREGA DE RECIFE
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MECAMAQUINÉ 2019
Um festival sublime A última edição do festival do MECA na Fazenda Pontal antes de a plataforma criativa partir para novos rumos no Brasil e no mundo, reuniu mais de 2 mil pessoas em Maquiné (RS), região litorânea gaúcha. Foram mais de 15 horas de shows, DJ sets e atividades, com uma apresentação inesquecível da cantora baiana Gal Costa em meio à natureza
Raio-x da edição 2019 do MECA em Maquiné:
UMA DAS GRANDES VOZES DA NOSSA MÚSICA, GAL COSTA FEZ UM SHOW EMOCIONANTE PARA 2,3 MIL PESSOAS EM MAQUINÉ
Um festival que vai ficar para sempre na memória
6ª vez
QUE O FESTIVAL ACONTECE NA FAZENDA PONTAL
+15 horas
DE PROGRAMAÇÃO INCLUINDO SHOWS, DJ SETS, MARKET E TALKS
7 shows
NO PALCO PRINCIPAL, DE INDIE, MPB, R&B, FUNK E ATÉ FORRÓ
23 DJ sets
COM ARTISTAS INTERNACIONAIS E DA CENA INDEPENDENTE GAÚCHA
4 talks
COM ASSUNTOS RELEVANTES E NECESSÁRIOS
+2.300
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Quando pegou a estrada de terra que dava acesso ao MECAMaquiné, na Fazenda Pontal, região litorânea do Rio Grande do Sul, a cantora Gal Costa logo lembrou dos anos em que viveu em Trancoso, na Bahia, em meio à natureza. “Que delícia fazer essa festa no mato”, brincou, já em cima do palco, ovacionada e venerada por mais de 2 mil pessoas de diversas gerações. E que festa. Gal Costa banhou de prata e amor uma plateia que cantou cada música a plenos
pulmões, no ápice de um festival com mais de 15 horas de atrações entre palmeiras e árvores nativas. “É muito especial ser ‘Sublime’ nos dias de hoje. É engraçado, do palco eu via tanta gente jovem, umas ‘carinhas de bebê’, e fiquei viajando no tempo. Como é bom manter vigoroso seu trabalho, vendo as gerações passarem e você ainda influente. Tenho muita alegria de viver isso. É gratificante. Foi muito especial”, compartilhou, após um show
catártico em que desfilou clássicos da música popular brasileira e canções do recente trabalho, “A Pele do Futuro”. O dia 12 de outubro de 2019 ficará na nossa memória. Além de ouvirmos de pertinho uma das maiores vozes da música brasileira, recebemos artistas como Tulipa Ruiz, MC Tha, Vermelho Wonder (by TNT Energy Drink), Forró RED Light, Marô e Akeem, uma constelação de DJs internacionais na Pool Party, nomes radiantes da cena underground de
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PESSOAS PRESENTES NO FESTIVAL
música eletrônica gaúcha nos clubinhos #DALE e #BOTA, talks necessários e um market com a Open Feira de Design. “Ninguém diz eu te amo como eu”, cantou Gal Costa na canção “Palavras no Corpo”, como numa prece. “Meu amor é incondicional no sentido de que transmito esse sentimento através da música. Quero realmente mandar amor para as pessoas, ainda mais nos tempos de hoje”, comentou. Nosso sentimento é recíproco e verdadeiro.
TEXTO: DÉBORA STEVAUX | FOTOS: [A] LUARA BAGGI/SHAE IT BSB; [B] VITORIA PROENÇA
16 marcas
INDEPENDENTES NO MARKET COM A OPEN FEIRA DE DESIGN
MECAMAQUINÉ 2019
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“COMO É BOM MANTER VIGOROSO SEU TRABALHO, VENDO AS GERAÇÕES PASSAREM E VOCÊ AINDA INFLUENTE. TENHO MUITA ALEGRIA DE VIVER ISSO. FOI MUITO ESPECIAL ” GAL COSTA, RAINHA DA MÚSICA BRASILEIRA
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“FOI UMA VIAGEM DA JEGUE-NAVE RUMO AO SISTEMA FORROBODÓ LIVE PERFORMANCE” RAMIRO GALAS, DO DUO CONTAGIANTE FORRÓ RED LIGHT [A]
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“PARTICIPAR DO MECA É SEMPRE UMA EXPERIÊNCIA GRATIFICANTE. EU SOU MUITO GRATA PELO CONVITE!” MC THA, A NOVA VOZ DO FUNK NACIONAL
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RADAR
artistas brasileiros para você conhecer
OUÇA NOSSAS PLAYLISTS. ACESSE O SPOTIFY E PROCURE POR MECALOVEMECA
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ANA FRANGO ELÉTRICO (Rio de Janeiro)
POTYGUARA BARDO (Rio Grande do Norte)
Ana é um sopro promissor na música popular brasileira. Com seu último álbum, “Little Electric Chicken Heart”, ela assumiu a vanguarda da cena contemporânea carioca tendo apenas 21 anos. Depois de se aventurar pelo punk, Ana volta bem mais popular: sopros, pianos e baterias marcadas definem seu novo trabalho, e sua voz doce canta sobre ironias e sarcasmos do cotidiano. Ouça “Se no Cinema”, um rock com toque de Carnaval que nos faz lembrar de Rita Lee. @anafrangoeletrico
“Simulacre”, álbum da cantora, atriz e drag queen natalense Potyguara Bardo, cria uma atmosfera satírica sobre uma situação hipotética em que, por acidente, a cantora come cogumelos alucinógenos e delira sobre diversas questões, cheia de ironia, ritmos e até filosofia. O álbum mistura reggae, lambada, pop e até trance. Potyguara é uma epifania na música brasileira. Comece sua imersão por “Karamba”, música em parceria com a drag queen Kaya Conky, e prepare-se para dançar! @potyguarabardo
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MURICA (Brasília)
ARQUELANO (Ceará)
Faminto por justiça, o rapper e MC brasiliense reuniu todas as suas referências brasileiras em “Fome”, seu disco de estreia. Um álbum cru e ao mesmo tempo chique. As batidas suaves acompanham delírios e desejos do cantor em letras sobre as ruas e a liberdade, com muita garra. “Esquinaparanóiadelirante” traz um teclado groovado e um solo de saxofone em que Murica faz reverência à música como seu templo — e Tim Maia, Elis Regina e Rita Lee como seus gurus. @murica_sujao
Benjamin Arquelano mistura invisibilidade e minimalismo com música experimental no álbum “Ponto”. Voz melódica e instrumentais intensos e suaves criam uma atmosfera profundamente híbrida sobre perdas e dramas. O “ponto” é o início (e o fim) de tudo, representando a criação da narrativa de seu trabalho, que traz histórias da comunidade queer e lembra artistas como Arca e até The XX. “Paraíso”, primeira faixa do EP, nos faz relaxar profundamente em pensamentos intensos. @benjaminarquelano
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TETXO: DIMAS HENKES | FOTOS: [A] HICK DUARTE; [B] LUIZO UGUI; [C] HENRIQUE CORREIA; [D] JORGE SILVESTR
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ROTA ESPECIAL: INSTITUTO INHOTIM (MG)
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CONFIRA MAIS DICAS E CONTEÚDOS EXCLUSIVOS EM MEDIUM.COM/ MECALOVEMECA
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8 locais para aproveitar (ainda mais) as riquezas culturais e naturais do Instituto Inhotim, palco do MECANewYear: 1
PARA IMERGIR EM NATUREZA
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PARA AGUÇAR OS SENTIDOS
JARDIM BOTÂNICO INHOTIM — Os 140 hectares do museu reúnem cerca de 5 mil plantas ou 30% de todas as famílias botânicas encontradas no planeta — entre espécies raras e ameaçadas de extinção, além de inúmeras palmeiras.
JARDIM DE TODOS OS SENTIDOS — O jardim em forma de mandala no Viveiro Educador nos convida a explorar nossos cinco sentidos com diversas espécies de plantas aromáticas, medicinais e de efeitos tóxicos de várias partes do mundo.
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PARA SE REFRESCAR
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PARA REFLETIR
“PISCINA” — A obra do artista plástico argentino Jorge Macchi retrata uma caderneta telefônica que, ao mesmo tempo, é uma piscina em pleno funcionamento no meio de Inhotim — e que convida os visitantes a um bom mergulho.
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PARA SE IMPACTAR
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PARA FOTOGRAFAR
“DESVIO PARA O VERMELHO” — Cildo Meirelles apresenta diversos objetos na cor vermelha em uma grande sala, do tapete no chão às poltronas, de itens do cotidiano sobre uma mesa à comida em uma geladeira (vermelha, é claro).
GALERIA ADRIANA VAREJÃO — Do lado de fora, um imenso espelho d’água e um banco com 50 plantas alucinógenas. Dentro, a obra “Linda do Rosário” impacta com paredes feitas de carne. A vista no terraço é uma atração à parte.
“MAGIC SQUARE #5” — As imensas paredes coloridas ao ar livre de Hélio Oiticica são um dos pontos mais tradicionais de Inhotim e cenário ideal para fotos. Logo em frente costuma ficar o palco principal dos festivais do MECA.
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PARA COMER BEM
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PARA MEDITAR
OITICICA E TAMBORIL — Se a fome bater, o Inhotim tem ótimas opções. O Tamboril (à la carte) e o Oiticica (quilo) oferecem comida de fazenda, com delícias da gastronomia mineira e contemporânea. Guarde espaço para a sobremesa.
“SONIC PAVILION” — Dentro do pavilhão de aço e vidro de Doug Aitken, um orifício com 202 metros de profundidade emana sons amplificados que mostram como o nosso planeta é, de certa forma, um ser vivo e pulsante.
Produzimos os eventos que a gente gostaria de ir. Geramos o conteĂşdo que a gente gostaria de consumir. ConstruĂmos os lugares que a gente gostaria de frequentar. Criamos os produtos que a gente gostaria de comprar. Investimos nos negĂłcios que a gente gostaria de participar. Aproximamos as pessoas com quem a gente gostaria de conviver. Conectamos as marcas que a gente gostaria de trabalhar. Simples assim. Celebrando, desde 2010