DERMATOLOGIA
PRINCIPAIS TEMAS PARA PROVAS DE RESIDÊNCIA MÉDICA
Autor
Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Especialista em Clínica Médica e em Dermatologia pela Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ). Professor assistente do Serviço de Dermatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté (UNITAU).
APRESENTAÇÃO
Antes mesmo do ingresso na faculdade, o estudante que opta pela área da Medicina deve estar ciente da necessidade de uma dedicação extrema, de uma notável facilidade nas relações humanas e de um profundo desejo de ajudar o próximo. Isso porque tais qualidades são cada vez mais exigidas ao longo dos anos, sobretudo durante o período de especialização e, mais tarde, de reciclagem de conhecimentos. Para quem busca uma especialização bem fundamentada e consistente, nota-se a dificuldade no ingresso nos principais centros e programas de Residência Médica, devido ao número expressivo de formandos, a cada ano, superior ao de vagas disponíveis, o que torna imperioso um material didático direcionado e que transmita total confiança ao aluno. Considerando essa realidade, foi desenvolvida a Coleção SIC 2012, com capítulos baseados nos temas cobrados nas provas dos principais concursos do país, e questões, dessas mesmas instituições, selecionadas e comentadas de maneira a oferecer uma compreensão mais completa das respostas. Todos os volumes são preparados para que o candidato obtenha êxito no processo seletivo e em sua carreira. Bons estudos!
Direção Medcel A Medicina evoluiu, sua preparação para residência médica também.
ÍNDICE
Capítulo 1 - Dermatologia normal ............ 17 1. Anatomia e fisiologia ................................................... 17 2. Lesões elementares ..................................................... 19 3. Cicatrização normal ..................................................... 21 4. Queloides .................................................................... 22 5. Resumo ........................................................................ 22
Capítulo 2 - Doenças infecciosas e parasitárias ............................................. 23 I. Doenças virais .............................................................. 23 1. Introdução ................................................................... 23 2. Verrugas....................................................................... 23 3. Herpes ......................................................................... 24 4. Molusco contagioso..................................................... 26 5. Nódulo dos ordenhadores ........................................... 27 6. Doenças exantemáticas ............................................... 27 7. Doença mão-pé-boca .................................................. 30 II. Doenças bacterianas agudas ...................................... 31 1. Introdução .................................................................. 31 2. Impetigo e ectima........................................................ 31 3. Furúnculos, carbúnculos e abscessos .......................... 32 4. Erisipela ...................................................................... 32 5. Celulite ........................................................................ 33 6. Síndrome estafilocócica da pele escaldada ................. 33 III. Doenças bacterianas crônicas .................................. 34 1. Hanseníase .................................................................. 34 2. Sífilis ............................................................................ 37 3. Sífilis congênita ............................................................ 39 4. Sífilis congênita precoce ............................................. 40 5. Sífilis congênita tardia ................................................. 40 IV. Doenças fúngicas – micoses superficiais ................... 41 1. Dermatofitoses ........................................................... 41 2. Doenças por leveduras ................................................ 43 3. Pitiríase versicolor ....................................................... 44 V. Doenças fúngicas – micoses profundas ...................... 44 1. Esporotricose ............................................................... 44 2. Cromomicose............................................................... 45 3. Paracoccidioidomicose ................................................ 46 VI. Doenças protozoárias e parasitárias ......................... 47
1. Leishmaniose ............................................................... 47 2. Escabiose ..................................................................... 49 3. Pediculose ................................................................... 50 4. Miíase .......................................................................... 51 5. Tungíase....................................................................... 51
Capítulo 3 - Doenças eczematosas ........... 53 1. Introdução ................................................................... 53 2. Eczema de contato ...................................................... 53 3. Eczema atópico ............................................................ 55 4. Eczema seborreico ....................................................... 57 5. Eczema numular .......................................................... 58 6. Eczema disidrótico ....................................................... 59 7. Fotoeczemas ................................................................ 60 8. Resumo ........................................................................ 61
Capítulo 4 - Doenças inflamatórias .......... 63 1. Eritematodescamativas ............................................... 63 2. Doenças papulopruriginosas ....................................... 71 3. Doenças bolhosas ........................................................ 75 4. Doenças do colágeno .................................................. 80 5. Doenças dos vasos e lesões ulceradas......................... 88 6. Farmacodermias (lato sensu) ...................................... 97 7. Resumo ...................................................................... 102
Capítulo 5 - Medicina interna ................ 103 1. Introdução ................................................................. 103 2. Sarcoidose ................................................................. 103 3. Amiloidoses ............................................................... 104 4. Porfirias ..................................................................... 106 5. Pelagra ....................................................................... 108 6. Resumo ...................................................................... 109
Capítulo 6 - Tumores malignos ............... 111 1. Pré-malignos.............................................................. 111 2. Carcinoma basocelular .............................................. 113 3. Carcinoma espinocelular ........................................... 115 4. Melanoma cutâneo ................................................... 117
5. Linfomas e leucemias ................................................ 119 6. Resumo ...................................................................... 121
Casos clínicos ........................................ 123 QUESTÕES Capítulo 1 - Dermatologia normal ................................. 133 Capítulo 2 - Doenças infecciosas e parasitárias ............. 133 Capítulo 3 - Doenças eczematosas ................................ 145 Capítulo 4 - Doenças inflamatórias................................ 148 Capítulo 5 - Medicina interna ........................................ 153 Capítulo 6 - Tumores malignos ...................................... 154 Outros temas ................................................................. 158
COMENTÁRIOS Capítulo 1 - Dermatologia normal ................................. 163 Capítulo 2 - Doenças infecciosas e parasitárias ............. 163 Capítulo 3 - Doenças eczematosas ................................ 169 Capítulo 4 - Doenças inflamatórias................................ 171 Capítulo 5 - Medicina interna ........................................ 173 Capítulo 6 - Tumores malignos ...................................... 174 Outros temas ................................................................. 176
Referências bibliográficas ...................... 179
CAPÍTULO
1
1. Anatomia e fisiologia A - Introdução Longe de ser um tratado para esses 2 temas, neste capítulo são consideradas algumas informações relevantes que aparecem com maior frequência em questões de provas para Residência.
B - Anatomia A pele se divide em 3 camadas distintas, sendo a epiderme, de origem embrionária ectodérmica, e a derme e o subcutâneo de origem mesodérmica (notar que o sistema nervoso central também tem origem ectodérmica, daí a provável relação dos quadros dermatológicos com aspectos emocionais).
Figura 1 - Principais estruturas da pele
A epiderme é um epitélio escamoso pluriestratificado, formado basicamente por queratinócitos que vão se maturando e diferenciando, gerando, assim, as 4 camadas que a
Dermatologia normal Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues
compõem: camada basal (mais profunda), camada espinhosa (logo acima da basal), camada granulosa (penúltima) e a camada córnea (a mais externa/superficial). O tempo que uma célula leva a partir da formação na camada basal, por meio de divisões mitóticas, até chegar ao desprendimento final na camada córnea, é de 15 a 30 dias, e é o turnover celular epidérmico. Em algumas doenças, como a psoríase, esse turnover fica reduzido para 4 a 5 dias (doença hiperproliferativa). A maturação das células epidérmicas consiste na transformação das células colunares da camada basal em células achatadas e queratinizadas na camada córnea. As células da camada basal ficam aderidas à derme por hemidesmossomos, que se encontram na zona da membrana basal (lâmina lúcida). A camada espinhosa recebe esse nome porque é nela que ficam mais evidentes as pontes intercelulares (como se fossem espinhos) que são responsáveis pela adesão entre os queratinócitos e são chamadas desmossomos. Integrinas é o nome geral que se dá às moléculas de adesão entre os queratinócitos que compõem os desmossomos. Esses, por sua vez, ancoram os filamentos intermediários, que são estruturas proteicas (queratinas). Quando essas aderências são quebradas, ocorrem bolhas como no pênfigo e na epidermólise bolhosa. Na epiderme, diferentes pares de queratina são produzidos conforme as células se diferenciam em direção à superfície: queratinas 5 e 14 são expressas na camada basal, e 1 e 10, na camada espinhosa. A camada granulosa é determinada desta forma porque nela são mais visíveis os grânulos de querato-hialina que serão liberados envolvendo as células epidérmicas e gerando, assim, a corneificação. Na camada córnea, as células ficam fortemente ligadas por pontes de sulfeto e a querato-hialina; além disso, grânulos lipídicos cobrem as membranas celulares, e tudo isso confere uma capacidade de 98% de retenção de água, uma importante função cutânea.
17
DE RMATO LO GI A Outras figuras celulares importantes na epiderme são:
- Células melanócitos: derivadas da crista neural e que
residem na camada basal, onde produzem a melanina e a distribuem para aproximadamente 30 queratinócitos. O substrato para elaboração da melanina é a tirosina. Todos os humanos têm o mesmo número de melanócitos, porém os afrodescendentes têm maior produção de melanina; - Células de Langerhans: derivadas de monócitos oriundos da medula óssea que residem na camada espinhosa, e são apresentadoras de antígenos para os linfócitos T, desenvolvendo importante papel em quadros alérgicos e na imunidade celular; - Células de Merkel: residem na camada basal e são queratinócitos modificados que assumem atividades neurossensoriais táteis. Uma destacada função que ocorre na epiderme é a conversão da vitamina D pela luz solar. A derme é um tecido conectivo denso, composto principalmente de colágeno (maior parte tipo I), elastina e glicosaminoglicanas. Essas fibras colágenas e elásticas oferecem proteção mecânica de barreira e mantêm a coesão da epiderme. Ela se divide em 2 partes: - Derme papilar: é a porção mais superficial que se apresenta como “dedos” (papilas) que invadem a epiderme. Nela estão a lâmina basal que suporta a última camada da epiderme, figuras celulares (mastócitos, macrófagos e fibroblastos) e estruturas sensoriais (corpúsculos de Meissner que têm participação no tato); - Derme reticular: possui poucas células e é composta basicamente pelo tecido conectivo amorfo (colágeno e fibras elásticas). Ainda fazem parte da derme as estruturas vasculares (capilares que formam o plexo profundo junto à hipoderme e o superficial na derme papilar), fibras musculares do folículo piloso e neurônios que interagem com receptores sensoriais (os de Meissner, já citados, os de Paccini/pressão e os de Rufini/temperatura). A hipoderme fornece a proteção mecânica e o isolamento térmico, além de ser uma fonte de armazenamento energético na forma lipídica. Contém o maior plexo vascular que nutre a pele e é composta por grupos de adipócitos, formando ácinos lobulados separados por septos fibrosos. Em processos inflamatórios denominados de paniculites, é importante diferenciar se a inflamação é predominantemente septal ou lobular. Ela também abriga os seguintes apêndices cutâneos: - Folículo piloso: fonte de regeneração epidérmica no caso de lesões profundas da pele (é revestido por epitélio escamoso estratificado); o número de folículos é definido na fase embrionária e não aumenta durante a vida (uma vez destruído, não é possível sua regeneração);
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- Glândulas sebáceas: produzem o sebum (mistura de
colesterol e ácidos graxos), que serve como proteção antibacteriana e hidratação da pele. São ligadas aos folículos pilosos, onde liberam a secreção, e são do tipo holócrina, ou seja, toda a porção celular da glândula é excretada junto com o sebum. Estão presentes em todo tegumento, exceto na região palmoplantar. - Glândulas sudoríparas: existem 2 tipos: • Écrinas: localizadas na transição da derme e hipoderme em toda a pele corporal, sua principal função é a regulação térmica pelo resfriamento da sudorese. Desembocam diretamente na superfície epidérmica, onde liberam de 0,5 a 10L de suor por dia (água + cloreto de sódio + ureia + lactato amônia). O estímulo colinérgico aumenta sua atividade; • Apócrinas: encontradas apenas nas regiões anogenitais e axilares e desembocam nos folículos pilosos, onde liberam a secreção composta por proteínas, carboidratos e íons férricos, que são metabolizadas por bactérias provocando o odor característico do suor. Só passam a funcionar na puberdade.
- Unhas: formadas pela matriz que se situa na porção pro-
ximal e que é responsável pelo constante crescimento. Formam a lâmina ungueal composta de queratina e que se situa sobre o leito ungueal. Distalmente à matriz, situa-se a lúnula. Além disso, temos o eponíquio ou cutícula, que é uma dobra de pele na porção proximal da unha, paroníquia que é a dobra de pele nos lados da unha, e hiponíquio, que é uma fixação entre a pele do dedo e a porção distal da unha.
Figura 2 - Estruturas da unha Tabela 1 - Comparação entre os principais tipos de glândulas Glândulas sebáceas Localização
Toda a pele, exceto palmas e plantas.
Glândulas écrinas Toda a pele, incluindo palmas e plantas.
Desembocadura Folículo piloso.
Direto na superfície.
Ducto
Epitélio escamoso.
Epitélio cuboidal.
Secreção
Espontânea.
Contração de fibras mioepiteliais.
Composição
Ácidos graxos, ceramidas e triglicérides.
Água, sais minerais, ureia e lactato.
CAPÍTULO
2
Doenças infecciosas e parasitárias Alexandre Evaristo Zeni Rodrigues
I. Doenças virais
D - Quadro clínico
1. Introdução
As verrugas vulgares, conhecidas por todos, são pápulas ceratósicas normocrômicas com pontos enegrecidos na superfície, sendo assintomáticas. Existem algumas variantes especiais com particularidades como as verrugas filiformes (mais alongadas), as verrugas plantares (conhecidas popularmente como “olho de peixe”), as verrugas planas (mais achatadas) e as verrugas periungueais (de difícil tratamento). Na região genital, normalmente são planas e podem ser consideradas DST, em algumas situações. Quando assumem uma coloração acastanhada, recebem o nome de papulose bowenoide, que tem um maior potencial de malignização para o carcinoma espinocelular.
Este capítulo aborda as doenças provocadas por vírus, inclusive as que têm manifestações sistêmicas (como as exantemáticas, por exemplo, rubéola e sarampo, que muitas vezes são debatidas com foco da Infectologia).
2. Verrugas A - Introdução São lesões benignas, porém contagiosas, restritas à epiderme e provocadas pelo vírus HPV, com diversos subtipos (mais de 100).
B - Epidemiologia As verrugas são doenças universais afetando qualquer faixa etária (comuns em crianças e raras nos idosos) e sem predileção por sexo. Também são importantes causadoras de DSTs, tendo alguns subtipos de HPV com implicação na oncogênese dos tumores de colo uterino.
C - Fisiopatologia Um pequeno trauma serve como porta para a entrada do vírus que infecta as células epidérmicas. Em pessoas normais, a infecção é controlada pela resposta imune celular, mas alguns indivíduos parecem ter uma deficiência específica nessa resposta ou uma imunossupressão mais generalizada, como portadores de HIV. Tabela 1 - Associações dos vírus HPV HPV 16 e 18
- Malignização. - Papilomatose respiratória;
HPV 6 e 11
- Lesões anogenitais; - Carcinoma de pulmão.
HPV 2, 3 e 10
- Epidermodisplasia verruciforme.
E - Métodos diagnósticos O diagnóstico é clínico. Em casos de dúvida, a biópsia para exame anatomopatológico pode ajudar. A tipagem do DNA do vírus com métodos de biologia molecular pode definir os pacientes que apresentam infecções pelos vírus potencialmente oncogênicos: HPV 6 e 11 e HPV 16 e 18.
F - Tratamentos Os tratamentos visam ao início de uma resposta imune por intermédio da inflamação da lesão. Para isso, são usados irritantes locais como ácidos salicílico e lático, podofilina, cantaridina e outros. Métodos destrutivos também são usados como cauterização química com ácido tricloroacético (ATA), eletrocoagulação e criocirurgia com nitrogênio líquido. O imiquimode tópico é um imunomodulador que aumenta a resposta celular contra o vírus, levando à melhora das lesões, principalmente nos casos de infecções genitais, em que os métodos destrutivos são agressivos.
23
DE RMATO LO GI A HHV-3
Herpes-zóster
HHV-4
Epstein-Barr
HHV-5
Citomegalovírus
HHV-6 HHV-7 HHV-8
Figura 1 - Verruga filiforme: pápula normocrômica alongada na região glabelar
Exantema súbito Sarcoma de Kaposi
Destes, o HHV-4 e o HHV-8 são os únicos com potencial de malignização. Neste capítulo, o foco maior está nas doenças estritamente dermatológicas. Todos os HHVs têm a capacidade de permanecer num estado latente, com uma reativação futura posterior que provoca as manifestações. Enquanto são portadores assintomáticos dos vírus latentes, os pacientes acabam por infectar outros contactantes íntimos, propagando o vírus.
A - Herpes-simples a) Introdução Os vírus do herpes-simples (HSV-1 e HSV-2), na maioria dos casos, causam infecções benignas mais recorrentes na pele (genitais e lábios) ou nos olhos. Podem, eventualmente, estar associados a quadros mais graves, como meningites e encefalites. b) Epidemiologia Figura 2 - Verruga comum: pápulas e nódulos acastanhados de superfície áspera na região tibial
O herpes-simples é universal, afeta todas as faixas etárias, dependendo da apresentação clínica, e não tem predileção por sexo. Os quadros recorrentes genitais muitas vezes são considerados DSTs, pois o contágio se dá por meio de contato íntimo. c) Fisiopatologia
Figura 3 - Verruga plana: pápulas normocrômicas achatadas em antebraço
d) Quadro clínico
3. Herpes A Tabela 2 apresenta os 8 tipos de herpes-vírus (HHV) que causam infecções nos humanos: Tabela 2 - Família Herpesviridae HSV-1
Herpes-simples tipo 1
HSV-2
Herpes-simples tipo 2
24
O herpes-simples necessita de um microtrauma para servir como porta de entrada para o vírus que, em uma primoinfecção, leva a quadros mais exuberantes com manifestações sistêmicas. O vírus tem tropismo por tecidos neurais, onde permanece em estado de latência e nunca é totalmente eliminado pelo sistema imunológico. Posteriormente, sua reativação leva às manifestações clínicas clássicas; tais reativações apresentam alguns fatores predisponentes, como exposição solar, doença febril, estresse emocional ou imunossupressão. O quadro inicial do herpes-simples pode se dar apenas com sintomas locais tais como ardor e/ou prurido. Com a evolução, surge uma área eritematosa e, em seguida, sobre esta, aparecem as vesículas de conteúdo claro no início e que podem se tornar hemorrágicas ou purulentas. As apresentações clínicas do herpes-simples são diversas: - Infecções mucocutâneas (HSV-1): podem ser apresentadas em qualquer região, mas comumente acon-
DERMATOLOGIA CASOS CLÍNICOS
CASOS CLÍNICOS
MEDCEL Uma paciente, de 45 anos, refere quadro de astenia, tosse persistente há 2 meses, perda ponderal de 5kg no período e início recente de lesões eritematosas nos membros inferiores, fez uso de anti-inflamatório não esteroide após surgimento das lesões, sem melhora, e não tem antecedentes patológicos. Ao exame, em bom estado geral, corada, hidratada, anictérica, acianótica. PA = 110x70mmHg, FC = 75bpm e aparelho respiratório = murmúrio vesicular positivo, sem ruídos adventícios; aparelho cardiovascular = bulhas rítmicas normofonéticas sem sopros; trato gastrintestinal plano, flácido, com ruídos hidroaéreos, indolor à palpação, sem visceromegalias e massas palpáveis; membros inferiores = pulsos presentes, artralgia à mobilização passiva e ativa dos joelhos, sem edema. A paciente apresenta as seguintes lesões:
1.
- Hb = 11g/dL; - Ht = 33%; - 6.500 leucócitos; - 200.000 plaquetas/mm3; - Biópsia da lesão cutânea = paniculite septal compatível com suspeita de eritema nodoso; - PPD = 25mm; - Raio x de tórax = adenomegalia hilar associada a uma imagem sugestiva de cavitação no ápice pulmonar direito. d) Qual é o principal diagnóstico diferencial?
CASOS CLÍNICOS
e) Quais exames complementares devem ser realizados para o diagnóstico?
f) Qual é o tratamento? a) Qual é a alteração notada ao exame da pele?
b) Qual seria a suspeita diagnóstica inicial?
c) Quais exames devem ser solicitados para a investigação inicial?
MEDCEL Uma paciente, de 18 anos, esteve no pronto-socorro com queixa de disúria e corrimento amarelado e teve o diagnóstico de infecção do trato urinário, sendo receitado norfloxacino por 3 dias. Melhorou dos sintomas urinários baixos, mas 1 semana depois passou a ter febre, anorexia e mal-estar; poucos dias depois, passou a referir dor nas articulações do tornozelo e do joelho, além de lesões cutâneas (Figura). Sem antecedentes patológicos, havia feito uso de dipirona para febre e, ao exame, estava em regular estado geral, corada, hidratada, anictérica, acianótica, com Tax = 38,5°C, PA = 110x70mmHg, FC = 100bpm e aparelho respiratório = murmúrios vesiculares positivos, sem ruídos adventícios; aparelho cardiovascular = 2 bulhas rítmicas normofonéticas, sem sopros; trato gastrintestinal = plano, flácido, com ruídos hidroaéreos, indolor à palpação, sem visceromegalias e massas palpáveis; Giordano = duvidoso; membros inferiores = edema e eritema da articulação do joelho direito. A paciente, ainda à inspeção, apresentava várias lesões acrais, como as da Figura a seguir:
2.
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DE RMATO LO GI A RESPOSTAS
e) Qual é o principal diagnóstico diferencial?
Caso 1 a) A paciente apresenta nódulos eritematosos nos membros inferiores.
f) Quais exames complementares devem ser realizados para o diagnóstico?
b) Eritema nodoso. O diagnóstico é sindrômico, implicando a suspeita de várias etiologias. Cerca de 50% dos casos são idiopáticos, porém, neste, suspeita-se de eritema nodoso como manifestação de doença sistêmica (tuberculose, sarcoidose, micose profunda). No nosso meio, é comum eritema nodoso pós-infecção estreptocócica, bem como pelo uso de anticoncepcionais orais. Entretanto, a anamnese descarta as 2 possibilidades. c) - Hemograma com contagem de plaquetas; - Biópsia da lesão cutânea; - PPD; - Raio x de tórax.
g) Qual é o tratamento?
d) Micoses profundas (paracoccidioidomicose, histoplasmose) e sarcoidose: ambas cursam com comprometimento do estado geral e sintomatologia pulmonar semelhante. As micoses profundas devem sempre fazer parte do diagnóstico diferencial da tuberculose em nosso meio, sendo importante achar o fungo no exame direto. A sarcoidose constitui um diagnóstico de exclusão, assim que se descartam as demais possibilidades em um paciente apresentando adenomegalia hilar bilateral tipicamente associada à sintomatologia pulmonar. e) Pesquisa de BAAR e fungos no escarro; lavado broncoalveolar com pesquisa de fungos e micobactéria. O diagnóstico da causa do eritema nodoso depende da historia clínica e do exame físico associados a exames direcionados para a suspeita. A maioria dos casos não tem etiologia definida, entretanto se deve sempre questionar sobre o uso de medicações e as infecções estreptocócicas prévias. Cerca de 30% dos pacientes com tuberculose podem cursar com eritema nodoso, e, como no Brasil há alta prevalência dessa micobactéria, deve-se sempre pensar nessa possibilidade diagnóstica. Nos casos de suspeita clínica importante, deve-se pesquisar BAAR no escarro, pela maior prevalência de tuberculose pulmonar, entretanto a tuberculose pode afetar qualquer órgão. Outro exame complementar importante é o lavado broncoalveolar com pesquisa de BAAR, principalmente nos casos com pesquisa de BAAR no escarro negativa e história clínica sugestiva. Em virtude da possibilidade de micoses profundas no diagnóstico diferencial, a pesquisa de fungos tanto no escarro como no lavado broncoalveolar também é necessária. f) Esquema I = RIP 2 meses + RI 4 meses. O tratamento deve ser orientado para tuberculose com rifampicina 600mg/d nos primeiros 6 meses, associada à isoniazida 400mg/d por 6 meses e à pirazinamida 2g/d nos 2 primeiros meses. O quadro cutâneo melhora conforme o controle do quadro infeccioso.
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DERMATOLOGIA QUESTÕES
QUESTÕES
2012 UERJ 1. Em uma noite escura, ao caminhar pela calçada de uma avenida pouco iluminada, uma trocadora de ônibus tropeçou ao fugir de assaltantes e caiu em valão de águas turvas, machucando-se bastante no ombro esquerdo e nas costas. No hospital, as feridas foram tratadas, e, ao mesmo tempo, foi-lhe explicado que as 2 regiões são propensas a desenvolver queloides. Em relação a essas cicatrizes, verifica-se que: a) têm predisposição genética autossômica recessiva em indivíduos da raça negra b) costumam estender-se profundamente no tecido celular subcutâneo adjacente c) há aumento da produção local de fibronectina, elastina e proteoglicanos d) tendem a regredir de modo espontâneo se não há tração tecidual Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2008 AMP CLÍNICA MÉDICA 2. Marque a alternativa correta em associação entre a categorização morfológica das lesões e das doenças cutâneas: I - Lesões vesiculosas II - Lesões pigmentadas III - Lesões descamativas IV - Lesões bolhosas V - Lesões pustulosas A - Acne vulgar, candidíase B - Herpes simples, disidrose C - Impetigo, pênfigo D - Lentigo, nevo halo E - Psoríase, líquen simples a) I-D, II-B, III-E, IV-A, V-C b) I-B, II-D, III-E, IV-C, V-A c) I-C, II-D, III-E, IV-A, V-B d) I-B, II-E, III-D, IV-A, V-C e) I-A, II-C, III-E, IV-D, V-B Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2006 HSPE SP 3. Os queloides são tumores dérmicos fibrosos e benignos com as seguintes características, exceto: a) apresentam produção excessiva de tecido conjuntivo b) apresentam produção excessiva de colágeno c) invadem tecido sadio, adjacente d) jamais evoluem para cura espontânea e) tendem à cura após excisão em nível de pele sadia Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2004 HSPE SP 4. Assinale a alternativa correta:
a) a epiderme é um epitélio escamoso estratificado que cobre toda a superfície corpórea. Diferencia-se precocemente, podendo ser identificada num embrião humano de 12 semanas b) a derme é constituída de 2 camadas: uma superficial – derme reticular – e uma profunda – papilar c) a queratina é responsável pela proteção mecânica de toda a superfície corpórea, incluindo as mucosas das cavidades oral e nasal d) os desmossomos são placas de espessamento da membrana celular, responsáveis pela união entre as células dérmicas e) as glândulas sebáceas são apêndices dos folículos pilosos. Localizam-se na derme e se abrem no canal pilossebáceo Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2004 HSPE SP 5. As principais fases da cicatrização das feridas, em ordem cronológica, são: a) inflamatória, fibroplasia e maturação b) fibroplasia, maturação e inflamatória c) inflamatória, maturação e fibroplasia d) fibroplasia, inflamatória e maturação e) maturação, fibroplasia e inflamatória Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2004 TÍTULO EM DERMATOLOGIA 6. Embriologicamente, o melanócito se origina da(o): a) crista neural b) gástrula c) apêndice epidérmico d) mesoderme Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2002 HSPE SP 7. Sobre a cicatrização das feridas, pode-se afirmar que: a) a 1ª fase da cicatrização é a celular b) o colágeno contém, na sua porção proximal, a hidroxiprolina e a hidroxicisteína c) a fase de fibroplasia ocorre a partir da 4ª a 5ª semana d) a fase celular produz grande quantidade de colágeno e) os tipos de colágeno mais comumente encontrados na pele são os tipos V e VII Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
Doenças infecciosas e parasitárias 2012 UNICAMP CLÍNICA MÉDICA 8. Um homem, 23 anos, teve a mão direita mordida e arranhada por um gato há 8 semanas. Há 3 semanas, surgiram, no local ferido, uma lesão papulonodular que evoluiu para
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QUESTÕES
Dermatologia normal
DERMATOLOGIA COMENTÁRIOS
COMENTÁRIOS
Questão 1. A herança é autossômica dominante. Não ocorre aprofundamento da lesão para a gordura subcutânea, pois é uma alteração no nível da derme, onde se encontram os fibroblastos. Nunca ocorre regressão espontânea e frequentemente recidivam após os tratamentos empregados; a tração tecidual é um fator agravante. Gabarito = C
cio já nas primeiras 24 horas e a fase de maturação, com retração cicatricial, pode se completar em até 6 meses. O colágeno tipo I corresponde a cerca de 80% do colágeno dérmico. A molécula de colágeno é formada por cadeias de hidroxiprolina e hidrolisina polimerizadas. Gabarito = A
Doenças infecciosas e parasitárias
Questão 2. Vesículas agrupadas são comuns no herpes e na disidrose. As lesões pigmentadas planas são vistas no lentigo e nevo halo (cursam com hipopigmentação); já as descamativas são vistas em processos inflamatórios da epiderme, como na psoríase e líquen. Lesões bolhosas podem ser encontradas nos pênfigos e no impetigo causado por Staphylococcus (impetigo bolhoso). As pústulas satélites são vistas na candidíase e as isoladas na acne. Gabarito = B
Questão 8. A esporotricose tem como manifestação mais frequente a forma cutâneo-linfática (descrita na questão) e o agente fúngico é o Sporothrix schenckii (por isso a positividade na cultura com Ágar Sabouraud e a não resposta aos antibióticos). Os felinos também são frequentemente atingidos por essa doença e podem transmitir aos seres humanos; acidentes com plantas e espinhos também são importantes para a epidemiologia. Gabarito = D
Questão 3. Os queloides tendem sempre a recidivar se for feita a excisão na pele sã. A forma correta da excisão é intralesional, mantendo uma pequena borda de tecido queloidiano. Gabarito = E
Questão 9. As possibilidades mais prováveis seriam a pitiríase versicolor e a pitiríase alba. O que nos leva a essa última são os limites imprecisos e a pele ressecada, o que não ocorre com a pitiríase versicolor. Vitiligo não apresenta descamação e pitiríase rósea é eritematoescamosa, e não hipocrômica. O irmão pode ter o mesmo problema, não pelo contágio, mas por semelhança genética no tipo de pele xerótica e também tendências atópicas, pois a pitiríase alba é mais comum nesses pacientes alérgicos. Gabarito = A
Questão 4. A epiderme se diferencia tardiamente no período fetal (ao redor do 6º mês). A derme é constituída de uma camada superficial, a derme papilar, e uma profunda, a derme reticular. As superfícies mucosas são áreas de epitélio estratificado não queratinizado. Os desmossomos são estruturas de coesão entre as células epidérmicas e não dérmicas. Gabarito = E Questão 5. A cicatrização se inicia com a chegada das plaquetas e leucócitos; a seguir, passa-se à proliferação dos fibroblastos que promovem a formação do tecido de granulação e a fibroplasia. A última fase de remodelação da cicatriz acontece com mudança do colágeno, caracterizando a maturação da ferida. Gabarito = A Questão 6. Nas primeiras semanas de gestação, ocorre o processo de gastrulação, com formação de 3 folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme. A ectoderme dará origem à neuroectoderme e àquilo que será a epiderme futuramente. O melanócito se origina da crista neural neuroectodérmica e migra para a epiderme ainda nas fases iniciais da embriogênese. Gabarito = A Questão 7. A 1ª fase da cicatrização é a inflamatória, também chamada fase celular pela característica do afluxo de células inflamatórias e eritrócitos até o local da ferida. Dura aproximadamente 48 horas. A 2ª fase, proliferativa, com aumento de fibroblastos e produção de colágeno, inicia-se ao redor do 2º ou 3º dia. A epitelização da ferida tem iní-
Questão 10. Devido ao quadro séptico e evidencias de tromboflebite de origem infecciosa, podemos já descartar as alternativas “b” e “c”, já que ambas são linfomas. O zóster oftálmico não evolui com necrose da cavidade oral. A aspergilose invasiva tende a acometer o pulmão conjuntamente. O quadro descrito em questão é bem clássico da mucormicose, uma micose profunda causada por fungos do gênero Mucorales, que tem tropismo pelos vasos e pode apresentar a forma rinocerebral, a mais comum, ou a forma disseminada, mais rara. Ambas têm alta taxa de mortalidade. Temos, como fatores predisponentes, a imunossupressão, principalmente em diabéticos. O tratamento é com anfotericina. Gabarito = D Questão 11. A maioria das lesões nodulares bacterianas necessita de drenagem para a cura. Como o furúnculo é superficial, em alguns casos não é necessário drenar. No caso dos abscessos perianais, é mandatória a drenagem precoce devido ao risco de disseminação. O fleimão é profundo e por isso precisa ser drenado. A eficácia da desvitalização química é baixa e por isso a cirurgia é necessária quando tecidos necrosados estão presentes. Gabarito = B Questão 12. O agente é parvovírus e não togavírus. O período prodrômico é discreto e incaracterístico com sintomas gripais leves que passam despercebidos. Evolui com
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Dermatologia normal