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MERCADO DE CAPITAIS O NOVO CANAL DE COMUNICAÇÃO COM O MERCADO E OS INVESTIDORES

1ª Edição, Setembro 2023


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ÍNDICE Nota Introdutória ..................................................................................................................... 03 Disclosures And Disclaimers .................................................................................................. 04 ANÁLISE MACROECONÓMICA ................................................................................................ 06 CAHORA BASSA - RELÁTÓRIO DE ANÁLISE FINANCEIRA ..................................................... 10

SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................................................. 11 VISÃO GERAL DA EMPRESA .................................................................................................... 12 ESTRUTURA ACCIONISTA ....................................................................................................... 14 VISÃO GERAL DO SECTOR ENERGÉTICO EM MOÇAMBIQUE ................................................ 15 EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA ............................................................ 16 EVOLUÇÃO DO CONSUMO ENERGIA ELÉCTRICA ................................................................... 18 SECTOR ENERGÉTICO ÁFRICA DO SUL .................................................................................. 21 ANÁLISE FINANCEIRA ............................................................................................................. 24 FACTORES DE RISCO ............................................................................................................... 30 INVESTIMENTOS E PERSPECTIVAS FUTURAS ...................................................................... 31 DESEMPENHO NOS MERCADOS DE CAPITAIS ...................................................................... 33 1. ANÁLISE PROSPECTIVA ...................................................................................................... 35 2. ANÁLISE COMPARATIVA (Múltiplos) .................................................................................. 37 RESUMO E CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO ............................................................................. 41

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NOTA INTRODUTÓRIA

A volatilidade dos indicadores macroeconómicos releva para os investidores, tanto particulares como institucionais, no sentido de adaptarem as suas estratégias de investimento, mitigando o risco e assegurando um retorno adequado. De modo a auxiliar os investidores na tomada de decisões de investimento e tendo em vista contribuir para o aumento da literacia financeira, sobretudo no que se refere ao funcionamento dos mercados de capitais, a FINANTIA inicia com a presente edição do #RESEARCH MERCADO DE CAPITAIS a elaboração de estudos periódicos de análises financeiras de empresas do Mercado nacional. O presente relatório centra a análise na Hidroeléctrica de Cahora Bassa, S.A (HCB). A opção por esta empresa prende-se com o facto de ser aquela que maior volume de transacções de títulos corporativos representa no conjunto do mercado e pela relevância económica do sector em que opera. É nosso propósito ir gradualmente alargando o âmbito de cobertura de análise a outras empresas de modo a dar uma imagem mais abrangente do conjunto do mercado. Este trabalho tem por pressuposto de que a ausência de análises que permitam aos investidores aferirem dos riscos, retornos e valorização dos activos mobiliários listados em bolsa, há uma série de distorções que influenciam o preço de mercados dos títulos de formas aleatórias e sem relação com o valor real dos activos, aferido pela capacidade de gerar retorno para os investidores. Assim, com este esforço pretendese contribuir para atenuar esta lacuna que impede os Mercados de Capitais em Moçambique de funcionarem de forma saudável e se desenvolverem, o que em última análise limita a capacidade de se afirmarem como mecanismo indispensável para o financiamento da economia.

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DISCLOSURES AND DISCLAIMERS

O presente relatório foi elaborado pela Finantia – Consultoria Financeira. Este relatório não deve ser interpretado como uma oferta ou solicitação de uma oferta de compra ou venda de qualquer título ou instrumento financeiro. A FINANTIA é uma entidade independente com a prerrogativa, porém não compromisso, de fornecer ou divulgar atualizações e/ou revisões de quaisquer declarações prospetivas contidas neste relatório. O presente relatório e a sua publicação, reflectem exclusivamente as opiniões do autor relativamente às empresas moçambicanas cotadas e/ou com títulos cotados na Bolsa de Valores de Moçambique e estão excluídos das pessoas e actividades que requerem registo prévio das autoridades reguladoras locais. O autor é o único e exclusivo responsável pelas informações, estimativas e previsões aqui contidas, e pelas opiniões expressas, que refletem exclusivamente seu próprio julgamento na data do relatório. O autor certifica que as opiniões expressas neste relatório refletem com precisão a sua opinião pessoal sobre as empresas-alvo e seus valores mobiliários. Embora o Autor possa ter recebido compensação pela elaboração dos Relatórios, seu conteúdo, análise, opiniões expressas são independentes no sentido em que não foram determinados nem influenciados pelas empresas analisadas. Como tal, o autor deste relatório não buscou ou obteve registo ou certificação como analista financeiro por qualquer regulador local, em qualquer jurisdição. Não foi necessária qualquer aprovação para publicação ou distribuição deste relatório e/ou obtida de qualquer autoridade local. As isenções de responsabilidade adicionais também se aplicam: EUA: De acordo com a Seção 202 (a) (11) da Lei de Consultores de Investimento de 1940, o autor deste relatório não deve ser qualificado como consultor de investimentos e, portanto, o registo na Securities and Exchange Commission ("SEC", autoridade do mercado de valores mobiliários dos Estados Unidos da América) não é necessário. Reino Unido: De acordo com a seção 22 da Lei de Serviços e Mercados Financeiros de 2000 (a "FSMA"), para que uma atividade seja uma atividade regulamentada, ela deve ser realizada "por meio de negócios". Todas as atividades regulamentadas estão sujeitas à autorização prévia da Autoridade de Conduta Financeira ("FCA"). Enfatiza-se e recomenda-se que toda e qualquer decisão de investimento que for tomada com base nesta informação seja antes verificada por um especialista financeiro com competências para emitir parecer ou prestar assessoria técnica acerca de matérias relacionadas com investimento, não podendo imputar-se à FINANTIA qualquer responsabilidade sobre as decisões de investimento que resultarem da assimilação do conteúdo do presente relatório. Os investidores devem procurar aconselhamento financeiro sobre a adequação de investir em qualquer título, nomeadamente nos cobertos pelo presente relatório.

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A informação contida neste relatório foi compilada pela Finantia de fontes públicas consideradas fiáveis, mas a Finantia não faz qualquer declaração de que é exacta ou completa, e não aceita qualquer responsabilidade por qualquer perda direta ou indireta resultante da utilização deste relatório ou do seu conteúdo. A Finantia escolheu livremente as empresas analisadas e é livre de interromper a cobertura de análise de quaisquer das empresas. Além disso, a alteração das condições de mercado e/ou a alteração de opiniões subjetivas podem conduzir a resultados de avaliação significativamente diferentes. As opiniões, estimativas e recomendações de outros analistas, podem ser inconsistentes com as opiniões expressas neste relatório. Qualquer destinatário deste relatório deve entender que as declarações sobre perspectivas e desempenho futuros são, por natureza, subjetivas e podem ser falíveis. Este relatório não menciona e/ou analisa necessariamente todos os possíveis riscos decorrentes do investimento na empresa-alvo e/ou título, nomeadamente o possível risco cambial resultante da denominação do título numa moeda que não a moeda do investidor, entre muitos outros riscos. As informações e opiniões expressas neste relatório não se destinam a estar disponíveis para qualquer outra pessoa que não sejam pessoas singulares ou coletivas moçambicanas ou pessoas domiciliadas em Moçambique. Durante a elaboração deste relatório, o autor não teve em consideração os objetivos específicos de investimento, situação financeira ou necessidades particulares de qualquer das empresas analisadas. Nos casos em que o relatório foi mostrado aos funcionários de empresas cobertas (Diretor de Relações com Investidores ou outros), esta diligência foi efectuada com o objetivo de corrigir imprecisões, e posteriormente modificada, antes da sua publicação. O conteúdo de cada relatório foi mostrado ou tornado público a partes restritas antes da sua publicação com o mesmo objectivo. A Finantia não negoceia ou oferece quaisquer serviços de investimento ou intermediação a contrapartes de mercado, clientes privados ou intermediários. Este relatório não pode ser reproduzido, distribuído ou publicado, no todo ou em parte, sem o consentimento prévio explícito de seu autor. Nem este documento nem qualquer cópia do mesmo pode ser levado, transmitido ou distribuído, direta ou indiretamente, em qualquer país que não seja Moçambique ou para qualquer residente fora deste país. A divulgação deste documento que não seja em Moçambique é, por isso, proibida e ilegal.

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ANÁLISE MACROECONÓMICA A Economia Global A previsão é de que o crescimento económico global diminua de uma estimativa de 3,4% em 2022 para 2,9% em 2023, conforme indicado pelo Fundo Monetário Internacional no World Economic Outlook, de janeiro de 2023. A previsão para 2023 está 0,2 pp acima da previsão anterior no World Economic Outlook (WEO) de outubro de 2022.

A elevação das taxas de juros pelos bancos centrais para lidar com a inflação e os efeitos do conflito entre Ucrânia e Rússia podem aumentar os custos globais de financiamento e afetar a atividade económica. Por um lado, a rápida disseminação da COVID-19 na China prejudicou o crescimento em 2022, mas medidas recentes de reabertura criaram condições para uma recuperação mais rápida do que o previsto. Nesse contexto, prevê-se que a inflação global diminua de 8,8% em 2022 para 6,6% em 2023, embora permaneça acima dos níveis pré-pandémicos (2017-19), em torno de 3,5%. A maioria das economias tem-se defrontado com pressões inflacionárias e condições monetárias mais restritivas, afetando a estabilidade financeira. A principal prioridade dessas economias continua sendo alcançar uma inflação sustentada, implementar ferramentas macro prudenciais, fortalecer quadros regulatórios e reestruturar a dívida. A Economia Moçambicana No passado recente a economia moçambicana tem sofrido uma série de estímulos negativos, sejam de origem externa, sejam por factores internos, que têm impactado de forma significativa uma série de indicadores relevantes, desde logo o crescimento da economia.

Se em 2015 o corte abrupto de financiamento dos principais parceiros do país levou a uma conjuntura macroeconómica desfavorável, já em 2020 a pandemia Covid e a destabilização de Cabo Delgado e várias catástrofes naturais, com brutais consequências sociais, levaram ao adiamento do desenvolvimento dos investimentos no sector do gás natural, que mais agravaram a conjuntura da economia, comprometendo o seu crescimento. Adicionalmente, o país tem sofrido pressões inflacionistas tanto por via das várias consequências resultantes da guerra na Ucrânia, como da subida das taxas de juro nos EUA e EU, que por sua vez obrigaram o Banco Central a aumentar substancialmente as taxas de juro de referência, mais limitando o crescimento da economia. Acresce ainda o elevado nível da dívida pública que contribui para refrear o seu desenvolvimento por impossibilidade de implementação de políticas expansionistas.

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De particular relevância é o nível de endividamento do país que ultrapassa os 100% do PIB (cerca de 112% no final de 2022) e que obriga à subida das taxas de juro de modo a mitigar as pressões inflacionistas (evitando igualmente a depreciação do Metical), condicionando negativamente o crescimento da economia. DÍVIDA NACIONAL MOÇAMBIQUE vs PIB (000.000.000 USD, %) 20

104%

101%

2017

2018

97%

132%

109%

112%

2019

2020

2021

2022

Dívida Nacional

GDP

16

12 8 4

0

O endividamento do país aumenta igualmente o risco de incumprimento o que diminui o grau de liberdade do governo no sentido de criar estímulos ao crescimento económico, novamente contribuindo para taxas de crescimento mais modestas do que seria possível atingir num cenário de menor endividamento. O crescimento do PIB real subiu de 2,3% em 2021 para uma estimativa de 3,8% em 2022, consolidando a recuperação de choques recentes como a pandemia de COVID-19, conflitos e tensões geopolíticas globais. O crescimento foi seguido por uma inflação mais alta, que aumentou de 5,7% em 2021 para 10,3% em 2022, impulsionada principalmente pelos aumentos nos preços de combustíveis e alimentos. A taxa de câmbio permaneceu estável. O déficit em conta corrente ampliou-se para 39,1% do PIB em 2022, a partir de 23,6% em 2021, devido a uma importação única de uma plataforma de gás natural liquefeito offshore estimada em 25% do PIB.

Previsão da evolução do PIB (USD, Milhares de Milhão) O déficit orçamental reduziu-se de 4,8% do PIB em 2021 para 3,7% em 2022 devido ao aumento da receita proveniente da maior atividade económica, apesar de uma pressionante folha de pagamento e serviço da dívida elevada. O sector financeiro permaneceu estável no primeiro semestre de 2022, com um aumento na taxa de solvência de 26,6% em junho de 2021 para 27,3%. A taxa de pobreza caiu marginalmente, de 64,5% em 2021 para 64,2% em 2022, seguindo um aumento de 1,0% no PIB per capita. O Novo Canal de Comunicação Com o Mercado e os Investidores

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Taxas de Juro Desde o aumento em 2021 da taxa de juros de referência de 15,25% para 17,25% O Banco Central de Moçambique tem mantido a taxa inalterada, mantendo-se os custos de empréstimos no nível mais alto desde março de 2018. Os formuladores de políticas afirmaram que a decisão tem como objetivo manter a inflação em um dígito no médio prazo, embora vários riscos e incertezas persistam, nomeadamente o elevado gasto público e a guerra na Ucrânia.

Previsão de evolução das taxas de juro A taxa de juros em Moçambique deverá ser de 17,25% até o final deste trimestre, de acordo com os modelos macroeconómicos globais da Trading Economics e as expectativas dos analistas. Inflação

A taxa de inflação anual em Moçambique tem vindo a diminuir ao longo de 2023, após uma tendência de subida iniciada em 2021, mas as expectativas de inflação ainda estão sujeitas a um grande nível de incerteza, especialmente para os combustíveis líquidos.

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EVOLUÇÃO DA INFLAÇÃO EM MOÇAMBIQUE (2017-2021, %) 15,1%

5,7% 3,9%

Inflação

2,8%

3,1%

Variação Inflação

10,7% -2,3%

84%

-20,1% -74%

Contrariando esta conjuntura em aspectos relevantes negativa, mantêm-se as perspectivas de avultados investimentos, precisamente no sector energético (tanto no gás como no hidroeléctrico) que permitem perspectivar o forte crescimento da economia. Em particular o influxo de moeda estrangeira, seja para os próprios investimentos, seja através das receitas por estes gerados, poderão ser decisivas para mitigar os principais desequilíbrios estruturais e conjunturais da economia moçambicana. Em conclusão, apesar da conjuntura no passado recente e presente não ter sido favorável, a verdade é que existem alguns sinais muito positivos e que poderão impactar positivamente a economia, permitindo que Moçambique regresse à trajectória de forte crescimento que caracterizou a economia no período pré-dívidas ocultas e crises subsequentes – com os inerentes resultados como sejam o aumento da riqueza, emprego, equilíbrio da balança com o exterior, fortalecimento do Metical e estabilidade social, entre outros.

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RELATÓRIO DE ANÁLISE FINANCEIRA Setembro, 2023

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SUMÁRIO EXECUTIVO A Hidroeléctrica de Cahora Bassa é uma empresa estruturante da economia moçambicana. Nela se tem sustentado a independência energética do país, potenciando o seu desenvolvimento económico e social. A sua relevância não se limita a Moçambique mas estende-se à região da África Austral, sendo peça fundamental no fornecimento de energia aos países limítrofes, em particular África do Sul e Zimbabué.

Reflectindo a centralidade da HCB na economia moçambicana, na última década a HCB tem consistentemente apresentado indicadores económicos e financeiros robustos, tanto ao nível dos seus resultados financeiros como do seu balanço, sendo simultaneamente contribuidor líquido para a economia do país e potenciador de crescimento e desenvolvimento económico através da provisão – produção e transporte - de energia eléctrica. Num mundo em que as energias limpas ganham rapidamente preponderância, face às alterações climáticas e outros factores geoestratégicos, é expectável que a posição competitiva da empresa seja reforçada no futuro, o que se traduz em excelentes perspectivas de investimento, crescimento e consequente melhoria da sua performance. Os seus principais mercados – África do Sul, Moçambique e em menor grau o Zimbabué – apresentam níveis de procura de energia eléctrica capazes de absorver a totalidade da produção. Em particular a África do Sul (sendo a empresa estatal Eskom o principal cliente da HCB) defronta-se com frequentes quebras no fornecimento, sendo, portanto, a energia produzida pela HCB muito relevante para minimizar essa deficiente satisfação da procura. A HCB tem vindo a executar um ambicioso plano de investimentos traçado que visa consolidar e melhorar os activos existentes, beneficiando ainda de várias possibilidades de novos negócios num futuro não muito distante. Do plano estratégico 2018-2022 destacou-se o objectivo prioritário de aposta na melhoria da “eficiência operacional”, ampla e expressivamente reflectido nos indicadores operacionais da empresa, que tem vindo sistematicamente a apresentar ganhos muito substanciais. Em resumo, partindo de uma base muito sólida em termos de performance e dos fundamentos do seu negócio, a HCB pode desenvolver-se ainda mais, reforçando a sua centralidade nos contextos moçambicano e da região. Na perspectiva dos accionistas, esta conjuntura muito favorável tem todas as condições para se traduzir em aumento de valor, se não através dos dividendos distribuídos (dado que a HCB está presentemente a realizar investimentos fundamentais ao seu crescimento futuro), seguramente através da incorporação no valor da acção dos múltiplos factores de valorização da empresa.

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O resultado mais substancial da análise realizada é de que, estando a HCB cotada em bolsa, verifica-se, no entanto, que o preço da acção não reflecte a previsível capacidade de gerar valor, sustentados na sua performance e perspectivas futuras, estando a acção substancialmente sub-avaliada. O presente relatório analisa em profundidade a HCB e visa precisamente incorporar informação relevante para a valorização da empresa e das suas acções cotadas, de modo a proporcionar uma visão mais ajustada à sua realidade. VISÃO GERAL DA EMPRESA A HCB iniciou as suas operações em 1977, fornecendo energia eléctrica a Moçambique, África do Sul, Zimbabué e outros países membros da SADC.

Sendo concessionária da central hidroeléctrica situada no Songo, província de Tete, com capacidade instalada de geração de 2.075 MW, bem como duas subestações (Songo e Matambo) e linhas de alta tensão fazendo a ligação Songo-África do Sul (em corrente contínua, numa extensão de 1400 Kms) e Songo-Matambo (em corrente alternada). Adicionalmente, a HCB mantém e opera uma linha de transporte e ligação ao Zimbabué (Bindura) com uma extensão de 400 Kms, propriedade da EDM. A actividade económica da HCB centra-se na produção, transformação e transporte de energia eléctrica, baseada na concessão do Estado Moçambicano da barragem de Cahora Bassa e equipamentos conexos de produção de energia, bem como das estações de transformação e respectivas linhas de transporte. A estrutura organizacional da empresa compreende o Conselho de Administração, órgão a quem cumprem as decisões fundamentais de gestão da empresa, assessorado por cinco gabinetes com áreas técnicas específicas, e uma estrutura departamental que desagrega a empresa nas suas principais áreas técnicas/operacionais – Produção, Hidrologia e Infraestruturas, Transporte e Projecto - e de gestão financeira. Em termos de governança, a estrutura da empresa inclui vários órgãos que, cada um na sua esfera própria, asseguram mecanismos de controlo interno e defesa dos interesses dos accionistas, em particular: Assembleia Geral e Conselho Fiscal, Comissão de Remunerações, o Conselho de Administração (assessorado pela Comissão de Risco e Auditoria e Comissão de Governo Societário).

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Historicamente os principais clientes da HCB são a ESKOM (África do Sul), EDM (Moçambique) e ZESA (Zimbabué), sendo a ESKOM o seu maior cliente que absorve cerca de 2/3 da energia comercializada. DISTRIBUIÇÃO DA ENERGIA EXPORTAÇÃO VS MERCADO INTERNO

POR TIPO DE CONTRATO E CLIENTE Contratos Firmes 82%

3% 6%

Eskom HVDC Contratos Firmes

ZESA

1%

11% 10%

EDM Norte EDM Sul Eskom HVDC

Contratos Variáveis

62%

8%

EDM Norte EDM Adicional Consumo Interno HCB

3%

Exportação 65%

1%

Contratos Variáveis 18%

Exportação

Eskom Zesa

Mercado Interno

62%

34%

EDM HCB (Interno)

1%

Mercado Interno 35%

A HCB relaciona-se comercialmente com os seus clientes sob duas formas de contrato: Contratos Firmes (compromisso de fornecimento de uma quantidade num período pré-definidos em condições pré-acordadas) e Contratos Variáveis (com o fornecimento de energia adicional consoante a capacidade e outros factores acordados). Tipicamente, a maior parte da energia vendida (mais de 80%) é através de contratos firmes, o que permite uma previsibilidade bastante segura numa porção maioritária do negócio. Em particular, a ESKOM (maior cliente da HCB, responsável por quase 2/3 da energia vendida pela HCB) compra a sua energia sob a forma de contratos firmes, sendo que a EDM (2º maior cliente) reparte as suas aquisições numa proporção semelhante entre contratos firmes e variáveis. De notar que cerca de 2/3 da energia comercializada pela HCB é exportada (na sua quase totalidade para a África do Sul), o que reforça a sua importância não só em Moçambique, mas na região e a constitui como um caso notável de competitividade a nível internacional, com o papel adicional de captar importantes divisas e contribuir para o equilíbrio das contas externas do país.

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ESTRUTURA ACCIONISTA Em 2007 dá-se um marco histórico da vida da HCB com a transferência da maioria do capital para o Estado Moçambicano, após prolongadas negociações com o Estado Português. Fruto desse acordo, o Estado Moçambicano passou a deter a maioria do capital (85%), mantendo o Estado Português os remanescentes 15%. Do mesmo acordo resultou a prorrogação do período de concessão para mais 25 anos, prolongáveis por um máximo de 10 anos adicionais.

Já em 2012, o Estado Moçambicano adquiriu mais 7,5% das acções da HCB, passando a deter 92,5% do capital, tendo o Estado Português alienando os restantes 7,5% à REN (Redes Energéticas Nacionais, S.A.). No final de 2018, no âmbito da preparação da HCB para a OPV de 7,5% das suas acções, foi o prazo da concessão alargado por mais 15 anos (até 2048), extensível por mais 10 anos. Em julho de 2019 a HCB vendeu em bolsa 4% de acções próprias detidas em carteira, numa operação exclusivamente aberta a entidades moçambicanas. Resultado destas várias alterações, actualmente a estrutura accionista distribui-se da seguinte forma:

De notar que faz parte do plano da HCB a alienação das acções próprias representantes de 3,5% do capital da empresa, no sentido de financiar o plano de investimentos da empresa, completando o processo iniciado em 2019 com a OPV dos 4% do capital actualmente detido por investidores moçambicanos. Igualmente relevante é o facto de a HCB ter a mais ampla base accionista de todas as empresas cotadas em Moçambique, com mais de 17 mil pequenos accionistas, tendo a sua listagem em bolsa constituído um marco fundamental na forma como a empresa se relaciona com o público e o mercado, pela abertura do seu capital a um grupo tão alargado de moçambicanos.

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VISÃO GERAL DO SECTOR ENERGÉTICO EM MOÇAMBIQUE

Moçambique é um país rico em fontes de energia e está a emergir como um dos principais produtores em África. Apesar de estar longe de explorar todo o seu potencial de geração energética, Moçambique é exportador líquido e apresenta o maior potencial de geração de energia da África Subsaariana. A biomassa (carvão vegetal) tem sido tradicionalmente a principal fonte energética do país, usada em particular nas zonas rurais e periurbanas, com enorme impacto ao nível ambiental pela implícita destruição da floresta. No entanto e apesar de o seu consumo ter vindo a aumentar em termos absolutos, outras formas de energia têm gradualmente contribuído para satisfazer a crescente procura, em particular o petróleo (usado sobretudo para transporte) e a hidroeléctrica (usada para a produção de energia eléctrica). Se em 1990 cerca de 94% da energia consumida em Moçambique era originada no carvão vegetal, já em 2020 o seu peso relativo passou a 64%. Em sentido inverso, a energia hidroeléctrica, o petróleo e o gás natural passaram de menos de 6% para mais de 30% da energia consumida no conjunto do país. EV OL UÇÃ O - EN ER GI A P OR OR I GEM (1990-2020)

5,2%

12,3%

93,7%

0,5%

228 154 241 731

267 717

298 298

220 007

300 755 322 086

0,5%

12,1%

68.9%

6,5%

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

À semelhança do que se observa no continente, também em Moçambique a bioenergia e os resíduos são as principais fontes de energia utilizadas, continuando a lenha a ser a principal fonte de energia nas comunidades rurais e o carvão vegetal para uso urbano. Associado a este consumo, a taxa de degradação florestal em Moçambique é de cerca de 0,36% ao ano, tendo o país perdido cerca de 370.000 quilómetros quadrados de florestas devido a prátcicas agrícolas insustentáveis, expansão urbana e produção de carvão vegetal e madeira. É por conseguinte, necessário criar fontes alternativas tanto de energia acessível como de rendimento para as famílias envolvidas na produção e venda de carvão vegetal, sendo a energia hidroeléctrica e proveniente do gás natural alternativas com crescente peso no consumo dos moçambicanos. Em resumo, o sector energético é estratégico para o desenvolvimento do país, a três níveis essenciais: I. Assegurar e potenciar o desenvolvimento económico através do acesso a energia, que deverá suportar, não só o previsível crescimento demográfico e gradual concentração da população nos centros urbanos, mas também a estratégia de industrialização do país (consumo interno); II. Facilitar o acesso a energia eléctrica (70% da população 2030, plano de governo), melhorando o desenvolvimento social e substituindo a biomassa como fonte de energia (consumo interno); O Novo Canal de Comunicação Com o Mercado e os Investidores

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III. Melhorar de forma profunda, através da exportação de energia (tanto de combustíveis fósseis – carvão mineral e gás – como de energia eléctrica - em particular hídrica - as contas públicas e o equilíbrio macroeconómico (exportação). EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA Presentemente, a hidroelétrica é a principal fonte de energia eléctrica, sendo plausível que no futuro gás natural e energias renováveis, em particular a solar, venham a ganhar gradualmente significância.

A energia solar é a renovável mais abundante em Moçambique que está exposto a elevados níveis de radiação solar e está praticamente inexplorado. Com 100 triliões de pés cúbicos (Tcf), as reservas de gás do país estão classificadas em 14º lugar no mundo, equivalendo a 1.545,7 do seu consumo anual (dados de 2015). O gás natural, do qual cerca de 25% deverá ser para consumo local, pode potencialmente (ao longo dos próximos 10 anos, dependendo da evolução dos investimentos), assegurar uma importante parte da geração total de energia. No entanto, dada a complexidade dos projectos de geração e a sua natureza capital-intensiva (com os inerentes elevados investimentos que comporta), há que ter em conta um período longo entre a definição do potencial e a sua realização. Assim sendo, é previsível que nos próximos anos a geração hidroeléctica mantenha a preponderância no mix-energético de produção. A produção de energia eléctrica moçambicana tem crescido a uma taxa anual superior a 16% ao longo dos últimos 25 anos, com um crescimento acumulado neste período de quase 4.000%, e sistematicamente acima do crescimento da própria economia. PRODUÇÃO ENERGIA ELÉCTRICA MOÇAMBIQUE (1990-2020, GWh)

17 007 16 117 15 176 14 766 13 316

18 992 18 982 18 912 18 515 17 642 17 139 16 457 14 922

16 655 16 543 15 028

12 712 11 885 11 714 10 912 9 696 6 864

476

7 718

TAXAS DE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO

Crescimento no Período

Taxa de Crescimento Anual

3 873%

16,6%

1 005

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

A evolução muito positiva do sector energético (sub-sector eléctrico) reflecte por um lado a robustez e as vantagens competitivas que Moçambique detém, desde logo na abundância de fontes energéticas e nos investimentos realizados para as aproveitar, e por outro a existência de mercados, internos e externos, suficientemente dinâmicos para absorver a energia produzida.

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Esta evolução é particularmente relevante dado que a energia eléctrica é fundamental para o desenvolvimento económico e social do país – potenciando a emergência de um tecido produtivo, em particular industrial, e o desenvolvimento dos centros urbanos acompanhando a evolução demográfica. Acresce a particularidade de uma parte significativa desta energia ser exportada – resultando na obtenção de divisas que contribuem de forma decisiva para mitigar desequilíbrios estruturais da economia, nomeadamente ao nível das contas com o exterior.

Observando a distribuição da energia eléctrica produzida pelas suas diversas fontes, imediatamente se constata a enorme preponderância da hidroeléctrica no mix de produção, tendo esta sido tradicionalmente a principal fonte de geração de energia eléctrica em Moçambique e sendo presentemente responsável por mais de 80% do total. PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉCTRICA POR FONTE (1995-2020, %) 1%

1%

1%

1%

7%

15% 16% 17% 20% 16%

Petróleo, Solar e Biocombustíveis 94% 97% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 99% 99% 98% 98% 92%

82% 80% 81% 79% 83%

Gás Natural

Hidroeléctica

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Nos anos mais recentes percebe-se ainda o gradual aumento do gás natural na matriz de produção de energia eléctrica moçambicana, à medida que os projectos de exploração (no caso Temane, província de Inhambane) e produção energética (caso da CTRG, central térmica de Ressano Garcia) se vão materializando. Apesar da produção actual e de curto prazo de gás natural ser em grande medida direccionada para a exportação, o desenvolvimento do gás natural no mix energético nacional é uma componente-chave da estratégia do governo de Moçambique para o futuro da geração de energia no país, sendo espectável que este sub-sector de produção energética vá ganhando relevância. Embora possa e deva ser considerado para impulsionar o desenvolvimento, incluindo o de fontes de energia renováveis, incluindo o uso e a conectividade das populações com energia limpa e acessível, Moçambique deve considerar o declínio a prazo da procura por combustíveis fósseis à medida que se dá a transição global para energia limpa. Embora a exportação possa ajudar à transição para um futuro de baixo carbono e o desenvolvimento do país, incluindo nas energias renováveis, a criação de infraestruturas baseadas no gás natural tem o potencial de bloquear o país num futuro de alto carbono.

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17


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

À semelhança do que acontece de forma genérica no continente africano, o potencial moçambicano em energias renováveis é igualmente substancial. O país, tem alta capacidade atual e potencial para a geração de energia verde em energia hidrelétrica, solar, eólica e biomassa. Estes podem fornecer soluções mais rentáveis para o fornecimento de eletricidade a comunidades remotas ou dispersas. POTENCIAL DAS PRICIPAIS FONTES DE ENERGIA RENOVÁVEIS EM MOÇAMBIQUE (GW)

4,50

18,60

Solar

Hidroeléctrica

2,00

5,6 Potencial Accionável 1,1 Curto-Prazo = 7,5 GW

Potencial (Total) = 48,1 GW

Eólica

23,00

0,6

0,128

Bioenergia

Enquanto, do potencial total de geração de energia solar (23.000 GW), apenas cerca de 2,7 GW podem ser realisticamente adequados para projetos solares, de acordo com os atuais planos de expansão da rede e da rede dispersam as populações rurais, há um alto potencial para sistemas solares domésticos fora da rede (SHS) e mini-redes. Importante ter em conta que a transição energética é tipicamente um processo gradual e de longoprazo, sendo as alterações tanto ao nível da produção como do consumo lentas. Ou seja, no futuro próximo não são expectáveis alterações significativas nas matrizes de produção e consumo. EVOLUÇÃO DO CONSUMO ENERGIA ELÉCTRICA Reflectindo o crescimento da economia, mas ainda assim superando-o, o consumo de energia eléctrica tem aumentado de forma robusta e sustentada, a uma taxa média anual de 12,4% nos últimos 25 anos, a que corresponde um crescimento total acumulado de mais de 1.500%. CONSUMO ENERGIA ELÉCTRICA MOÇAMBIQUE (1990-2020, GWh)

9 720 9 290 8 980

10 010

10 720 9 930 10 200

13 320 13 170 13 720 13 070 12 180 12 670 12 240 12 030 11 780 11 670

7 280 5 0705 020

1 200 738 898 832

2 230

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

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TAXAS DE CRESCIMENTO DO CONSUMO

Crescimento no Período

Taxa Composta de Crescimento Anual

1 559%

12,4%


O sector industrial tem sido desde 1996 o principal consumidor de energia eléctrica em Moçambique, sendo o sector residencial o 2º maior consumidor. CONSUMO ENERGIA ELÉCTRICA POR SECTOR (1990-2020, %) 24%

24%

22%

22%

39%

39%

37%

37%

7% 19%

37%

41%

5%

6%

8%

5%

6%

6%

7%

8%

9%

9%

11%

12%

13%

14%

14%

12%

12%

14%

12% Outros

74% 37%

9%

88%

88%

92%

93%

93%

92%

91%

91%

88%

88%

88%

87%

84%

83%

82%

83%

84%

84%

82%

84%

41%

Comercial / Serviços Públicos Residencial Indústria

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Desde 2001, ano de entrada em funcionamento da Mozal, inicialmente responsável por quase 40% do consumo nacional energia eléctrica, a distribuição do consumo de energia por sector tem-se mantido bastante estável.

Para se ter uma noção da importância da HCB no contexto da produção de energia eléctrica em Moçambique, o gráfico compara a produção da HCB com i. o consumo nacional e ii. A produção nacional desta energia (entre os anos de 2013 e 2020). PRODUÇÃO VS CONSUMO ENERGIA ELÉCTRICA MOÇAMBIQUE (2013-2020, GWh)

18 515

18 992 17 642

16 457

14 922

18 982

18 912

17 139 CONSUMO

12 180

12 670

13 170

13 320

13 720 13 070

12 240

14 432

12 030 15 892

16 574

15 575

13 778

13 695

14 656

15 351

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

PRODUÇÃO PRODUÇÃO HCB

Da comparação resulta que neste período a HCB por si só seria capaz de satisfazer a totalidade da procura actual de energia eléctrica do país (se ao invés de exportar dirigisse toda a produção para o mercado interno), sendo responsável (dependendo das flutuações anuais) por entre 70 e 97% do total de produção nacional.

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19


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

Acesso a Energia Eléctrica

Embora a situação tenha melhorado desde 2018, estima-se que menos de 50% da população tenha acesso à eletricidade. Além disso, a dimensão do país e as grandes distâncias para a distribuição na rede significam que se verificam elevadas perdas de energia na distribuição. Esta situação facilitou o desenvolvimento de soluções off-grid e destaca oportunidades para estas. ACCESSO ENERGIA ELÉCTRICA

ACCESSO - MEIO RURAL

(%, 2018)

ACCESSO - MEIO URBANO

13%

29%

43%

Com Accesso Sem Accesso

20

71%

87%

57%

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Por outro lado, na ausência de acesso a energia eléctrica, a matriz energética de consumo é ainda dominada pela bioenergia (carvão vegetal), com essa dominância esperada para continuar além de 2030. O acesso à energia e o acesso à energia limpa são fundamentais para alcançar o ODS 7: acesso universal a energia acessível, confiável e sustentável. É também uma das formas de evitar a utilização insustentável da energia da biomassa, como lenha e carvão vegetal, tanto em áreas rurais como urbanas, com consequente desflorestação e resultados líquidos positivos em termos de carbono. Concorrentemente, as utilizações da biomassa extraída têm o potencial de evitar emissões e de obter energia de forma eficaz. Como resultado, Moçambique precisa de mais do que duplicar a eletrificação para 6.500MW de modo a atingir o seu objetivo de eletrificação universal até 2030. Será fundamental que o país utilize o seu potencial de geração de energia para proporcionar acesso acessível e bem distribuído à sua população).

SECTOR ENERGÉTICO ÁFRICA DO SUL As economia sul-africana e moçambicana diferem em muitos aspectos, desde logo na sua escala, sendo o PIB da África do Sul mais de 20 vezes o de Moçambique. Por outro lado, a taxa de crescimento da economia moçambicana tem sido bastante superior e as perspectivas futuras mantêm esta espectativa nos próximos anos, pelo que tem havido uma gradual convergência. Estas diferenças reflectem-se igualmente nos padrões e dimensão do consumo de energia.

Também ao nível da produção energética, e em particular o sub-sector eléctrico, as diferenças são substanciais. O sector energético sul-africano caracteriza-se fundamentalmente por três factores: 1. Dependência de combustíveis fósseis (em particular o carvão) resultando no recurso a fontes de energia poluente; 2. Incapacidade de responder ao aumento de procura, fruto de falta de investimentos e sobreutilização da capacidade instalada, que tem originado racionamento e frequentes disrupções no fornecimento de energia eléctrica; 3. Falta de alternativas e impossibilidade de as mobilizar no curto-prazo.

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21


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

A confluência destes três factores fazem da África do Sul um país fragilizado do ponto de vista energético, tornando-o dependente de alternativas – como sejam o fornecimento da energia produzida por Cahora Bassa. Matriz Energética África do SUl (2020) Carvão 15,5%

Petróleo

5,0%

Biocombustíveis

3,4% 2,1%

Gás Natural

1,1%

Nuclear Solar/Eólica

72,9%

0,1% Hidoeléctrica

Hidroeléctrica

O carvão tem sido o pilar do sistema energético sul-africano, ocupando mais de 70% da capacidade instalada de geração, sendo o conjunto das restantes fontes responsáveis por cerca de 27%. Ao contrário de Moçambique, a energia hidroeléctrica produzida na África do Sul é marginal, com cerca de 0,1%. O Plano de Recursos Integrados de 2019 estabelece uma diversificação a longo prazo da matriz energética até 2030 no sentido de reduzir a predominância das fontes de energia poluentes e nãorenováveis, satisfazendo simultaneamente a crescente procura de energia e assegurando uma transição socioeconomicamente justa, o que favorece precisamente alternativas como a hidroeléctrica – mas em que os recursos locais são extremamente escassos. Ao contrário do que se observa em Moçambique, o consumo de energia, em particular eléctrica, apresenta uma tendência de praticamente estagnação, tendo inclusivamente diminuído marginalmente desde 2011.

Este padrão de consumo é incompatível com o crescimento da economia, o que é evidenciado no gráfico seguinte: o crescimento da economia sul-africana tem estado virtualmente estagnado ao longo da última década (com excepção da forte quebra e subsequente recuperação durante e pós-Covid em 2020 e 2021). Evolução Consumo Energia Eléctrica - África Do Sul (TWh)

22

206

196

2000

2001

209

213

217

222

229

238

232

224

233

238

231

230

229

228

225

227

229

225

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

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210

2020


Evolução da Taxa de Crescimento da Economia Sul-Africana (%, 2014-2022)

Esta tendência resulta precisamente da falta de capacidade para satisfazer a procura do que propriamente duma redução desta, sendo a escassez de fontes de energia eléctrica um travão ao crescimento da própria economia, levando inclusivamente o estado sul-africano a recorrer a racionamentos sistemáticos e regulares de modo a mitigar disrupções mais graves. Interessa extrair desta conjuntura o que releva para a HCB: a África Do Sul, pela escala da sua economia e os constrangimentos à geração de energia, em particular eléctrica e a partir de fontes renováveis, oferece excelentes condições para absorver a produção da HCB, tanto a presente como a que futuramente a HCB venha a ser capaz de produzir. O histórico demonstra a competitividade da energia eléctrica da HCB face a outras fontes de energia consumidas pela África do Sul, sendo que este cenário se deverá manter no futuro previsível e num prazo bastante alargado.

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23


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

ANÁLISE FINANCEIRA O histórico recente (últimos 10 anos) da HCB aponta claramente para uma performance em crescendo ao nível operacional, reflectida nos principais indicadores financeiros, desde logo ao nível dos resultados. Olhando para as principais rúbricas da demonstração de resultados (que reflectem precisamente a performance operacional e financeira da HCB):

• O produto das vendas aumentou em cada um dos anos deste período (com excepção de 2022), passando de menos de 10.000 milhões MTN para mais de 27.000 milhões, um aumento acumulado de 198%, ou seja, quase 13% ao ano. Este crescimento é tanto mais notável quanto durante este período foram várias as circunstâncias que afectaram negativamente a economia moçambicana (dívidas ocultas e Covid 19). O volume de negócios da HCB cresceu, portanto, muito acima das taxas de crescimento da economia no seu conjunto, e mesmo em anos de contração foi capaz de manter as elevadas taxas de crescimento, evidenciando a diversificação da sua base de clientes e demonstrando a sua resiliência. De notar que a quebra de receitas em 2022 é em grande medida explicada pela depreciação do Rand sulafricano, moeda de denominação de cerca 2/3 das receitas. Vendas Bens e Serviços (MTN, milhão)

28 986 22 340

12 856 9 111

9 747

2013

2014

2015

15 044

15 575

2016

2017

23 842

25 770

27 109

198%

2018

2019

2020

2021

2022

• Igualmente ao nível da Margem Bruta se regista um aumento substancial agregado de 205%, verificando-se ainda que em termos relativos (Margem Bruta/Vendas) se dá um crescimento de 2,34% pontos percentuais (de 87,88 para 89,94%), demonstrando ganhos de eficiência nas operações.

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De notar que apesar de 2021 para 2022 se verificar uma pequena redução da Margem Bruta, o valor registado em 2022 é ainda assim superior ao registado em 2020, mantendo, portanto, uma tendência de subida face aos valores históricos anteriores. Margem Bruta (MTN, milhão)

25 906

19 931

11 432 8 007

8 677

2013

2014

2015

13 392

13 838

2016

2017

21 246

22 966

24 382

205%

2018

2019

2020

2021

2022

• O EBITDA acompanha o crescimento do volume de negócios e das margens, passando no período de pouco mais de 4,3 para 16,8 mil milhões de MTN, practicamente quadruplicando o seu valor inicial. De notar que esta rúbrica é particularmente beneficiada em 2021 pela reversão de imparidades anteriormente reconhecidas sobre dívidas vencidas a clientes (EDM e ZESA), o que explica em grande medida o crescimento substancialmente acima do que a evolução do volume de negócios e respectivas margens fariam esperar nesse ano. Excluindo, portanto, as circunstâncias particulares verificadas em 2021, em 2022 o EBITDA mantém a tendência de subida face ao histórico dos anos anteriores. EBITDA

(MTN, milhão)

21 689 16 818 14 169 11 772 8 063

4 325

2013

9 328

9 261

2016

2017

12 192

289%

5 478

2014

2015

2018

2019

2020

2021

2022

´

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25


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

• Como corolário dos anteriores indicadores de performance, os Resultados Operacionais da HCB têm crescido substancial e sustentadamente ao longo dos últimos anos, demonstrando a capacidade da gestão e operação, bem como a resiliência da empresa aos vários factores de risco. De facto, a evolução dos Resultados Operacionais é particularmente significativa, apresentando uma taxa agregada de crescimento de quase 545% - 23% CAGR -, muito acima das taxas de crescimento da economia e independentemente das várias vicissitudes com que esta se tem deparado. Resultados Operacionais (MTN, milhão)

19 314

14 386 9 594

2 229

2 013

3 737

2 014

7 441

7 196

2 016

2 017

9 988

11 835

545%

5 183

2 015

2 018

2 019

2 020

2 021

2 022

• Na mesma linha, os Resultados Líquidos da HCB têm genericamente crescido a bom ritmo, 18,9% CAGR ou 299% no conjunto do período, atingindo em 2022 mais de 9 mil milhões de MTN, que comparam com 2,3 mil milhões em 2013. Resultados Líquidos (MTN, milhão)

9 824

6 555

2 310

2 396

2 013

2 014

2 015

2 016

9 207

6 063 4 214

4 155

10 155

2 017

299%

4 645

2 018

2 019

2 020

2021

2022

Da análise dos dados financeiros sobre a performance da HCB, facilmente se depreende da robustez do seu negócio. Dado que a análise se reporta a um período bastante alargado – 10 anos – conclui-se que os indicadores reflectem tendências sustentáveis de longo prazo e não meras circunstâncias conjunturais. Importante igualmente entender que a boa performance da HCB se alicerça na capacidade de gestão e operação da empresa nas suas diversas componentes:

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i. Ao nível da operação, os índices de eficiência aferidos por indicadores técnicos que permitem concluir da sua gradual melhoria, evidenciada pela evolução das margens operacionais; ii. Ao nível comercial, pela capacidade de negociar condições financeiras favoráveis junto dos seus clientes de referência, acrescendo volume de negócio para quantidades produzidas relativamente estáveis; iii. Ao nível financeiro, na gestão dos principais factores de risco (como sejam os cambiais ou longos prazos de recebimento) e pela manutenção de uma postura de prudência, como são exemplo as políticas conservadoras na distribuição de dividendos e de endividamento; iv. Ao nível da gestão estratégica, que prioriza os investimentos que asseguram a operação eficiente e sem interrupções na produção, conversão e transporte de energia, adequadamente mantendo e modernizando os activos sob gestão. Dada a capacidade limitada e constante de geração de energia (definida pelos activos existentes e constantes no período em análise), é notável como ainda assim os indicadores financeiros demonstram evoluções muito positivas em toda a linha, seja ao nível do volume de facturação, seja ao nível das margens e resultados. Acresce que historicamente a evolução do negócio da HCB é substancialmente mais positiva do que as das economias que lhe são relevantes (Moçambique, África do Sul e Zimbabué, onde se encontram os seus principais clientes), tendo as taxas de crescimento do volume de negócio sistematicamente superado as taxas de crescimento destas economias, ainda que haja alguma correlação entre o crescimento das economias e o crescimento do volume de negócios da HCB. Taxas de Crescimento: Economia vs Volume de Negócios HCB (%) 50%

Taxa Média Anual de Crescimento

40% 30% 20% 10%

16,3%

Vol Negócios HCB

3,5%

Moçambique

0,6%

África do Sul

1,0%

Zimbabué

0% -10%

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

Ou seja, a energia produzida e vendida pela HCB demonstra ser competitiva nos mercados em que é comercializada, sendo a sua procura resiliente mesmo em cenários macroeconómicos menos favoráveis. De notar que no actual contexto em que as energias limpas e renováveis ganham preponderância, é expectável que esta posição favorável da HCB se mantenha e se reforce no futuro, com uma procura que sempre superará a capacidade instalada de produção.

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#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

A evolução do balanço da HCB é consistente com a evolução da performance operacional, caracterizando-se pela melhoria gradual da sua robustez aferida pela diminuição do passivo e aumento tanto do activo como dos capitais próprios.

Se por um lado a HCB tem mantido uma política prudente de distribuição de dividendos, internalizando uma parte substancial dos lucros, é importante entender que estes recursos serão instrumentais na continuada melhoria da performance e valorização da empresa, sustentando uma estratégia de investimentos, que consolidam e garantem a sua capacidade produtiva, e simultaneamente permitem a redução muito substancial do passivo. De notar que, uma vez concretizados estes investimentos fundamentais, a política de dividendos poderá ser ajustada de modo a melhor remunerar os investidores. • O Activo da HCB tem vindo a aumentar progressivamente a uma média de 4,8%/ano, superando em 2022 os 86 mil milhões de MTN, face aos menos de 57 mil milhões registados em 2013. Activo

(MTN, milhão) 75 127 56 598

56 010

58 411

2013

2014

2015

63 543

2016

59 010

59 963

2017

2018

86 461

79 877

53%

65 441

2019

2020

2021

2022

• Em sentido inverso, o Passivo tem decrescido ao longo dos últimos 10 anos, sendo practicamente residual face ao montante dos Activos, o que diz bem da enorme robustez do balanço da HCB. De facto, o Passivo no final de 2022 representava menos de 4% do total dos activos, uma melhoria substantiva face aos 23% verificados em 2013 e em si mesmo um rácio notoriamente baixo para uma empresa da escala da HCB. Passivo

(MTN, milhão) 13 358

11 393

10 271

9 815 8 222

-75%

5 711

4 690 3 129

2013

28

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2 233

2020

2021

3 310

2022

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• Simultaneamente, os Capitais Próprios da HCB têm vindo a aumentar – 80% no agregado do período – passando de 43 para 77 mil milhões. Capitais Próprios (MTN, milhão)

77 644

83 150

70 437

62 311 43 240

44 617

2013

2014

48 140

2015

53 728

2016

50 787

2017

54 252

2018

92%

2019

2020

2021

2022

Da análise do Balanço da HCB resulta claro que este é extremamente robusto, reflectindo simultaneamente a boa performance da empresa e uma política conservadora de aplicação dos fundos gerados pelo negócio, orientada para a geração de valor e prudência na gestão de riscos. De notar ainda que a HCB denota uma política de financiamento marcadamente conservadora, sendo o financiamento externo (bancário/dívida financeira e dívida comercial a fornecedores) absolutamente residual, recorrendo a empresa a financiamento interno, seja via fundos gerados pelo negócio, seja através de Capitais Próprios dos accionistas. Uma das implicações prácticas desta postura é a enorme capacidade de financiamento externo (gearing) inexplorada e que permite facilmente levantar fundos caso se entenda fazer sentido, em particular para investimentos futuros que potenciem a escala e rendibilidade do negócio. Igualmente relevante é a enorme liquidez demonstrada nas rúbricas de Activo, sendo que o Activo corrente/curto-prazo (em particular Caixa e Dívidas de Clientes) responsável por mais de 1/3 do total dos Activos. Este nível de liquidez, para lá doutras considerações, acrescenta solidez ao Balanço e garante que a HCB está em excelentes condições para fazer face a qualquer necessidade de tesouraria.

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29


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

FACTORES DE RISCO

• Risco Cambial As Receitas da HCB estão maioritariamente expostas às vendas à ESKOM pagas pelo cliente em moeda estrangeira ZAR (as receitas da HCB estão sujeitas ao risco cambial, exacerbada pelo facto dos contratos serem a longo prazo). Tendo quase 2/3 das suas receitas em Rand sul-africano, a sua exposição a flutuações desta moeda face ao Metical pode potencialmente ter um impacto importante nas contas da HCB. Observa-se nos últimos anos alguma volatilidade na relação entre as duas moedas e uma tendência de gradual valorização do Metical, que entre 2018 e 2022 se valorizou cerca de 18%. EVOLUÇÃO TAXA DE CÂMBIO MTN/ZAR 5,5 5,13

5

4,5

4 3,82

3,5 3,5

2018

2019

2020

3,45

2021

2022

Jan 02 Jan 15 Jan 30 fev. 13 fev. 26 mar. 14 mar. 27 abr. 09 abr. 22 maio 07 maio 21 jun. 03 jun. 16 jun. 29 jul. 12 jul. 26 ago. 11 set. 03 set. 17 out. 01 out. 14 out. 27 nov. 09 nov. 23 dez. 06 dez. 19 Jan 02 Jan 16 Jan 29 fev. 11 fev. 24 mar. 12 mar. 25 abr. 07 abr. 21 maio 07 maio 20 jun. 02 jun. 15 jun. 29 jul. 12 jul. 25 ago. 08 ago. 21 set. 03 set. 16 set. 29 out. 12 out. 25 nov. 07 nov. 20 dez. 04 dez. 17 dez. 30 Jan 12 Jan 25 fev. 07 fev. 20 mar. 07 mar. 20 abr. 04 abr. 17 abr. 30 maio 13 maio 26 jun. 08 jun. 22 jul. 07 jul. 20 ago. 02 ago. 15 ago. 28 set. 11 set. 24 out. 07 out. 20 nov. 02 nov. 15 nov. 28 dez. 11 dez. 24 Jan 08 Jan 21 fev. 03 fev. 16 mar. 05 mar. 18 mar. 31 abr. 13 abr. 26 maio 09 maio 22 jun. 04 jun. 19 jul. 02 jul. 15 jul. 28 ago. 10 ago. 23 set. 05 set. 18 out. 01 out. 21 nov. 04 nov. 19 dez. 04 dez. 21 Jan 06 Jan 19 fev. 01 fev. 14 fev. 27 mar. 12 mar. 25 abr. 07 abr. 20 maio 03 maio 17 maio 30 jun. 12 jun. 25 jul. 08 jul. 21 ago. 04 ago. 17 ago. 31 set. 13 set. 27 out. 10 out. 25 nov. 08 nov. 21 dez. 04 dez. 17 dez. 30

3

Constata-se no, entanto, que ao longo deste período as receitas da HCB traduzidas em Metical têm ainda assim aumentado sucessivamente, o que evidencia a capacidade da empresa de gerir este risco cambial. • Risco Macro-Económico Como foi já referido, verifica-se que a performance da HCB tem sido relativamente imune a flutuações macroeconómicas, seja pela rigidez da procura de energia, seja pela competitividade da energia eléctrica produzida pela HCB no mix-energético dos seus principais mercados (Moçambique e África do Sul). Esta característica é particularmente evidente em cenários recessivos ou de menor crescimento económico, em que ainda assim os indicadores de performance da HCB superam largamente os da economia no seu todo. Deste modo, o risco económico, que noutros sectores e empresas é determinante à sua viabilidade, é muito mitigado no que concerne ao setor energético/sub-sector energia eléctrica, contribuindo para a robustez da HCB e constituindo a empresa (na perspectiva do investidor/accionista) como alternativa de investimento que minimiza a exposição à economia no seu todo. • Risco de Negócio Sendo o sector energético tipicamente capital intensivo e as alterações à matriz de oferta e consumo fenómenos de longo prazo, as alterações aos pressupostos que condicionam a competitividade da HCB deverão manter-se estáveis no futuro próximo, com eventuais alterações ocorrendo de forma gradual. Assim, a HCB deverá manter a sua excelente posição competitiva nos próximos anos, a que acresce a possibilidade, capacidade financeira e técnica, de ela própria entrar em projectos de investimento que no sector energético que reflictam novas tendências. Ou seja, nada impede a HCB de se ir reposicionando de modo a beneficiar de investimentos, fortalecendo a sua posição dominante na produção de energia eléctrica em Moçambique, seja na energia hidroeléctica (como é patente no seu envolvimento directo na nova barragem de Mpanda-Nkuwa), seja em projectos noutras formas de produção energética complementares (gás natural, solar, etc).

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INVESTIMENTOS E PERSPECTIVAS FUTURAS A HCB delineou um ambicioso plano de investimentos estratégicos (CAPEX Vital) com um orçamento global orçado em cerca de 600 milhões de USD, que visam sobretudo reabilitar equipamentos e infraestruturas essenciais à sua operação. O CAPEX VITAL deve assegurar os níveis elevados de eficiência na produção e transporte da energia eléctrica de modo a sustentar o nível de negócio da empresa.

PRINCIPAIS INVESTIMENTOS DO CAPEX VITAL:

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31


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

Os investimentos centram-se nas áreas de produção e transformação da energia, sendo o seu transporte contemplado com manutenções regulares da infraestrutura. Em grande medida os investimentos deverão ser suportados pelos fundos próprios da HCB, o que por sua vez justifica uma política conservadora na distribuição dos lucros aos accionistas sob a forma de dividendos. Esta política conservadora tem, entre outros resultados, uma poupança nos custos de financiamento, evitando recorrer ao crédito que em Moçambique comporta custos muito elevados, dadas as altas taxas de juro. De realçar ainda que em paralelo a HCB tem vindo igualmente a reduzir substancialmente o seu passivo e reforçando uma política que claramente privilegia o financiamento com base nos capitais próprios gerados pela empresa. A OPV (Oferta Pública de Venda) de uma pequena parte do seu capital a novos accionistas ocorrida em 2019 enquadra-se precisamente nesta estratégia de financiamento dos investimentos – os fundos encaixados pela HCB totalizam pouco menos de 10% do montante global dos investimentos. Num sector onde não faltam possibilidades de investimentos e onde a procura – tanto interna como externa, em particular nos países limítrofes – largamente ultrapassa a capacidade de produção instalada, a HCB tem diversas oportunidades de orientar o seu crescimento, dado que o mercado de energia eléctrica oferece um enorme potencial de crescimento, sendo que a nível financeiro, a HCB está muito bem posicionada para investir – detendo uma substancial capacidade não utilizada de alavancagem, fruto de um nível muito baixo de passivo e um nível elevado de liquidez. É, portanto, expectável que no novo Plano Estratégico (actualmente em fase de concepção) alguns destes potenciais investimentos venham referidos de forma mais explícita, o que permitirá estimar com maior precisão as perspectivas futuras de crescimento da empresa.

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DESEMPENHO NOS MERCADOS DE CAPITAIS A HCB foi admitida em bolsa em 2019 e com a cotação inicial de MZN 3.00 por acção transaccionada.

Conforme ilustra a figura abaixo, logo após a admissão à cotação as acções da HCB sofreram uma notável valorização, tendo atingido o seu valor máximo de 13,75 MTN/acção cerca de dois meses depois da entrada em bolsa, ou seja, mais do que quadruplicado o seu valor original. Esta significativa variação do preço da acção, posteriormente corrigida, só pode ser atribuída a movimentos especulativos dado que nenhum evento relevante com impacto no valor intrínseco da empresa ocorreu nesse período. Importante notar que tipicamente as transacções em bolsa da acção da HCB são em muito pequenos volumes e por accionistas individuais que, apesar da marginal representatividade, têm um impacto enorme na definição do valor de mercado da empresa. Como o mecanismo de definição do preço resulta do valor da última transacção (ou ordem de venda), basta que um único investidor tome uma decisão irracional/mal informada para que o valor de mercado da empresa seja dramaticamente afectado, independentemente de qualquer relação com a performance e valor intrínseco da HCB. Tipicamente em mercados mais líquidos e maduros, esta volatilidade excessiva e fixação de preços sem relação com o valor da empresa é corrigida pelo maior número de transacções, que de forma mais correcta aproximam o preço da acção ao valor da empresa. EVOLUÇÃO DA COTAÇÃO HCB (OPV - Fev-2023) 15,00

13,75

14,00 13,00 12,00

11,00 10,00 9,00 8,00 7,00

6,00 5,00

3,00

4,00 3,00 2,00

1,00 -

OPV

1,17 MÁX

12-08-19 14-10-19

> 3,0

21-07-20

MÍN

24-10-22

Após um período inicial de grande volatilidade, a acção da HCB foi gradualmente estabilizando o seu preço, tendo transaccionado acima do valor inicial e em torno dos 4 MTN/acção até julho de 2020. Desde então o preço da acção não voltou a ultrapassar o preço inicial de cotação, passando a transaccionar abaixo deste (atingindo um mínimo de 1,17 MTN/acção em outubro de 2022, correspondendo a uma desvalorização de mais de 60% face ao valor de cotação inicial). O que é importante realçar é que a tendência de desvalorização da acção no conjunto do período que medeia entre a cotação em bolsa e o presente ocorre quando, no sentido contrário, a HCB apresenta uma evolução muito positiva dos seus indicadores de performance, operacionais e financeiros, igualmente reflectidos no robustecimento do seu balanço, a que acresce o anúncio de futuros investimentos que por princípio deverão acrescentar valor à empresa. Ou seja, parece não haver uma correspondência entre o real valor da HCB e o preço fixado no mercado bolsista, que ignora (não incorpora) a informação que a empresa vai reportando aos investidores e que reflecte a tendência positiva da sua performance e consequente criação de valor. O Novo Canal de Comunicação Com o Mercado e os Investidores

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#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

O desfasamento aparente entre a cotação da empresa e aquilo que os indicadores operacionais e financeiros fariam esperar é em certa medida explicado pelo mecanismo de fixação de preço da acção no mercado secundário (como se depreende da análise desse preço no período imediatamente após a entrada em bolsa). Mas explica-se também pela deficiente percepção do valor da empresa pelos que, entretanto, vão dando ordens de venda da acção, recorrentemente colocando-a abaixo do valor de cotação inicial, apesar dos indicadores de performance expressivamente contrariarem essa tendência. Uma das possibilidades de explicação para este comportamento poderá residir no facto da HCB ter uma política conservadora de distribuição de dividendos que poderá influenciar negativamente a percepção do investidor. Se o investidor apenas considera o retorno imediato do seu investimento por via dos dividendos recebidos (não valorizando o facto de que reinvestindo os lucros não distribuídos a HCB deverá acrescentar valor à própria empresa), é natural que atribua um valor menor à HCB, ignorando informação essencial à sua avaliação. De notar que a HCB tem vindo gradualmente a aumentar os dividendos distribuídos, mas mesmo este aumento não tem sido suficiente para impactar de forma positiva a sua valorização no mercado bolsista. Vale a pena referir que esta discrepância entre a evolução do preço accionista das empresas cotadas na Bolsa de Moçambique e as suas respectivas performances não é exclusivo da HCB, antes parece ser um fenómeno transversal e que em grande medida afecta o saudável funcionamento do mercado (em particular o secundário).

34

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AVALIAÇÃO 1. ANÁLISE PROSPECTIVA Dada a dificuldade em estimar de forma precisa as taxas de desconto que deveriam ser usadas para a avaliação dos fundamentais da HCB, o grau de arbitrariedade que existe na sua estimativa e o impacto que diferentes taxas de desconto têm na avaliação da empresa, a abordagem que fazemos neste primeiro relatório é ligeiramente diferente: encontrar a taxa de desconto implícita em diferentes cenários, inferindo se esta é ou não excessiva, sem a preocupação de com rigor a definir. Deste modo pretendemos fornecer informação pertinente à avaliação da HCB sem entrar em análises que contêm demasiada arbitrariedade. Na medida em que aprofundemos o conhecimento sobre a empresa e os modelos de análise ganhem robustez, poderemos vir a tomar uma abordagem mais rigorosa.

De acordo com as estimativas de evolução futura do negócio da HCB (estimadas até 2040), a empresa deverá apresentar uma evolução positiva dos seus principais indicadores financeiros. De forma conservadora, as estimativas posteriores a 2022 apontam para um cenário de menor crescimento do que nos últimos anos, tal como é apresentado na tabela: ESTIMATIVA DA EVOLUÇÃO (Taxa de crescimento) ANUAL MÉDIA DOS INDICADORES FINANCEIROS BASE

Histórico Hist. + Projecç. Projecções

(2017-2021)

(2017-2040)

(2022-2040)

Receitas Brutas

21%

10%

7%

Receitas Líquidas

27%

11%

8%

Free Cash-Flow

34%

12%

8%

As projecções financeiras da HCB são, portanto, conservadoras e prudentes, dado que são no máximo 1/3 do verificado nos últimos cinco anos. Sem entrar em detalhe nos pressupostos adicionais subjacentes às estimativas/previsões (que se prendem com múltiplas variáveis) realça-se o enorme cuidado em manter as estimativas sob cenários conservadores (por exemplo, considerando uma taxa de câmbio MTN/ZAR de 3,0) de modo a evitar o empolamento dos indicadores financeiros.

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#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

Tendo como pressupostos a evolução futuras das rúbricas financeiras, a análise seguinte apresenta vários cenários de avaliação através do método de Desconto dos Cash-Flows (VAL – Valor Acrescentado Líquido) para taxas de desconto distintas e os resultantes valores de avaliação global da HCB e da acção:

CENÁRIO DE AVALIAÇÃO DA HCB PARA DIFERENTES TAXAS DE DESCONTO NPV (ZAR)

49 388 370 875

NPV (ZAR)

31 994 362 767

NPV (ZAR)

Taxa Desconto

10%

MTN/ZAR MTZN/USD

3 63

NPV MTN

148 165 112 624

NPV MTN

95 983 088 302

NPV MTN

67 746 580 411

# ACÇÕES

27 475 492 580

# ACÇÕES

27 475 492 580

# ACÇÕES

27 475 492 580

NPV/Acção

5,393

15%

22 582 193 470

NPV/Acção

3,493

20%

NPV/Acção

2,466

Da análise dos vários cenários de taxa de desconto e dos valores da acção que lhes estão associados, resultam as seguintes conclusões: 1. Para que o preço da acção da HCB se aproximasse do valor corrente da acção no mercado (em torno

dos 2 MTN/acção) seria necessário usar uma taxa de desconto superior a 20%, o que dado o histórico, a actual conjuntura e as perspectivas futuras, nos parece manifestamente excessivo, pelo que o valor actual da acção no mercado deverá estar substancialmente sub-avaliado. 2. Em cenários alternativos mais realistas (taxas de desconto de 15 e 10%, respectivamente), o Valor

Actual Líquido (VAL) da HCB corresponde a avaliações de 3,49 e 5,39 MTN/acção. 3. Sem nos comprometermos com um valor preciso, parece-nos razoável concluir que o actual valor de

mercado da acção da HCB não corresponde ao real valor da empresa – aferido pelo seu desempenho económico e financeiro e pelas perspectivas futuras deste – sendo as estimativas deste substancialmente superiores, implicando um potencial de valorização de entre de entre 75 a 195% face ao valor actual ligeiramente acima dos 2 MTN/Acção. A análise descrita assenta em premissas conservadoras no sentido de não criar espectativas irrazoáveis, por um lado, e, por outro, não pretende indicar um valor preciso para a avaliação, antes um intervalo de possíveis valores, acomodando o muito de arbitrário que este tipo de avaliações sempre comporta. Em qualquer caso, a conclusão de que o actual preço de mercado da HCB sub-avalia o real valor da empresa parece-nos de difícil contestação – não incorporando tanto a excelente performance da empresa no passado recente (na medida em que esta sirva de base para estimar o seu desempenho futuro), como as perspectivas de crescimento da HCB, seja por factores de mercado, seja pelas capacidades internas, desde logo a sua notória robustez financeira. 36

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2. ANÁLISE COMPARATIVA (Múltiplos) Dada a evolução recente muito positiva da actividade da HCB e as projecções conservadoras com base nesta, as estimativas de avaliação do valor da empresa apontam para uma valorização actual da acção não inferior a 4 MTN, mais apresentando um potencial de valorização muito substancial no futuro, caso se confirmem as previsões de evolução dos indicadores de performance projectados (lucros líquidos e EBITDA).

Basicamente, tomamos como referência os múltiplos observados em empresas comparáveis, que relacionam os indicadores financeiros relevantes com os valores de mercado observáveis para estas empresas – tipicamente operadoras no sector de produção de energia eléctrica. Nesta análise cruzamos diferentes tipos de indicadores, cada um contendo uma estimativa para o valor justo de mercado por comparação com empresas operando no mesmo sector que a HCB: 1. Preço/Lucros Líquidos (Earnings) 2. Preço/EBITDA 3. Preço/Valor Contabilístico (Book Value) 4. Preço/Volume de Negócios (Turnover) I. PREÇO/LUCROS LÍQUIDOS (Earnings) A relação entre o preço da acção de uma produtora de energia cotada em bolsa na amostra de empresas considerada é, em média, de cerca de entre 17, 5 (20222) e 15,1 (corrente) vezes, i.e., o valor da empresa corresponde a quinze vezes o seu lucro líquido. Empresa

País/Ref

Engie Brasil Energia Cia General de Electricidad First Gen Corporation Celsia Sa Esp Guizhou Qianyuan Power Co-A Enel Generation Peru Saa Kenya Electricity Generation Rio Paranapanema Energia.Prf Spcg Pd

Brasil Chile Filipinas Colômbia China Peru Quénia Brasil Tailândia

Umeme Ltd

Uganda

3,6

6,7

Ck Power Pcl Sichuan Minjiang Hydro-A Electrica Puntilia Cia Energetica Rio Grande do Norte Compagnie Ivorienne d'Electricitét Nhpc Ltd China Power Clean Energy Dev Manawa Energy Ltd Meshek Energy Renewable Energi Alerion Cleanpower SpA Vinh Son - Song Hinh Hydropowe West Holdings Corp Leshan Electric Power Co

Tailândia China Chile Brasil Costa do Marfim India China Nova Zelândia Itália Reino Unido Vietname Japão China

14,5 22,5 14,2 6,1 10,9 11,1 56,5 16,1

20,5 19,9 17,2 6,7 11,3 18,3 43 14,3

24,2 6,6 42,5 59,8

19,6 7,8 17,6

17,5

15,1

Média P/Lucros Líquidos

2022 12 22,7 4,3 8,2 16,2 11,3 4,6 10,2 6,6

P/E

Actual 10,4 12,2 4,1 12,6 44,4 9,8 8,4 7,3 4

Resultados Líquidos HCB - 2022 (MTN) 9 207 000 000 # Acções Resultados Líquidos / Acção

2022 P/Lucros Líquidos 5,86

O Novo Canal de Comunicação Com o Mercado e os Investidores

27 475 492 580 0,335

ACTUAL 5,04

37


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

Tendo em conta os resultados líquidos da HCB, o valor de mercado da empresa seria de entre 5,04 e 5,86 MTN. Ou seja, por comparação com empresas congéneres cotadas em bolsa (a média da relação entre os resultados líquidos e o seu valor de mercado), o valor da HCB deveria ser substancialmente superior ao valor actualmente registado no mercado.

II. PREÇO/EBITDA Do mesmo modo, a relação típica entre o valor de mercado e o EBITDA de empresas comparáveis à HCB aponta para um múltiplo entre 11,6 (2022) e 14,7 (corrente) vezes. Empresa

País/Ref

Engie Brasil Energia Cia General de Electricidad First Gen Corporation Celsia Sa Esp Guizhou Qianyuan Power Co-A Enel Generation Peru Saa Kenya Electricity Generation Rio Paranapanema Energia.Prf Spcg Pd

Brasil Chile Filipinas Colômbia China Peru Quénia Brasil Tailândia

Umeme Ltd

Uganda

2,1

1,6

Ck Power Pcl Sichuan Minjiang Hydro-A Electrica Puntilia Cia Energetica Rio Grande do Norte Compagnie Ivorienne d'Electricitét Nhpc Ltd China Power Clean Energy Dev Manawa Energy Ltd Meshek Energy Renewable Energi Alerion Cleanpower SpA Vinh Son - Song Hinh Hydropowe West Holdings Corp Leshan Electric Power Co

Tailândia China Chile Brasil Costa do Marfim India China Nova Zelândia Itália Reino Unido Vietname Japão China

11,7 8,9 17,1 5,6 4,3 11,8 26,3 14,9 50 9,8 4,8 23,1 24,6

18,1 8 18 5,7 5 18,3 21,4 18,6 52,2 9,8 5,4 14 86,4

11,6

14,7

Média P/EBITDA

EV/EBITDA

2022 6,9 12,8 2,5 4,8 8,8 6,9 0,4 4,2 5

Actual 7 9,6 2,2 4,8 14 6 0,2 8,6 4

EBITDA HCB - 2022 (MTN)

16 817 600 000

# Acções

27 475 492 580

Volume Negócios/Acção

P/EBITDA

2022 7,11

0,612

ACTUAL 9,02

Seguindo a mesma lógica do múltiplo sobre os lucros líquidos, a análise por comparação da relação de preço da acção face ao EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) – que na média das empresas cotadas do sector se situa actualmente no intervalo 11,6-14,7, aponta para uma valorização presente (2022) de entre 7,11 e 9,02 MTN/Acção. De forma consistente, também este indicador aponta para uma substancial sub-avaliação do actual preço da acção da HCB em bolsa.

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III. PREÇO/VALOR CONTABILÍSTICO (Book Value) Na mesma linha de análise dos anteriores comparativos, o valor médio de mercado das empresas consideradas como comparativos reflecte um múltiplo de entre 1,9 e 2,1 sobre o valor contabilístico destas. Empresa

País/Ref

Engie Brasil Energia Cia General de Electricidad First Gen Corporation Celsia Sa Esp Guizhou Qianyuan Power Co-A Enel Generacion Peru Saa Kenya Electricity Generating Rio Paranapanema Energia.Prf

P/BV

Brasil Chile Filipinas Colômbia China Peru Quénia Brasil

2022 3,8 0,6 0,4 0,4 1,8 3,5 0,1 1,3

Actual 4 0,5 0,4 0,5 1,6 3,1 0,1 1,2

Spcg Pd

Tailândia

0,8

0,7

Umeme Ltd Ck Power Pcl Sichuan Mingxing Electric Power Electrica Puntilia Cia Energetica Rio Grande do Norte Compagnie Ivorienne d'Electricitét Nhpc Ltd China Power Clean Energy Dev Manawa Energy Ltd Meshek Energy Renewable Energi Alerion Cleanpower SpA Vinh Son - Song Hinh Hydropowe West Holdings Corp Leshan Electric Power Co

Uganda Tailândia China Chile Brasil Costa do Marfim India China Nova Zelândia Itália Reino Unido Vietname Japão China

0,5 1,3 1,3 1,4 2,5 2,9 1,2 5 1,3 1,1 5,7 1,7 6,6 2,4

0,7 1,1 1,3 1,4 2,8 3 1,4 3,4 1,1 1,1 5,1 2,1 4,2 2

2,1

1,9

Média P/Valor Contabilístico

Valor Contabilístico HCB - 2022 (MTN) 82 983 698 000 # Acções Resultados Líquidos / Acção

2022 P/Valor Contabilístico 6,25

27 475 492 580 3,020

ACTUAL 5,62

Olhando para o Valor Contabilístico da HCB no final de 2022 – de 82,98 mil milhões de Meticais –, e usando o valor médio do múltiplo Preço/Valor Contabilístico das empresas comparáveis, teremos uma estimativa para o valor de mercado da HCB de entre 5,62 e 6,25 MTN/Acção. Consistentemente com as anteriores análises comparativas dos respectivos múltiplos, novamente chegamos à conclusão de que o valor actual de mercado da HCB (pouco acima dos 2 MTN/Acção) substancialmente sub-avalia a HCB.

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39


#RESEARCH

MERCADO DE CAPITAIS

IV. PREÇO/VOLUME DE NEGÓCIOS (Turnover) Observando a relação entre o preço de mercado e o respectivo volume de negócios das empresas usadas para a comparação com a HCB, concluímos que em média o valor de mercado reflecte um múltiplo de entre 5,5 e 5,6 – ou seja, o valor da empresa é mais de 5 vezes o seu volume de negócios. Empresa

País/Ref

Engie Brasil Energia Cia General de Electricidad First Gen Corporation Celsia Sa Esp Guizhou Qianyuan Power Co-A Enel Generation Peru Saa Kenya Electricity Generation Rio Paranapanema Energia.Eq Spcg Pd

P/Vol Neg

Brasil Chile Filipinas Colômbia China Peru Quénia Brasil Tailândia

2022 4 0,8 0,7 1,5 6,9 3,5 0,2 2,4 4,1

Actual 4,3 0,8 0,7 1,4 9,8 3 0,1 2,1 3

Umeme Ltd

Uganda

0,4

0,4

Ck Power Pcl Sichuan Minjiang Hydro-A Electrica Puntilia Cia Energetica Rio Grande do Norte Compagnie Ivorienne d'Electricitét Nhpc Ltd China Power Clean Energy Dev Manawa Energy Ltd Meshek Energy Renewable Energi Alerion Cleanpower SpA Vinh Son - Song Hinh Hydropowe West Holdings Corp Leshan Electric Power Co

Tailândia 6,1 China 1,2 Chile 12,2 Brasil 1,7 Costa do Marfim 0,6 India 7,2 China 13 Nova Zelândia 4,7 Itália 37,1 Reino Unido 8,1 Vietname 4 Japão 3,2 China 1,8

5,6 1,1 9,1 1,8 0,7 8,1 10,5 4,3 43,3 8,5 4,5 3,4 1,6

5,5

5,6

Média P/Volume Negócios

Volume de Negócios HCB - 2022 (MTN)

27 109 300 000

# Acções

27 475 492 580

Volume Negócios/Acção

P/Volume de Negócios

0,987

2022 5,38

ACTUAL 5,50

Tendo em conta esta relação e aplicando-a à HCB, cujo volume de negócios foi em 2022 de 27,1 mil milhões de MTN, obtemos uma estimativa para o valor da acção da HCB de entre 5,4 e 5,5 MTN – que embora seja inferior às anteriores estimativas resultantes das comparações com outros indicadores relevantes, é ainda assim substancialmente superior ao actual valor da acção da HCB.

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RESUMO E CONCLUSÕES DA AVALIAÇÃO Apesar de cada uma das estimativas de avaliação da acção da HCB ser parcial e incorporar alguma arbitrariedade, dada a consistência de todas elas no sentido de apontar para uma valorização de mercado da HCB substancialmente superior à que se verifica actualmente, é razoável inferir que o actual preço da acção da HCB não reflecte o real valor da empresa.

O conjunto das análises aponta para o preço actual de mercado da HCB ser substancialmente inferior ao valor que a sua performance indiciaria, desde logo por comparação com as valorizações de mercado do conjunto de empresas do sector e de algum modo comparáveis. De facto, nos últimos anos (após a OPV) a HCB tem apresentado indicadores de desempenho a todos os níveis muito positivos e em crescendo, pelo que desde logo seria uma contradição que o seu valor bolsista (que de início resultou duma avaliação profunda do valor da empresa) tivesse diminuído face ao valor da própria OPV. A conclusão mais evidente da avaliação da HCB é de que o preço da acção em Bolsa não tem reflectido as perspectivas futuras da empresa (baseadas no seu histórico e nas projecções conservadoras dos indicadores financeiros face a estas), nem está em linha comas valorizações de empresas comparáveis, sub-avaliando o seu real valor. Mais, dado as perspectivas futuras de crescimento – determinadas por factores externos (de mercado) e internos (de solidez financeira, capacidade de gestão e possibilidades de investimentos adicionais) – é razoável esperar que a empresa prossiga numa trajectória de valorização, e não o inverso reflectido no actual valor da cotação da acção. De acordo com a avaliação e dentro de premissas assumidamente conservadoras, o valor actual da acção da HCB nunca deverá ser inferior a 4 MTN.

De notar que o mecanismo de definição do valor da acção no mercado secundário da Bolsa – reflectindo o valor da última transacção e/ou ordem de transacção colocada no mercado -, em particular num mercado muito ilíquido (com um número reduzido de transacções) como é a bolsa moçambicana, permite precisamente este tipo de distorções do valor da acção, em que este resulta da percepção individual de um accionista - ou mesmo das suas necessidades imediatas de liquidez - e não de um conjunto alargado de actores do mercado baseado em decisões informadas. Não havendo até ao momento cobertura de análises sobre o valor da empresa que permitam informar os investidores sobre a valorização do activo, é natural que as percepções sejam enviesadas. Mais se constata que as transacções em bolsa que no limite determinam o valor da acção da HCB são tipicamente efectuadas por accionistas individuais e em montantes muito reduzidos – ou seja, serão provavelmente investidores com percepções limitadas e pouco informadas. O presente relatório é um primeiro passo no sentido de contribuir para informar o mercado e muito em particular os investidores com menor literacia financeira e com menores possibilidades de tomar decisões informadas. O pressuposto é de que sem acesso a informação tecnicamente sustentada, haverá sempre distorções sérias que por completo comprometem o saudável funcionamento do mercado, limitando a sua relevância e impedindo que este assuma um papel de relevo no financiamento da economia e das empresas moçambicanas. O Novo Canal de Comunicação Com o Mercado e os Investidores

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