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Dia da Mulher Moçambicana Women Are Like Trees

7 de Abril, 2023
#ebook Testemunhos
Projeto +Emprego Projeto financiado pela União Europeia, Projeto cofinanciado e gerido pelo Camões, I.P. As
do
Mulheres São Como Árvores

“Toda a mulher parece uma árvore. Nas camadas mais profundas de sua alma ela abriga raízes vitais que puxam a energia das profundezas para cima, para nutrir suas folhas, flores e frutos. Ninguém compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança, tanta vida. Mesmo quando são cortadas, tolhidas, retalhadas de suas raízes ainda nascem brotos que vão trazer tudo de volta à vida outra vez. Elas têm um pacto com essa fonte misteriosa que é a Natureza.”

Ninguém compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança, tanta vida

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ENQUADRAMENTO

Este ebook materializa a parceria entre a ONGD Kutsaca e o Projeto + Emprego no âmbito da Celebração do Dia da Mulher MoçambicanaWomen are like Trees - 7 de Abril de 2023.

O convite da Kutsaca ao + Emprego teve por base:

- A natureza de cooperação e inclusão que caracterizam ambas as entidades e a nossa nova plataforma digital reflorestar.org;

- Dar a conhecer as histórias de Mulheres inspiradoras e os seus projectos de natureza regenerativa e/ou importantes para o desenvolvimento regenerativo comunitário, integradas no território de Cabo Delgado e no Projeto + Emprego;

- Potenciar a motivação, inspiração e empoderamento de todas as participantes.

Acima de tudo pretende-se que, este não seja apenas um elemento estático, mas que dê início a um diálogo verdadeiramente inclusivo, vivo e regenerativo.

O +Emprego é um Projeto financiado pela União Europeia e co-financiado e gerido pelo Camões IP, que pretende aumentar as oportunidades económicas da população de Cabo Delgado, em particular da sua população Jovem e das Mulheres

Pretende-se que, este não seja apenas um elemento estático, mas que dê início a um diálogo verdadeiramente inclusivo, vivo e regenerativo

ÁRVORES SÃO POEMAS QUE A TERRA ESCREVE PARA O CÉU

Kahlil Gibran

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SINOPSE A

Gostam de estar juntas, criando florestas lindas e vibrantes, nutrem e sustentam a vida. São guardiãs e como já dizia o provérbio “não negam sombra nem ao lenhador

s Árvores são uma enorme fonte de inspiração para mim. Tanto no meu trabalho, como na minha vida pessoal, sempre me trouxeram insights, sustentação e sabedoria. E por isso, ressoa em mim totalmente o que disse Herman Hesse “Quem sabe como falar lhes, ouvi-las, esse conhece a verdade”.

Sempre encontrei várias semelhanças entre as Mulheres e as Árvores.

Além da mais evidente e bela relação de troca, através do oxigénio que respiramos e da sua capacidade de absorção do dióxido de carbono que expiramos, transformando o que para nós é tóxico novamente em solo fértil, há já várias investigações acessíveis em diferentes contextos, sobre a forma como as árvores comunicam umas com as outras e se cuidam, não só entre ancestres (Mães) e pequenas crias, mas também entre famílias vastamente conectadas pelas suas raízes, que têm uma linguagem própria e imperceptível a nós, mas altamente poderosa e que espelha muito do que é o feminino e a própria vida.

São claramente um exemplo de cooperação – árvores da mesma família não só não competem entre si, como se avisam do perigo percebido e ajudam vizinhas próximas, enviando água e outros nutrientes através do micélio.

Além de estabelecerem relações significativas, possuem memória e conhecem sensações, registando-as na forma como os seus anéis internos (ou impressão digital) se tecem, na forma como abrem os seus ramos (ou braços) à vida e na fertilidade que oferecem ao ecossistema.

Gostam de estar juntas, criando florestas lindas e vibrantes, nutrem e sustentam a vida. São guardiãs e como já dizia o provérbio “não negam sombra nem ao lenhador”.

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Todas elas – as Árvores e as Mulheres conhecem a ciclidade. Sabem o que é viver as diferentes estações. E o quão importante é poder contar com o apoio da rede de suporte da floresta, quer nos momentos mais difíceis, quer nos momentos de pura partilha, convivência e celebração.

Conhecem a dor e o êxtase profundos, são capazes de experienciar emoções aparentemente opostas em simultâneo e trazem dentro de si uma diversidade de potenciais e papéis. Esta ciclicidade e complexidade da Árvore e da Mulher, nem sempre é entendida, e principalmente respeitada, no mundo bruto, competitivo e masculinizado em que vivemos.

Como diz a Joan Halifax (adaptando a ideia original de Thich Nhat Hanh) “Somos flores de Lótus em mares de fogo”.

Vejo no entanto cada vez mais, florestas vibrantes, vitais para reflorestar a alma, a vida e o mundo.

E ainda bem, pois por mais que nos seja difícil admitir, são sobretudo as Mulheres, que garantem que a vida continua – em casa, na escola, na terra, na guerra e nos lugares da vida económica, social, cultural e política que ela ocupa.

Estamos longe de lhes dar o devido valor e poder, mas para lá caminhamos, assim espero.

As Mulheres são como Árvores e “Árvores são poemas que a terra escreve para o céu.” Kahlil Gibran.

30 anos Muidumbe

Cultivava e fazia pequenas formações, até conhecer o Projeto +Emprego em 2022. “Desde que entrei, estou a ver mudanças na minha vida”. Afirma.

“Escolheu fazer um curso de produção e criação de frangos no Instituto Agrário de Bilibiza/ Fundação Aga Khan Moçambique, e após a formação, recebeu apoio e um kit que lhe permitiu dar início ao seu negócio”. “Sou deslocada e

através do meu negócio que comecei com o kit do +Emprego já comecei a recuperar algumas coisas básicas que tinha perdido. Tenho de volta alguma esperança, porque já consigo colocar as minhas crianças na escola e pagar material escolar para elas”.

Ancha vê-se a contribuir para o seu Lugar e Comunidade “Trabalhando muito e ganhando mais, buscando mais ideias de negócios para empregar mais pessoas e ajudá las a mudar de vida também”.

Tenho de volta alguma esperança

ANCHA PIRA

ANTONIETA FELISBERTO

Muidumbe 23 anos

Não tinha qualquer tipo de emprego ou apoio. “Eu cheguei cá em Pemba por causa dos ataques terroristas na minha aldeia. Tive conhecimento através do meu irmão que vive aqui e me informou da existência desta oportunidade do +Emprego e eu logo concorri, em 2021. Estou a adquirir muito conhecimento que nunca imaginei que pudesse um dia ter oportunidade de ter.”

“Escolheu fazer o curso de Electricidade instaladora no Instituto Industrial e Comercial de Pemba (IICP) e após a formação fez estágio”. Também frequenta um curso de Desenho Gráfico. Neste momento procura uma oportunidade de emprego e depois quer criar o seu próprio projecto.

“Gostaria de levar a energia à casa das pessoas. Uma vez que sou electricista, quero levar energia para as comunidades. Por exemplo, em Muidumbe, há sítios que não há energia. Quero promover o uso de energia em Cabo Delgado.”

Gostaria de levar a energia à casa das pessoas

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ERMELINDA FAUSTINO

Viveu no orfanato desde o ensino primário até ao secundário e depois com Irmãs religiosas, onde concluíu a 12 ª classe. Através do Projeto +Emprego, adquiriu uma bolsa de estudos para fazer um curso de informática no Instituto Politécnico Mártir Cipriano, em Nacala.

“Escolhi o curso de informática porque percebi que hoje em dia a tecnologia está cada vez mais desenvolvida, tanto nas

instituições como nas escolas. “A bolsa está a me ajudar muito, assim como o curso de Desenho Gráfico e o kit de informática que inclui um computador, uma máquina impressora, uma máquina de encadernação, scanner e outras coisas”.

Para além de fornecer serviços de digitação e encadernação, quero fazer crescer a minha empresa, fornecendo serviços aos estudantes, crianças, ajudar as pessoas a ter um pouco de noções da informática.”

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21 anos Montepuez
Quero fazer crescer a minha fornecendoempresa,serviços aos crianças,estudantes, ajudar as pessoas a ter um pouco de noções da informática

FÁTIMA FERNANDO

29 anos Acua

Vendia bolinhos e tinha uma machamba. Conheceu o Projeto +Emprego no ano passado. “Mudou a minha vida porque aprendi muita coisa que não sabia. “Fui formada na área de avicultura no Instituto Agrário Bilibiza/Fundação

Aga Khan Moçambique, agora sei como criar frangos”. Recebi um kit e com ele comecei o meu negócio, vendi o primeiro lote e agora estou a criar o segundo.

O meu negócio está a correr muito bem.” afirma Fátima, que em parceria com a amiga Ancha, gere este projecto.

“Com o conhecimento que adquiri, vou continuar com meu projecto e sei que um dia posso me tornar uma empresária e se assim for, conseguirei ajudar outras pessoas.”

O meu negócio está a correr muito bem

MUASSADA INSEMBA

Saíu da Ilha do Ibo em 2011, viveu sete anos na Beira e voltou para Cabo Delgado em 2017. “Soube que havia vagas no Instituto Industrial e Comercial de Pemba (IICP)”. Concorreu e foi aprovada. Escolheu o curso de soldadura. “Ajudou-me a adquirir conhecimento, pois não sabia nada sobre projectos, então a partir desta oportunidade fiquei mais activa. Fiz a soldadura, depois fiz o curso de gestão de pequenos negócios e agora estou a participar de um curso de desenho gráfico e a implementar a nossa oficina.

Ela já está instalada e esperamos que em breve comecemos a trabalhar e contratemos mais pessoas. No grupo sou a única mulher, mas pretendemos contratar mais mulheres. Gostaria que dessem mais oportunidades às mulheres, principalmente cá em Cabo Delgado, porque a perspectiva de muitas mulheres é de atingir uma certa idade para casar. Elas não se preocupam mais em estudar, ou aumentar o conhecimento através de cursos técnicos. Então, se eu pudesse daria mais chance às mulheres para que deixem de pensar dessa forma.

Procuro consciencializar as pessoas ao meu redor. Algumas meninas que eu conheço, eu tenho dado mais informações de modo a aderirem a esses cursos e a aproximaremse dos centros de formação. Também tenho deixado mensagens a elas sobre pequenas oportunidades e só assim chegarão a fazer grandes empreendimentos, porque eu também no começo não sabia nada, mas com isto tudo hoje estou aqui.

Procuro consciencializar as pessoas ao meu redor
anos Ilha do Ibo
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QUIBIBI JAIME

25 anos Pemba

Antes fazia pequenos negócios caseiros. Conheceu o Projeto +Emprego a partir da DDR (desmilitarização, desmobilização e reintegração).

O seu pai é desmobilizado e Quibibi soube das oportunidades extensíveis aos familiares dos desmobilizados. “Fez o curso de agenciamento marítimo no Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC)”.

“Escolhi o curso porque achei interessante, foi algo novo para mim porque nunca tinha ouvido falar do mesmo. Trouxe um impacto bastante positivo, conheci pessoas e lugares diferentes, tenho recebido propostas que não esperava e estou a ver um futuro. De momento estou sem emprego mas sinto que estão

a vir muitas oportunidades para mim. Neste momento há muitas dificuldades em Cabo Delgado, temos vivido muitas doenças, guerras, muitas mortes e outras coisas que trazem muita tristeza, muita gente está sem emprego, muitas crianças não estudam. Vivemos aglomerados, uma casa pode abrigar 15 famílias que não têm nada.

Para tentar ajudar essas pessoas, primeiro eu penso em dar força moral e dizer a elas que apesar de tudo, Deus nunca vai nos desamparar e que com os projectos que estão a vir, assim como as bolsas de estudo aos deslocados, temos também uma grande ajuda Para muitas pessoas tudo parou por causa do que presenciaram na guerra, eu quero ajudar com o que tenho e como puder.”

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Sinto que estão a vir muitas oportunidades para mim

EU QUERO SER

Eu quero ser

Eu quero ser som

Eu quero ser luz

Eu quero ser cor

Eu quero ser um canto só

Eu quero ser sonho

E viajar no tempo

Eu quero ser tom Ficar no pensamento

Me entrego aos passos deste destino

Vou com ele até ao fim dos caminhos

Eu quero ser chão

Equilibrar o ponto

Abrir o coração

Abrilhantar o conto

Desta canção

Melodias de histórias do infinito

Quem dera ser um grito além do som

Lena Bahule Cantora, arte-educadora e activista cultural Moçambicana

https://www.youtube.com/watch?v=pDYuZgReMtw

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FICHA TÉCNICA

PROTAGONISTAS

Ancha Pira

Antonieta Felisberto

Ermelinda Faustino

Fátima Fernando

Muassada Insemba

Quibibi Jaime

CONCEITO E NARRATIVA

Susana Cravo

IMAGEM, ENTREVISTAS, EDIÇÃO E COMPOSIÇÃO

Media 4 Development

REVISÃO

Coordenação do Projecto +Emprego

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AS NOSSAS

Os testemunhos farão parte da memória digital do REFLORESTAR.ORG e do Documentário a lançar no Dia da Mulher de 2024.

7 de Abril, 2023

Dia da Mulher Moçambicana Women are Like Trees As Mulheres São Como Árvores

Testemunhos do Projeto +Emprego

#ebook
Projeto financiado pela União Europeia, Projeto cofinanciado e gerido pelo Camões, I.P.

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