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Das Perspectivas Económicas às Grandes Preocupações do Momento
Moçambique prepara-se para eliminar, até final do ano, a obrigatoriedade da intervenção da figura de despachante aduaneiro no desembaraço de mercadorias, de modo a tornar possível a relação directa entre o Estado e o importador ou agente económico. Que implicações a medida terá no processo em si e na vida daquela classe de profissionais?
Tratou-se de um Seminário Económico sobre Perspectivas Macroeconómicas para 2023 e Sustentabilidade das Empresas Moçambicanas, promovido pela Associação de Comércio, Indústria e Serviços (ACIS) em parceria com a Bolsa de Valores de Moçambique e o banco Moza, a 16 de Fevereiro.
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Talvez por se assumir que muita informação já se tinha antes avançado sobre as perspectivas económicas (sabe-se, por exemplo, que o Produto Interno Bruto deve crescer em torno de 5%, a inflação estará na casa dos dois dígitos e que prevalecem riscos associados à guerra na Ucrânia, terrorismo em Cabo Delgado e desastres naturais), as discussões tomaram outro rumo.
Enquanto o FMI identificou a educação como uma prioridade sobre a qual o País se deve focar, a Bolsa de Valores de Moçambique olhou para a ainda fraca utilização dos instrumentos do mercado de capitais como uma preocupação a ter em conta para acelerar o crescimento no presente ano.
Quanto vale a educação na Economia?
De acordo com a apresentação feita pelo representante do FMI em Mo- çambique, Alexis Meyer-Cirkel, uma das componentes que vai influenciar o potencial de crescimento macroeconómico é a Educação.
Na sua intervenção, explicou que na teoria económica existem três mecanismos que identificam onde a Educação pode impactar no crescimento. Em primeiro lugar, aumenta o capital humano existente em qualquer país e essa força de trabalho aumenta a produtividade de cada um e da indústria como um todo, incrementando, assim, a produção nacional.
Em segundo lugar, influencia a capacidade de inovação da sociedade que, por sua vez, desenvolve a tecnologia de processos que por si ocasionam o crescimento económico. Por último, a educação facilita a ligação, ou seja, a composição do capital humano, e a forma como é difundida e distribuída numa nação é importante por influenciar a capacidade de absorver conhecimento e tecnologia de fora e incorporar nos processos produtivos dentro do país.
Fazendo uma radiografia da importância do capital humano nacional na produtividade, Cirkel esclareceu que os economistas, muitas vezes, decompõem o crescimento económico em que defi- nem que o Produto Interno Bruto (PIB) é considerado como o somatório da produtividade, capital (infra-estruturas públicas) e trabalho.
A partir daqui, conclui-se que cada economia tem uma composição particularmente diferente das outras, uma vez que umas têm uma força de trabalho muito grande e acabam contribuindo mais, e outros países trabalham com mais capital, de onde provém a produtividade. Outra forma de se conhecer, ao detalhe, a contribuição do trabalho no crescimento é fazer uma decomposição a mais, que consiste em manter, na equação, a produtividade e o capital, mas subdividir o trabalho em quantidade de trabalhadores e o capital humano (educação).
Olhando para a situação de Moçambique, e utilizando qualquer das metodologias, entre 1999 e 2004, a contribui- ção do capital humano no crescimento do PIB foi de 14%, um valor elevado comparado com outros países em desenvolvimento, o que terá sido impulsionado pela rápida escolarização da população no pós-independência. Mas nos anos subsequentes, este indicador regrediu de forma preocupante.
A escolarização continua com índices modestos em comparação com alguns países pares (ver gráfico). “O crescimento tem vindo a arrefecer, e a pobreza e as desigualdades continuam altas, daí que o investimento, em particular na educação, seja fundamental para a sustentação de um crescimento sustentável, diversificado e inclusivo que reduz a pobreza.
Moçambique tem de fechar o gap de educação em relação aos países pares, e o investimento em educação deve basear-se na conciliação entre a quan- tidade e qualidade”, recomendou o economista.
Melhorias na gestão da coisa pública Para não fugir por completo do tema sobre as perspectivas da economia, Alexis Meyer-Cirkel destacou alguns avanços continuados ao longo dos últimos anos, apesar das críticas que, por vezes, são emitidas contra o Executivo. “Vejo críticas em várias áreas, mas acho que há também uma falta de apreciação para as reformas que já foram feitas.
Isso inclui a lei do sector empresarial, a implementação do sistema de investimento público, as leis de branqueamento de capitais e a criação do fundo soberano que são um arcabouço institucional resiliente, transparente e essencial para aumentar a qualidade da gestão e a previsibilidade da gestão pública”, descreveu.
O FMI comparou Moçambique a outros dois países com estrutura de renda similar concluiu que este é o país que apresenta uma lenta evolução da alfabetização
Alexis Meyer referiu, igualmente, como “interessante”, o facto de que “em Abril do ano passado, as nossas projeções (FMI) tanto para este ano quanto para o próximo não foram ajustadas, enquanto para o resto do mundo, com algumas excepções, foram sempre revistas em baixa. Então, tivemos, até à publicação do relatório do último do trimestre do País uma surpresa positiva. Tínhamos uma previsão de crescimento de 2022 um pouco abaixo de 4% e a realidade foi um pouco acima. Por isso a nossa previsão de crescimento deste ano é um pouco abaixo de 5%, o que representa um continuado crescimento económico e da estabilidade”, concluiu.
Mas as empresas precisam de tornar-se competitivas?
Foi a vez de Salim Valá, presidente da Bolsa de Valores de Moçambique
(BVM), lançar o apelo para uma melhor organização das empresas, principalmente as PME para que se tornem competitivas nacional e internacionalmente.
O presidente da BVM entende que neste cenário em que a renda per capita e o PIB são ainda muito baixos (492 dólares e 15,8 mil milhões de dólares respectivamente em 2021), uma das fórmulas para o crescimento macroeconómico do País é capacitar as empresas para torná-las aptas para integrar a BVM, e se tornarem mais competitivas, sustentáveis, lucrativas e com facilidades de acesso a financiamentos.
“As empresas procuram lucratividade e isso é bom, mas se não existir uma instituição forte e bem capacitada a cooperar com estas, os ganhos que conseguirem podem ser momentâneos.
Ou seja, o fortalecimento da própria instituição e o capital humano adequado, calibrados aos desafios do País, regionais e globais, tornam-se num activo económico para o sector empresarial e constituem uma vantagem competitiva para as empresas.
Há várias instituições a trabalharem. No entanto, a capacitação de empresas tem sido feita ainda de forma pouco coordenada e não numa perspectiva de longo prazo”, revelou.
Explicou, entretanto, que a BVM, na sua missão tradicional já faz capacitação de muitas empresas. “Quando submetem o pedido de admissão à Bolsa, as empresas pressionam e reclamam do rigor nos requisitos porque têm objectivos e negócios por fechar. Mas as exigências que fazemos têm o objectivo de alavancar as capacidades da empresa sob o ponto de vista de organização e ges- tão, financeiro, e de governação no geral. Esses elementos são importantes”, acrescentou.
As mais-valias da Bolsa
A BVM como um mecanismo de reforço de capacidades vem para alavancar as empresas, trazendo as PME e as startups promissoras para o mercado de capitais. É um mercado de incubação, que permite a capacitação e o reforço em termos de empoderamento das empresas para aceder ao financiamento via bolsa.
Mas muitas vezes, essas empresas, quando reúnem os requisitos, estão também preparadas para aceder a outras instituições financeiras para fazer negócios. “Portanto, temos os requisitos para cada um deles, requisitos de ordem jurídico-legal, financeiros e de mercado. Para responder a este tipo de requisitos, as empresas devem estar organizadas e preparadas, devidamente auditadas. Assim elas crescem”, explicou o presidente da BVM.
A Bolsa reporta a existência de várias empresas que querem beneficiar do financiamento por via do mercado de capitais, mas adverte que, para tal, devem preparar-se e organizar-se para assegurar uma boa governação, umas vez que as que estão no mercado de capitais submetem-se a um escrutínio público e têm a obrigatoriedade de fornecer informação permanentemente ao mercado.
Os estudos em Moçambique, não apenas os da BVM, apresentam três razões de dificuldade para a adesão das empresas à Bolsa de Valores, nomeadamente a falta de uma contabilidade organizada, a ausência de uma boa saúde económica e financeira e a necessidade de dispersão accionista.
“Mas estamos a trabalhar com parceiros no sentido de solucionar isso, temos uma parceria com a Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique e com o ISCAM- Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique, com o propósito de identificar meios de chegar ao nível das pequenas empresas que não tenham uma estrutura organizada” destacou Salim Valá.
E, para finalizar, sublinhou que as Pequenas e Médias Empresas são a chave do processo do empoderamento empresarial, reconhecendo que “temos ainda grandes desafios nas infra-estruturas, no acesso ao financiamento, na segurança e assistência técnica, na ligação entre as universidades e as empresas, o pouco uso da ciência e tecnologia na produção e produtividade, a excessiva burocracia, entre outros”.
Gomes • Partner @BlueBiz Consultoria
Vem este artigo a propósito do facto de as organizações, em consequência da progressiva eliminação das restrições de contacto social, resultantes da pandemia de covid-19, estarem a apostar enormemente, também em Moçambique, em promover iniciativas de i) RECONECTAR com os seus trabalhadores, clientes, fornecedores, competidores e parceiros; ii) e de REACTIVAR, com sucesso, as suas Redes de Negócio (Business Networks).
Confesso que padecia de uma antiga antiga crença limitadora1 em relação às Redes de Negócio (RN) que se traduzia no seguinte comportamento :
“ODIAVA, e não me sentia nada à vontade a falar com estranhos, em ambiente estranho. Mas reconhecia que era a melhor estratégia de marketing para fazer crescer o meu negócio.”
E há ciência por detrás desta atitude: está comprovado que quando falamos com estranhos em ambientes estranhos… sentimo-nos impostores!
E não estava sozinho nesta crença limitadora, pois tinha a companhia dos Millennials2.
De acordo com um estudo do LinkedIn (2022)3, os Millennials têm mais dificuldade em manter as suas RN. 43% deles têm dificuldade em manter-se em contacto com as suas RN, mais do que qualquer outra faixa etária.
Neste artigo desafio o meu leitor@ a avaliar o estado da sua RN e a responder à seguinte questão: porque falham as Redes de Negócio (RN) e o que fazer para mudar de atitude e melhorá-las significativamente?
Vejamos sucessivamente:
- O que é uma Rede de Negócios e para que serve?