7 de Abril, 2023
Dia da Mulher Moçambicana Women Are Like Trees
As Mulheres São Como Árvores
oda a mulher parece uma árvore. Nas camadas mais profundas de sua alma ela abriga raízes vitais que puxam a energia das profundezas para cima, para nutrir suas folhas, flores e frutos. Ninguém compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança, tanta vida.
Mesmo quando são cortadas, tolhidas, retalhadas de suas raízes ainda nascem brotos que vão trazer tudo de volta à vida outra vez. Elas têm um pacto com essa fonte misteriosa que é a Natureza.”
Clarissa Pinkola Estés Poeta e Psicoanalista AmericanaNinguém compreende de onde uma mulher retira tanta força, tanta esperança, tanta vida
ENQUADRAMENTO
Este e book materializa o trabalho desenvolvido em parceria com a Fotógrafa Tânia Araújo, no âmbito do Programa Wasate da Kutsaca em 2020.
Uma vez que no final do trabalho fomos, nós e o Mundo, supreendidos pela pandemia, foi feita apenas uma exposição síntese num complexo turístico local – Palmeiras, Vila da Praia do Bilene, entre Dezembro de 2020 e Janeiro de 2021.
Precisamente 3 anos depois e no âmbito da Celebração do Dia da Mulher Moçambicana Women are like Trees 7 de Abril de 2023, damos a conhecer este trabalho , que será também disponibilizado na nossa nova plataforma digital reflorestar.org
Acima de tudo pretende-se que, este não seja apenas um elemento estático, mas que dê início a um diálogo verdadeiramente inclusivo, vivo e regenerativo.
Pretende-se que, este não seja apenas um elemento estático, mas que dê início a um diálogo verdadeiramente inclusivo, vivo e regenerativo
ÁRVORES SÃO POEMAS QUE A TERRA ESCREVE PARA O CÉU
Kahlil Gibran
SINOPSE A
Gostam de estar juntas, criando florestas lindas e vibrantes, nutrem e sustentam a vida. São guardiãs e como já dizia o provérbio “não negam sombra nem ao lenhador”
s Árvores são uma enorme fonte de inspiração para mim. Tanto no meu trabalho, como na minha vida pessoal, sempre me trouxeram insights, sustentação e sabedoria. E por isso, ressoa em mim totalmente o que disse Herman Hesse “Quem sabe como falar lhes, ouvi-las, esse conhece a verdade”.
Sempre encontrei várias semelhanças entre as Mulheres e as Árvores.
Além da mais evidente e bela relação de troca, através do oxigénio que respiramos e da sua capacidade de absorção do dióxido de carbono que expiramos, transformando o que para nós é tóxico novamente em solo fértil, há já várias investigações acessíveis em diferentes contextos, sobre a forma como as árvores comunicam umas com as outras e se cuidam, não só entre ancestres (Mães) e pequenas crias, mas também entre famílias vastamente conectadas pelas suas raízes, que têm uma linguagem própria e imperceptível a nós, mas altamente poderosa e que espelha muito do que é o feminino e a própria vida.
São claramente um exemplo de cooperação – árvores da mesma família não só não competem entre si, como se avisam do perigo percebido e ajudam vizinhas próximas, enviando água e outros nutrientes através do micélio.
Além de estabelecerem relações significativas, possuem memória e conhecem sensações, registando-as na forma como os seus anéis internos (ou impressão digital) se tecem, na forma como abrem os seus ramos (ou braços) à vida e na fertilidade que oferecem ao ecossistema.
Gostam de estar juntas, criando florestas lindas e vibrantes, nutrem e sustentam a vida. São guardiãs e como já dizia o provérbio “não negam sombra nem ao lenhador”.
Todas elas – as Árvores e as Mulheres conhecem a ciclidade. Sabem o que é viver as diferentes estações. E o quão importante é poder contar com o apoio da rede de suporte da floresta, quer nos momentos mais difíceis, quer nos momentos de pura partilha, convivência e celebração.
Conhecem a dor e o êxtase profundos, são capazes de experienciar emoções aparentemente opostas em simultâneo e trazem dentro de si uma diversidade de potenciais e papéis. Esta ciclicidade e complexidade da Árvore e da Mulher, nem sempre é entendida, e principalmente respeitada, no mundo bruto, competitivo e masculinizado em que vivemos.
Como diz a Joan Halifax (adaptando a ideia original de Thich Nhat Hanh) “Somos flores de Lótus em mares de fogo”.
Vejo no entanto cada vez mais, florestas vibrantes, vitais para reflorestar a alma, a vida e o mundo.
E ainda bem, pois por mais que nos seja difícil admitir, são sobretudo as Mulheres, que garantem que a vida continua – em casa, na escola, na terra, na guerra e nos lugares da vida económica, social, cultural e política que ela ocupa.
Estamos longe de lhes dar o devido valor e poder, mas para lá caminhamos, assim espero.
As Mulheres são como Árvores e “Árvores são poemas que a terra escreve para o céu.” Kahlil Gibran.
Susana Cravo Presidente da Direção KutsacaJambalaueiro no jardim da #EscolinhaKutsaca Árvore asiática, da família das Mirtáceas, com flores brancas perfumadas e pequenos frutos de cor escura, com propriedades medicinais
HONRANDO OS
ANCESTRES E O LUGAR
HONRANDO OS ANCESTRES E
O LUGAR
“Há uma sabedoria necessária no dar e receber da natureza, nos seus acordos silenciosos e na procura de equilíbrio. Há uma extraordinária generosidade. Não é um conto de fadas, nenhum vôo de fantasia, nenhum unicórnio mágico, e nenhuma ficção num filme de hollyowood. (...) Estas velhas árvores estão a ser mães dos seus filhos. As Mães Árvores.”
Suzanne Simard in Finding the Mother Tree
AOS ANCESTRES E AO LUGAR
DOMINGOS MACHAVA
Guardião do Lugar
Ao Pai Ao sábio e generoso homem que connosco plantou a Árvore Kutsaca.
Por toda a sua sabedoria, dedicação, protecção, entrega e resiliência.
MARIA CHIPANGA
Á
Avó Maria Aquela que sabe. Ninguém pode ocupar o lugar dela, precioso. Ainda assim ninguém a vê. Traz consigo a sabedoria das várias voltas ao Sol, desde sempre. Lida com os ciclos, com serenidade e ligeireza, resistindo às tempestades mais duras, e tirando o melhor das Primaveras, para tod@s.
Toma um chá com o medo, sempre que ele aparece. Dança com os dragões internos e distingue lobos e cordeiros à distância. Afaga a tristeza e queima a dor no mesmo lume com que cozinha, para tod@s.
O seu sorriso é de resistência, os seus pés conhecem os caminhos mais escuros e as suas mãos, doridas e cuidadoras contam-nos vidas, coisas antigas.
Mas os seus olhos, dão-nos murros no estômago, tiram nos o sono, mas também nos trazem coragem, vontade de pelo menos, tentar fazer melhor, pelos seus netos e bisnetos.
Não creio, honestamente, que ela saiba, que enquanto trança a sua história e a dos outros, com paciência, amor e simplicidade, a Grande Mãe se manifesta, em silêncio, quietude e intimidade.
Guardiã do LugarAo longo da semana em que desenvolvi este projecto, vivi numa nova rotina, num novo território e tive a oportunidade de conhecer mulheres guerreiras, onde partilhei momentos com um grupo de pessoas grandes, pela sua educação, pela sua criatividade e por me surpreenderem nos dias em que experimentei com elas este projecto.
Quando aceitei este desafio da Kutsaca, não conhecia o território onde iria desenvolver este trabalho, mas no primeiro contacto que tive com a aldeia de Mahungo e com estas mulheres, era como se já estivesse escolhido antes de o conhecer. Descobri nestas mulheres uma enorme força interior, temas e mensagens que estão muito longe da minha realidade. De alguma forma, tudo era novo para mim e também para elas.
Foi através da fotografia que fui descobrindo o que sentiam, o que gostavam de comunicar, quem eram, tema central do trabalho desenvolvido por mim durante este processo. No primeiro dia percebi que tinha um grupo de mulheres com ideias e gostos bem definidos, o que me fez ficar apaixonada por este projecto.
O primeiro desafio que lhes lancei foi desenharem e explicarem qual a mensagem que queriam passar, quem são enquanto Mulheres, o que sentem. Cada uma escreveu o tema
e imaginou uma cena fotográfica. A partir daqui foi todo um processo de criação fotográfica, onde se ajudavam umas às outras, num processo que partiu de individual para colectivo, em que no seu desenvolvimento, já se procurava um maior rigor na imagem e na mensagem a passar.
No final, a frase que acompanha a imagem, é clara e sem medos. Pretendi com este projecto, que o simples acto de disparar, que o registo de um momento se transformasse num documento que contemplasse histórias, emoções e relações. Foi um processo de experiências onde se recolheu, viu e se conversou sobre a vida e sobre as suas fotografias, atingindo assim uma atmosfera de criatividade colectiva.
A minha abordagem junto das mulheres foi sempre informal para tentar criar envolvimento. Não procurei a qualidade técnica dos trabalhos, mas privilegiei as intenções e escolhas de quem fotografou, fomentando o lado narrativo das imagens.
Neste projecto as mulheres exploraram o seu quotidiano e reflectiram sobre as suas vidas através do acto de fotografar. A fotografia é isto, tem o poder de comunicar e como algumas mulheres disseram, de mostrar em imagens o que sentimos.
Tânia AraújoAS MULHERES DE MAHUNGO
CAROLINA COSSA
Não à violência doméstica
ELISA QUEMBO
Zero inveja.
Nenhuma Mulher merece viver essa vida
GINA MUSSANE
Vamos deixar os filhos estudarem
JÚLIA COSSA
Ajudem-nos a combater a fome em Moçambique
TERESA MUCAVEL
Nós queremos aprender
JENIFA
Aniversário a 7 de Abril
Às minhas Avós e Avôs, Mães e Pais, Irmãs e Irmãos, Às minhas Professoras Carolina e Júlia, À minha escolinha Kutsaca, Aos meus amiguinhos e amiguinhas, Aos brinquedos, aos baloiços, às borboletas, casuarinas e às massalas, aos pincéis e a tudo o que comigo, vai desenhando e trazendo cor, cheiro, textura e afago à minha vida e à da(o)s que hão-de vir. Kanimambo.
EU QUERO SER
Eu quero ser
Eu quero ser som
Eu quero ser luz
Eu quero ser cor
Eu quero ser um canto só
Eu quero ser sonho
E viajar no tempo
Eu quero ser tom
Ficar no pensamento
Me entrego aos passos deste destino
Vou com ele até ao fim dos caminhos
Eu quero ser chão
Equilibrar o ponto
Abrir o coração
Abrilhantar o conto
Desta canção
Melodias de histórias do infinito Quem dera ser um grito além do som
Lena Bahule
Cantora, arte-educadora e activista cultural Moçambicana
https://www.youtube.com/watch?v=pDYuZgReMtw
FICHA TÉCNICA
PROTAGONISTAS
Carolina Cossa
Elisa Quembo
Gina Mussane
Júlia Cossa
Maria Chipanga
Teresa Mucavel
CONCEITO E NARRATIVA
Susana Cravo
FOTOGRAFIA
Tânia Araújo, Protagonistas e Ana Isa Mourinho
IMAGEM, EDIÇÃO E COMPOSIÇÃO
Media 4 Development
AS NOSSAS
Os testemunhos farão parte da memória digital do REFLORESTAR.ORG e do Documentário a lançar no Dia da Mulher de 2024.
7 de Abril, 2023