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Fotografia: Ahcravo Gorim
Notícias do Mar
Economia do Mar
Jaquinzinhos
Em Defesa da Arte-Xávega
Comunidade de pesca de arte-xávega Uma pequena vitória de Portugal em Bruxelas foi uma enorme vitória dos pescadores portugueses da Arte-Xávega, depois de publicada uma Portaria do Ministério do Mar, permitindo a pesca e venda de carapau de tamanho inferior ao mínimo estipulado pela Comissão Europeia.
A
pesca com artexávega é pequena pesca feita por pescadores locais a partir da praia, com uma rede de cerco com um longo cabo com flutuadores, 2
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segurando na sua metade de comprimento um saco de rede em forma cónica. Devido à palavra xávega ser de oribem árabe e significa rede, este tipo de pesca em Portugal é considerado mile-
nar. Esta forma de pescar ainda praticada em várias praias ao longo da costa portuguesa, é efectuada com o auxílio de uma embarcação que deixando uma ponta do
cabo em terra, leva a rede e a outra ponta do cabo. Os pescadores procuram efectuar um cerco aos cardumes de peixe que eventualmente estejam no mar, ou navegam o mais longe possível
Notícias do Mar
Fotografia: Ahcravo gorim
Pesca de arte-xávega com barcos a remos e apoio de juntas de bois
Os tratores substituiram as juntas de bois
até que o comprimento dos cabos permitam e retornam à praia desenrolando a outra metade do cabo para a partir da sua extremidade a rede ser puxada na praia. Ao fim de séculos, esta pesca praticamente só evoluiu na maneira de puxar o xalavar, o saco de rede, que antigamente era feito à força de braços e com ajuda de 2017 Junho 366
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Fotografia: João Abreu
Notícias do Mar
Cardume de carapau 4
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juntas de bois, agora é com tratores. Existem 13 núcleos de pescadores de arte-xávega no País. Os mais ao norte são em Espinho e Praia de Paramos, seguindo-se na região de Aveiro, ao norte da barra, Praia de Esmoriz, Furadouro, e Torreira e para sul na Praia da Vagueira, Areão e Praia de Mira. Na região da Figueira da Foz, estão na Costa de Lavos, Praia da Leirosa e em Pedrógão. Mais ao sul, existem na Costa da Caparica e na Fonte da Telha. No total são cerca de 50 embarcações em actividade.
Notícias do Mar
corvinas. Com a escassez da sardinha é o carapau o peixe de cardume com maior valor comercial que se captura. Por isso, a proibição de vender, os carapauzinhos pequenos, os chamados jaquinzinhos, por terem tamanho inferior a 15 cm, o mínimo determinado pela CE, trazia enormes prejuízos aos pescadores, que depois do trabalho e despesa de os puxar para a praia tinham que os deitar fora. Ainda pos cima era um
enorme valor desperdiçado de toneladas de peixe. Anos seguidos a deitar fora centenas de milhares de euros. Não se podiam vender e comer os jaquinzinhos pescados em Portugal, mas eram importados de Espanha. Foi determinante para a argumentação portuguesa o reconhecimento do carácter artesanal da pescaria e os estudos que foram realizados pelos cientistas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera que permitiram aprofundar o conhecimen-
to sobre a composição das capturas da arte-xávega e a variabilidade que as mesmas apresentam, nomeadamente com a época do ano e com a zona onde ocorrem. Estas conclusões apontam para a inevitabilidade da captura de exemplares abaixo do tamanho mínimo de descarga aconselhando a flexibilização das regras em vigor, sem prejuízo da desejável melhoria de selectividade da arte. Como se pretende minimizar os impactos ambientais
O xalavar a ser puxado
Bruxelas aceitou a argumentação portuguesa que a pesca com arte-xávega tem uma grande relevância em termos socioeconómicos para determinadas comunidades piscatórias da costa ocidental portuguesa, às quais se considera terem também um alto valor cultural e etnográfico. Mas o que pescam na arte-xávega? Quando existem cardumes perto da costa, é a sardinha, o carapau e a cavala. Juntamente com estes peixes são capturados faneca e peixes de areia do tipo de linguados,ruivos e também por vezes robalos e 2017 Junho 366
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Notícias do Mar
da arte xávega na captura de juvenis, a Portaria manda que a atividade seja interrompida e suspensos os desembarques, até ao virar da maré, após um lanço em que mais de 20 % do peso
das capturas corresponda a espécimes subdimensionadas, com tamanho inferior ao tamanho mínimo de referência de conservação. Quanto à possibilidade de venda directa na praia,
uma reivindicação de longa data dos pescadores da arte-xávega, ela finalmente foi atendida na nova Portaria, tratando-se de ser uma medida muito importante e que tem como potencial de
Cardume em bola antes do ataque dos gofinhos 6
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poder acabar com a elevada venda ilegal e não declarada que até aqui também acontece com esta actividade de pesca. A partir de agora é necessário manter o acompanhamento da pescaria e recolher as informações que permitam avaliar a adaptação das medidas que entraram em vigor e justificar o regime abolido, pelo que se reestrutura e foi criada uma nova composição da Comissão de Acompanhamento da Pesca com Arte Xávega coordenada pela DGRM e adequada à nova realidade. Compete à Comissão: Acompanhar a actividade de pesca contribuindo para o desenvolvimento e implementação de um plano de gestão de médio e longo prazo para a pesca por artexávega, tendo em conta as implicações económicas e
Notícias do Mar
Praias com pesca de arte xávega Espinho Praia de Paramos Praia de Esmoriz Furadouro Torreira Praia da Vagueira Areão Praia de Mira Costa de Lavos Praia da Leirosa Pedrógão Costa da Caparica Fonte da Telha acessórias de mamíferos marinhos, designadamente boto ou o roaz. Boto é como se designam os golfinhos nas comunidades piscatórioas do norte e o roaz é o golfinho roaz corvineiro como o que reside no estuáro do Sado. Um ameijoal feito pelos golfinhos
sociais associadas à pescaria. Em vez dos golfinhos os portugueses Os carapauzinhos, comidos como jaquinzinhos fritos ou alimados à algarvia, são um apreciado e económico petisco, ao gosto dos portugueses e fazendo à longa data bem parte da dieta mediterrânica. Deste modo, os jaquinzinhos podem agora, em vez de serem deitados fora, acabar nos pratos dos portugueses que mesmo assim, continuam a não ser os seus principais consumidores. Estes são os golfinhos que perseguem os cardumes e comem os carapaus todos até não sobrar nenhum. É muito frequente, os golfinhos atrás dos cardumes acabarem por ficar também
presos nas redes. A prova disto é a própria Portaria determinar que a partir de Janeiro de 2018 as
redes da arte-xávega devem ter instalados equipamentos de dissuasão acústicos adequados a evitar as capturas
Posição da PONG-Pesca Quem não ficou nada satisfeita com esta Portaria, foi a Plataforma de Organizações não Governamentais Por-
Roaz corvineiro 2017 Junho 366
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Fotografia: João Abreu
Notícias do Mar
gais de peixes inferiores ao tamanho mínimo de referência para conservação para consumo humano acima dos limites propostos. Se todos estes níveis de tamanhos mínimos não forem controlados adequadamente, a mortalidade de peixes imaturos pode ser subestimada e os rendimentos futuros podem ser reduzidos”. A PONG-Pesca continua-
rá o seu trabalho na CAPAX, procurando ser construtiva na melhoria do desempenho da pescaria a nível ambiental, mas também económico e social. Para além das questões levantadas anteriormente sobre a monitorização e controlo da actividade e da limitação da captura dos juvenis, a PONG-Pesca irá lançar propostas para rentabilizar a venda do pescado acima do tamanho
legal, não só das espécies mais conhecidas, como também das menos populares entre os consumidores neste momento: “tem sido algo sobre o qual praticamente apenas nós temos falado na comissão, mas que consideramos essencial para evoluirmos para uma pescaria da xávega mais rentável e mais amiga do ambiente”, finalizou Gonçalo Carvalho.
Fotografia: Saborescomtempo.blogspot.pt
tuguesas Sobre a Pesca, a PONG-Pesca, que integra a Comissão de Acompanhamento da Pesca com Arte Xávega (CAPAX) como observadora, desde o início dos seus trabalhos, em 2013. Gonçalo Carvalho, coordenador da PONG-Pesca, refere “A criação de mercados legais para juvenis pode criar um incentivo para os desembarques ile-
Jaquinzinhos fritos com arroz de tomate 8
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Carapaus alimados à algarvia
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Surf
Fotografia Pedro Messias e Vera Azevedo /AHMS
1º Campeonato Nacional de Surf
Comemorar 40 anos de Surf de Competição
Foi num ambiente bastante descontraído e revivalista que a “Classe de 77”, os participantes do 1º Campeonato Nacional de Surf, realizado a 22 de Maio de 1977, regressou a Ribeira d’Ilhas 40 anos depois.
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Descerramento da placa comemorativa 10
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ara assinalar a efeméride foi descerrada uma placa comemorativa com a presença dos Srs. Presidentes da Câmara Municipal de Mafra, Junta de Freguesia da Ericeira e Srª Vereadora do Desporto e Turismo, em que a tónica dos discursos perante uma plateia também ela recheada de jovens a iniciarem-se no Surf, foi a da enorme relevância que estes Pioneiros do Surf Português tiveram ao lançar as sementes para aquilo que o Surfing representa nos dias de hoje na nossa região, aliando à enorme qualidade das ondas da Reserva Mundial de
Surf
Cartaz do 1º Campeonato Nacional de Surf
Surf da Ericeira. Com a maioria a aceitar o convite endereçado pelo Ericeira Surf Clube logo após o final da 1ª Etapa do BILLABONG ERICEIRA 2017, foi colocada uma coroa de flores no outside em memória de todos aqueles que já não se encontram entre nós, seguindo-se uma Expression Session onde os “ilustres convidados” perante uma plateia bastante mais jovem que se encontrava do inside, abordavam cada onda com
Estrutura em Ribeira d’Ilhas em 1977 do 1º Campeonato Nacional de Surf (Foto de arquivo do João Rocha)
A placa
A geração de 1977 em Ribeira d’Ilhas 2017 Junho 366
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Surf
Surfistas do 1ยบ Campeonato Nacional de Surf no descerramento da placa
Joรฃo Rocha e Filipe Batista, elemento do Museu de Surf 12
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Surf
uma enorme alegria e revivalismo. De salientar a presença de João Moraes Rocha que em 22 Maio de 1977 se sagrou o primeiro Campeão Nacional de Surf e como não deixou de surfar voltou para tentar ganhar um dos prémios em disputa. Mais tarde decorreu um jantar no Café Vitória, em Ribamar, “local de culto” que muitos aproveitaram para recordar alguns dos pratos com que habitualmente a Mila e o João os presenteavam. Foram também distribuídos vários troféus comemorativos, tshirts com o desenho original de 77 e vários prémios decorrentes da Expression Session, em que se destacam a Melhor Manobra (Tè Ayala), Onda
João Inocentes ganhou na Onda Mais Comprida
Mais Comprida (João Inocentes), Maior Wipeout (Tó
Herdade), Melhor Onda Partilhada (João Boavida e Pe-
dro Santos). Nestas festividades, mar-
Vão tentar repetir as manobras 40 anos depois 2017 Junho 366
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Surf
coroa de flores no outside em memória dos que morreram
João Boavida e Pedro Santos na Melhor Onda Partilhada
João Rocha, o 1º Campeão Nacional homenageado no jantar 14
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caram presença os seguntes pioneiros, dos primórdios do surf português, Antero Santos (1º Presidente da FPS) Carlos Vieira, João Moraes Rocha (1º Campeão Nacional), Té Ayala, João Inocentes, Tó Herdade, João Boavida, Pedro Santos, Miguel Santos, Pedro Machado da Costa, Paulo Machado da Costa, Paulo Belo, Topê Moraes Rocha, Nuno Baltazar, Duarte Baltazar, Miguel Aragão, Pêpê Carrasco, Ivo Cruz, Miguel Cruz, Afonso Lopes, José Cotta, Paulo Belo, Paulinho do Baleal, João Meneses, Manuel Branco, Nuno Portas, Fernando Martins Shorty ou vários membros da AHMS – Museu do Surf. A organização do evento, do Ericeira Surf Clube, no final fez um especial agradecimento ao Sr. Presidente da CMMafra pela sua pronta disponibilidade em receber esta comemoração, dinamizando também uma série de iniciativas e também ao Sr. Presidente da JF da Ericeira pelo enorme carinho com que preparou a placa comemorativa, pela oferta de fotografias do seu Espólio Familiar tiradas no início dos anos 70’ a um dos primeiros grupos de surfistas que descobriu a Ericeira.
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Náutica
Yamaha Experience
Surpreendente iniciação com a Yamaha em Cascais
Acesso fácil ao mar
Nos passados dias 20 e 21 de Maio, durante um fim-de-semana, a baía de Cascais teve uma animação pouco comum, centenas de pessoas a iniciarem-se no mar em barcos a motor e motos de água Yamaha.
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Náutica
Exposição de embarcações
Um piano Yamaha para ensaiar
A
Experience Yamaha iniciou-se em Vilamoura no fim-de-semana de 14 e 15 de Abril e agora decorreu o segundo evento na Marina de Cascais contou
com exposição e teste drive de barcos com motores fora de borda Yamaha e das novas motos de água Waverunner da gama EX. Havia uma área destinada aos produtos de
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Náutica
Aqui se inscreveram 573 pessoas para os test drive
O pontão Sunchaser a chegar
O espectacular Flyboard 18
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estrada e lá estiveram disponíveis para testar motos de estrada e scooters. Para o público que apenas queria ver estes produtos, estavam igualmente em exposição motociclos e motos de competição. A Yamaha fabrica instrumentos musicais de altíssima qualidade e por isso, estavam igualmente em exposição alguns desses instrumentos que podiam ser testados. Houve visitantes que aproveitaram bem a oportunidade e de auscultadores colocados experimentaram os seus dotes musicais.
Náutica
Com entrada livre o público aproveitou bem a excelente meteorologia desse fim-de-semana e desde as 10 horas até às 19 horas encheu a área nascente Fizeram-se bastantes batismos de Stand-up Paddle, de pneumáticos YAM e do espectacular Flyboard. Em seco na área destinada à náutica estavam em exposição modelos novos powered by Yamaha com os novos motores F25G e F100F. Dentro de água para os testes alguns dos mesmos modelos e um pontão Sun-
Semi rígido Capelli Tempest 570
chaser que estiveram praticamente sempre em actividade, tal a afluência de pessoas que queriam
sair e testar os barcos. Para o público ver melhor, estavam expostos em seco os modelos que
Sirius 430 Open
Dipol 580 Open a sair 2017 Junho 366
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Náutica
Dipol Cala 450
Semi rígido Falcon 650
estavam a ser testados e ainda mais outros modelos, das seguintes marcas: B2 Marine Capelli Dipol Falcon Highfield Jeanneau Rancraft Sirius Sunchaser Yam O interesse do público pela Experience Yamaaha era tanta que as pessoas chegaram a fazer fila para se inscreverem para saírem nos barcos. No final foram efectuados 573 test drive, que representaram excelentes oportunidades de negócio para os concessionários Yamaha que estiveram presentes. A Yamaha tem organizado mais três eventos destes.O próximo é no Porto num Experience nos dias 9 e 11 de Junho e depois nos Açores em 8 e 9 de Julho e finalmente na Madeira em 22 e 23 de Julho.
Rancraft RS5cinque 20
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Náutica
Teste Rancraft RS Cinque com Yamaha F100F
Texto e Fotografia Antero dos Santos
Barco Inovador Multiusos
O Rancraft RS Cinque que testámos na barragem de Montargil, no passado dia 15 de Março, equipado com o novo Yamaha F100F, tem um perfil elegante e destaca-se pelo casco inovador, ergonomia e polivalência que oferece
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Náutica
Rancraft RS Cinque
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ara Portugal é a Nauticolour que importa em exclusivo os barcos do estaleiro italiano Rancraft Yachts.
A Rancraft destingue-se por produzir embarcações de recreio, onde se realça o design made in Italy e são o resultado do trabalho desenvolvido por um centro de
investigação. A pesquisa e testes de novas tecnologias, permitem construir barcos da máxima qualidade, com conforto e bom desempenho.
O estaleiro empenha-se em dar grande atenção aos materiais aplicados, os equipamentos e aos detalhes do acabamento. O modelo Rancraft RS
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Náutica
Consola de condução central
Casco especial “Innovating Hull Concept” 24
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Náutica
Cinque, de 5,05 m de comprimento, é uma embarcação ergonómica e visualmente muito elegante, do tipo open, criada para maximixar a sua utilização, é um barco multiusos, cuja polivalência deve-se à organização do espaço no interior por ser um barco largo, devido a ter sido construído com o casco especial I.H.C, que é o resultado de um estudo de design inovador chamado “Innovating Hull Concept”. É uma tecnologia exclusiva da Rancraft Yachts que oferece performances muito altas, com a vantagem de traduzir-se num consumo de combustível reduzido e facilidade de navegação. Estes benefícios são devidos à forma particular do casco e sobretudo ao degrau transversal do casco que garante menos resistência de fricção, mesmo com o barco a
Amplo espaço no solário e no poço
planar a baixa velocidade, garantindo manutenção reduzida e descolar da água com menor velocidade. É a
ventilação suficiente e regular através de entradas de ar laterais que eliminam o aumento ao atrito. Tudo isso se
traduz em uma navegação segura, confortável e com maior performance, Em virtude deste conjunto
O Rancraft RS Cinque tinha montado o novo Yamaha F100F 2017 Junho 366
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Náutica
à frente, têm grandes compartimentos para arrumação da palamenta, equipamentos e sacos com roupa. Os bancos no poço são de design ergonómico e extremamente confortáveis. O banco do piloto tem o encosto amovível para se virar para trás e o banco da popa tem junto uma passagem a bombordo de entrada para o barco. O equipamento incluído no barco é: Solario de Proa, Almofadas de proa, Bimini Inox, Kit Cobertura (capa barco e capa consola), Direcção Hidráulica, Depósito combustível inox.
O poço tem boa acomodação
de características, o Rancraft RSCinque é um barco estável parado com interesse para os pescadores, rápido para esquiadores e
largo para os piqueniques e banhos de sol. O Rancraft RS Cinque tem uma consola de condução central, banco duplo
para o piloto, banco à popa, um banco à frente da consola e assentos à proa convertíveis em solário. Sob os bancos, dentro da consola e
No teste o conjunto mostrou rapidez e o barco com muita estabilidade Quando fizemos o teste, as características do barco
O desempenho do Rancraft RS Cinque foi excelente 26
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Náutica
Motor Yamaha F100F M
O posto de comando tem a condução apoiada pela direcção hidráulica
e do motor associaram-se para dar excelentes performances. No arranque em apenas 1,80 segundos o RS Cinque já planava e no teste de aceleração até às 5.000 rpm em 5,54 segundos atingimos os 20 nós. A velocidade máxima foi
de 31,6 nós às 5.800 rpm, uma excelente performance para este conjunto com 100 HP.. Determinámos a velocidade de cruzeiro, a mais importante para quem quer passear com maior economia. Com o motor a trabalhar apenas às 4.000 rpm, a
Os bancos no poço são ergonómicos e muito confortáveis
uito mais leve e mais compacto, esta foi a forma de elaboração por parte da Yamaha, do F100F de última geração mais rápido e mais potente. A Yamaha tem vindo a revolucionar o desenvolvimento e a produção dos motores fora de borda mais avançados a nível mundial, para uma comercialização da gama mais ampla e adequada, que proporciona uma potência fora de borda a 4 tempos limpa, suave e económica e que é, simultaneamente, adequada a todas as aplicações possíveis. A marca pretende expandir e explorar a sua experiência com essa tecnologia para melhorar e aperfeiçoar ainda mais os modelos Yamaha de referência. Os engenheiros da Yamaha, com os modelos da última geração, têm obtido motores ainda mais leves e mais compactos. O novo Yamaha F100F é o mais recente motor de gama média alta com mais potência, mais velocidade e uma aceleração de saída ainda mais acentuada. O Yamaha F100F tem 4 cilindros, com 1.832 cm3 de cilindra, 16 válvulas (SHOC) e Injeção eletrónica de combustível (EFI). Sem comprometer as características lendárias de resistência e fiabilidade pelas quais todos os motores da Yamaha são famosos mundialmente, os engenheiros não só voltaram a conceber alguns elementos para tornar este último modelo ainda mais compacto, como também alcançaram uma redução de peso significativa. As características do novo F100F, agora com mais potência, mais velocidade e uma aceleração de saída ainda mais rápida,fazem dele um motor altamente desejável por ter uma performance notável, em especial para desportos aquáticos, pesca em alto mar e atividades de lazer. O Yamaha F100F não só proporciona um nível superior de performance, como também é ainda mais suave e silencioso, apresentando níveis de som e de vibrações extremamente reduzidos, graças ao novo design do sistema de escape. Estes fatores contribuem para tornar qualquer barco mais poderoso e com uma maior capacidade de resposta e proporcionam a solução perfeita para proprietários de motores a 2 tempos mais antigos que pretendam desfrutar das muitas vantagens irresistíveis de contar com a tecnologia a 4 tempos mais recente à popa. Ao ser totalmente compatível com o sistema digital de rede exclusivo da Yamaha, o F100F proporciona um impressionante conjunto de funções e opções de controlo sofisticadas, com uma vasta gama de manómetros digitais. Uma das funções é o controlo VTS (velocidade de ajuste variável) integral que não só proporciona um ralenti inferior ao normal, também permite controlar a velocidade de ajuste em passos simples de 50 rpm, o que é ideal para a pesca ao corrico. Outra é o exclusivo sistema de proteção antirroubo Y-COP. O novo manípulo multifunções é outra das opções apelativas deste motor. Possui um controlo de mudanças montado na frente de alcance fácil pelo condutor, um punho robusto de grandes dimensões e um punho de aceleração rotativo, para uma condução, utilização e manobra confortáveis, dominando facilmente o sistema VTS. Os gráficos elegantes e uma conduta de admissão de ar para o lado de drenagem de água, concebida de forma inovadora na capota superior, complementam as vantagens do novo Yamaha F100F.
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Náutica
O Rancraft RS Cinque é um barco rápido
navegação foi de 18 nós. A confirmar as características do casco I.H.C “Innovating Hull Concept”, a velocidade mínima a planar foi de 10 nós às 3.200 rpm. Também graças ao casco o barco é muito estável e curva com a máxima segurança adornando apenas ligeiramente.
O desempenho do Rancraft RS Cinque, em relação ao conforto foi excelente, pois o casco especial galgou facilmente a agitação da água sem bater e sem molhar o interior. A condução apoiada pela direcção hidráulica fez-se sem esforço e facilitou a execução de todas as manobras.
Características Técnicas Comprimento
5,05 m
Comp Casco
4,99 m
Boca
2,19 m
Peso
550 Kg
Lotação
6
Pot. Máxima
115 HP
Motor teste
F100F
Preço Pack
34.499 € Com IVA
Performances
Entrada a bombordo e auto-escoante largo em baixo 28
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Tempo para planar
1,80 seg.
Aceleração às 5.000 rpm
20 nós em 5,54 seg.
Velocidade máxima
31,6 nós às 5.800 rpm
Velocidade de cruzeiro
18 nós às 4.000 rpm
Velocidade mínima a planar
10 nós às 3.200 rpm
3.500 rpm
12,5 nós
4.000 rpm
17,2 nós
4.500 rpm
21 nós
5.000 rpm
25 nós
5.500 rpm
27,9 nós
5.800 rpm
31,6 nós
Importador Exclusivo / Distribuidor Nauticolour Estrada Nacional nº 2 Sítio da Perna de Pau – 8005-514 Faro Telf: 289 862 667 info@nauticolour.pt www.nauticolour.pt Yamaha Motor Europe N.V. Sucursal em Portugal Rua Alfredo da Silva, nº 10 - 2610-016 Alfragide Tel.: 21 47 22 100 www.yamaha-motor.pt
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Electrónica
Notícias Nautel
Novas versões HELIX 9, 10, 12 com Radar e Ethernet ! Sistemas Multifunção, Helix 9,10,12, agora em versões com Bluetooth e nova antena de radar...
A
Humminbird renovou esta sua gama. De entre as inúmeras combinações, os multifunções com sonda convencional,mais indicadas para pesca desportiva e navegação em mar, passam a incorporar novas valências. Existem versões alternativas com DI e SI. A identificação específica, ainda que não apareça na face dos equipamentos, fica conhecida como G2N. O G2 designa 2ª geração, o “N” é para “network”. Como os seus diferentes tamanhos de ecrã, 9”, 10” e 12”, estas novas combinações satisfazem as necessidades mais exigentes de qualquer embarcação até aos 20m. A antena de radar é uma 30
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opção, e pode ser adquirida logo de início, ou mais tarde quando tal for desejado. A antena tem 54cm de diâmetro, permite escalas até 24mn na imagem, e é tipo
“CHIRP/Solid State”. Tem estanquicidade IPX6, e pesa 5,6Kg. Por outro lado, estas unidades, tendo Ethernet, podem fazer parte de um sis-
tema que tenha por exemplo duas estações, uma de 10” e outra de 7”. A juntar a tudo isto, está a conetividade Bluetooth.O equipamento pode ser ope-
Electrónica
rado por via de um compacto comando de mão. Funcionalidades/ especificações: AUTOCHART LIVE: Capacidade de automapeamento instantâneo dos fundos, no próprio equipamento, sem recurso a qualquer tipo de processamento externo, e de uma forma simples e intuitiva. Gravação externa em cartão ZeroLine. CHIRP: Todas as unidades Combo (GPS/Chartplotter/Sonda) executam a sondagem na base desta técnica. XD-Extreme Depth: Para aqueles que procuram deteção dos fundos a maior profundidade, tipo de 500 a 700m, as unidades vêm agora com a possibilidade de pelos menus mudarem a frequência para 50/200KHz, e adquirindo os respetivo transdutor para painel de popa, para casco em plástico ou bronze. Possibilidade de ligação a antena externa de GPS : Para barcos com cabines em ferro, ou madeira. Para além da Cartografia GOLD da Navionics, lêm também Platimum+ . Nos equipamentos combinados com GPS é possível gravar imagens uma a uma (snap shot) ou em contínuo.
mento instantâneo dos fundos • Ligação em rede ETHERNET, para uso por exemplo de dois ecrãs a partilharem dados. • Podem ligar a antena de Radar Humminbird, e ter segunda estação. • Opção de comando remoto manual sem fios (Bluetooth). • Frequência adicional de 50/200KHz, com transdutor opcional, para XD (Extreme Depth). • Potência da sonda: 500W (1Kw quando ligado a transdutores Airmar específicos). • Entrada NMEA2000 para ligação a motores e visualização de consumos e dados. • Saída/Entrada NMEA0183.
Ligação a AIS. • Dimensões – Helix 9 e 10 : A18,07xL34,14cm . Helix 12 : A22,43xL37,35 cm • Nº de pixels – Helix 9 e 10 : 800x480. Helix 12 : 1280x800. Ecrã TFT com 65.000 côres, tipo 16:9 • Estanquicidade: IPX7 • Funções GPS: 2500 way-
points, 50 rotas, 50 rastos com 20.000 pontos cada. GPS diferencial por satélite EGNOS/WAAS • Alimentação: 12VDC (24VDC com conversor opcional) Mais informação em: www.nautel.pt
Outras especificações: • Dupla ranhura para cartões de memória micro SD • Autochart LIVE (direto nos aparelhos) – Auto-mapea2017 Junho 366
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Notícias do Mar
Tagus Vivan
Crónica Carlos Salgado
Não Podemos Ignorar!
O Tejo não pode deixar de ter água Na sua Cantata à Paz, Sophia de Mello Bryner compoz, “ Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, assim como nós e o Congresso do Tejo III, também não vamos poder ignorar as coisas que sobre o nosso Tejo temos vindo a ver, ouvir e ler. Por esse motivo, a partir de agora que o Congresso foi adiado novamente para uma data e local a determinar, que vos será transmitida oportunamente, vamos aproveitar para informar-vos por meio das nossas crónicas mensais neste jornal, aquilo que vimos, ouvimos e lemos, de mais importante, sobre o nosso maior rio.
O
Congresso do Tejo III foi adiado para podermos valorizar mais o seu programa temático com mais conteúdos de interesse e mais comunicadores de reconhecido saber, para além do período dos trabalhos ser aumentado para dois dias, o que se deve ao facto de estar em causa o forte contributo que este congresso está determinado a dar para a construção do futuro do Tejo, para conseguirmos ter Mais Tejo – Mais Futuro, um compromisso nacional que a Tagus Vivan assumiu. 32
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Era impensável que este Congresso deixasse de realizar-se, já que conseguimos chegar onde chegámos com o Ciclo de 5 Conferências Regionais preparatórias, durante um período de précongresso, que foi concluído com êxito, graças ao apoio de alguns municípios ribeirinhos, designadamente Vila Franca de Xira (x2), Benavente, Vila Nova da Barquinha e Vila Velha de Ródão, apenas lamentamos não ter sido possível contar com o de Idanha a Nova, cujo presidente tem feito uma obra muito meritória no Tejo Internacional. Reconhecemos
que alguns municípios ribeirinhos, não muitos, já projectaram e materializaram projectos de louvável interesse para o rio Tejo, não apenas obra para dar nas vistas ou ganhar votos, mas outros há que continuam voltados para o interior, o que é comprovado por, segundo sabemos, não existir até agora uma única candidatura para projectos de beneficiação do próprio Rio. de um município do Tejo ao Portugal 2020, o novo ciclo de programação dos fundos europeus, Já se encontra em marcha um novo paradigma deste evento que vai ao ponto de
redesenhar e reestruturar o programa para conseguir que ele consiga sair reforçado na sua importância e ter mais notoriedade, para uma melhor construção de Mais Tejo, Mais Futuro, porque o Tejo precisa e merece, e os portugueses também. O Tejo é como uma moeda de duas faces, uma boa e outra menos boa, porque se repararmos bem, ele tem características, atributos, e valências muito positivas para voltar a ser um grande rio, graças às potencialidades bastantes que tem para alavancar o crescimento económico da sua bacia
Notícias do Mar
hidrográfica e do país, que tanto precisa, como temos vindo a invocar nas páginas deste jornal, esta é a face boa da moeda. Contudo não podemos ignorar a outra face, porque na realidade o nosso Tejo, rio de muitos donos, se não fosse tão forte já estaria morto: Comeram dele, com a indiferença dos sucessivos governos, as indústrias pesadas, a agricultura intensiva, as hidroeléctricas e a pesca ilegal, e ainda continuam a comer, para além de outros agentes pouco escrupulosos que lhe criaram vulnerabilidades, e continuam a criar, algumas de difícil recuperação. Por outro lado, como diz o povo “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”, pois o país vizinho, aproveitando o facto do rio Tejo ter nascido no seu território, trata dele como exclusivamente seu, unilateralmente, desviando (desviar é o ter-
mo usado quando um barão rouba algo de valor significativo), a mais pura e cristalina água vinda das cabeceiras do rio para irem através do transvase Tajo-Segura, regar os campos do Sul do seu território, não só agrícolas mas também os campos de golfe e outros empreendimentos turísticos, e aldeamentos afins, aproveitando a água que não entrou no canal do transvase para encher as suas inúmeras mega barragens que retêm o resto dessa água em Espanha, e é por isso que a água que o nosso vizinho vai deixando passar para o lado de cá da fronteira ser insuficiente e de má qualidade, o que contribui para que não possa ser garantido o caudal ecológico do rio em Portugal, com a colaboração das barragens do Fratel e de Belver que também não deixam passar a quantidade da água a que devem ser obrigadas. Antigamente estes proble-
mas da partilha da água entre vizinhos eram resolvidos à força de conflitos armados com enxada ou sacho, que resultavam em crimes de sangue, mas agora que somos civilizados, ainda está por saber como é que o problema vai poder resolver-se concretamente. Quanto ao caso da Central Nuclear de Almaraz já começámos a falar disso em 1987, no 1.º Congresso do Tejo, e continua sem resolução, ainda mais agora com a construção do novo armazém de resíduos …. Temos um amigo espanhol, o Carlos Blazquez, homem muito conhecedor e actualizado, que numa entrevista que nos deu, saída neste jornal, afirmou o seguinte: “ O Tejo é um rio que nasce na Serra de Albarracín, como vem nos livros da escola, mas hoje já não é verdade que ele vá desaguar em Lisboa como devia naturalmente,
porque o faz noutro lado da Península, nas costas de Valência e de Múrcia em Espanha, o que é motivado pelo transvase Tajo/ Segura que o faz chegar às costas orientais de Espanha e uma parte das suas águas são transformadas em frutas e verduras, e a outra em água potável para abastecer milhões de pessoas, e outros destinos, e a que sobra vai sair no Mediterrâneo, pelo que essa água nunca chega a conhecer Lisboa porque o Tejo original fica seco a partir de Bolarque, até que começa a receber as águas residuais da Comunidade de Madrid. A partir da província de Madrid, podemos dizer que nasce um segundo Tejo, cujas águas são as únicas que chegam a Portugal mas este rio renascido que já não tem origem numa nascente manancial porque, como dizia o de-
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Notícias do Mar
Redes da captura do Meixão
saparecido diário espanhol “Público “ no ano de 2010: “ El Tajo nace en las cloacas de los ocho milliones de Madrid “ ( O Tejo nasce nos esgotos de oito milhões de habitantes de Madrid), o que é algo realmente terrível. O rio mais extenso da
Península Ibérica, com 1.008 quilómetros, apenas tem os cem primeiros em bom estado, somente cem quilómetros de águas limpas que podem ser desfrutadas pelos cidadãos. Na prática, o resto das águas do seu curso são de má qualidade ou pestilentas,
Meixão, enguia bébé
Amêijoa japónica não depurada 34
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por esse motivo torna-se pouco atractivo, apenas pode usar-se para a irrigação ou para produzir energia eléctrica.” Voltando à questão, deveras preocupante, de se estar a verificar a escassez da água no rio Tejo português, com a justificação de que o aquecimento global do Planeta motiva a redução da pluviosidade nas cabeceiras do rio, o que impede que o caudal ecológico em Portugal seja o devido, mas não se ouve ninguém falar na falta de cuidado ou consciência da parte do homem, no sentido lato, de manter o equilíbrio na gestão dos recursos naturais, por ganância, porque o que está a acontecer é o seguinte: enquanto o país não conseguir exportar a energia eléctrica e houver vento em quantidade para produzir energia eólica transformada em electricidade, ou houver mais sol para produzir energia fotovoltaica para o mesmo fim, as barragens não precisam de produzir energia hídrica, e passam a reter a água do rio que têm armazenada, essa é também uma das causas da falta da água vinda de montante, que permite que a língua salina suba cada vez mais. Podemos até pensar, exagerando talvez um pou-
co, que por este andar o Tejo ainda pode vir a ser uma Ria, um braço do mar, alimentada com a água da maré vinda de jusante, e então entramos na Era dos rios nascerem no mar como diz uma canção.
NotĂcias do Mar
Transvase Tajo/Segura
Central Nuclear de Almaraz 2017 Junho 366
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Notícias do Mar
Texto e Fotografia Luísa Roque, Ana Cristina, Hugo Silva
O Tejo a Pé
Outro mundo Quem diria, num ano seco em final de maio. Rumou -se novamente a Mafra, mais propriamente à freguesia de Cheleiros, que separa este Concelho do Concelho de Sintra.
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Um mundo de coisas boas. 36
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céu prometia chuva mas nas caminhadas do Tejo a Pé “o tempo está sempre bom, só não sabemos se vai chover ou fazer sol” Iniciámos na Igreja de Cheleiros, descendo na direção do rio Lizandro, a que se seguiu uma incursão junto de um pequeno ribeiro afluente, num percurso de pé posto, feito em fila indiana e cheio de bonita vegetação fresca. Chegámos ao nosso primeiro ponto, Aldeia da Mata Pequena, que nos mostra o que de melhor se pode fazer de uma aldeia abandonada, agora um alojamento turístico. As casas foram recons-
truídas mantendo a traça original e a rua principal está repleta de objetos rurais de tempos idos. Não faltam os “vasos” nas janelas, o café – Tasca do Gil- com uma ementa de petiscos de deixar água na boca e até o gato que dorme enrolado numa cadeira, convidando quem passa a fazer-lhe umas festas. Continuámos o caminho até ao Penedo do Lexim, antiga chaminé vulcânica que pertencente ao complexo vulcânico de Lisboa, que quem teve coragem para “escalar”, vislumbrou uma ainda mais bela paisagem, avistando a serra de Sintra e a costa do Atlântico. Descemos de volta ao
Notícias do Mar
Portugal 2.
Este é o país chamado Portugal, não contem a muitos por favor.
rio Lizandro, local escolhido para o “almoço”. Nada como a margem de um rio ou uma simples pedra, para servir de assento de descanso e de saboreio das iguarias que cada caminheiro trouxe ao manjar, acompanhadas do bom vinho – Penedo de Lexim - que se produz das vinhas por onde passámos, terminando a sobremesa com as habituais – areias da Casa Gama da Ericeira. Seguimos subindo junto ao rio Mourão até à Cascata de Anços - quem diria que ali, no Concelho de Sintra, existe uma tão límpida e fresca Queda de Água, que nos permitiu um momento de pura contemplação neste pequeno pedaço do Paraíso. Passamos a aldeia de Rebanque e iniciámos a descida para Cheleiros por caminhos de almocreves de outros tempos, culminando na passagem final pela antiga ponte romana. Antes de chegarmos aos carros ainda tivemos tempo para visitar o museu da ManzWine, onde pudemos observar pequenos pedaços da história da região e do vi-
nho ali produzido. O céu que prometia chuva e cumpriu- brindou o final da nossa epopeia, com umas gotas que nos fizeram relembrar o lema: “o tempo está sempre bom(…)” e partimos a saber mais uma vez que aqui à porta existem locais de muita beleza.
Aldeia da Mata Pequena, quem disse que o campo está condenado ao abandono?
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Electrónica
Notícias Nautiradar
FUSION MS-RA55 Novo Sistema Maritímo de Som com Bluetooth Integrado
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Nautiradar apresenta o novo Sistema de Som
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com Bluetooth da FUSION, o MS-RA55. Este sistema apresenta-se como o mais compacto da marca até ao
momento, sendo capaz de uma reprodução de som nítido e dinâmico, numa caixa concebida para o
ambiente marítimo e de dimensões bastante reduzidas. Graças à transmissão de áudio via Bluetooth, os
Electrónica
utilizadores poderão agora reproduzir qualquer música a partir de qualquer aparelho compatível para o MS-RA55 e desta forma desfrutar das suas aplicações favoritas. Com um elegante acabamento frontal e numa caixa pouco profunda, o novo MSRA55 com design de baixo perfil, permite uma instalação fácil em pequenos barcos e embarcações pessoais, adicionando um som da mais elevada qualidade a embarcações que antes simplesmente não possuíam espaço para um sistema completo de estéreo. Características: - Tecnologia Sem Fios Bluetooth A2DP – desfrute da sua música favorita através de qualquer aplicação de reprodução de música ou lista de reprodução num aparelho compatível. Inclui a função de passar faixas, play/pausa e ajustar volume a partir do seu aparelho ou do estéreo, com dados apresentados no
ecrã. - Tecnologia Multi-ZoneTM – Estão disponíveis duas zonas de áudio independentes, cada uma com menus de controlo localizados - Ligação de saída – Saída RCA (L + R) para ligação a um amplificador externo. - Entrada AUX – Entrada RCA (L + R) para ligação a acessórios compatíveis - Rádio – AM/FM com RDS (onde disponível) - Painel Frontal Resistente a Água IPX5 – quando instalado devidamente, o painel frontal do MS-RA55 tem um padrão IPX5 de resistência a água. - Dimensões Compactas – com uma profundidade de montagem de apenas 55 mm, o MS-RA55 é ideal para pequenos barcos e embarcações pessoais.
Novo Catálogo da Gama AXIOM de Displays Multifunções da Raymarine
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á se encontra disponível o catálogo da nova e revolucionária Gama AXIOM de Displays Multifunções da Raymarine, com o mais recente Sistema Operativo LightHouse 3 e disponível em três tamanhos diferentes – 7”, 9” e 12” polegadas. Basta seguir o link em baixo para aceder ao Catálogo AXIOM 2017. http://www.nautiradar.pt/pt/catalogs Para mais informações, contacte-nos através do número 21 300 50 50 ou consulte o nosso site em www.nautiradar.pt.
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Notícias do Mar
Defesa do Mar
Acabar com a Mineração dos Fundos Marinhos
Fotografia: emepc
Num apelo dirigido à comunidade internacional, 39 ONGs de todo o mundo exigem que se acabe com a mineração dos fundos marinhos, no comunicado de 9 de Junho em Nova Iorque, EUA, na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, a Seas at Risk, apoiada pelos seus 34 membros e ainda pela Mission Blue, BLOOM, Deep Sea Mining Campaign e Earthworks.
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a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, a Dra. Monica Verbeek, diretora executiva da Seas at Risk, declarou que “a mineração dos fundos marinhos não é necessária num mundo que está comprometido com uma produção e consumo sustentáveis ao abrigo da Agenda 2030. A menos que paremos para refletir arriscamo-nos a arruinar um dos nossos ecossistemas mais valiosos que tem um papel vital na saúde do nosso planeta, em prol de um sonho obsoleto de crescimento ilimitado”. A mineração dos fundos marinhos apresenta uma ameaça séria à sustentabilidade. O mar profundo é um ecossistema frágil e vulnerável onde os possíveis impactos ambientais são muito amplos e com uma duração de milhares de anos, se não para sempre. Contrastando com isto, os benefícios 40
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socioeconómicos (se os houver) são efémeros. As enormes lacunas no conhecimento científico e muitas incertezas pedem uma abordagem precaucionaria, começando por uma procura por alternativas mais sustentáveis. Já estão disponíveis alternativas sustentáveis à mineração dos fundos marinhos. Reduzir a procura de matérias-primas através de um melhor design dos produtos, partilhar, reutilizar, reparar, reciclar e desenvolver novos materiais é a solução, assim como mudanças nos estilos de vida. Todos os anos, na UE, 100 milhões de telemóveis deixam de ser utilizados e menos de 10% são reciclados. Isto representa uma enorme quantidade de ouro e outros minerais preciosos que são desperdiçados. Estas estatísticas indicam o imenso potencial das políticas que visam aumentar a eficiência dos recursos em todo o mundo. Além disto, um relatório de
2016 questionou a perceção da necessidade da mineração dos fundos marinhos para suprir a procura de minerais para as energias renováveis. A análise, feita pelo Instituto por Futuros Sustentáveis da Universidade de Sidney, concluiu que pode existir uma transição total para energias renováveis até 2050 sem haver necessidade de utilizar minerais dos fundos marinhos. “Portugal tem sob a sua jurisdição enormes áreas de grandes profundidades, o que faz do nosso país um dos guardiões a nível mundial dos valiosos e frágeis ecossistemas que aí existem. Temos que apostar na investigação e no conhecimento do mar profundo, mas também temos a oportunidade de liderar nas indústrias emergentes ligadas à economia circular e às novas tecnologias relacionadas com as renováveis.”, declarou Gonçalo Carvalho,
presidente da Sciaena, ONG membro da Seas at Risk. “Num país virado para o mar, numa sociedade que se apresenta sob lema da sustentabilidade, a entrega do património natural fundamental e insubstituível à exploração de recursos naturais de forma a colmatar necessidades imediatas de consumo é muito mais que um contrassenso, é um comprometer das gerações futuras não de um ponto vista local, mas de um ponto de vista global. Portugal, com um território marinho de grandes dimensões, tem sobre si esta grande responsabilidade – a defesa de um bem comum”, declara Inês Cardoso da LPN - Liga para a Protecção da Natureza, ONG membro da Seas at Risk. “É preciso proteger, conservar e explorar os oceanos e os recursos marinhos, quer vivos quer não-vivos, de um modo precaucionário e sustentado. A mineração em águas profundas acarreta demasiado impactes e perigos ambientais. Numa região como a dos Açores, que depende fortemente do Oceano Atlântico e do seu bom estado de conservação, esta exploração é ainda potencialmente mais arriscada. Mais, é prioritário comprometer a nossa economia com uma transição para um uso de recursos provenientes de uma exploração sustentável”, declarou João Branco, Presidente da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.
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Pesca Desportiva
Histórias de Pesca
Texto e Fotografia Vitor Ganchinho
IR À PESCA (com duas miúdas giras) Tenho boas notícias para todos vós: fui libertado! A seguir ao artigo “Pesca no Hospital Curry Cabral”, fui a uma junta médica, as autoridades compadeceram-se de mim, colocaram-me na lista de excedentários da penitenciária e fui libertado com pena suspensa. Agora só tenho de fazer apresentações periódicas na esquadra de polícia do meu bairro. Por isso mesmo volto à carga, vou continuar a escrever e a contar-vos parte das conversas que tenho tido com Jesus Cristo. Falo-vos hoje de uma saída de pesca com duas miúdas giras, a Mona Lisa (a do sorriso tímido) e a Vénus de Milo (sem bracinhos...).
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onfesso que com algum entusiasmo, respondi a um anúncio colocado pelo director desta prestigiada publicação. Algo como: “Precisa-se escritor para temas de pesca. Honorários generosos. Sandes de queijo”. Sempre pensei que fosse melhor do que aquilo que tinha. Na verdade, estava saturado de tentar ganhar a vida como cobaia humana em testes de medicamentos. Não havia dia em que não saísse do emprego, leia-se hospital, agoniado, a arrastar a língua pelo chão, coleccionando cabelos, beatas de cigarros, arritmias, convulsões gástri42
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cas e espasmos musculares. Fartei-me! Aconteceu ainda uma passagem fugaz por um emprego de “Homem-Bala” num circo de 3ª categoria, que só me arranjou problemas de coluna. Tenho a L3 colada à L17. Para além disso, dentro do canhão o ar era escasso e algo abafado. Fartei-me do circo! Levava o tempo a montar e desmontar a barraca, tinha os dedos negros de tanta martelada e pior que isso, 26 meses de salários em atraso. Resolvi pois mudar de ramo e responder a este anúncio. Não que seja mais fácil escrever um artigo de pesca do que ser disparado de um canhão e aterrar numa rede a 25 mts, ou martelar os dedos
com força a cada instante. Na verdade não é mais fácil. Há sempre quem ponha defeitos na prosa, quem não goste dos textos, quem ache que faria muito melhor, mas ainda assim… sempre evito o cheiro da pólvora. Por outro lado, evito tomar caixas e caixas de medicamentos todos os dias. Acreditem que é horrível começar a manhã com dois quilos de comprimidos engolidos à colherada e ficar à espera dos efeitos secundários. Antes prefiro croissants com fiambre. Fazem mal, engordam, mas não são motivo para levar com o desfibrilhador a toda a hora. E sempre deixo de deitar espuma dos ouvidos.
Com a Lisa e a Vénus Pois aqui vai, uma saída de pesca com duas miúdas giras, vossas conhecidas: A Lisa e a Vénus. A pesca tem um horário religioso: começa bem cedo e acaba quando Deus quiser. Começa cedo se os parceiros de pesca chegarem cedo. Resta-me dizer-vos que em condições normais, um atraso de dez minutos é suficiente para eu receber qualquer colega de pesca com granadas de gases lacrimogéneos e uma saraivada de balas de borracha. No caso delas, e por se tratar de figuras públicas, tive de aguentar e engolir em seco. Mas apetecia-me
Pesca Desportiva
atirar-lhes pedras da calçada e chamar-lhes coisas de fazer corar o menino Jesus. _ Desculpai o atraso! Fui arranjar o cabelo e avivar as madeixas -dizia a Mona Lisa, bem disposta, com um sorriso nos lábios. _ Ela e as suas pinturas! Houvera eu por bem que teria de se fazer de boa. É próprio dela armar-se em vedveta! Já no Louvre é a mesma coisa, não resiste à míngua de atenções querendo-as todas antes para si. Uma pinturazinha em madeira armada aos cucos! -contestava a Vénus, já preparada para sair, firme de pedra e cal, na ré do barco. _ Eu?! E quem é que anda aí toda oferecida, com os peitos à mostra? Componde-vos! Rapariga, estais cadavérica, de tão delgada!.. _E tu foste pintada várias vezes, porque não há maneira de ficares bem parecida e a preceito num retrato. E és gorda e farta de carnes, não cabes na moldura! Em vez de 77x53 cm, o Leonardo devia ter-te pintado com 2 metros de largura. O Vitor sabe porque é que ela tem um cordão de segurança à volta do quadro? Porque é badalhoca! O cheiro a bacalhau que manda das axilas pode matar alguém… pouco banho, é o que é! _Ora não quereides lá ver!? Aqui a “mãozinhas de prata” está impertinente e assomadiça! Um calhau de 1.98 mts que só espiga para cima. Tens um coração empedernido! Cá para mim nem és pescadora. Vais mais para o lado de “mestra especialista em minas e armadilhas”. Ou te comportas como deve ser, ou peço ao Vitor para te algemar!... _ Meninas, vamos lá prestar atenção às instruções de pesca! Isto aqui é tudo gente séria, não assaltamos bancos durante o dia, não roubamos bombas de gasolina à noite, nem pescamos peixinhos pequeninos! Há medidas mínimas, e são para respeitar, ok? Meios de segurança não
são facultativos. Não facilitem, apliquem qualquer coisa que flutue nem que seja um soutien insuflável. O colete de segurança é obrigatório e faz falta. _Sobretudo para a Vénus de Milo, que é um calhau a nadar! Se cai à água nunca mais a encontramos-dizia a Lisa. Uma breve conversa sobre o local onde iriamos pescar, a técnica, os peixes, as iscas, e estávamos a caminho do pesqueiro. Escolhi uma pedra a sul de Sesimbra. Com os meus companheiros de pesca habituais, o critério é simples: decide onde vamos …quem grita mais alto que os outros. Mas com as moças, pareceume por bem aplicar um outro sistema, até porque se pretendia uma pesca repousada. O meu método para escolher os pesqueiros em zonas abrigadas nunca falha. Eu ensino a fazer: põem o dedo indicador na boca até ficar bem babujado de cuspe. A seguir, esticam o braço bem alto. O vento seca a parte do dedo de onde sopra e um pouco dos lados. É calcular a resultante. A parte que ainda tem cuspe é a parte abrigada do vento. Escusam de me agradecer, temos de ser uns para os outros. Pesco normalmente longe da costa. Nunca é coisa para menos de uma hora e meia de caminho, a andar bem. Estou a estudar um percurso alternativo, e com vento nas costas e corrente favorável, penso que talvez possa poupar mais de 20 segundos. Desta vez, dado o atraso que tinha, apertei com a máquina. O barco não dava mais, eu a acelerar e ele, agastado, a reduzir. Tardíssimo, a meia manhã e o sol já alto, mas lá chegámos. As iscas conheciam bem o percurso, tantas as vezes que tinham ido e vindo, congelado e descongelado. Dir-se-ia estarem em avançado estado de decomposição, mas era o que tínhamos. Queixava-se a Lisa:
_ A sardinha desfaz-se, a navalha está toda podre…o ganso está anémico e mole! Não havia nada pior? À fé disso os peixes não picam! Compras-te isto na secção de saldos das iscas vivas, certo? E esta zona não é boa, eu conheço este pesqueiro. É uma caliqueira. Chamam-lhe a pedra do Triângulo das Bermudas. Aqui desparece tudo: as iscas, as chumbadas, os anzóis, …o peixe, tudo. Encalha em cada lance, está tudo cheio de redes, de cabos. Nunca há nada, e muito menos peixe. Onde há parguetes a valer é nos canais de Veneza! Do outro lado do barco, a Vénus de Milo, dada a inactividade dos peixes, fazia origamis de papel. Eu próprio já estava aborrecido. Podia estar a ver a Eucaristia Dominical em casa. Para além disso, tinha sido convidado para um chá dançante, nos Alunos de Apolo, mas estava ali e tinha de aguentar aqueles comentários menos abonatórios. Quando a pescaria começa desta forma desgarrada, são de prever tempos de miséria, fome e grandes calamidades.
Na verdade, e sem paninhos quentes, estava mau. Os peixes estavam parados. E eu sem ter uma ganza para fumar. _ Não picam?! Qualquer dia ainda temos peixes com intolerância ao glúten e à lactose. Tentem com uma coxa de frango caseiro assado em forno de lenha. Mandem-lhes um Happy-Meal, eles gostam de Mcdonalds. _ Quem é essa senhora? Perguntou-me a Vénus, enquanto me pedia para lhe espalhar um pouco de protector nos seus peitos firmes. _Esquece, tu não conheces, não é do teu tempo. Concentrem-se lá na pesca, faz favor. Mas nada, estava mesmo em dia não. Daqueles dias de organizar um jantar de peixe, sim, mas à base de latas de atum, com muita cebola. Meditei para mim próprio: elas reclamam, mas as iscas estão pela hora da morte. Ao preço que estão, não me espantaria um enorme aumento dos rebentamentos de Caixas Multibanco com botijas de gás. É óbvio que vai haver paga-
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Pesca Desportiva
mentos de ganso coreano e lingueirão com notas tingidas de cor-de-rosa. Os tempos não estão para uma pessoa pagar uma factura com seis dígitos, só em isca. Pesca-se com o que há. Mona Lisa resolveu ir dar um banho, lançando-se à água em bikini arrojado, exibindo razoáveis dotes físicos, para quem foi pintada numa época um pouco mais conservadora. Resolvi ajudar: raparigas, não desanimem, eu vou pescar um pouco ao vosso lado para vos provar que não é preciso encontrar um trevo de 4 folhas para pescar aqui alguns peixes! Vocês não estão a contar com a isca viva e fresquinha que está por debaixo de nós. Estes equipamentos quero levá-los 44
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para a cova E dito isto saquei da minha própria caixa das iscas, aquelas que levo, trago, congelo, levo outra vez…e ainda assim, costumam ser muito cobiçadas. O pessoal atribuilhes poderes especiais, quase esotéricos. Um destes dias arranjo uma coisa peluda com patas e fome, vulgo um cão, para proteger a caixa da cobiça alheia. Há dias em que acho que devia cercá-la com arame electrificado. Saquei da minha querida cana Daiwa, modelo Morethan Branzino, uma preciosidade, com 176 gramas de peso e super sensível. Montei-lhe um carreto Saltiga 4000 com fio trançado 0.12mm, um chicote de nylon com dois metros e estava no ponto para brilhar. Estes equipamentos quero levá-los para a cova. Desde logo porque acho que vão aguentar até
ao fim dos meus dias, e muitos milhares de anos mais, se ninguém mos roubar da campa. A seguir desfiz alguma sardinha podre e deixei-a ir na corrente. Daí a pouco, tinha as cavalas todas por baixo do barco. No instante seguinte já tinha uma cavalinha ferrada. Um pouco depois da triste formalidade do óbito, preparei uns quantos filetes para isca. Sou dos melhores do mundo a fazer filetes de cavala. A destreza, convicção e forma rápida como utilizei a faca fizeram a Lisa pensar que eu seria capaz de, sem qualquer arrependimento, cometer um crime passional aplicando um golpe seco na garganta de alguém. Primeira lançadela, e bingo: um garoupinha pequena. Trata-se de um peixe de miserável tamanho, daqueles que recebemos na popa do barco com alguma má vontade, e quantas vezes com palavras obscenas, mas indica-nos que estamos em cima da pedra, o que só por si já é um bom sinal. Por vezes basta um pequeno peixe para nos alegrar. Mesmo um daqueles peixinhos com ar diabético, desnutrido, cansado como se estivesse nas últimas sessões de quimioterapia. Lancei novamente para o fundo, com a isca bem fresca, a largar sangue. Daí a pouco dois pargos vermelhinhos, a fazer pendent um com o outro. As miúdas olhavam para a minha isca. Para elas, aquilo era cavala geneticamente transformada. Cada caída cada pargo. Esqueçam a carne barrosã, o pastel de nata, a Amália: o que podemos exportar e temos com fartura é cavala fresca para isca! Bom e barato! E lancei mais uma vez, e mais dois pargos! E elas as duas nada, penando, olhando fixamente para a minha cana. Avisei-as: _ Não olhem directamente para a minha cana! De maneira nenhuma! É altamente venenosa. Em caso de olhar acidental, mesmo pelo canto do
olho, é lavarem rapidamente a vista com água tépida e a seguir aplicar um colírio antiinflamatório, um Visadron ou Visine. Isto é uma Daiwa! Mona Lisa terá pensado que eu estava no limiar da genialidade, mas a questão não era essa: tratava-se apenas de isca muito fresca e ensanguentada. Perguntou-me: _Então e agora nós, o que fazemos? _ Bom, agora não sei, temos de lançar as cartas e ver. Talvez uma lipossucção do mau-olhado que vocês têm em cima. Provavelmente têm de ser benzidas. E se pescarem com cavala fresquinha? A Vénus dizia: Tive um sonho profético no qual eu pescava um peixe enorme, mas com um mix de navalha com bomboca. Eu não mudo. _ Pois eu, …mudo. Venha de lá a cavalinha fresca! … arrematava a Lisa. E dito isto, começou a fazer umas choupas, e alguns carapaus. Confiança ganha, deu-lhe para zurzir na pobre da Vénus: _ Fisguei mais um …e grande! Vénus, não te importas de me desferrar o peixe? Posso partir uma unha. E para além de outros mesteres, não percam o vosso porfio, como se diz agora a concentração, mas vai ali a Policia Marítima. Ela está sem colete. _ Não digas isso nem a brincar. Olha que ficas com cancro na língua. Mas era mesmo. _Ajudemme a pôr o colete! Já estou a meter os pés pelas mãos com isto. Estava encravada, tentando colocar rapidamente o colete ao peito, e nem para um lado nem para outro. A falta de braços não ajudava. Finalmente conseguiu compor-se e recuperar a respiração. A Lisa sorria e comentava: _ Mas o que é que esta fulana faz na sua vida profissional? É pára-quedista, ou quê?! _Eu sou estátua de museu. E uma das mais famosas! Fui encontrada na ilha de Lesbos,
Pesca Desportiva
por um camponês de nome Yorgos, separada em duas metades, já sem braços. Fui comprada por marinheiros franceses, a troco de algumas cabras, que me levaram para França, onde pessoal amigo do Louvre me restaurou. Por lá fiquei, até ser convencida a vir à pesca do besugo, para Sesimbra. Aqui estou, a convite da GO Fishing de Almada. Ácida, Mona Lisa não desaproveitou a oportunidade para pressionar um pouco mais: _ Pensava que trabalhavas com motosserras. _ Como assim?... _ Esquece! E o que dizes a isto: proponho um concurso de pesca entre nós as duas. Vamos tercer canas numa justa de pesca. Quem perder lava o barco. Pode ser? Mas bem lavado e polido, não podes deixar tudo cheio de dedadas. _Por mim...parece-me que a mocinha da proa vai ter muito que esfregar. Estás a rir-te, feita invejosa, do quê? Não precisas de te estares a rir com esse sorrisinho cínico, vais perder! _ Eu não me estou a rir, é um cisco que tenho no olho e não posso tirar as mãos do regaço. Então esta delambida, que nem braços tem, que veio lá das calendas gregas, quer pescar melhor que eu, a grande Lisa Gherardini, uma jovem do século XVI? E lá aproveitou para fazer umas quantas selfies, de cabelos ao vento. Fiquei eu a arbitrar aquilo que seria sempre uma tragédia, fosse qual fosse o resultado. Procurei por toda a parte as cápsulas de cianeto que costumo usar para estas situações. Não as encontrei, no meio de tanta caixa de ligaduras, gazes, alfinetesde-ama, Betadines, espelhos heliográficos, sinais de fumo, bombas de escoamento, pirotécnicos, balsas salva-vidas, etc. Deus me livre de faltar alguma coisa. Mesmo que esteja enjoado, prefiro não tocar na carteira de Vomidrines, do
que tirar de lá algum comprimido. Mais vale ser apanhado com um fardo de erva ilegal, até porque podemos sempre alegar que é comida para os coelhos. À falta de melhor, separei-as, colocando uma à popa e outra à proa. Lancei para o fundo uma baldada de engodo bem compactado, e passados minutos, o peixe apareceu. A partir daí, acho que bati por larga margem o recorde do mundo de descascar navalhas em pista coberta. Mesmo um pouco rançosa, pelo sim pelo não, fiz ainda uma série de filetes de sardinha. Acredito piamente que no futuro ainda será celebrada em minha honra uma missa na Basílica de S. Pedro, agradecendo o meu contributo decisivo para o ensino da técnica de corte dos filetes de sardinha. A humanidade deveme muito, nesse aspecto. Com muito peixe a saltar nas caixas Começaram as duas a pescar com uma cadência certa, levantando as canas a um ritmo sincopado, enérgico, para cima e para baixo, como as pernas das meninas do can-can de Montparnasse. Esqueçam as Folies Bergère, as malucas do Moulin Rouge, aquilo era francamente melhor, canas abaixo, canas acima. E muito peixe a saltar nas caixas. Às tantas, Vénus ferra um peixe grande, mesmo muito grande, e as coisas complicam-se. Lisa comentava, do outro lado do baco: _Força agora nos braços, Vénus! Mostra que és Vénus de Milo mas podias ser Vénus Williams, a robusta americana do ténis. Aperta com ele! Na verdade, não pretendia mais do que enervar a sua oponente, forçando-a a um erro. Que aconteceu. A ponteira da cana estava toda dobrada, a linha no seu limite de resistência, e Vénus já transpirava gravilha. Com uma cara arreganhada, rangendo os dentes como quem está em trabalho de partos, a grega defendia-se, mostrando
ser uma pessoa com garra: _ Sobes ou não sobes?! Vá para cima! O peixe era grande. Pelas cabeçadas, seria um pargo de muitos quilos. A Vénus de Milo estava com o coração nas mãos, não fosse o peixe desferrar-se. Enquanto a linha subia, gerou-se um ambiente pesado, uma tensão de cortar à faca. Provavelmente por isso, a linha rompeu. _Isto de misturar linhas de pesca com facas é o que dá! Ora bolas Vitor! Não podias dizer isto de outra forma?! Fiquei sensibilizado com a tenacidade e coragem da grega. Se fosse outra pessoa, seria caso para ela ficar deitada no divã de um psicanalista durante seis meses, em recuperação psicológica. Seguramente já aconteceu a muitos de vós, partir a linha com um peixe grande. Para mim, é muito pior que um pontapé nos tin-tins. Os peixes bons são os que partem, os miudinhos não têm forças para isso. Sem grandes argumentos, assumindo a culpa, procurei explicar-lhe: _Desculpa, achei que como
o peixe era grande, ficava bem esta coisa da tensão de cortar à faca…cortou a linha, foi erro meu. Pareceu-me que a minha imortalidade enquanto escritor estava à distância de uma frase como esta. _ Ok, entendi, tudo bem. Mas eu não desisto. Quem tem unhas é que toca alaúde! Eles nem deixam chegar a isca ao fundo….vais ver que ferro já outro. Como estou com as mãos na massa, vou descascar mais umas navalhas, e engodar mais um bocadinho…. Mona Lisa estava desgraçada. Tinha a pesca toda num desconsolo, enrolada: Ajudame, estou engatada com isto! _Rapariga, bem que eu aviso sempre: Façam pescas simples! Toda a gente sabe que há vida após a morte para todos aqueles que pouparem nas missangas e nos destorcedores. Quanto mais simples, melhor. Tenho 54 anos e há mais de 60 que digo isto a todos os meus amigos: As pescas não são árvores de Natal, não precisam de tanta coisa brilhante a enfeitar. E lá dei uma ajuda a desenrolar
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aquela confusão de linhas. De volta à pesca, pareceu-me que a italiana estava a desanimar. Procurei dar uma ajuda: _ Lisa, isto não é preciso ter uma licenciatura em pargos, nem um bacharelato em bogas. Se pescares sem esses tiques todos, apanhas peixe. Estás com a pesca acima do fundo uns dez metros, …o que é que achas que vai andar por aí? Umas bogas, talvez…. Já nervosa, Lisa deu uma facada no lombo de uma sardinha, fez um filete de palavra de honra, e lançou. Ao chegar ao fundo, um toque, ferrou com toda a força do mundo e arredores, e eis que vem um pequeno peixe: _ Vitor, não sei se me mate, se me deixe morrer. Só há aqui peixes tipo bonsai? Só há garoupinhas destas?...não podemos ir para outro lado? E não me estou a fazer a esta
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cana. Não há nada aí que seja feito por um mestre italiano? _ Lisa, eu estou aqui a escrever isto mas estou a recibos verdes, ganho mal, e não me pagam para te pôr peixes grandes no anzol. Tens de ser tu a pescar. E a cana é boa, é do melhor que existe. Longe vão os tempos das velhas canas com ponteiras grossas, com muita cola e remendos em cima, pesadas, feias. Canas estilo Joana Vasconcelos, de “tunning” duvidoso, com umas partes brilhantes a puxar ao racing. A verdade é que pescavam, mas hoje já não tem de ser assim. A tua cana é tecnologia pura. O mal é não corrigires os detalhes técnicos que te impedem de ser mais eficaz. Havia peixe apenas de um dos lados do barco A cara dela não mentia, estava no mínimo a ter um ataque de apendicite. Queria dar
a ideia de se estar a rir, mas não parecia mesmo nada satisfeita. De tanto olhar de lado para o balde da outra, já tinha uma infecção nos olhos. Para ela, obviamente havia peixe apenas de um dos lados do barco. Parecia-lhe isto uma prova irrefutável do quanto Deus esteve errado na concepção do universo. Resolveu mudar para ameijola. Voltei à carga: Lisa, já viste bem o teu estilo de pesca? Tens a linha toda solta, logo não detectas as picadas. Quando vais para ferrar, fazes aí uns jeitinhos que são tal e qual a expressão corporal do John Travolta a dançar música Disco. Pescas com a ponteira para cima…logo, quando o peixe pica, o que é que fazes a seguir? Sobes a um escadote? E se por acaso reparares como a Vénus está a pescar e a obter resultados tão bons? _Sim, ela está ali caladinha que nem uma estátua, mas tem o balde cheio. E logo ela, que faz a depilação com Gillete! De momento, está-me a passar a perna na quantidade de parguetes e bicas. Mas eu consigo recuperar isto. Já vi que ela tem uma chumbada mais pesada que a minha. Não quero saber. Mantenho a minha arte e o saber fazer. Para mim, ou bem que é com esta técnica italiana, ou é o dilúvio. Vou é mudar de anzóis. E continuou a insistir nos erros técnicos que são correntes a tanta gente. Não há muito a fazer nestes casos, apenas o tempo pode ajudar um pouco. Quando se explica e o pescador não consegue perceber o que está a fazer mal, nem vale a pena dizerlhe para se “dedicar à pesca”, mais vale deixar que entenda por si, com tempo. Por outro lado, têm uma vantagem: cada peixe é uma grande alegria, e motivo para fazer uma tatuagem. Há tantos pescadores destes, que ando com a ideia de abrir um salão de tatuagens temáticas. Agradame pensar em trabalhar tatu-
agens de sargos, alforrecas, besugos ou chocos. Tenho para mim que será sempre mais fácil desenhar um sargo a tinta da China no braço de alguém, do que explicar como pescar uma dourada a alguém que não tem jeito nenhum. É quase sempre uma questão de técnica errada. De resto, isto de pescar douradas é simples, não deve ser tão difícil quanto, a bordo de um barco instável e naqueles dias de vagas altas, uma turista belga tentar fazer um eyeliner( risco nos olhos), com um lápis preto. Assumo que um bom pescador de douradas até pode nem as encontrar, poitar o barco num sítio ruim, e voltar sem peixe para casa. Não vem mal ao mundo por isso, as consequências não são graves, para além do habitual vexame na chegada ao porto. Mas a turista belga pode perfeitamente vazar um olho com a ponta afiada do lápis. Lisa voltou à carga: _ Vitor, isto vai por número de peixes, ou por peso? Vai lá contar quantos peixes ela tem. _ Bom…na verdade temos de voltar, o vento vai começar a soprar, e este é o momento certo para navegarmos para a costa sem termos de levar uma sova de ondas. Vamos ter de acabar. -O quê?! Então agora que eu estou a recuperar terreno? Olha para esta abrótea enorme!...Tem os lábios carnudos, parece que levou botox. Mais uma ou duas horas e eu ganho isto. _ Não, eu conheço o filme. Há pessoas que não se importam de ficar aqui a pescar até de noite, iscando os anzóis à luz de fósforos. Para além disso, estás com 12 peixes e ela tem 64 peixes, ….Lisa, não tens hipóteses. _ Bom, …eu detesto perder. Se estamos quase iguais em peixes, e não queres ficar mais tempo, …nós as duas não podemos desempatar isto fazendo um braço de ferro…? Vitor Ganchinho
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Pesca Embarcada
À conversa com…
Ricardo Lavandeira Campeão Nacional de Pesca de Alto Mar 2016 48
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Texto: Redação/Mundo da Pesca Fotografia: Arquivo Pessoal
Pragmático e sem papas na língua, Ricardo Lavandeira é o novo campeão nacional de pesca em barco fundeado. Quisemos conhecer melhor o nosso novo campeão e decidimos também colocar-lhe algumas questões sobre os tempos que a modalidade atravessa, mais ainda porque em breve a sua cidade de Setúbal se prepara para receber mais uma edição do Mundial da modalidade. Convosco... Ricardo Lavandeira.
Mundo da Pesca - De onde vem e quem é o Ricardo Lavandeira? Ricardo Lavandeira - Chamo-me Ricardo Jorge Mendes Lavandeira, e nasci em 19 de fevereiro de 1973 no Barreiro. A minha infância foi passada, em Cabanas, uma pequena aldeia próxima de Palmela, mas em 1981 fui viver para Setúbal onde fiz praticamente todo o meu percurso académico e onde o meu pai me passou o gosto pela pesca, embora nunca tenha deixado de ser um “Cabaneiro” de gema! Hoje vivo em Quinta do Anjo mas tenho uma empresa do ramo Imobiliário a Escolha Certa Lda., com sede em Cabanas.
Como já referi o gosto pela pesca foi-me passado pelo meu pai, com 12 anos deu-me a primeira cana de pesca, lembro-me perfeitamente dos dias passados à pesca junto à central hidroelétrica, na Arrábida, Figueirinha, Troia, e outros locais junto a Setúbal. Nessa altura passava a vida a chatear o meu pai para irmos à pesca, era um completo viciado… depois na minha vida de adolescente esse vício estagnou durante uns anos; voltou novamente quando deveria ter 23/24 anos, quando me convidaram a primeira vez para ir pescar de barco. Lembro-me perfeitamente, foi em Setúbal numa traineira com um gru-
po de amigos de Cabanas, fiz uma pescaria bastante boa nesse dia. Desse dia em diante comecei a ir todos os meses pescar com esse mesmo grupo, umas vezes para Setúbal e outras para Sesimbra; em Sesimbra íamos numa traineira profissional, na altura não havia MT, lembro-me de pescarmos em cima de redes e cofres dos polvos, um cheiro que não se podia, mas enfim o que interessava era irmos pescar. Belos tempos e excelentes recordações que tenho dessa altura… MP - Quais os clubes onde já pescou e qual o clu-
be atual? RL - Já pesquei em 3 clubes, o Botafogo F.C., no Cabanense e em 2016 entrei para o Clube de Caça e Pesca Cavaquense sediado em Quatrim do Norte, Olhão. Nos dois primeiros fui o fundador da seção de pesca e responsável pela mesma. Ambos os clubes têm sede em Cabanas. MP - Há quanto tempo anda na competição? RL - Comecei na competição em 2010, pela mão de dois grandes amigos, um deles já faleceu, que Deus o tenha junto Dele, o “Toalhas”, o meu grande irmão
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Luís Pereira e o Sérgio Martinho, outro grande amigo e irmão, ambos já andavam na competição. O Luís era atleta dos Amarelos e o Sérgio além de atleta era presidente do Clube Naval da Ericeira. Na altura o fórum de Pesca de Alto Mar era um sítio de troca de experiencias e onde toda a informação sobre a pesca de competição, e não só, podia ser encontrada. Este bichinho da com-
petição começou com uma saída de pesca organizada pelo dito fórum, onde juntou pescadores de todo o país. No final da dita pescaria e depois de alguma conversa entre amigos, decidi ir para a competição, sempre fui competitivo e juntar o prazer de pescar à competição seria fantástico. Na altura era dirigente do Botafogo F.C., e na direção também havia alguns amigos que gostavam de pescar, entre nós decidi-
mos formar uma seção de pesca no clube e foi quando tudo começou… Tive dois anos na 3ª divisão, um único ano na 2ª divisão, e em 2013 subi à 1ª divisão, na época de 2013 mantive, em 2014 e 2015 fui 5º da geral tendo lugar na seleção nacional e em 2016 sagrei-me campeão nacional. MP - Quem tem como ídolo na pesca a nível nacio-
A pesca às douradas é uma das favoritas do novo campeão nacional. 50
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nal e internacional? RL - Na pesca internacional, o meu ídolo é sem dúvida o Marco Volpi, já tive o prazer de pescar com ele e é sem dúvida um dos maiores pescadores mundiais, com um currículo que nesta era moderna da pesca, dificilmente algum dia será superado. A nível nacional, tenho muitas pessoas com as quais me identifico por diversas razões, não são ídolos, são companheiros, um deles o meu colega de equipa Cláudio Cristóvão, 3 vezes seguidas campeão nacional, um amigo e um pescador de topo, depois o Carlos Motaco, um dos grandes pensadores da pesca embarcada nacional e, hoje embora afastado destas lides da competição, continua a ser uma das pessoas a quem posso pedir alguns concelhos e com quem posso discutir alguns dos meus pensamentos. Depois tenho dois grandes atletas e que considero
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amigos, um deles o Armindo Vaz, o meu primo, que está sempre presente para me ajudar quando é preciso e o outro o Reinaldo Piloto, pessoa com quem discuto e planeio bastante; é um atleta quase completo e muito parecido comigo em termos desportivos, talvez até mais trabalhador que eu. MP - Qual é o seu ponto forte na pesca? RL - Pois… não sei dizer, talvez os meus colegas o possam fazer. O que posso dizer é que para estar dentro dos melhores 28 de Portugal, temos que ter humildade q.b. para lá chegar e trabalhar muito, não vamos ser hipócritas dizendo que temos que ser somente humildes, e até aí temos que o ser em quantidades certas, pois muitas das vezes temos que marcar o nosso lugar, porque senão passam-nos por cima! MP - O que sente ao
ganhar este título? RL - Senti-me feliz e orgulhoso por ter conseguido. É um objetivo que todos os atletas devem perseguir, mas não foi uma felicidade plena, depois de em 3 das provas ter feito 1º lugar no barco e somado 12 pontos, a ultima prova não me correu de feição somando 13 pontos, foram mais pontos nesse dia do que em todos os outros 3, isso para mim acabou por ser uma deceção e nesse dia houve essa mistura de sentimentos, a desilusão por ter feito 4º no barco e a alegria de ter sido campeão nacional. No outro dia passei a ser o Ricardo Lavandeira, no entanto e como será logico, quando me referem como campeão nacional, para mim é um orgulho. MP - Descreva sucintamente as provas que o levaram à conquista deste nacional. RL - As duas primeiras
A equipa que atualmente integra o Clube de Caça e Pesca Cavaquense. 2017 Junho 366
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Ricardo Lavandeira integrou a seleção que representou Portugal no Montenegro.
provas foram feitas ao largo de Setúbal, no primeiro dia a pesca correu-me sempre muito bem, fui controlando os outros atletas dentro do barco, mas sabia que ocupava uma posição na dianteira, nunca podemos dizer que levamos tudo controlado, mas nunca houve oscilações de classificação nesse dia. No segundo dia foi totalmente diferente, numa outra zona de pesca e com outros 52
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oponentes, um dia memorável para mim, ao fim da primeira parte (1h45m), estava se não em último, muito perto disso, havia um atleta que levava mais de 40 pontos de diferença de mim… praticamente deixei de raciocinar, vou para a 2ª parte, arranco com a mesma pesca e por sorte a pesca fica presa e perco tudo, parei de pescar e abri a minha caixa olhando para as pescas. Por acaso ti-
nha feito 4 pescas que até as intitulei de SOS e disse para comigo: “é agora”. Coloquei uma delas e começo a lançar, a primeira vez que vem, dois sargos e um “pica”, da segunda igual; ou seja, até ao final nunca mais parei, passei essa parte e a outra seguinte sempre a apanhar peixe, pelo meio houve uns pedidos de poitada, que não foram aceites o que também me ajudou. No final ganho
o barco a 5 pontos do Vicecampeão do Mundo, o João Pardal, e a quase 30 pontos do atleta que inicialmente me deu mais de 40 pontos de diferença. As outras duas provas foram feitas na Nazaré, um local onde tenho dias bons e maus. Fui lá treinar 4 vezes o que me deixava mais seguro do que iria fazer. O primeiro dia, correu sempre bem, sempre com peixe e com
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uma disputa até ao fim com o vice-campeão nacional, o Juan Pato. No final faço 1º do barco e ele segundo; nesse dia o sorteio também tinha ditado que dos 10 primeiros da classificação, 5 iam estar presentes. No segundo dia, e ao contrário do que estava estabelecido pela Federação, éramos para ir pescar para uma outra zona, o qual não veio a acontecer. Voltámos a ir pescar para a mesma zona do primeiro dia, e tudo me correu mal, sempre com pouco peixe e quando tive a oportunidade de recuperar, na altura faltava uma hora para acabar, o barco sai do sítio devido ao vento e as fanecas que estavam debaixo
do barco, deixam de estar… no final faço 4º lugar do barco, mas felizmente ainda chegou! MP - Acha que o sistema atual do sorteio das embarcações é o ideal? RL - Acho que sim, tem havido bastante preocupação da Federação no sentido das provas serem o mais corretas possível, e tem sido pedido aos clubes que façam sugestões de mudança, tanto que este ano foi feita uma pequena alteração às regras de cruzamento. MP - E o sorteio dos locais das provas? Sabendo antecipadamente que o próximo campeonato do mundo
é em Setúbal… RL - O sorteio dos locais é sem dúvida uma responsabilidade da Federação, e desde que não haja um evento como o do próximo ano, o Campeonato do Mundo em Setúbal, qualquer lugar serve para fazer as provas, desde que haja condições para os atletas. No entanto, vejo-me a discordar com as opções tomadas este ano. Talvez puxe um pouco a brasa à minha sardinha porque sou de Setúbal. Mas estamos aqui a discutir uma seleção que deverá estar apta a pescar em Setúbal, se o sentido for tentar ganhar esse campeonato e com provas em Sines e Aveiro isso poderá
não acontecer, mas é como disse, tudo é uma responsabilidade da Federação. MP - Quais os seus objetivos futuros? RL - Os meus objetivos são primeiramente fazer uma boa participação, quer individual, quer coletiva na seleção no Campeonato do Mundo na Croácia; depois será ganhar as competições onde estiver inserido, o Campeonato de Clubes e o Campeonato Nacional da 1ª divisão e tenho - sem dúvida - o objetivo de ir ao Campeonato do Mundo do próximo ano, e vou tentar fazer tudo para lá chegar, vamos ver… desejem-me sorte!
Um dos ídolos de Ricardo Lavandeira é o campeão Marco Volpi, com quem já teve o prazer de pescar. 2017 Junho 366
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O campeão em ação…
MP - Quem é o seu maior apoio e a quem dedica o seu esforço? RL - Primeiramente, a minha família, a minha esposa Ana Jacinto e a minha filha Leonor Lavandeira, elas ficam muitas vezes privadas da minha companhia, e têm que ter muita paciência para me aturar. A minha filha também é atleta, faz atletismo, e a minha esposa quase que não tem tempo para ela, sei que é-lhes muito difícil, mas elas sabem que as amo, e sim, dedico-lhes todo o meu esforço. Depois, tenho a agradecer e muito, à Tubertini Ibérica, na pessoa do Antonio Teixeira (To Zé) e da Patricia Gorostiaga, sem o patrocínio que me foi dado tudo seria muito mais difí54
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cil. Estamos a falar de uma marca de material de topo em todas as áreas de pesca desportiva e lazer, marca que como todos sabem também patrocina os maiores pescadores do Mundo, neles incluído o pluri campeão do Mundo Marco Volpi. Para acabar, queria deixar somente uma mensagem: a Federação tem andado a desenvolver esforços para trazer mais gente para a pesca desportiva em Portugal, principalmente jovens abaixo dos 21 anos. Estes atletas estão isentos de inscrição, basta estarem inscritos num dos clubes associados da FPPDAM. Sejam jovens, ou não, venham experimentar, certamente não se vão arrenpender.
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Náutica
Notícias Touron
Cursos Técnicos da Escola de Formação Touron 2016/2017 Durante o último Inverno, de 2016/17, tiveram lugar os cursos técnicos da responsabilidade da Escola de Formação da Touron, os quais envolveram um total de 146 mecânicos de 107 náuticas das redes de serviço de Portugal e Espanha.
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ando seguimento ao plano de formação estabelecido pela Mercury Marine a nível mundial, os cursos serviram para certificar, segundo as exigências do fabricante, os
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Espanha ou em qualquer outro lugar da Europa ou do mundo. Neste curso, foi também dado grande destaque à apresentação dos novos sistemas de navegação SmartCraft, tais como o Active Trim, os novos monitores Vessel View 502 e 702 e à aplicação móvel Vessel View Mobile. Com estes novos sistemas, a pilotagem e o controlo da embarcação tornam-se mais simples, independentemente da experiência do nauta. As redes de serviço de Portugal e Espanha já possuem a formação necessária para assistir os clientes, bem como na montagem e programação de todos estes sistemas inovadores nas embarcações. serviços das marcas de motores fora de borda Mercury e de motores interiores Mercury MerCruiser. Desta forma, os padrões de qualidade da assistência pós-vendas são exactamente os mesmos em Portugal,
Náutica
Notícias Touron
Mercury Marine Lança a Nova Marca Global “GO BOLDLY”
A Mercury Marine, o maior fabricante mundial de motores marítimos de recreio, anunciou uma nova mensagem de marca e uma campanha publicitária global centrada nas sensações da navegação.
A
campanha “Go Boldly” inspira confiança, sublinhando a excitação e a energia próprias da marca Mercury. Para promover esta nova abordagem de marketing, a Mercury criou um vídeo Go Boldly e uma presença na web específica em torno do espírito de auto-confiança que a empresa traz aos amantes da náutica em todo o mundo. “Propusemo-nos desenvolver a essência duma marca poderosa, como é a Mercury, que complemen-
tará e vincará os nossos produtos de classe mundial”, disse Michelle Dauchy, directora de marketing da Mercury Marine. “Go Boldly cria uma ligação emocional com os nossos clientes, tendo como objectivo desenvolver um elevado nível de fidelidade à marca, no fundo esperamos criar clientes para a vida”. A nova marca criativa foi desenvolvida com a ajuda da Markham & Stein, uma agência com mais de uma década de experiência na
indústria marítima. A ideia de “Go Boldly” foi criada para diferenciar a Mercury Marine da concorrência, ao mesmo tempo que fortalece a ligação com os principais clientes e promove a fidelidade à marca em toda a gama de produtos. “Através duma pesquisa de mercado intensiva em todo o mundo, vimos uma oportunidade real para direccionar os nossos esforços de marketing para o consumidor final”, disse Dauchy. “O nosso trabalho na Mercury Marine é indu-
zir os nautas a aproveitar o seu tempo na água e a criar fortes recordações para toda a vida. “Go Boldly” (que se pode traduzir por “seja ousado”) encarna essa busca perspicaz de aventura e de novas experiências que só a Mercury pode proporcionar.” Os novos materiais criativos chegarão nas mais diversas formas aos medias e ao público, tendo já sido integrados nas exposições da Mercury nas diferentes feiras internacionais de náutica de 2017.
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Náutica
Notícias Rodman
Rodman Presente nos Salões Náuticos da Primavera A Rodman continuou nesta Primavera a participar nos Salões Náuticos Internacionais, onde apresentou as últimas novidades aos mercados de Portugal, Reino Unido, Noruega, Espanha e China.
Salão Náutico de Lisboa: de 5 a 9 de Abril A Rodman no Salão Náutico de Lisboa com a Limatla, seu distribuidor para Portugal,
apresentou o novo Rodman Spirit 31, com motor fora de borda.Tanto o numeroso público como a imprensa especializada, admiraram o Rodman SPIRIT 31,que é um dos
modelos mais inovadores do estaleiro e destacaram o design único desta embarcação, especialmente a configuração do assento de popa que continua a ser um elemento de
relevo e diferente neste tipo de barco. Pelo facto de ter motorização fora de borda, o barco atinge mais elevadas prestações. Também devido a esta nova característica, o barco oferece maior espaço livre, dantes ocupado pelos motores interiores, permitindo maior amplitude num camarote de casal. Salão Náutico de Haugesund (Noruega): de 31 de Março a 2 de Abril Continuando com a apresentação internacional, iniciada no ano passado, o Rodman 890 Ventura foi exposto pela primeira vez na Noruega Foi a Rodman NORGUE Kysttrading AS, distribuidor autorizado para este país, que apresentou esta embarcação, perfei tamente adaptada às exigências deste mercado.
Rodman em Lisboa no distribuidor Limatla 58
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Salão Náutico Internacional de Shanghai: de 26 a 29 de Abril Desta vez, a Rodman esteve novamente presente no boat show mais importante na China, em uma nova edição deste importante evento. A Rodman lançou mão do seu distribuidor na China,Silver Marine, e apresentou a sua gama completa de barcos para todo este importante mercado. Nesta ocasião, e pela primeira vez na China, a gama Rodman SPIRIT foi totalmente apresentada. Em conjunto com a Silver
Náutica
Em Shanghai no distribuidor Silver Marine
A Rodman no Salão Náutico de Palma de Maiorca
Marine, a Rodman exibiu dois barcos, da gama Rodman Spirit: Rodman SPIRIT 31, modelo que foi introduzido pela primeira vez na China e o Rodman SPIRIT 42. Salão Náutico Internacional de Palma de Mallorca: de 28 de Abril a 2 de Maio A Rodman esteve presente numa nova mostra deste importante evento, que se consolida como um dos salões náuticos mais importantes de Espanha Desta vez a Rodman apresentou duas das suas novidades: Rodman MUSE 54 IPS 950 e a nova Rodman 890 Ventura, na sua versão mais equipada para a prática da pesca desportiva Salão Náutico Internacional de Jersey: de 29 de Abril a 1 de Maio Conjuntamente com RBS Marine, distribuidor autorizado Rodman para o Reino Unido, a nova gama de modelos Fora de Borda, foi apresentada no Salão Náutico de Jersey. As embarcações Rodman foram muito bem recebidas entre os visitantes e concluiu-se durante os dias do salão, a venda das quatro embarcações expostas.
Na Noruega na Rodman NORGUE Kysttrading AS
Em Jersey no distribuidor RBS Marine 2017 Junho 366
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ISA World Surfing Games 2017
Portugal é Vice-Campeão Mundial
Portugal Vice-Campeão do Mundo a festejar Portugal conquistou no passado dia 28 de Maio em Biarritz o título de vicecampeão mundial de surf nos ISA World Surfing Games 2017.
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Pedro Henrique, medalha de bronze 62
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equipa lusa partiu confiante para Biarritz e lutou pelas melhores ondas com 47 seleções durante nove dias. Pedro Henrique alcançou o terceiro lugar na final e ajudou a somar os 2850 pontos que garantiram aos portugueses, pelo terceiro ano consecutivo, o segundo lugar no pódio. A equipa disputou ainda a Aloha Cup, o troféu de equipas, e leva também para casa a medalha de prata. “Foi um campeonato muito renhido e competitivo. Este mundial registou a maior participação de sempre de seleções
Surf
nacionais. O Surf esteve ao mais alto nível mas Portugal, com uma estratégia bem definida e focada, atingiu mais uma vez, a medalha de prata. Provamos que o surf nacional está em franca ascensão, é o terceiro ano consecutivo em que conquistamos o segundo lugar e só nos resta almejar o ouro. Toda a equipa está de parabéns! Agora só esperamos que todos estes resultados extraordinários se revejam numa política de financiamento mais coerente e recompensadora do nosso esforço e resultados por parte do Estado”, comenta João Aranha, presidente da Federação Portuguesa de Surf . Pedro Henrique, foi o único surfista luso em prova nos últimos dois dias. O atleta de 35 anos mostrou garra e terminou a bateria das meias-finais com 12.1 pts, perdendo o primeiro lugar para o mexicano Jhony Corzo. No último teste do campeonato a concentração estava ao máximo, com o campeão nacional a dar tudo por Portugal frente a Corzo, a Jonathan Gonzàlez, de Espanha, e a Joan Duru, da equipa da casa. Uma prova com alto nível de dificuldade que levou o surfista a consolidar
Pedro Henrique
Teresa Bonvalot
Guilherme Fonseca
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Surf
Carol Henrique
José Ferreira
Equipa da Seleção Nacional Open Vice-Campeã do Mundo no ISA World Surfing
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o terceiro lugar graças a um score de 12.47, acabando a vitória por pertencer ao mexicano Corzo e o segundo lugar a Duru. “Comecei a prova bem, mas depois caí numa manobra que era muito importante e não consegui pegar uma outra onda com a mesma qualidade”, explica Pedro Henrique. “O surf é assim. Não podemos errar nem perder oportunidades. Mas foi um grande campeonato com um segundo lugar para Portugal e é isso que importa”, acrescenta. Disputa também renhida na Aloha Cup com a armada lusa na frente da batalha até aos últimos minutos, altura em que caiu para segundo plano e com a França a erguer mais um troféu. Portugal terminou com 47.53 pts, uma diferença mínima de 7,43 para os franceses. Classificações Mundial ISA 1º França 2º Portugal 3º Espanha 4º México Aloha Cup 1º França 2º Portugal 3º Espanha 4º Estados Unidos
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Surf
4º Surf Pro Espinho
A Onda do Norte é em Espinho
O Município de Espinho, um destino de praia e surf por excelência, apresentou os resultados alcançados nas três útimas edições do ESPINHO SURF DESTINATION (ESD) e revelou já o calendário de eventos da 4.ª edição, a realizar entre 20 de maio e 25 de junho.
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onçalo Pina, responsável pela organização, salienta ”a world class wave in a friendly city – é o mote do projeto e marca ”transparente” ESD, uma alavanca para o Turismo e para a Cidade, que comunica com o objetivo de ser uma “love brand”, diferenciando a onda de Espinho e alcançando o respeito de parceiros internacionais, como a World Surf League (WSL), que adora trabalhar connosco... Daí que este ano as nossas previsões apontem para mais de 200 mil
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pessoas na praia e mais de 350 atletas (temos ainda muitos em lista de espera)...”. Segundo dados de um estudo realizado pela Universidade Católica, o ESD obteve um retorno de aproximadamente 4 milhões de euros e o VicePresidente da Câmara Municipal de Espinho e responsável pela área do Turismo, Vicente Pinto, destaca ainda que “os últimos 4 anos demonstraram que este é um evento do Norte, pela taxa de ocupação hoteleira e oportunidades de negócio criadas, uma realidade que merece a atenção
dos Municípios do Norte e do Turismo de Portugal. Argumentos suficientes para que todos experienciem a nossa onda. Os objetivos para 2017 e até 2020 passam sobretudo pelo crescimento sustentado do projeto e da região”. Com o apoio do Município de Espinho e do Turismo de Portugal, em 2017, este evento encara um novo desafio permitindo a presença de diferentes patrocinadores através de ações de ativação de marcas e projeção nos media nacionais e internacionais. “... É de extra importância e totalmente estratégico acolher estes eventos de surf, porque colocam a nossa cidade no posicionamento pretendido a nível nacional e internacional. Temos uma cidade lindíssima, uma praia de areia dourada e ondas de classe mundial “, salienta ainda Vicente Pinto. De salientar que nos dias
20 e 21 de maio, Espinho acolherá a final do Circuito de Surf do Norte, organizada pela Federação Portuguesa de Surf, mas também a gala Surf North Awards para premiar atletas, fotógrafos, treinadores, entre outros, no Centro Multimeios de Espinho. Para assinalar o inicio do Verão, a 17 de junho, será eleita a Miss ESD 2017 e a Miss Rainha Costa Verde. No dia seguinte, a 18 de junho, realizar-se-á a prova “Girls on Top”, onde as surfistas competem de salto alto, algo inédito e que em 2013 obteve o maior número de inscrições num campeonato nacional feminino. E entre os dias 22 e 25 de junho terá lugar a competição internacional – Pro Junior Europe by World Surfing League. De 20 a 25 de junho haverá ainda cinema à noite – Fest Film Surf – com a exibição de filmes nacionais e internacionais, a concurso.
Surf
3ª Etapa do Circuito de Bodyboard do Norte
Excelentes ondas em Leça da Palmeira
A
prova, disputada nas categorias sub12, sub 14, sub 16, sub 18, Feminino, Open e Master e surpreendeu não apenas com o número de concorrentes, mas também com as centenas de espetadores, o alto nível competitivo e qualidade das performances dos atletas. Antes, nos dias 25 e 26 de maio, foram coroados os campeões nacionais universitários de Bodyboard. As excelentes condições meteorológicas, aliadas à qualidade das ondas, proporcionaram a oportunidade perfeita para as admiráveis manobras e pontuações registadas pelos atletas ao longo de toda a competição. As condições do mar estiveram particularmente favoráveis na manhã do segundo dia de competição, altura em que começaram a ser dispu-
Fotografia: Miguel Assis de Castro
Com perto de 100 participantes terminou no fim-de-semana de 27 e 28 de Maio, na praia de Leça da Palmeira, a 3ª etapa do Circuito de Bodyboard do Norte.
tadas as finais dos escalões mais jovens. Destaque para a grande amplitude de idades dos participantes presentes nesta etapa, que incluiu atletas desde os 6 anos até à categoria master, com mais de 35 anos. Apesar de esta ser a penúltima prova do Circuito, os resultados permitiram já apurar quatro virtuais campeões regionais. Miguel Matos (sub12), Joel Rodrigues (sub14), Ana Peres (feminino), e Tiago Castro (master) venceram a etapa nos respetivos escalões e asseguraram a vitória no Circuito. Nos escalões sub16, sub18 e Open a vitória na etapa sorriu a Joel Rodrigues, Pedro Machado e Octávio Silva, respetivamente. A decisão quanto ao campeão regional nestas categorias ficou adiada para a quarta e última etapa do Circuito de Bodyboard do Norte, que se realiza em Esposende, nos
dias 21 e 22 de outubro. “Confesso que o nível de espetacularidade e qualidade das prestações superou as expetativas da organização. O excelente estado do mar ajudou os atletas, e estes responderam com exibições de enorme qualidade”, refere Nuno Azevedo, responsável pela organização do Circuito de Bodyboard do Norte. “Estar inserido num cartaz como o do Wave Series, que conjuga os melhores desportos de mar, é uma excelente oportunidade para nós e é essencial para a promoção desta modalidade fantástica”, acrescenta o organizador. Nos dias 25 e 26 disputouse o Campeonato Nacional Universitário, na modalidade de Bodyboard. Foram coroados como campeões nacionais Octavio Silva (UP), Mariana Machado (A.AUE) e a
Universidade do Porto. Esta competição marca o final de um intenso mês de maio, com o cartaz Wave Series 2017 a levar o melhor dos desportos de mar às praias do Porto e Matosinhos. Foram quatro fins-de-semana recheados de qualidade e espetacularidade, propiciada pelos melhores atletas das modalidades de Surf, Stand up Paddle, Longboard e Bodyboard. A etapa do Circuito de Bodyboard do Norte foi organizada pela Associação Onda do Norte em colaboração com as Câmaras Municipais do Porto e de Matosinhos e Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira, tendo ainda o apoio institucional da Federação Portuguesa de Surf. Conta também com os apoios da Grua surf co, Pride Bodyboards e Aquaplugs, Linha de Onda – Surfing School e Bar do Oscar. 2017 Junho 366
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Notícias do Mar
Texto e Fotografia João Carlos Reis
Economia do Mar
A Importância de Estar Presente
A propósito de mais uma Transport Logistic (tl2017), o maior certame internacional de transportes e logística, que atrai expositores e visitantes de todo o mundo e que se realizou de 9 a 12 de Maio em Munique, na Alemanha.
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sta edição contou com 2.162 expositores de 62 Países (um aumento de 5,4%), a apresentarem os seus produtos e serviços. O número de visitantes aumentou 9,5 por cento para 60.726 (provenientes de 123 países). O espaço de exposição cresceu para 115
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mil metros quadrados, em nove salões. Para quem está habituado a trabalhar o mercado internacional e olha para ele como uma extensão natural do mercado Português, a presença num evento com estas características é estratégica e faz todo o sentido quando se quer estar
próximo dos clientes e parceiros. Uma estratégia de internacionalização, que privilegia o contacto personalizado e uma imagem internacional, deve incluir a presença num certame internacional. Estar com um stand próprio que incorpore a diversidade da oferta e os valores da empresa ou estar apenas
presente faz a diferença e foi o que constatámos nas empresas presentes. Estiveram presentes 10 empresas a representar a oferta Portuguesa, dos Transportes e Soluções de Logística, à Tecnologia e Carga. Apresentaram a oferta global e integrada de soluções e serviços diferenciados para mercadorias que visam apoiar e reforçar a competitividade dos clientes. Diversificando o negócio, assim como a incorporação da diversidade da oferta, disponibilizando serviços que passam pela logística, armazenagem, distribuição, transportes internacionais, transitários, serviços courier, cargas globais, TI, contribuíram para o sucesso e uma forte presença, que se reflectiu em contactos, reuniões, propostas efectuadas e negócios, como uma feira assim propicia. Estar presente numa plataforma de negócios importante que às empresas divulgar as suas soluções integradas para a importação e a exportação de mercadorias de
Notícias do Mar
forma eficiente e profissional é essencial. A revolução digital foi o tópico número1 da Transport Logistics 2017. Outro assunto muito discutido foi o aumento do proteccionismo nacional e o risco que constitui para o comércio internacional. “O Networking - digital e através das fronteiras - foi o tema dominante na tl2017”, Para Stefan Rummel, Director Executivo da Messe München. “Estiveram em exibição as tecnologias orientadas para o futuro: os veículos autónomos, a telemática, dados inteligentes e soluções na cloud”. A principal crítica foi para as tendências proteccionistas de algumas nações. “Após o Brexit e com o “America First”, o resultado das eleições na França deu um sinal positivo ao sector de logística global”, comentou Rummel, acrescentando: “O intercâmbio internacional de bens, conhecimento e ideias é um factor essencial para a prosperidade”. A importância do sector também foi sublinhada no evento de abertura por Alexander Dobrindt, Ministro Federal Alemão de Transportes e Infra-estrutura Digital: “A logística é e continuará a ser um factor chave nas economias modernas”. Com a digitalização, a “logística está no limiar da mais excitante fase de inovação nas últimas décadas” e, como resultado, é cada vez mais importante “, continuou Dobrindt. “Desenvolvimentos como o comércio online e a Indústria 4.0 significam mais bens, mais transportes e mais logística”. Portugal enfrenta vários desafios que passam pela competitividade, a concorrência, a estratégia política para os portos e para o sector. Implementar
Torrestir Deutschland presente em Munique um Hub, potenciar um Porto de Água Profundas, definir a Complementaridade e desenvolver a Concorrência dos Portos Portugueses, são passos firmes, mas não podemos ficar por aqui. Não vamos fazer aqui a apologia da presença nesta feira em particular, mas vamos sim falar da presença em feiras com este perfil e com este impacto. Os dados da tl 2017 falam por si. É preciso estar no sítio certo no momento certo. As empresas e entidades presentes, os Negócios, O Networking, os Contactos, as Reuniões. É preciso ter massa crítica, representatividade e assertividade. Uma oferta transversal de Portugal nestes eventos é estratégica e é preciso aproveitar as oportunidades. O passo mais importante é lançar a presença
e prepará-la de forma eficiente. Haverá sempre um processo de aprendizagem para quem vai pela primeira vez, depois naturalmente as coisas acontecem e quando damos por ela estamos a planear com 1 ou 2 anos de antecedência, a fazer Stands próprios, a acompanhar a presença com uma forte comunicação, levando equipas competentes e poliglotas, com material de apoio em duas ou três línguas. Vivemos numa economia aberta e concorrencial, pelo que é preciso fazer o nosso trabalho, forjar parcerias e definir alianças. Temos uma oferta forte e uma localização geográfica privilegiada.
Temos a capacidade, a mão-deobra competente e competitiva. De salientar que estiveram presentes 64 Portos e 10 autoridades Portuárias a nível mundial (incluindo o Porto de Roterdão e países como a Espanha, França ou à Arábia Saudita). Se Portugal tem competências e valências relevantes na área dos Transportes e Logística, não pode adiar mais. Tem de agir e marcar presença nestes eventos. Tem de haver um conjugar de vontades por parte das empresas e instituições portuguesas e a definição de uma estratégia conjunta que potencie o que de melhor se faz em Portugal.
Expositores na transport logistic 2017 AGV Transportes de Mercadorias, KLOG, Logística Moderna, Maeil, Navigate Technologies, Lda. Santos & Vale, TAP Cargo, Torrestir Deutschland, Veniam Veryfex, SA (Osit Group)
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Vela
2nd Cascais SB20 Spring Cup
Texto e Fotografia Clube Naval de Cascais
Dom Pedro Hotels vence com uma regularidade espectacular
A frota SB20 voltou a comparecer para disputar a sua quinta prova do ano, num evento que contou com a presença de 12 tripulações, de Portugal, Ucrania e Suiça e onde os participantes foram presenteados com dois dias de vela fantásticos, com a dfisputa de seis regatas, sempre com temperaturas primaveris e ventos entre os 8 e os 15 nós de intensidade.
A Fotografia: João Ferrand/JFF
pós uma longa espera em terra, onde as tripulações aguardaram até às 15h00 que o vento se estabelecesse, a primeira regata da prova teve o vento a soprar de oeste com cerca de 8 nós, e era ganha pela jovem tripulação do “Meritis”, com Martim Mastbaum ao leme. Já na segunda regata, o “Dom Pedro Hotels / Generali” de José Paulo Ramada, confirmava o seu bom momento de forma e levava a vitória e posicionando-se assim na 70
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vitória foi para o “Dom Pedro Hotels” de José Paulo Ramada, Diogo Pereira, António Pereira, Miguel L. Faria, seguidos do “Animal/ Mobiag-Clever Mobility” de Vasco Serpa, Joaquim Moreira e Pedro Costa Alemão em segundo e pelo “Quebramar” de Rui Brites, David Aleixo e David Abecassis em terceiro.
Classificação Final Barco
Skipper
1º
POR3738
Dom Pedro Hotels/Generali
José Paulo Ramada
2º
POR3114
Animal/Mobiag-Clever Mobility
Vasco Serpa
3º
POR3115
Quebramar
Rui Brites
4º
POR3733
So FlyPeter Stratton
Rui Bóia
5º
POR3203
Miúdas
Margarida Aguiar
6º
UKR3179
GameChanger
Julia Freespirit
7º
POR32
Roff/Meritis.org
Martim Mastbaum
8º
POR3101
Casilda
Duarte B.Bello
Fotografia: Anna Zykova/CN Cascais
segunda posição da classificação geral, logo a seguir ao “Animal/Mobiag-Clever Mobility” de Vasco Serpa. O domingo amanheceu já com o vento de sul e a frota seguiu para o mar bem cedo para a disputa das 4 derradeiras regatas da prova. Com cerca de 14 nós de vento, e com o campo de regatas montado bem junto a terra, o “Dom Pedro Hotels” com uma regularidade espectacular nas quatro regatas disputadas, onde obteve uma vitória e 3 segundos lugares, garantia assim a vitória na prova. A destacar ainda neste dia a equipa do “Animal/Mobiag-Clever Mobility” de Vasco Serpa que vencia as duas ultimas regatas da prova, mas que ainda assim não eram suficientes para garantir a vítória na prova. Na classificação geral, a
Fotografia: Neuza Pereira/CN Cascais
Vela
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Notícias do Mar
Últimas 25ª Volta ao Algarve à Vela
A espectacular Volta ao Algarve à Vela de 13 a 15 de Julho
O
espetáculo da Vela está de volta na mais importante, divertida e competitiva regata Algarvia que irá decorrer a meio do mês de Julho. A Volta ao Algarve à Vela de 2017 celebra os seus 25 anos. Este evento marcou logo desde o início um tipo de prova em festa, com um forte cunho de diversão e camaradagem entre todos os participantes. Este ano foi desenhada com uma Série de Alterações/Melhorias essencialmente na receção dos velejadores e pela forma como se irá receber todos os convidados, Portugueses e Turistas, para se juntarem no vasto programa social que foi criado. “A vela como o desporto náutico mais apaixonante e apreciado em todo o mundo, e sendo o algarvio um povo nauta, tínhamos de ter uma iniciativa deste nível que vai prestigiar a Vela nacional e homenagear o Algarve e a sua costa como um dos melhores campos para velejar do Mundo”, refere João Marques,
Presidente do Ginásio Clube Naval de Faro. Com a organização do Ginásio Clube Naval de Faro e também coorganizado pelo Clube Vela de Lagos, Marina Yach Club de Albufeira e Clube de Vela de Tavira, a prova tem o apoio da RTA, Camaras Municipais de Faro, Albufeira, Olhão e de Tavira. Este ano, a Volta ao Algarve à Vela, espera reunir uma extensa frota de 30 Veleiros de vários países que se vão juntar aos representantes portugueses, num total de 200 velejadores. O Ginásio Clube Naval de Faro não tem dúvida que esta prova ir-se-há transformar numa das regatas mais importantes do circuito nacional e até internacional. E para terminar em grande este importante evento da Vela no Algarve, está a ser preparada uma das festas mais badaladas do Verão Algarvio de 2017, em clima de grande animação e alegria, que decorrerá na nova ECHO (Antiga UBI), com todos os participantes e convidados na cidade maravilhosa de Tavira. A edição deste ano pela forma como está desenhada e pelo dinamismo impresso
na mesma já despertou a atenção dos Empresários Algarvios e de marcas de cariz Nacional e Internacional, sendo um orgulho contar já com os seguintes patrocínios: VOLVO/PONTAUTOS, ECHO, HOTEL ALÍSIOS, HOSPITAL PARTICULAR DE LOULÉ, BENAMOR GOLFE, HOTEL MARINA CLUB DE LAGOS, CERVEJA SAGRES, CLUBE UMBRIA, HOS-
TEL CONNI & SUITES, SUZUKI MARINE/GNÁUTICA, SOPROMAR, e com os media partners, REVISTA MARKETEER, JORNAL BARLAVENTO E O NOTICIAS DO MAR. Venham também à Volta ao Algarve à Vela… estão todos convidados.
Director: Antero dos Santos – mar.antero@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Colaboração: Carlos Salgado, Gustavo Bahia, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Zamith, Mundo da Pesca, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00 - noticias.mar@gmail.com
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