Notícias do Mar n.º 419

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Notícias do Mar

61º Salão Náutico de Génova

Texto e Fotografia João Carlos Reis

61 Anos de Palco

O Salão Internacional de Génova, organizado pela Associação Italiana da Indústria Marítima (Confindustria), representante d a indústria náutica de lazer, decorreu de 16 a 21 de Setembro, nesta que foi a sua 61.ª edição. São 61 Anos a fazer o que deve ser feito.

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m evento totalmente esgotado em termos de inscrições de expositores desde Junho foi um sinal claro dado pelo Boat Show, o único Salão a

ser realizado na Europa em 2020, no auge da pandemia, capitalizando assim o sucesso do ano passado em termos de inovação organizacional para garantir os pa-

drões e em total conformidade com os regulamentos de saúde e segurança. Esta edição de 2021 viu o retorno do layout multiespecializado do Boat Show

61º Salone Nautico 2

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com 200.000 metros quadrados, 85% dos quais inteiramente ao ar livre. Mais de 1.000 barcos em exposição e 1.000 marcas presentes. Encontrámos o icónico edifício circular esventrado e um espaço com obras já iniciadas do projecto Waterfront de Renzo Piano e com


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finalização prevista para 2023. Já respira a mudança, a demolição do muro central, entre o Cais C e E, que deu uma dinâmica aberta, um trecho único, contínuo do Pavilhão até os confins da Waterfront, que respira mar e que tem uma visão 360º para as várias zonas do Salão. Promete. A quantidade de espaço disponível em terra aumenta 14% e o espaço em água aumenta 19%, graças a uma nova área do porto criada para barcos de até 15 metros e um novo layout para optimizar os espaços dos cais.

Grandes iates

Salão de conceitos e ideias Entre os expositores participantes estiveram mais uma vez estaleiros Italianos bem como Internacionais, nos Iates e nos Veleiros. O sector de Yachts & Superyachts teve nomes como a Sanlorenzo, Azimut Benetti, Gruppo Fipa, Amer Yachts, Bluegame, Pardo Yachts, Rio Yachts e Sessa Marine de Itália aos quais se junbatrama marcas como a Princess e a Sunseeker no cenário internacional. Este ano marcou o retorno da Baglietto, Grupo Ferretti, Cranchi Yachts, Absolute, Arcadia Yachts e Sirena Marine. A secção Sailing World também contou com os principais nomes globais com a apresentação de novos de-

Record de visitantes

Sunseeker

Andrea Frabetti, CEO da Sunseeker 2021 Novembro 419

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Megaiates

Exposição de catamarans

Veleiros signs da Cantiere del Pardo, Solaris Yachts, Nautor’s Swan, Mylius Yachts, Vismara Marine e Italia Yachts. Do exterior participaram a Beneteau, Jeanneau e Dufour de França, a Bavaria Yachts e a Hanse da Alemanha e a X-Yachts da Dinamarca. O Cais D foi inteiramente dedicado aos multicascos com a participação da Fountaine Pajot, Bali, Dufour e C-Catamarans. Este é um sector

que continua a ganhar espaço entre os compradores, principalmente de charters. Este ano houve também um espaço adaptado para a exposição dos barcos tradicionais do Mediterrâneo conhecidos como Gozzi, parte da história da Ligúria e da Campânia. Os visitantes puderam descobrir as últimas criações de Giorgio Mussini, Apreamare, Sciallino, Cantiere Patrone Moreno, Gozzi

Destaques do Salão de Génova

Barcos a motor: Sanlorenzo SD126 da Sanlorenzo com 37,95 metros. DOM 123 da Baglietto com 37,30 metros. Sanlorenzo SL120 Asymmetric da Sanlorenzo com 36,92 metros. Veleiros: Momi 80 da Vismara Marine Concepts (26,20 metros de comprimento). Mylius 80 da Mylius Yachts (25,57 metros de comprimento). YI Yachts da Y Yachts por Michael Schmidt Yachtbau (23,13 metros de comprimento). RIBs: MX-18 Coupé da Cantieri Magazzù (18 metros de comprimento). Novamarine Black Shiver 18 (17,95 metros de comprimento). SACS Rebel 55 (17 metros de comprimento). Multi-casco: Bali 5.4 da Chantier Catana (16,80 metros de comprimento total). Lagoa 55 da Construction Navale Bordeaux (16,56 metros de comprimento). Dufour Catamarans 48 (14,70 metros de comprimento total).

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San Lorenzo SX 112


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Mimì e Nautica Esposito, que à imagem de alguns, poucos Estaleiros em Portugal, continuam a defender as madeiras tradicionais e os Estaleiros de barcos antigos. Uma nova área na seção Boating Discovery foi dedicada exclusivamente aos barcos de pesca, que contou com a participação de 3B Craft, Axopar, Boston Whaler, Pursuit e Nuova Tuccoli, entre outros. Alguns dos líderes do sector de motores interiores regressaram este ano, Cummins, Lombardini, Volvo Penta, Man, Nanni, ao lado de outros especialistas, incluindo a Mase e a SAIM. Os motores fora de borda, juntamente com os RIBs, ocuparam mais uma vez o palco central no piso térreo do Pavilhão B: todas as marcas estiveram de volta este ano, novos designs da Evinrude, Honda, Selva, Suzuki e da Yamaha. Estiveram ao lado da indústria de RIB, que apresentou modelos da Zar, Capelli, BWA, Ranieri International, Marlin Boats, Nuova Jolly, Joker, Master, Lomac, MV Marin e Mar.co. A área de Tech Trade, apresentou componentes e equipamentos de narcas como a Garmin, Furuno e a Raymarine, no andar superior do Pavilhão B. As taxas aplicadas pela UE e pelo Estado nas reparações e no leasing foram motivo de conversa aprofundada envolvendo alguns dos representantes do sector. Durante o primeiro dia Saverio Cecchi, Presidente da Associação da Indústria Italiana e da I Saloni Nautici afirmou: “O Salão Internacional de Génova é uma ferramenta essencial para o mercado náutico e para toda a Cadeia de Abastecimento. É extremamente eficaz para atrair turismo e dinamizar a economia do

Momi da Vismara Marine Concepts (com 26,20 metros de comprimento)

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Boating Economic Forecast País. 2020 teve um aumento de 2,4% de empregos e para 2021 prevê-se um crescimento de receita da indústria global de 23,8%. A indústria náutica está aqui, está a crescer e, ainda assim, o país perde 40 milhões de euros em IVA por causa de uma reforma no leasing imposta pela Comissão da UE.”

Já Carlo Maria Ferro, Presidente da Agência Italiana de Comércio disse: “Os dados registados mostram que as exportações italianas no primeiro semestre de 2021 já ultrapassaram os números do primeiro semestre de 2019, com um aumento de 4,1%. Isto significa que as exportações das empresas Italianas já

Boating Economic Forecast são maiores do que antes do COVID. A Itália é o país que se saiu melhor no G8. A crise das exportações de 2020 foi essencialmente uma crise de procura e uma vez que a procura começa a subir novamente, o mesmo pode acontecer com o crescimento. As exportações de barcos até aumentaram em 2020,

Rozam

Pershing 6X 6

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com um aumento de 17%. O cenário internacional está a mudar. A transformação digital e a sustentabilidade, já não são mais apenas factores de compliance, agora fazem parte da procura e tornaram-se factores competitivos de marketing e são factores de escolha para as gerações mais jovens”. Maurizio Balducci, vicepresidente da Associação da Indústria Marítima Italiana, partilhou que: “É hora de definir os nossos próximos objectivos. As bandeiras Britânicas, predominantes no mercado, são gratuitas. Hoje, os barcos de fora da EU, que têm que fazer trabalho em Itália são obrigados a ter uma garantia bancária de 100% do valor do IVA calculado sobre o valor do barco. Os Franceses e os Espanhóis encontraram uma forma de não ter de dar estas garantias. Agora cabe-nos a nós. Um navio que vem fazer alguma obra num estaleiro na Itália não se perder”. Testar no Mediterrâneo A antecipação dos testes em água é sempre uma das coisas que precedem o Salão de Génova, a localização, o Mediterrâneo, a doca que respira esse ambiente de expectativa. Quando chegamos sabemos que no mínimo vamos sentir uma


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Riva 68 Diable

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Baglietto 8

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embarcação no mar onde ela pertence, no máximo esperamos experimentar algo diferente, partimos assim para a descoberta. A azáfama foi mais uma vez grande e todos dias entraram e saíram dezenas de embarcações na marina em Génova, de todos os tipos, tamanhos, potências, cheios de gente entusiasta e desejosa de ir para o mar. 5.874 de Testes de mar, um número impressionante. Este ano, à imagem de 2020, o tempo começou mau, mas felizmente o tempo ajudou e pudemos testar o que o temporal, que se abateu sobre a cidade de Génova em 2020, não permitiu. Este ano fizemos o que havia sido cancelado devido ao mau tempo em 2020. O teste do Capelli Tempest 50 com 4 motores Yamaha 425 cv, foi fantástico e permitiu sentir a velocidade de 53 nós neste RIB com um comportamento irrepreensível, seja na estabilidade, seja na velocidade. Teste Capelli Tempest 50 – 4 x 425 XTO V8 Yamaha. Capelli Tempest 50 –


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Semi-rígidos T50 com 4 motores XTO V8 Yamaha de 425cv. Design Innovation Award A segunda edição do Design Innovation Award, lançado pela Associação Italiana da Indústria Marítima e pela I Saloni Nautici em 2020, para celebrar os 60 anos do Salão, teve este ano uma quantidade e qualidade de candidatos: 94 expositores apresentaram o seu produto mais recente e inovador para ser considerado no prémio, que visa promover a excelência em toda a indústria de produção náutica, com foco em produtos que se destaquem na pesquisa por trás de sua concepção

e sua inovação, qualidade formal e técnica e sustentabilidade. Os vencedores do Design Innovation Award 2021 foram: - Ecoracer by Northern Light Srl na categoria Veleiros com menos de 10m; - MOMI 80 da VISMARA MARINE CONCEPT Srl na categoria Veleiros acima de 10 m; - BMA X 277 da Ribitaly Srl na categoria Barcos a motor com menos de 10 m; - BG72 da Bluegame Srl na categoria Barcos a motor acima de 10 m; - Granturismo Cruiser 11.0 da Lomac Nautica srl na ca-

Capelli Stradivari 43 2021 Novembro 419

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Mercury V12 600 HP tegoria RIBs; - AZIMUT GRANDE TRIDECK da AZIMUT YACHTS Srl na categoria - Superyachts acima de 24 m; - Swan Shadow da Nautor Swan srl na categoria Superboats acima de 10 m; - Scafo multimodale da Gerrisboats na categoria Multihulls; - Micro Plastic Collector da Suzuki Italia Spa na categoria de Componentes e Equipamentos Náuticos. O Design Innovation Award 2021 entregou ainda as Menções Honorárias ao AMER 120 by Permare Srl na categoria Superyachts acima de 24 m e ao Sanitank da Igea Biochemical Srl na categoria

de Equipamentos e Componentes Náuticos. O Júri também atribuiu um Prémio Especial de Inovação de Destaque (que não está vinculado a uma única categoria) ao modelo Future by Uniboat - Equipe Argonautas. Já o Prémio Internacional Liguria foi para o Energy Pack da H2Boat Srl. Conferência Nacional de Turismo Náutico A 8.ª Conferência Nacional de Turismo Náutico, foi focada nas tendências do mercado e em questões cruciais como a aplicação desigual do IVA na Europa. Apesar

Honda Marine 10

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Yamaha V6 300 HP do facto de a indústria náutica estar a passar por um forte período de crescimento e que, de maneira geral, o segmento de turismo náutico provou ser um dos sectores mais resilientes durante a crise pandémica e um pilar fiável da marca “Made in Italy”, o turismo ainda sofre. Tal deve-se à perda de clientes estrangeiros devido a medidas anti-COVID e a uma série de falhas no enquadramento regulamentar. Há uma necessidade clara de uma política abrangente dedicada ao turismo costeiro, assim como de medidas regulatórias que possam ser aplicadas a todos os componentes da Cadeia de Abas-

tecimento relacionada com o turismo, que ainda não beneficiaram das intervenções do governo destinadas a ajudar a economia a recuperar. A sustentabilidade ambiental e a biodiversidade A sustentabilidade ambiental e a protecção da biodiversidade foram temas centrais de muitas conferências e debates. A sustentabilidade ambiental no mundo náutico, faz parte de um calendário de eventos que visa conscientizar o público e os profissionais da indústria sobre a “Missão Verde” (Green Mission),

Stand Honda Marine


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Stand Yamaha

Gama Yamaha XTO premente de preservar a biodiversidade dos nossos mares, analisando os riscos que derivam de espécies invasoras, que são “transportadas” pelo casco de navios e barcos de recreio. Nova Yamaha SuperJet que significa a descarbonização de motores marítimos graças a uma série de alternativas muito válidas, como por exemplo a combustão interna de combustíveis alternativos (hidrogénio, metanol), propulsão eléctrica e configurações

híbridas. No debate “Cascos Limpos - Essencial para a navegação sustentável e a biodiversidade marinha”, organizado pelo ICOMIA, Conselho Internacional das Associações da Indústria Marinha, enfatizou-se a necessidade cada vez mais

Stand Suzuki 12

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Fechar com bons números O tempo cinzento do primeiro dia não se reflectiu no 61.º Salão de Génova, que esgotou Sábado e Domingo e teve um número total de visitantes de 92.377, mais 30% do que na edição de 2020. Houve também um aumento de 12% nos contratos assinados em relação ao ano passado. Participaram no evento mais de 60 compradores internacionais de 18 países. 78 eventos paralelos, incluindo conferências, seminários, workshops técnicos, painéis e apresentações. Saverio Cecchi, presidente da Italian Marine Industry Association: “«Novo» é o adjectivo que melhor descreve a edição 2021 do Salão. Um novo e grande sucesso após 2020, o único evento do sector na

Europa a decorrer pessoalmente naquele ano. A nova era do Superyacht, o novo Sailing Quay, os novos Cais para RIBs, a nova Sala VIP, a nova rota de helicópteros, novos parceiros de prestígio e uma nova era de crescimento para a indústria como um todo.” Os dados deste ano mostraram um aumento nas redes e colaborações entre empresas náuticas. Em 2020, os contratos de colaboração entre empresas de todo o sector foram 13% a mais do que em 2019. A duração média dos contratos de rede foi de 3 anos e 190 dias. 687 empresas do mundo náutico fazem actualmente parte de uma rede, participando em 572 contratos de rede com mais de 33.000 empregos. Quase 2 mil milhões de euros de valor agregado e mais de 7 mil milhões de euros de produção em Itália. Uma indústria transversal a diversos segmentos e com empresas ligadas com outras Cadeias de Abastecimento em Itália. O Salão é um grande momento para saber o que a Indústria Italiana está a fazer.


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Stand da Mercury As novidades, os conceitos, da Indústria náutica mais importante do Mundo. Podemos sentir o que se está a passar. A Waterfront, um projecto que visa servir toda a cidade de Génova e muitas ou-

tras actividades, o Salão de Génova, a indústria náutica como um todo, irá ter certamente um grande impacto na dinâmica futura do Salão e isso é um ponto muito positivo no futuro do Salão. Para o ano há mais!

Mercury V12 600 HP

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Náutica

Notícias Yamaha

Yamaha em Génova nos 60 Anos do Moto GP

A Yamaha Marine juntou-se às comemorações dos 60 Anos do Grande Prémio de Moto GP com um semi-rígido muito especial.

O

automobilismo tem estado no centro da Yamaha Motor Co. desde a sua fundação, e para comemorar seis décadas de Grand Prix Motorcycle Racing, a Yamaha Motor Europe e Cantieri Capelli tiveram o prazer de desvendar no prestigiado Genova Boat Show um semi-rígido (RIB) especial e inspirado na lendária série de GP da Yamaha. O RIB tem as famosas cores brancas e vermelhas sinónimo do fabricante ao longo de grande parte da sua 14

ilustre história de corridas, e que é a base da decoração institucional comemorativa do 60º Aniversário que vai decorar as motos WorldSBK e EWC da Yamaha este fim de semana. Entre 1963 e 2020, a Yamaha obteve 511 vitórias e 82 títulos de pilotos, construtores e equipas combinados, com muitos pilotos de grande sucesso como Giacomo Agostini, ainda o mais bem sucedido piloto de Grande Prémio da história, Kenny Roberts, Wayne Rainey e a lenda viva Valentino Rossi.

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Familiarizado com os motores de alto desempenho, o ciclista Niccolò Canepa da Yamalube YART Yamaha EWC ficou impressionado com o design do Capelli e construído do Tempest 750 Sport RIB e do seu motor 250hp V6 Yamaha Marine, quando colocou o barco em Varazze, Itália. Imediatamente após o evento, Canepa dirigiu-se diretamente ao Circuito Paul Ricard, no Sul de França, para iniciar a sua construção para a corrida bol d’Or 24 horas EWC. O RIB tributo do 60º Ani-

versário da Yamaha GP foi revelado ao público no prestigiado Genova Boat Show no dia 16 de setembro, no mesmo dia em que as motos de corrida R1 da Yamaha foram apresentadas com a mesma decoração institucional no Circuito BarcelonaCatalunha e no Circuito Paul Ricard. Edição de Aniversário do TEMPEST GP 750 Projetado e construído por Cantieri Capelli em Itália, o


Náutica

TEMPEST 750 SPORT RIB é a escolha perfeita para os utilizadores que procuram um barco de tamanho médio com espaço a bordo otimizado e um alto nível de equipamento equipado de série. Acelerado, dinâmico e divertido, o TEMPEST 750

SPORT apresenta um casco de alto desempenho, projetado para atingir a sua velocidade máxima, mantendo o máximo conforto e estabilidade. O barco é alimentado por um único motor Yamaha de 250 cv V6 especialmente

personalizado com as cores do Aniversário. O design elegante, esguio e leve dos novos motores V6 é a mais rica gama Premium V6 que a Yamaha já produziu. Para o motor V6 de 250 cv, caraterísticas como a Direção Elétrica

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Náutica

Digital (DES), a exclusiva função Total Tilt da Yamaha e a marcha-à-ré que melhora a propulsão (TERE) são complementadas pela incrível nova aparência inspirada no porta-estandarte Yamaha XTO.

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Concedendo não só looks de corrida, graças às cores dedicadas do Aniversário, mas também à assinatura Yamaha de desempenho emocionante. A Edição de Aniversário RIB TEMPEST 750 GP

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apresenta uma série de melhorias projetadas para refletir a decoração institucional que vai decorar as motos de corrida Yamaha R1 que disputam a ronda de Barcelona do WorldSBK e a corrida Bol d’Or EWC.

A Edição de Aniversário do TEMPEST 750 GP apresenta - Motor fora de borda V6 único Yamaha de 250 cv, decorando o design de bloco de velocidade ao estilo de corri-


Náutica

da da Yamaha. - Estofos listados em branco, vermelho e preto para combinar com a decoração institucional do depósito de combustível e a película nas motos de corrida Yamaha R1. - Almofada amarela na consola com o logotipo do 60º aniversário. - Logotipo da Yamaha no estofos da proa. - Estrutura preta T Top com logotipos do 60º aniversário. - Coordenação do volante preto e dos porões de mão com costura vermelha no assento do leme. - Tabela com acabamento de carbono para combinar com o para-choques do tubo. - Defensas com efeito de carbono.

- Cunhos de amarração de popa. - Sistema de rádio com qua-

tro altifalantes de alto desempenho, cor combinada. - Design do bloco de veloci-

dade Yamaha nos lados da carenagem do motor e dos tubos.

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Pesca Desportiva

Pesca Lúdica Embarcada

Ton Crise - Misão Emposivle Já aqui vos disse que sou um perfeito pára-raios de acontecimentos insólitos. Quando menos espero, e de onde menos espero, surge algo que me faz pensar que ainda me falta muito para entender na perfeição a natureza humana.

Quantos quilómetros somos capazes de fazer para pescar um único peixe? Há quem venha da Finlândia a Portugal...

O

que quer dizer que ainda sou demasiado novo. Ainda me faz falta viver um pouco mais para atingir um grau de sabedoria que me permita prever casos raros como aquele que vos vou contar a seguir. Tudo começou por uma saída de pesca com três simpáticos finlandeses. Avô, pai e filho, juntos por evidentes laços familiares e sobretudo por uma enorme curiosidade de pescar em Portugal. E de conhecer métodos de pesca diferentes dos seus. Faço aqui um parêntesis 18

para dizer que estamos na presença de alguém que conhece a pesca com redes debaixo do gelo, e isso já é uma bizarria estranha. Tenho a certeza que nenhum português se sentiria confortável e demasiado à vontade de lhe dissessem que teria de esticar um pano de rede num lago, por baixo de uma superfície gelada de 80 cm de espessura, para pescar o seu almoço. Para um pescador português, isso seria sempre uma “misão emposivle”, algo que não faz sentido nenhum. E no entanto é o dia-a-dia daquelas pessoas,

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que vivem em circunstâncias difíceis, pelo menos à luz daquilo que fazemos em Portugal. Eu estive a pescar na Finlândia, e percebi o quanto se valoriza a captura de um peixe. Remeto-os para um artigo publicado no blog em 15 Maio de 2020. Vale a pena ler, para ficarem com uma ideia de como pode ser duro ser pescador por esse mundo fora. Aquela gente sofre muito para conseguir UM SÓ PEIXE! Em dias de vento gelado, com tanta neve, pescar é mesmo uma “misão emposivle”.

Há realidades que ultrapassam em muito qualquer incrível capacidade de criar ficção: aquilo que nós valorizamos tão pouco, pode ser um desígnio de sonho, algo inatingível para uma família de pessoas que sonha com a pesca de uma… cavala. Conseguem imaginar alguém que tem como aspiração máxima a pesca de uma boga? Pois isso existe. Porque no seu ambiente de pesca, isso já seria considerado muito bom. E estas pessoas esperam durante meses e meses pela possibilidade de lançar uma linha


Pesca Desportiva

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com/

e um anzol e conseguir…um peixe. Qualquer peixe! Pois foi gente desta que levei ao mar! Aquilo que vos conto hoje é estranho, surrealista, mas tem de ser entendido à luz de uma realidade muito diferente da nossa. E só isso explica as reacções destas pessoas. Passo a contar-vos como foi: Saímos de Setúbal pela manhã, mas não demasiado cedo. Gosto de estar no local de pesca quando o sol começa a raiar. Desta vez o astro rei ia já um pouco alto, demasiado, para o meu gosto, por volta das 8.00h da manhã. Mas a missão de um guia de pesca não é a de arranjar desculpas, é de arranjar soluções. E, em função da temperatura das águas, da

Lançar uma rede nestas condições é algo de surreal...

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Pesca Desportiva

visibilidade, da profundidade escolhida, encontrar a melhor forma de conseguir apresentar resultados. Foi o que foi feito. Ao chegar ao local de pesca, parei o barco algumas centenas de metros antes, para evitar fazer ruídos desnecessários. Para quem nunca pegou numa cana, tudo é novo, tudo é estranho, tudo necessita de ser explicado. E a maré não pára. Cada minuto que passa conta, e mais nos afasta das condições ideais de pesca. Procurei tornar curto o meu habitual briefing, sabendo de antemão que teria de correr como um atleta olímpico caso surgisse alguma situação menos padronizada.

Eis o artista que assina este artigo, a sofrer com tudo: com o frio, com o pesqueiro, com o equipamento de pesca, e com o peixe. Pescar assim é uma “misão emposivle”.

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E surgiu mesmo! Atendendo ao tipo de águas, com muito sedimento misturado, optei por jigs de 20 gramas, marca Xesta, modelo After-Burner, em cores claras, metalizados e brancos. Aquilo que chamos de cores mais…flash. Em águas tapadas resultam muito melhor que as cores naturais. Penso que a razão se prende com o facto de darem ao peixe umas fracções de segundo mais, em termos de visibilidade acrescida, e que por isso mesmo potenciam o despoletar do ataque. Aquilo que faz o clic, a diferença entre o picar e não picar, é muitas vezes uma ténue coloração. Que na prática se traduz por ser ou não possível conseguir ver em movimento o alvo a morder. Olhei para a sonda. Algo estava por baixo de nós, e não era pequeno, atendendo à densidade de cor carregada, laranja e castanha, marcada na sonda. Posicionei o barco para fazer a deriva exactamente por cima e dei instruções para deixar


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Pesca Desportiva

Robalo de 4 kgs, um peça bonita para quem se estreia a pescar! 22

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cair os jigs. Alguns segundos depois, ferrei, ainda na descida, um robalo com 2.5 kgs. Olhei para o lado e percebi que dois dos meus colegas tinham conseguido o mesmo. A dado momento, tinha três robalos a fazer correr linhas por baixo do barco, cada um na sua direcção. É um daqueles momentos em que nos sentimos de coração apertado, porque a vontade de ajudar os meus companheiros esbarrava na impossibilidade de largar a minha cana e arriscar a sua perda. A pescar com linhas finas de 0.28mm no leader, pese embora a sua alta qualidade, e falamos de fluorocarbono Varivas, toda e qualquer pressão extra poderia ser motivo de rotura. Há pescas que exigem paciência e tempo. E tempo, …esse eu não tinha. Pressionei aquilo que me foi possível, para despachar o assunto. Alguns instantes depois tinha o peixe à superfície. Mas o meu colega do lado cometeu um erro e deixou o seu peixe cruzar a

minha linha. Havia dois robalos a puxar, cada um para seu lado, com três ou quatro voltas de linha no multifilamento. Retirei-lhe rapidamente a cana das mãos, dei-lhe as voltas necessárias sobre a minha, e consegui “desenlear” aquele imbróglio. Passei-lhe de novo a cana. E é nesse instante que o peixe capturado do outro lado do barco resolveu entrar em cena: um robalo de 4 kgs, com excesso de linha solta, dava a luta que podia. Veio até ao lado oposto do barco, o nosso. Novo enrolo, a exigir calma e sangue frio. Sem luvas não o teria feito, mas avancei para a solução de agarrar o meu peixe pela queixada, junto à fateixa tripla Nogales, da Varivas, com anzóis que espetam só de olharmos para eles, e meti o robalo no barco. Era tempo de correr para os outros peixes. O facto de se tratar de uma pessoa de idade, 76 anos, limita, e de que maneira, a mobilidade das outras pessoas. Com


Pesca Desportiva

um rápido “desculpe lá o incómodo” meio gritado meio mordido, passei para o outro lado e consegui meter o camaroeiro no peixe maior. Movimento rápido e estava dentro do barco. Mais um esforço e estava do lado oposto do semirrígido a lançar a mão à guelra do último peixe. Era nosso. No espaço de um minuto, duas pessoas que nunca tinham pescado fizeram dois robalos, um de 3 kgs e outro de 4 kgs, a somar ao meu, de 2,5 kgs. Começar uma pescaria desta forma deixa no guia de pesca uma sensação de coração preenchido. Os meus amigos finlandeses sentiam-se nas nuvens, davam largas à sua alegria. Podemos ir à procura de cavalas? O insólito começa agora:

depois das fotos da praxe, feitas por um esmorecido jovem de 15 anos que não tinha obtido a ansiada picada, e por isso mesmo feitas em ar de despacho, meio

aborrecido, a partir do outro lado do barco, vistoriei as baixadas das canas, para entender se seria necessário mudar algo. Muitas vezes os peixes grandes deixam a

linha roçada junto ao jig, pelos dentes ásperos, e é de bom tom substituir. Não era o caso, o fluorocarbono estava perfeito, sem “escoriações”, pronto para outra.

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Pesca Desportiva

Robalo de 3 kgs, um peixe que nunca será de deitar fora. Em baixo, encostada à geleira, a minha cana Xesta Scramble, equipada com carreto Saltiga Bay Jigging. Um verdadeiro elástico fino, cana com a qual tenho feito peixes muito bonitos. Preparadas que foram as canas, informei de que iriamos voltar a subir a corrente, para fazer nova deriva, no mesmo local. E a resposta foi desconcertante: Dizia-me um deles: “ Então mas destes, desta cor, nós já pescámos, …podemos agora ir à procura de cavalas?… E o mais velho, olhando à geleira e ao facto de terem 9.5 kgs de robalos para fazer o seu jantar, questionou: Então mas se já temos peixe mais que suficiente, ..porque não voltar para terra?... Eram 9.30 da manhã. Ora digam-me lá se isto para um guia de pesca não é uma “misão emposivle”, apenas ao alcance do …Ton Crise? Fiquei estupefacto! Para um finlandês, se já tem o peixe para o dia, está tudo bem. Imagino que a reacção de um português seria a de tentar pescar um outro robalo. E se os havia: a sonda 24

marcava um cardume de peixe valente! Perante esta circunstância, pouco me restava senão abandonar o local, e tentar encontrar algo diferente. Todos sabemos que cavalas são aos milhões, e não é difícil encontrá-las. E foi o que foi feito, diga-se de passagem com muito êxito, na perspectiva dos meus companheiros. O que eles vibraram com a captura destas… .”iscas”. Eu a pensar no cardume de robalos... E apareceu um espadarte Porque o miúdo não tinha conseguido fazer grande coisa, insisti para me darem mais alguns minutos de pesca, antes de retornarmos ao porto de abrigo. Lancei a âncora e preparei algumas iscas de…cavala. A ideia era fazer com que o jovem finlandês tivesse

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algo que contar aos seus amigos, à chegada ao seu lindíssimo país. Coloquei toda a gente a pescar ao fundo, dois de cada lado do barco. Estava eu entretido com alguns peixes que me ratavam as iscas conforme podiam, o costume da pesca vertical, quando nisto ouço alguém dizer do outro lado do barco: “ Este tubarão não come a minha isca”…. Olhei repentinamente a tempo de ver um enorme espadarte, seguramente a avizinhar os 100 kgs de peso, que passava lentamente ao lado do barco. Pedi para não fazerem barulho. Foi o mesmo que pedir para fazerem todo o barulho possível! Gritos e canas a bater no fundo do barco, geleiras a arrastar, … O espadarte afastou-se, sem pressas, mas com velocidade suficiente para tornar de novo a minha “misão

emposivle”, pois pretendia filmá-lo. Não são muitos os dias em que temos um peixe daquela imponência, a três metros do barco. O jovem finlandês gritava-me então: “porque é que ele não comeu a minha isca?! Eu meti-lhe o anzol mesmo à frente dos olhos”... Retirar luvas, apanhar o saco onde guardo o telemóvel dentro do banco, retirar lá de dentro o portátil e preparar para filmar, queimou tempo precioso para poder captar imagens com mais qualidade. Isto é aquilo que é possível fazer com um telemóvel, quando o peixe já está a 50 metros de distância. Que pena não ter sido avisado antes, um espadarte a três metros do barco, com boa visibilidade, seria seguramente um filme interessante. Teria feito um filme de arromba, que me daria muito prazer partilhar convosco...

Isto é um acontecimento na Finlândia. “Amigo Vitor, fotografe-me por favor, porque ninguém vai acreditar que pesquei dois peixes de um só golpe”!...


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Notícias do Mar

Tagus Vivan

Crónica Carlos Salgado

O Que é Feito do Tejo… Ninguém Sabe Dizer Nada?

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omo poderá ser interpretada a situação atual do nosso rio Tejo por deixar de ter água, um rio transnacional cuja água deve ser partilhada equitativamente pelos dois países que atravessa, que deixou de acontecer por ela estar a ser usurpada pela nossa vizinha Espanha, porque rio nasce lá? Esta usurpação de um bem a que Portugal tem 26

direito, não poderá deixar de ser interpretado como um atentado à nossa independência? Pode portugal perder o seu maior rio, por falta de água? Aquele Tejo que foi no passado um dos rios mais importantes para a navegação e não só, quer do Arco Latino quer do Arco Atlântico, que aquando do seu apogeu foi descrito

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de várias maneiras, das quais destacamos dois exemplos (excertos): 1- O conhecido Professor António Carmona Rodrigues, numa entrevista para o Infotejo 5, quando foi questionado sobre a navegabilidade no Tejo, respondeu: “A história da navegabilidade do rio Tejo é longa. Já há mais de dois mil anos Estrabão, na sua “Geografia” dizia que “O Tejo (…) pode ser montado

por grandes navios de transporte; Como ao inundar as terras vizinhas na praia mar se formam esteiras com o comprimento de 150 estádios, toda esta parte plana se acha aberta à navegação (…). Desde tempos remotos que o Tejo assumiu um papel principal como via navegável face à importância que as trocas comerciais sempre tiveram. As suas condições naturais per-


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mitiram ter em Santarém o porto inicial do então chamado mar interior, no qual se iniciava a rota de navegação mediterrânica que se despertou com a civilização fenícia. No período Romano, entre os séculos III AC e VII DC, o Tejo serviu de via de penetração até ao interior e acaba por ter um papel importante na estruturação territorial da Península Ibérica. Foi também um polo de desenvolvimento, determinando a localização de diversos aglomerados, permitindo ao longo dos séculos a ligação do litoral ao interior, o

alargamento da economia e a consolidação territorial. Com o império muçulmano, séculos VII-XII, continuaram as obras de regularização do rio, o aproveitamento energético por moinhos e fortificaram-se as cidades ribeirinhas contra os frequentes ataques inimigos. A montante do estuário, o rio era uma via de comunicação importante, que os espanhóis sempre quiseram desenvolver como via de acesso ao mar e para a expansão peninsular. A navegação no Tejo a partir do século XVII foi objeto de várias propos-

tas que tinham como objetivo tornar o rio Tejo a principal via comercial de toda a bacia ibérica, a que já foi chamada Tejânia.” 2- Alberto Pimentel descreveu o rio Tejo assim: “O nosso belo Tejo, amplo e azul, tão abundante de águas como de tradições, por igual brilhantes, tão cheio de luz como de memórias, tão povoado de velas brancas como de recordações eternas (…) Nada lhe falta ao belo rio azul do extremo ocidente para ser famoso entre os famosos, notável entre os notáveis.

Grande pelo seu curso, pelo seu porto, pelas suas tradições históricas; Pitoresco pelas suas margens e pelos seus castelos, que ou ressaltam do seio das águas, como Almourol, ou as dominam do alto, como Santarém; Belo pela cor, que tem o brilho e a pureza de uma safira, onde o famoso céu meridional espelha numa eterna apoteose.” Afinal a história já não se repete? Mas nós, e não somos os únicos a sabê-lo e a senti-

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lo, que a água do nosso Tejo, que foi um rio glorioso no passado e criou muita riqueza e vida, está a ficar retida em Espanha, ao ponto de já poder-se por falta de caudal, ir a pé visitar o Castelo de Almourol, porque ele deixou de estar isolado numa ilha. Ora bem, é uma evidência clara que o nosso Tejo sem água deixa de ter condições, atributos e competências para, como recurso natural, poder continuar a servir as populações ribeirinhas e o nosso País, por ter deixado de ter um caudal suficiente, e muito menos 28

para poder voltar a ser navegável, não é verdade? Podem os portugueses aceitar uma situação como esta? Ora bem, em boa verdade tudo isto aconteceu porque a vizinha Espanha não conseguiu abrir um canal navegável em condições, ao cabo de várias tentativas, para ligar Madrid ao oceano Atlântico pelo rio Tejo, a fim de poder fazer a sua expansão marítima diretamente por esta via, para criar mais riqueza. Como não conseguiu realizar este inten-

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to, optou por seguir outra estratégia, passando a construir nas “nossas barbas”, as 51 barragens no Tejo, que capturam a água do rio, mais os transvases que levam mais desta água para os seus territórios desérticos do Sul, e ainda mais os desvios de mais água para a grande Madrid, cuja quantidade dela, bastante pestilenta que sobra, acaba por ser devolvida ao Tejo pelos efluentes urbanos sem qualquer tratamento. E mais a jusante há novo desvio da água do Tejo para Cáceres, do que se conclui que, no fim de contas, como é que pode

ainda sobrar água daquele Tejo, para o nós? Só mais duas notas: a) Soubemos pela Ambiente Magazine do dia 15 de outubro de 2021, da extensa entrevista dada pelo senhor Ministro do Ambiente, Eng. João Pedro Matos Fernandes, responsável por um ministério tão completo que é caso para consideralo um super-ministro, ao relatar uma extensa lista de conquistas que obteve durante o seu mandato, e das próximas a conquistar, mas nunca falou sobre aquilo que está à vista


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de todos os cidadãos portugueses, o fenómeno do nosso rio Tejo estar sem água, a caminho da morte. b) A atual situação do grave aumento dos combustíveis nas gasolineiras, tem vindo a aumentar sem cessar já desde há alguns meses, o que não pode deixar de vir a contribuir para o aumento do custo dos produtos transportados pela via rodoviária, aquela que foi sempre beneficiada pelas políticas dos nossos sucessivos governos, com os fundos europeus desde a nossa adesão à CEE, como é evidente, com a construção de estradas e mais estradas e de auto-

estradas, cujos orçamentos iniciais foram sempre ultrapassados, o que provocou o desequilíbrio inevitável da intermodal de transportes nacional, intermodal que nunca deixa de ser equilibrada na maioria dos países europeus situados para além

dos Pirinéus, e a razão é simples: Porque está provado que a mesma quantidade de energia dá para 500km no transporte fluvial, 200 Km no ferroviário, 100 Km no rodoviário e 20 km no aéreo, e o nível de poluição desses transportes é, obviamen-

te, superior à medida que o consumo de combustível é superior. Se, relativamente à falta de água no nosso tejo, não é um caso de usurpação clara da água que nos pertence por direito, então o que será?

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Guarda Rios

As Filhas do Tejo

Quem São? 1- Todas as autarquias ribeirinhas do Tejo devemlhe a sua existência, obviamente, e a maior parte delas devem-lhe também o seu crescimento económico e o desenvolvimento que conseguiram alcançar. Portanto, o rio Tejo é à partida o elemento ao qual todas elas devem estar reconhecidas, e dada a sua proximidade devem ser elas as suas primeiras guardiãs, não ficando à espera que aquele número infindável de promitentes entidades de gestão da sua bacia hidrográfica, das fiscalizações e das proteções e salvaguardas, etc., etc., etc., deste nosso maior rio, que cada uma delas tem vindo a falhar na sua missão específica, como é sabido. 30

2- É com tristeza que não podemos deixar de relativamente ao programa VALTEJO, uma iniciativa para a valorização do Tejo, que a CCDRLVT em boa hora promoveu e coordenou, tendo sido executado na primeira década dos anos 2000, e que constou da requalificação de um número considerável de frentes ribeirinhas do nosso maior rio, desde Vila Franca de Xira até Abrantes, uma obra muito valiosa e meritória, que as populações bem mereciam, mas em boa verdade, alguns municípios lamentavelmente, não cumpriram cabalmente a sua quota parte, ou por falta de preparação de umas, de competência outras ou até por incúria, mas outros até por falta de meios para sustentar a sua

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manutenção, enfim, foram por isso deixando de fazer a devida manutenção dos equipamentos instalados e até desinteressando-se pela deterioração dessas frentes requalificadas, quer ainda tolerando, sem punição, algumas vandalizações, ou utilizações impróprias dos equipamentos, enquanto outros municípios fizeram questão de valorizá-las ainda mais, com equipamentos ou instalações artísticos e até painéis decorativos nessas suas frentes, passeios pedonais e ciclovias, bem assim como, com incentivos à prática de atividades de animação turística e de convívio e desporto, de fora para dentro e de dentro para fora do seu plano de água. 1- Quanto à vigilância, ao re-

gisto de ocorrências e à denúncia de agressões ao rio e a descargas de poluição ou da falta de caudal ecológico do rio, deve caber às autarquias ribeirinhas, desde as juntas de freguesia aos executivos das câmaras municipais, a vigilância permanente do seu rio, bem assim como da indevida utilização dos novos equipamentos de animação e convívio instalados, ou detetando e processando judicialmente os casos da sua vandalização ou deterioração, e também detetando imediatamente o que vai acontecendo de negativo ao bom estado de saúde do seu Tejo, criando mecanismos e pessoal qualificado, formando uma equipa ou comissão atenta quotidianamente, e não é preciso muita gente, o que é preciso é que tenha qua-


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lificação para isso e esteja sempre presente e motivada para cumprir a sua missão, recorrendo inclusivamente aos serviços da Proteção Civil camarária e à GNR local, para detetar essas anomalias e poder comunica-las imediatamente àquelas tais entidades de ação específica, e exigir resposta e uma explicação atempada da parte de cada uma delas, e até abrir um processo para o registo das respostas ou argumentações de vária ordem, para trimestralmente enviarem um relatório dessas ocorrências ao Ministério do Ambiente e à presidência da Assembleia da República, e porque não até ao próprio Presidente da República, porque o nosso Tejo está a correr o risco de desaparecer, quer por falta de água quer pelos maus tratos que sofre. Deixem de ter aquele estado de espírito de “porque não vale a pena”. È precisamente devido a esse espírito, que também não vale a pena, cada um cumprir com rigor e profissionalismo a missão que lhe está atribuída, e do “porque do não vale a pena” em “porque não vale a pena”, muitas vezes, quer porque dá mais trabalho ou chatices, tanto relativamente ao rio Tejo, acabou-se por chegar ao estado deplorável em que se encontram hoje, quer o Tejo quer o próprio País, em certos casos. 2- E agora vamos dar continuação ao que vínhamos relatando sobre as requalificações do programa VALTEJO, segundo o projeto original: ALPIARÇA – O município de Alpiarça teve três projetos em mãos, a requalificação da aldeia piscatória avieira do Patacão, aquela que se encontrava mais a montante do rio, que estava em ruínas, para onde foi prevista

a organização de um complexo na zona do Carril que, para além de um espelho de água preparado para atividades náuticas, passeios embarcados e uma pista de canoagem e remo, terá ainda um pequeno porto com um pontão flutuante para amarração, embarque e desembarque, e uma esplanada na plataforma superior. A

frente ribeirinha envolvente deste porto, terá um passeio pedonal ao longo da margem com espaços relvados e um parque de merendas e também uma ciclovia. Está projetado também para esta localidade um Parque Urbano que conceptualmente tem em conta a sua natureza de espaço verde urbano, que será parte e a continuação

da malha urbana de Alpiarça e, simultaneamente um elemento de ligação ambiental e funcional com a paisagem envolvente. Não podemos deixar de alertar para a falta de água no nosso tejo, mas continua a não notar-se qualquer reação da parte dos responsáveis!

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Notícias do Mar

O Tejo a Pé

Texto e Fotografia Carlos Cupeto

Atlântico a Oeste

A praia da Ursa, um pouco mais a sul da Adraga Depois do vírus nos dar alguma trégua e da canícula do verão, em finais de outubro, o Tejo a pé voltou a pôr o pé nos trilhos. O tempo esteve perfeito, a luz, a temperatura, o vento e tudo o resto, a começar pelo mais importante, as pessoas.

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erca de 40 caminheiros andaram, com gosto, os nove quilómetros de sobe e desce como é característica a morfologia destas paragens.

O início e fim teve a magnífica praia da Adraga como cenário. Também aqui tudo é bom: praia sublime, acesso, estacionamento, água, café, cerveja…

Durante grande parte do percurso os bons estradões facilitaram animadas conversas 32

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O capital natural ímpar, como o que vivemos neste percurso, é um dos mais valiosos recursos do nosso país, muitas vezes ignorado e maltratado. Embora conhe-

cidas de muitos estas paisagens e vistas não cansam, antes encantam arrebatadoramente. A alegria dos canídeos presente não engana. Sempre com boa conversa,

Ao longe avistámos o lugar onde a Terra acaba, o Cabo da Roca


Notícias do Mar

Às vezes o trilho obrigou-nos a alongar o grupo uma das tradições do Tejo a pé, a distância foi percorrida sem grande esforço. No fim, num excelente pinhal, o habitual almoço, sempre com bom vinho, onde cada um saboreou e partilhou o que tinha “passeado” às costas – ainda soube melhor. Faltava apenas uma única descida até à Adraga, aí, al-

guns, motivados pelo declive, pela doçura do chão em areia e, provavelmente, com a ajuda do tinto, rebolaram-se por ali abaixo (fotografia 7, Joana Martins): nasceu assim uma variante inovadora do Tejo a pé, o “Tejo a rebolar”. Há muito que perdemos a noção de tempo e espaço, é fundamental voltarmos a ter

Sem nos importarmos muito com isso às vezes pisámos o GR11, que une o Cabo S. Vicente a S Petersburgo, mais de 5000 quilómetros onde de encontra Santiago de Compostela

Tempo de almoço presentes essas dimensões. Só assim é possível vivermos melhor. No Tejo a pé é tudo isto que procuramos e vivenciamos, cada um à sua maneira. Todos os meses,

uma caminhada acessível a todos, sem custos, onde a motivação é o viver a natureza. Para caminhar no Tejo a pé basta enviar um mail a cupeto@uevora.pt.

O “Tejo a rebolar” 2021 Novembro 419

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Pesca Desportiva

Pesca Lúdica Embarcada

Andam por aí uns robalos…

Todos sabemos que há meses do ano em que tudo acontece, tudo é fácil, tudo se conjuga para que tenhamos as condições ideais para pescar. E os resultados aparecem.

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a mesma forma que noutros períodos, as condições mudam e tudo se torna mais difícil. Por 34

mais difícil leia-se a quase impossibilidade de conseguir capturas de peixe com efectivo interesse. Há uma explicação: na

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maior parte dos casos, apenas encontramos, ou não, as condições certas para poder ser eficazes com as técnicas e equipa-

mentos de que dispomos. O peixe muda de locais em função das condições de habitabilidade que lhe são apresentadas, e fala-


Pesca Desportiva

Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com/

mos de temperatura das águas, visibilidade, agitação marítima, segurança, quantidade de alimento disponível, zonas óptimas de reprodução, etc. E isso altera o potencial de pesca que os nossos materiais nos permitem. Dou-vos exemplos práticos: se pescamos em zonas baixas de Inverno, e por razões que se prendem com temperaturas de águas baixas, diria geladas, o peixe não pode estar lá. Não adianta lançar milhares de vezes porque nunca teremos sucesso. Pelo contrário, se as águas estão quentes, e com isso permitem que o peixe suba para pesqueiros baixos, não adianta muito procurar ferrar os peixes em zonas muito profundas. Não estão a essas cotas, e por isso não podemos ser bem sucedidos. É um facto que sem equipamento adequado à situação, não podemos seguir o peixe nas suas inevitáveis migrações perpendiculares à costa. Por esse motivo, ter apenas um conjunto de cana e carreto especifico para um determinado tipo de pesca, resulta curto. Funciona um pouco como um relógio avariado: seguramente que dará horas certas duas vezes por dia, mas não podemos contar com os seus ponteiros parados para muito mais. E não vale a pena pensar que a cana e carreto ideais para pescar a 20 metros são o mesmo material para pescar a 120

Os peixes estão a alimentar-se nos baixios. Neste momento, a quantidade de alevins disponíveis é enorme, e eles aproveitam. Reparem na cana Xesta que utilizei. Trata-se de uma Scramble, extremamente leve, muito elástica. O facto de utilizar uma cana muito macia permite-me utilizar anzóis um pouco mais pequenos, sem riscos de desferragem. A cana acompanha sempre e bem os movimentos do peixe, não lhe dando um ponto de apoio para rasgar a pele da boca. Canas duras fazem-nos perder peixes.

A amostra que utilizei mais nos últimos dias. Trata-se de uma Xesta After-Burner de 20 gr. A linha é um fluorocarbono 0.33mm da Varivas, o assiste de cauda um Daiwa Coastal, 0.5 cm, que prefiro por enrocar menos. Assistes com linhas mais longas são, em jig casting, motivo de enleios nas linhas e prisões nas rochas. 2021 Novembro 419

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Pesca Desportiva

Robalo grande. Este tipo de peixe pode deixar a linha tocada. A seguir a cada uma das capturas, é bom verificar se junto à união com o jig não ficou uma roçadela provocada pelos dentes. Em caso de dúvida, é sempre preferível trocar de baixada. Nada pior que perder uma peça de 4 ou 5 kgs, por negligência da nossa parte.

metros, porque não é. Neste momento temos uma remessa de robalos atarefados a comer o que podem para poderem

enfrentar duas missões difíceis: a chegada do momento de reprodução, lá para Dezembro, e as águas frias, que chegarão

dentro de algumas semanas. Eles sabem que o momento de comer é agora, enquanto têm as condições ideais, águas

quentes, a 20º / 21ºC, muita comida disponível, e perto da costa. Tempos virão em que as gorduras agora armazenadas serão importante garante de sobrevivência. Um dos robalos de bom porte que fiz nos últimos dias tinha dentro do estômago vários peixes pequenos, não reconhecíveis por estarem já meio decompostos, um caranguejo pilado e …um ruivo de 300 gramas. O esforço que estes robalos fazem para engolir um peixe destes é significativo, dado que um ruivo tem espinhos grossos, afiados e muito agressivos. Foi engolido pelo lado certo, de cabeça para a cauda, obviamente.

Quando queremos obter bons resultados, ter o equipamento certo pode dar-nos algum conforto. Muito brevemente iremos recomeçar os nossos workshops na loja GO Fishing de Almada. Terão oportunidade de verificar com é fina e elástica a cana que traz estes robalos das rochas do fundo... até à superfície. 36

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Electrónica

Notícias Nautel

www.nautel.pt

Caixas de Comando Eletrónicas Série i7800 A solução ideal para substituir as antigas caixas de comando mecânicas. Todos os ajustes se tornam mais simples e rápidos...

Estilo, controlo e funcionalidade... sistema de caixa de comando eletrónico i7800 é simples de instalar e

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substitui sistemas de controlo mecânico que existentes na embarcação, ou a instalar em barcos novos logo de raiz. Para quê lutar com os comandos mecânicos quando se pode ter os benefícios dos controlos eletrónicos por uma fração do custo de um motor novo… O movimento suave dos comandos eletrónicos permite um manuseio muito maior do acelerador e uma transição fluida entre as marchas. Isso traduz-se num melhor controle do barco em todas as aplicações, desde pesca desportiva e cruzeiros a embarcações comerciais. Será difícil voltar às soluções mecânicas depois de se experimentar a resposta suave e confiável que se obtém das caixas de comando i7800. Independentemente do tipo de motor e direção, o i7800 providencia pilotagem precisa e conforto. O produto está disponível numa enorme variedade de configurações : com uma ou duas manetes de comando e com ou sem “Trim”., também em versões com base no número de motores a serem controlados e para aplicações. Quando uma segunda ou terceira estação é necessária, há outras versões que incluem as peças para aquela 2ª ou 3ª estação. A conectividade é simples-

mente feita através do barramento CANbus. Modo Trolling Controle o barco, a profundidade, o sucesso… O modo de pesca ao corrico é um recurso exclusivo integrado neste sistema de comando e não requer componentes adicionais. Imagine que está a navegar tentando encontrar a velocidade perfeita para apanhar aquele peixe grande. Ao colocar o comando no modo de “corrico”, simplesmente selecionando esse modo, fica-se a ter uma resolução maior do acelerador de 0-50%! Diga adeus às lutas com os comandos para encontrar a velocidade perfeita e passe mais tempo dedicado ao que realmente interessa – a pesca! Aplicações • Adequado para todos os motores com mudanças mecânica e aceleração mecânica (pode haver algumas configurações não compatíveis). • Aplicações com um ou dois motores. • Inboard, IO e Outboard. • Suporta até três estações.

Interuptor opcional


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Notícias do Mar

Notícias da Universidade de Aveiro

Microalgas da Ria de Aveiro São Excelentes a Capturar Carbono

As microalgas que vivem na água e as que vivem nos sedimentos da zona de entre-marés capturam muito carbono As microalgas da Ria de Aveiro capturam tanto carbono como o produzido por 10 mil pessoas.

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ó as microalgas da Ria de Aveiro capturam anualmente da atmosfera

cerca de 12400 toneladas de carbono, o equivalente ao carbono emitido por 10000 pessoas. Esta é

uma das conclusões de um estudo do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Uni-

versidade de Aveiro (UA) que deixa em aberto a certeza: os restantes organismos fotossintéticos

Canal de Mira, um dois locais da ria em estudo 40

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Notícias do Mar

Canal de Ovar,um dois locais da ria em estudo

da Ria de Aveiro juntos conseguirão retirar da atmosfera milhares de toneladas de carbono por ano. Por isso os investigadores alertam para necessidade de se preservarem os estuários onde vivem estes organismos. Publicado na revista Frontiers in Marine Science, o estudo refere-se à contribuição das duas principais comunidades de “produtores primários”

da Ria de Aveiro e outros estuários com marés: as microalgas que vivem na água (”fitoplâncton”) e as que vivem na superfície dos sedimentos da zona de entre-marés (”microfitobentos”). Este estudo é o resultado de campanhas de campo, implementadas no âmbito do Projeto BioChangeR, e que resultou da colaboração de investigadores dos Departamentos de Biolo-

Canal de Mira, outro dos locais estudados

gia e Física da Universidade de Aveiro e do Instituto Superior Técnico. “Os produtores primários são os organismos, como algumas bactérias, as algas e as plantas terrestres, que são capazes de realizar a fotossíntese”, explica o biólogo João Serôdio que,

a par de Silja Frankenbach, João Ezequiel, Sandra Plecha, Leandro Vaz, João Miguel Dias e Nuno Vaz, assina o trabalho. O estudo quantificou o carbono fixado pela atividade fotossintética destas duas comunidades, “mas há outras que também contribuem para o balanço

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Notícias do Mar

Sapal da Ria de Aveiro

global do ecossistema, como macroalgas, ervas marinhas e plantas de sapal”. “O total de carbono removido naturalmente na Ria de Aveiro será assim certamente superior ao estimado neste

estudo”, afirma João Serôdio. A captura de carbono destes organismos, explica o biólogo, “está associada ao processo fotossintético, o processo bioquímico mais importante para a vida

Organismos fotossintéticos juntos conseguirão retirar da atmosfera toneladas de carbono 42

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na Terra, do qual depende a esmagadora maioria dos seres vivos, incluindo os humanos, através do qual se usa carbono da atmosfera (ou dissolvido na água) para ‘fabricar’ nova matéria orgânica e assim suportar todo o ecossistema”. Os resultados alcançados pelo grupo de investigação de Aveiro estão em linha com os encontrados para outros ecossistemas estuarinos. Nesse sentido, explica João Serôdio, a Ria de Aveiro não difere muito de outras zonas como o Estuário do Tejo ou a Ria Formosa. “O que este estudo teve de novo foi a monitorização em paralelo, em vários locais da

Ria de Aveiro e com uma grande resolução temporal, da atividade fotossintética destas duas comunidades”. Isto permitiu aos biólogos “descobrir que as zonas de sedimentos entre-marés, muitas vezes ignoradas ou consideradas pouco interessantes, são neste ecossistema as mais importantes em termos de fixação de carbono”. “Apesar das elevadas taxas de fixação de carbono que ocorrem naturalmente na Ria de Aveiro, estimada no nosso estudo em 12400 toneladas de carbono por ano, cada um de nós emite, em média, e considerando apenas a queima de


Notícias do Mar

Ria de Aveiro

combustíveis fósseis, 1,3 toneladas de carbono por ano”, aponta

o biólogo que deixa o aviso: “O carbono removido pela totalidade dos

produtores primários da água e sedimentos da Ria de Aveiro inteira mal

chegará para compensar o carbono emitido por 10000 aveirenses”.

As microalgas da Ria de Aveiro capturam anualmente 12400 toneladas de carbono 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

Notícias do Ministério do Mar

Ministro do Mar no Fórum Mundial do Mar O Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, defendeu ação urgente contra a “ameaçaclimática” no Fórum Mundial do Mar na Tunísia e que decorreu em 24 de setembro.

Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos

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da ciência, da política e do compromisso social. “A mensagem do último relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas é inconfundível e o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, classificou-a como um “cartão vermelho para a humanidade”. Esta ameaça existencial ao nosso planeta e às nossas vidas exige uma ação vigorosa e concertada dos Estados e Nações, tal como nós fazemos para a pandemia”, acrescen-

Fotografia: Alessio Viora/Marine Photobank

Ministro do Mar disse “Nos últimos 18 meses da pandemia de Covid-19, o mundo parou, mas não o planeta e as ameaças ambientais têm continuado a crescer. Não há vacina para a ameaça climática, que é muito maior do que a própria ameaça pandémica”, na sua intervenção. na sessão de abertura da 4ª edição do Fórum Mundial do Mar, a 24 de setembro, em Bizerte (Tunísia), apelando a uma resposta eficaz que também alie a capacidade

As redes de emalhar de fundo como lixo marinho 44

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tou o governante português. Na sessão de abertura do fórum participaram o Príncipe do Mónaco, Alberto II, a Ministra do Mar francesa, Annick Girardin, o Secretário-geral da União para o Mediterrâneo, Nasser Kamel, o Ministro do Equipamento, Habitação e Infraestruturas da Tunísia, Kemel Doukh, e Marius Vascega, Chefe de Gabinete do Comissário Europeu do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virjinius Sinkevicius. Nesta reunião de alto nível, Portugal endossou o Plano de Ação “O Mediterrâneo - um mar modelo até 2030” (PAMEx), que visa inverter a alarmante perda da biodiversidade marinha neste mar. O Mediterrâneo é um dos mares mais ricos do mundo em termos de biodiversidade, mas 40% das espécies marinhas são consideradas em declínio. O Ministro do Mar sublinhou “a importância da referência à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o respeito do direito internacional” no novo plano, e defendeu uma economia azul sustentável para o Mediterrâ-

neo que “melhore a qualidade de vida e o bem-estar das comunidades que o habitam, promovendo a inclusão social e preservando, ao mesmo tempo, os ecossistemas marinhos e costeiros e a biodiversidade”. O ministro Ricardo Serrão Santos destacou, também, o compromisso da União Europeia com os oceanos, através da “Missão Starfish” (Estrela do Mar) e as ocasiões que se avizinham para forjar novos compromissos, desde a COP26 sobre Alterações Climáticas (novembro de 2021) até à Cimeira One Ocean (janeiro de 2022). semestre de 2022 Estas reuniões poderão dar grandes contributos para a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, de 27 de junho a 1 de julho de 2022, em Lisboa, coorganizada por Portugal e pelo Quénia. À margem do Fórum, o Ministro do Mar português teve um encontro bilateral com a homóloga francesa, Annick Girardin, sobre a Temporada Cruzada França-Portugal, no âmbito da presidência francesa do Conselho da União Europeia (primeiro semestre de 2022), a Comissão do Mar dos Sargaços e a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, entre outros temas. Estas reuniões poderão dar grandes contributos para a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, de 27 de junho a 1 de julho de 2022, em Lisboa, coorganizada por Portugal e pelo Quénia. À margem do Fórum, o Ministro do Mar português teve um encontro bilateral com a homóloga francesa, Annick Girardin, sobre a Temporada Cruzada França-Portugal, no âmbito da presidência francesa do Conselho da União Europeia.


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Notícias do Mar

Canoagem de mar: o surfski

Canoagem de Mar

Texto João Rocha Fotografia Autor e facultadas pelo CCA, Borg e SSA

O surfski é uma nova modalidade de canoagem de mar muito versátil e com impato visual que se expande rapidamente em todos os continentes A canoagem de mar tem em Portugal, como as primeiras embarcações lúdicas, os Charutos.

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Charuto é uma pequena embarcação de recreio, cerca de 3 metros de cumprimento, calado baixo, altu-

ra cerca de 20 centímetros, de fundo chato, afilada nas extremidades. Entre os anos 1940 a 1960, sobretudo nas praias

da Costa do Sol, nomeadamente Parede, São Pedro e do Estoril, era frequente na época balnear ver jovens a “descer as ondas” ou como

Os charutos eram frequentes nas praias da Costa do Sol 46

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se dizia na época “a fazer carreirinhas” nesses barquitos de madeira ou de contraplacado, impulsionados por uma pagaia também de madeira. Os Charutos, relativamente fáceis de transportar e com formato mais esguio que as chatas, estas utilizadas pelos banheiros que naquela época, além do encargo de arrendar toldos e barracas, tinham a responsabilidades de salvar os banhistas incautos. O Charuto era utilizado na época balnear para recreio de quem tinha possibilidades de os adquirir ou alugar


Notícias do Mar

lizar a rebentação das ondas nas praias portuguesas. Com a criação da Federação Portuguesa de Canoagem (FPC), em 10 de março de 1979, a canoagem passou a estar enquadrada numa estrutura federativa, mas a canoagem de mar só em 2010 é que vem a ter a primeira prova. Nas provas de Canoagem de Mar o atleta corre, em percursos definidos, em mar aberto, preferencialmente a favor do vento (downwind), com largada e chegada no mesmo ou em diferentes locais. Baías e estuários podem ser utilizados desde que a sua localização possibilite o acesso ao mar com ondulação que lhe é própria. Nestas provas podem ser utilizadas diferentes tipos de embarcações, como as canoas outtiggers, os kayaks de mar e principalmente os sur-

e, sobretudo pelos jovens, para fazer “corridas”, atravessar a rebentação e “fazer carreirinhas”. Sucede que a partir de 1960 surge, no segmento da construção náutica de turismo e lazer, a utilização de fibra de vidro a qual possibilita a produção em massa de embarcações, o preço das mesmas torna-se mais acessível, permitindo a uma larga franja da população a sua aquisição, além de o material ser resiliente e durável. Assim, sobretudo na década de 1970, com a vulgarização da fibra de vidro, surgem em Portugal diversos tipos de embarcações de recreio que permitiam uti-

Uma antiga canoa de surf em fibra de vidro que permite deslizar na parede da onda. Praia de São João, Costa da Caparica, ano de 1976 fskis, que são embarcações sit-on-top, que permitem aos atletas atingirem grandes velocidades, ao mesmo tempo que garantem uma maior segurança. O surfski O surfski é uma embarcação de recreio que pode ter um só lugar (SS1) ou dois lugares

(SS2). No caso de um único canoísta, o surfski tem de cumprimento cerca de 5.20 m a 6m; largura cerca de 45 cm a 47cm; peso entre 11 a 12 Kg; calado cerca de 0. 40 a 0. 74 cm; volume entre 520 a 540 litros. Estas medidas variam, não só dependendo de cada marca como, dentro da mesma marca, dos tama-

O percurso com ondas em downwind assemelham-se a fazer uma onda surfável durante uma eternidade, por comparação com o surf 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

Nas competições pode-se observar a pluralidade de marcas e modelos de surfski nhos pretendidos de acordo com o peso do canoísta, usualmente o S, M, L, XL, podendo haver tamanhos intermédios. O surfski é direccionado por um leme, manobrado pelos pés do canoísta e pela acção da pagaia. Sendo um sit-on-top, permite rápida recuperação no caso do tripulante se desequilibrar e cair. Existem diversos mode-

los de surfski, dependendo das diversas marcas, algumas portuguesas conceituadas internacionalmente, e dentro destas, conforme o grau de estabilidade, manobralidade, velocidade e conforto. Sendo um barco rápido é fácil de manobrar, permite pagaiar em diversos tipos de mar, fazer ondas tanto de downwind como as de re-

bentação nas praias. O pouco peso permite um transporte fácil, sendo que alguns modelos têm pegas que facilitam o manuseamento da embarcação. O automóvel pode transportar o surfski nas barras do tejadilho, desde que respeite as medidas legais, ou seja, dependendo do cumprimento do surfski e o do carro que o transporte. Em termos de segurança,

O estado da ondulação não inibe a presença feminina no surfski 48

2021 Novembro 419

o canoísta de surfski deve, sempre, utilizar um colete e o leash para prender a si a embarcação. Caso se afaste muito da orla costeira ou perfaça percursos longos aconselha-se que use o telemóvel com partilha de localização, existem invólucros próprios para o efeito e alguns surfski têm um apoio específico, mas se não o tiver pode sempre levar-se nos bolsos do próprio colete. Dado a versatilidade da embarcação, o surfski pode partir de uma marina, de uma praia mesmo com ondulação, ou qualquer outro local, dependendo do estado do mar e da experiência do canoísta. Competições nacionais Em termos de competições nacionais existem campeonatos locais, regionais e o campeonato nacional, este em várias etapas. A competição de mar pela sua extensão e dificuldade é particularmente exigente, sendo que todas as classes fazem o mesmo percurso. Embora a nível compe-


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A saída de uma praia com ondulação forte pode representar algumas dificuldades titivo o surfski tenha uma história recente, o êxito assinalável desta modalidade é expressiva no número de participantes masculinos e femininos no Campeonato Nacional de Mar 2021, nas respectivas etapas, mais de duzentos participantes em cada. Assim, restringindo ao ano corrente, disputou-se a I.ª etapa no mês de Maio, em Lagoa, num percurso de 18 km, com 212 atletas, distribuídos pelas diversas categorias. A II.ª etapa no mês de Outubro, num percurso de 22 Km, entre Sesimbra e Setúbal, com 207 atletas inscritos. Participaram 23 clubes, sendo o título nacional atribuído ao Clube de Canoagem de Amora, o 2.º lugar ao Clube do Mar Costa do Sol e o 3.º lugar ao Clube Fluvial Vilacondense. Individualmente foram atribuídas medalhas aos 3 primeiros classificados em cada classe, com uma lamentável excepção, referente à categoria de veterano D. Com efeito, a FPC por indicação expressa da sua direcção, sempre que não

existam pelo menos 3 participantes na categoria de veterano D, automaticamente coloca os inscritos na categoria anterior que é a de veterano C. Ora, ao fazê-lo a federação coloca a competir num só escalão atletas com diferenças de idade de 10 a 20 anos. Sabemos que a categoria D que abrange os atletas com idade igual ou superior a 65 anos é recente na realidade federativa nacional e a FPC ainda não se terá apercebido de que a norma por si criada e que lhe permite, à revelia e contra a vontade do atleta, modificar a sua categoria, constitui: 1.º uma ile-

Pódio das 3 equipas vencedoras do Campeonato Nacional de Mar 2021

Campeonato Nacional de Mar, etapa I, Lagoa. Algumas tripulações de SS2 na dianteira da prova 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

A canoagem de mar pode ser extremamente exigente

galidade, na medida em que o atleta pelo simples facto da sua idade ganha o direito em competir na sua categoria etária; 2.º uma discriminação negativa, dado que estes atletas são obrigados a competir com outros muito mais novos, 10 a 20 anos ou mais; 3.º uma exclusão, na medida em que este procedimento federativo erradica os atletas mais velhos de competir em condições de igualdade. O resultado é a eliminação de facto da categoria D. Veja-se o que sucedeu no campeonato nacional deste ano: apenas na etapa I houve representante de Veterano D, por ter sido reco-

Alguns dos elementos da equipa bi campeã nacional (2020/2021) na Baía de Cascais antes de aproveitar o downwind até à Marina de Oeiras, ao largo com a companhia de golfinhos

A prática do surfski constitui um contacto intenso com a natureza 50

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nhecida a participação destes atletas na sua categoria, mas na etapa II a federação obrigou a participação em veterano C, resultado: não houve participação na prova de qualquer atleta D, tendo a federação esquecido o resultado da I.ª etapa e, pura e simplesmente, arredado os mais velhos da classificação geral e, ainda, cobrou uma multa aos atletas que se recusaram participar na classe que não lhes pertence. Acrescente-se que nas restantes modalidades desportivas, o atleta só muda da sua classe etária se der o seu consentimento. Recorde-se que o espaço federado é uma das vias de exercício do direito ao desporto que a Constituição da República Portuguesa garante a todos os cidadãos, ao aplicar uma norma discriminatória de forma coerciva, criada antes da existência da categoria D, a uma determinada faixa etária de atletas, não presta bom serviço à efectivação do direito ao desporto como lhe é incumbido constitucionalmente. Uma entidade pública que pretenda a expansão do desporto de forma inclusiva, igualitária, equilibrada e legal, terá de rever este procedimento absurdo e nefasto para os atletas e a própria modalidade. A força motora desta modalidade está nos clubes, nos treinadores e atletas, a federação deve ser inclusiva na sua função de promoção da modalidade, observando os mais elementares princípios de ética desportiva. Competições internacionais Foi precisamente em Portugal que em Julho de 2013 se realizou o 1.º Campeonato Mundial (ICF Ocean Racing World Championships), em


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Imagem do Madeira Ocean Challenge 2021 Vila do Conde, sagrando o primeiro campeão mundial da modalidade o sul-africano Sean Rice. E, em Agosto de 2014, é também em Portugal que se leva a efeito o 1.º Campeonato Europeu de Canoagem de Mar, entre Apúlia e Vila do Conde. Desde então, Portugal vem sendo o palco de diversas provas internacionais, o que muito se deve à Nelo pelo seu apoio à FPC e aos municípios onde se realizam os eventos. Estes campeonatos disputam-se no mar, em percursos em regra entre 18 a 20 Km, sendo os atletas divididos em escalões etários, vindo a propósito que os escalões de veteranos são compartimentados de 5 em 5 anos, assim cumprindo uma exigência de igualdade, equilíbrio e justiça que deve presidir a qualquer competição justa. Cumpre elogiar as iniciativas das regiões autónomas da Madeira e dos Açores na

implementação de provas de surfski em condições de grande qualidade, sendo promissoras as provas Madeira Ocean Challenge e a Madeira Surfski Lifesaving,

realizadas no Funchal e a Azores Ocean Surfski, em Angra do Heroísmo, Ilha Terceira. A par da competição principal realiza-se, no dia subse-

quente àquela, a competição de Lifesaving que consiste numa corrida com partida da praia, percurso em surfski até uma bóia de sinalização e regresso à praia, evocando

Marina de Oeiras, entre o rio e o oceano 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

O surfski permite utilizar as ondas de rebentação costeira, tal como o surf o trabalho de salvamento dos nadadores salvadores. O futuro da modalidade Portugal tem uma orla marítima de excelência para a prática do surfski, tanto a orla Atlântica como a costa algarvia e as ilhas da Madeira e dos Açores permitem a prática da modalidade du-

rante praticamente todo o ano, de inverno em condições desafiadoras, mas em segurança. As Marinas são locais privilegiados para o surfski sair para o oceano, uma vez que permitem uma saída e entrada em segurança, mesmo quando as condições do vento e do mar se alteram inesperadamente durante o

percurso. Tal como o surf nas décadas de 1960 e 1970, o surfski ainda é pouco conhecido da generalidade da população e terá de aguardar alguns anos para que se estabeleça como uma modalidade de eleição entre os amantes de actividades náuticas, o surfski tem, como o surf, das melhores condições na Eu-

Bernardo Pereira Campeão Europeu e Campeão do Mundo, SS1 categoria Júnior Masculino, em 2021 52

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ropa para a sua prática em Portugal. Só que o surf está limitado às praias de ondulação surfável, hoje e cada vez mais, repletas de surfistas nacionais e estrangeiros, enquanto o surfski tem um palco enorme e desimpedido que é o oceano. O turismo nacional poderá apelar a esta nova modalidade para colocar Portugal num destino privilegiado de canoagem de mar, bom seria que os municípios da orla costeira e as respectivas marinas, apoiassem o estabelecimento e a implementação da modalidade como forma de não só apoiar a prática desportiva, mas rentabilizar as suas potencialidades turísticas e económicas. Quanto a resultados ao nível competitivo, o sinal do futuro da modalidade em Portugal é-nos dado pelo êxito de Bernardo Pereira, jovem atleta do Clube Naval da Calheta, Campeão do Mundo e Campeão Europeu SS1 neste ano de 2021, na categoria de Júnior masculino.


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Notícias do Ministério das Infraestruturas e Habitação

Modernização do Terminal de Alcântara O Governo autorizou alterações às bases da concessão do Terminal de Contentores de Alcântara.

Porto de Lisboa

O

Conselho de Ministros aprovou o Decreto-Lei que autoriza as alterações às bases do contrato de concessão do direito de exploração do Terminal de Contentores de Alcântara e um aditamento ao mesmo. Este é o culminar de um processo negocial iniciado em 2014 e que promove a atualização do plano de

investimentos da concessionária, a Liscont, assegurando a modernização e o aumento da eficiência operacional do terminal, ao introduzir significativas melhorias ambientais e nos processos e formas de gestão. Da negociação resultaram alterações contratuais que defendem a concorrência e fortalecem a posição

da autoridade portuária: uma redução contratual de quatro anos, a redução da TIR, o aumento das taxas devidas à APL – Administração do Porto de Lisboa, S.A., e a eliminação do direito da Concessionária a reposição do equilíbrio financeiro por insuficiente procura. O novo plano de investimentos acordado totaliza

Terminal de Contentores de Alcântara 54

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um esforço de investimento de cerca de 123,8 milhões de euros (a preços correntes, sem IVA), repartidos entre intervenções em infraestruturas, aquisição e implementação de infraestrutura tecnológica e aquisição e instalação de equipamentos. Importa referir que a aquisição e instalação de equipamento movido eletricamente permitirá atingir uma diminuição anual de 88% nas emissões de CO2 do terminal, o que representa uma expressiva redução do impacto ambiental na cidade de Lisboa. O investimento na Modernização e Aumento de Eficiência Operacional do Terminal de Contentores de Alcântara é de enorme importância para toda a região de Lisboa pelo papel que desempenha no funcionamento das plataformas logísticas que asseguram o serviço de distribuição atualmente existente na Área Metropolitana de Lisboa.


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Notícias do Mar

Economia do Mar

Pinhais Inaugura Museu-Vivo

Conservas Pinhais Factory Tour Projeto pioneiro nasce para contribuir para a conservação e valorização do legado da indústria conserveira.

E

spaço irá proporcionar uma experiência única e imer-

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siva sobre todas as fases do processo “ao vivo” e está pensado para a comunidade local, turistas nacionais e internacionais. Os visitantes poderão acompanhar as diferentes etapas da produção artesanal da Pinhais, desde a seleção do peixe, até ao enlatamento e empapelamento. O tour termina no Can-Tin Café, com provas de degustação para os visitantes e o

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embrulhar da própria lata. Há ainda uma loja que reúne conservas e artigos para colecionar A Pinhais, conserveira centenária, inaugura o “Conservas Pinhais Factory Tour”, um Museu-Vivo pioneiro da indústria conserveira, vocacionado para perpetuar o legado desta indústria viva, dar a conhecer o património material e imaterial e salvaguardar e valorizar a sua

memória. Com instalação na fábrica da Pinhais, que, em 2020, foiclassificada de edifício de Interesse Municipal, este é um projeto único no panorama do turismo nacional e internacional, que proporcionará uma verdadeira experiência imersiva sobre todas as fases do método de produção tradicional, que se mantém inalterado desde 1920. Além de descobrir a fábrica e o seu espó-


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lio, cada visitante é convidado a embrulhar a sua própria lata, usando as técnicas das artesãs. As visitas incluem ainda uma degustação e uma passagem pela loja que reúne conservas e peças de coleção. Localizado no histórico edifício na Avenida Menéres, o projeto foi delineado com o objetivo de promover a comunidade local e o turismo. O “Conservas Pinhais Factory Tour” visa promover e divulgar a singularidade de um setor de enorme relevância para a economia nacional, através de aspetos distintivos como a manutenção do método artesanal e edifício centenário, caraterísticas únicas que lhe conferem um caráter histórico. Uma viagem no tempo que apela a todos os sentidos Delineadas para todas as

faixas etárias, as visitas ao Museu-Vivo serão guiadas por mediadores culturais, que convidam a descobrir a história da indústria conserveira, as raízes da Pinhais

e de todas as suas marcas, nomeadamente a mais internacional, a NURI. Cada visita propõe uma viagem no tempo, conduzida por uma das marcas nacionais

de conservas mais icónicas, única em Portugal que mantém intacto o processo de produção 100% artesanal. Com uma duração de cerca de 60 minutos, o tour ini-

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Notícias do Mar

cia-se na entrada do edifício da Pinhais, o foyer, sendo os visitantes depois guiados para os antigos escritórios e antiga sala de direção da

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empresa. De seguida, são conduzidos até à fábrica, onde poderão assistir a todos os 12 centenários passos da produção de uma

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conserva, desde a seleção do peixe na lota até ao enlatamento e empapelamento. Desenhado para apelar a todos os sentidos, o guião

da visita prossegue com um mergulho na história da Pinhais e da indústria conserveira, através da devisualização conteúdos digitais


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exclusivos; momentos interativos, nos quais os visitantes são desafiados a identificar diferentes ingredientes, através do cheiro e do palato e, no final, aparticiparem no processo de empapelamento, embrulhando a própria lata segundo as técnicas das artesãs da empresa. O tour culmina numa das salas mais imponentes do edifício, o Can-Tin Café, um espaço de degustação que acolhe o último momento da visita: a degustação. Numa das zonas mais emblemáticas do edifício centenário da Pinhais, os visitantes têm oportunidade de viver uma verdadeira experiência gastronómica. A visita termina na fantástica loja, com quase 100 m2, onde existe uma ampla seleção de conservas PINHAIS e NURI, artigos de colecionador e ainda merchandising e souvenirs alusivos às marcas e ao tour. Projeto impulsiona o turismo cultural e histórico, aliado ao gastronómico Com particular interesse para a comunidade local, até pelo impacto histórico que a Pinhais tem na região, o Museu-Vivo pretende também ser local de visita para

os estrangeiros. Se por um lado trata-se de mostrar um legado único de uma indústria muito importante para a Europa, sobretudo durante as duas Grandes Guerras, tendo um impacto socioeconómico muito relevante, por outro pretende destacar algo único, autêntico e diferenciador, que um turista procura quando visita novos países. Não obstante o turismo cultural e histórico, o projeto alia o turismo gastronómico, principal motivo de visita de muitos turistas à região e, dada a presença da Pinhais em vários mercados além-

fronteiras, é expectável o interesse dos mercados austríaco, norte-americano, espanhol, francês, alemão e italiano. “O “Conservas Pinhais Factory Tour” trata-se da materialização de um sonho antigo da Pinhais, de preservar o legado da indústria conserveira para as gerações futuras. Acreditamos desta forma estar a contribuir para a sustentabilidade e valorização da indústria e a proporcionar uma experiência absolutamente inédita num Museu-

Vivo e em pleno funcionamento.”, realçaPatrícia Sousa, diretora de marketing da Pinhais. A responsável acrescenta ainda que “Por estes motivos, consideramos que este conceito de MuseuVivo só faz sentido existir na Pinhais que, além do espólio, arquitetura e filosofia, se orgulha de manter, desde 1920, um método tradicional raro em toda a sua produção, representando a génese do setor, tal como era há 100 anos”.

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Economia do Mar

IPMA Projeto MONTEREAL

O projeto MONTEREAL - Monitorização em Tempo Real da Frota de Pesca, desenvolvido pelo IPMA com o apoio do Programa Mar2020 da União Europeia, desenvolveu um sistema integrado de monitorização em tempo real da frota da pequena pesca.

C

om início há 10 anos, a intenção deste projeto foi conhecer a atividade da pequena pesca, ou seja aquela que é realizada por embarcações com menos

de 12 metros e que representa 80% da frota nacional. Essa informação é essencial para gerir não só a frota, mas também os recursos e todo o ecossistema. A monitorização consiste no

desenvolvimento de equipamento de seguimento da frota, ferramenta de visualização online e software de análise de dados e mapeamento, com o objetivo de se conhecer, pela primeira vez,

Barco pequena pesca da ganchorra 60

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a distribuição espácio-temporal do esforço de pesca. Este sistema permite conhecer a dinâmica da frota da pequena pesca, identificar as principais áreas de pesca e conhecer o esforço de pesca por métier, informação essencial para gerir de modo sustentável a frota, os recursos pesqueiros e os habitats, assim como contribuir para uma gestão inteligente do espaço marítimo. Neste momento o projeto Montereal monitoriza, 83 embarcações da frota da ganchorra - arte utilizada na captura de bivalves - entre Vila Real de Santo António e Matosinhos. A importância do projeto foi destada numa entrevista recente ao coordenador e in-


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Bivalves capturados pela ganchorra vestigador do IPMA, Miguel Gaspar, na qual é feita uma descrição pormenorizada dos objetivos e dos desenvolvimentos futuros do projeto. Como o IPMA monitoriza a pescaria dos bivalves “Podemos comer diferentes espécies de amêijoas, longueirão ou ostras à

vontade porque desde os anos 1980 se produz ciência para a gestão, monitorização e captura destes recursos marinhos” segundo Miguel Gaspar, biólogo do Departamento do Mar e dos Recursos Marinhos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em declaração na sala de monitorização da pescaria dos bivalves que está instalada em Olhão.

Ganchorra para pesca de bivalves

Ganchorra 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Porto de Tavira com Dragagens

Presidente da Autarquia e Director-Geral da DGRM realizaram uma visita de trabalho às dragagens no Porto de Tavira.

Dragagem no Porto de Tavira

A

Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Ana Paula Martins, e o

Director-Geral da DGRM, José Carlos Simão, visitaram a draga que está a realizar as dragagens na

Visita de trabalho às dragagens no Porto de Tavira 62

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barra, canal de entrada e zona das quatro águas no porto de Tavira. Os trabalhos resultantes da empreitada lançada pela DGRM, no valor de meio milhão de euros, decorrem a bom ritmo, devendo prolongar-se pelo mês de novembro, sendo dragados sedimentos de constituição predominantemente arenosa e sem contaminação (Classe 1). Os sedimentos retirados são depositados em local afastado na deriva litoral, conforme definido pelo Ambiente, de forma a contribuir no combate à

erosão costeira. A realizar estes trabalhos está afeta a draga “José Duarte”, pertencente à empresa portuguesa Dragus. Com 70,25 metros de comprimento e 11,4 metros de boca, a draga foi construída em 2018 nos estaleiros da West Sea, em Viana do Castelo. Desta forma, contribuise para o aumento da segurança marítima, através da melhoria das condições de entrada e saída da barra e da navegação no canal de acesso ao porto.


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Notícias do Mar

Economia do Mar

Parque de Contentores de Ponta Delgada a Crescer de 120 para 480 Unidades O Porto de Ponta Delgada vai ver aumentada a sua capacidade de receção de contentores de 120 para 480 unidades, anunciou o Secretário Regional dos Transportes, Turismo e Energia dos Açores, Mota Borges.

Porto de Ponta Delgada

O

governante visitou a obra em curso, de reperfilamento no Porto de Ponta Delgada, tendo considerado que esta era necessária

para racionalizar a operação de carga e descarga dos navios naquela infraestrutura portuária da ilha de São Miguel. O titular da pasta dos

Mota Borges, Secretário Regional dos Transportes, Turismo e Energia dos Açores 64

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Transportes especificou que com esta obra em curso pretende-se que o projeto tenha “impacto não só em termos de segurança da operação, através da racionalização dos movimentos de carga e descarga”, bem como na “redução de custos gerais dos transportes e da mercadoria”. Mota Borges anunciou que a obra, orçada em 30 milhões de euros, deverá estar concluída em maio de 2023, tendo-se iniciado em 2020, estando a decorrer a um ritmo bastante interessante, sem interrupções. A obra em curso vai permitir a operação de três navios em linha, mas foi necessário proceder a rebentamentos no interior do porto para ganhar profundidades que fossem compatíveis com as

embarcações, através da eliminação de maciços rochosos no interior da baia. “Os rebentamentos, geraram queixas de 24 moradores de Ponta Delgada, devido a danos em edifícios, tendo sido estas encaminhadas para a empresa pública Portos dos Açores, dona da obra, que as reencaminha para o empreiteiro da obra”, explicou Mota Borges. Mota Borges referiu que foi lançada entretanto outra obra, que visa o reforço do molhe do Porto de Ponta Delgada, sendo que, em princípio, em janeiro, haverá condições para se fazer a sua consignação, dando uma segurança reforçada à infraestrutura portuária. O secretário regional considerou que esta é “a maior obra pública dos Açores, se somada a do reforço do molhe, mas este é o porto mais importante que existe nos Açores e é deste que decorre a distribuição para os restantes portos da região”. O Porto de Ponta Delgada representa cerca de 65% do movimento de mercadorias nos portos comerciais dos Açores. A empreitada foi adjudicada ao Consórcio Externo das empresas Teixeira Duarte/Tecnovia Açores/Marques S.A./Etermar/Seth e a consignação da obra ocorreu no dia 15 de maio de 2020.


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Ciências do Mar

Biólogas da Universidade de Aveiro no Oceano Ártico

A equipa de investigadoras do CESAM O único campo hidrotermal do Ártico foi investigado por uma equipa diversificada e multinacional de 28 cientistas.

U

ma equipa internacional de investigadores, entre os quais quatro biólogas da Universidade de Aveiro (UA), deu um grande passo na exploração do mar profundo ao amostrar e filmar um dos últimos ambientes verdadeiramente remotos e inacessíveis da Terra, bem abaixo da camada de gelo permanente no Oceano Ártico, a 82,5°N. Esta é a primeira vez que fontes hidro66

termais, também conhecidas como vulcões submarinos, foram investigadas com sucesso tão a Norte. O projeto HACON, no campo hidrotermal Aurora, 82,5°N, tem vindo a colher rochas, fluidos, sedimentos e fauna para estudos geológicos, geoquímicos, micropaleontológicos, microbianos, de meiofauna e macrofauna para compreender o funcionamento do oceano Ártico profundo.

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Esta investigação fornece uma linha de base de informações antes do início previsto da atividade comercial no Ártico, como consequência do recuo da cobertura de gelo. A análise das amostras permitirá avaliar se a fauna evoluiu de forma isolada no Oceano Ártico ou se está ligada a outras bacias oceânicas. Além disso, os dados obtidos darão uma imagem sobre quando se formou a vida na Terra, e despertarão

também um grande interesse na exploração do espaço e na procura de vida extraterrestre no nosso sistema solar. A expedição HACON 2021 foi a primeira a explorar e amostrar em detalhe e com sucesso um ambiente tão único sob o gelo marinho polar permanente, abrindo o caminho para a futura exploração internacional da remota crista de Gakkel. “Esta expedição mos-


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trou que é possível explorar grandes profundidades de baixo de gelo, e abre as portas para futuras missões utilizando veículos subaquáticos”, aponta Ana Hilário, bióloga marinha e coordenadora da equipa do Centro de Estudo do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA que esteve nesta inédida investigação. “Em termos científicos esperamos resolver uma série de questões que foram identificadas há já vários anos, mas que por questões técnicas e/ou tecnológicas não tem sido possível responder”, aponta. Por exemplo, “umas das grandes questões ecológicas em torno das fontes hidrotermais é se a fauna associada a estes sistemas no oceano Ártico é única, ou se pelo contrário é semelhante à que existe mais a sul, na crista mesoAtlântica, ou até à de regiões do Oceano Pacífico”. Para além da resposta a estas questões, “os nossos dados vão fornecer conhecimento de base sobre

O navio com a expedição HACON 2021 no Oceano Ártico esta região, que talvez seja das menos impactadas por atividades humanas, algo que que provavelmente vai mudar devido à diminuição da cobertura de gelo”. Na equipa do CESAM, para além de Ana Hilário, estiveram também no Ártico as investigadoras Sofia Ramalho e Lissette Victorero e

a aluna de mestrado Carolina Costa. Uma enorme expedição internacional De 28 de setembro a 21 de outubro, a expedição HACON 2021, liderada pelo CAGE/UiT (The Arctic University of Norway) e pelo

NIVA (Norwegian Institute for Water Research), reuniu uma equipa diversificada e multinacional de 28 cientistas, engenheiros e especialistas de comunicação, a bordo do navio quebra-gelo RV Kronprins Haakon para explorar as fontes hidrotermais, no campo hidrotermal Aurora, na crista de Gakkel,

Fonte hidrotermal 2021 Novembro 419

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A equipa internacional a 4000m de profundidade - um dos campos hidrotermais mais inacessíveis do planeta. Estas fontes são chamadas fumarolas negras por causa do líquido escuro superaquecido (acima de 300°C) e “semelhante a fumo” que é emitido por estruturas semelhantes a chaminés e levantamento visual detalhado e do campo hidrotermal Aurora, tendo sido colhidas mais de 100 amostras visuais, geológicas, geoquímicas e biológicas O campo da fonte hidrotermal Aurora foi detetado pela primeira vez há 20 anos, quando material de rocha hidrotermal foi dragado do fundo oceânico. O campo hidrotermal Aurora permaneceu inexplorado até 2014, quando a primeira confirmação visual de fumarolas negras ativas foi obtida durante um cruzei68

ro alemão liderado pela professora Antje Boetius (AWI). A equipa do projeto HACON revisitou este local em 2019, fornecendo imagens adicionais de alta resolução das fontes hidrotermais obtidas com uma máquina capaz de captar imagens e vídeo. Na altura, a equipa não conseguiu amostrar diretamente o local com um ROV (Veículo Operado Remoto) devido aos desafios técnicos de trabalhar sob uma camada de gelo espesso e flutuante. Desta vez foi diferente Apesar da camada de gelo marinho espessa e altamente concentrada, o cruzeiro foi um sucesso em termos de observação e amostragem das fontes hidrotermais. Um dos principais equipamentos usados foi um novo ROV,

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apropriadamente denominado “Aurora”, fornecido pela REV Ocean. Esta foi a primeira vez que este ROV foi usado. O grande esforço de equipa exigindo uma coordenação estreita do capitão e dos oficiais do navio, da equipa científica, dos pilotos do ROV e da tripulação resultou no primeiro mapeamento. As amostras colhidas a partir de fluidos de alta temperatura, das rochas das chaminés, dos sedimentos e da fauna serão agora analisadas em laboratórios dos institutos parceiros para um melhor conhecimento da composição e funcionamento destas fontes hidrotermais. As equipes já expressaram grande confiança em novas descobertas e pretendem apresentar uma sucessão de artigos em revistas

acadêmicas revisadas por pares nos próximos anos. Quarenta anos depois da descoberta de fontes hidrotérmicas no oceano profundo, a expedição HACON21 possibilitou pela primeira vez a aquisição de material visual e de amostras físicas de fontes hidrotermais no Oceano Ártico e sob gelo. Estes dados ajudam a completar uma das peças que faltam no puzzle biogeográfico global das fontes. A excelente atmosfera colaborativa a bordo facilitou a partilha de amostras entre os grupos. Estas atividades fortaleceram as parcerias existentes, bem como estabeleceram novas entre muitas das equipas de diferentes instituições internacionais. Um objetivo futuro é utilizar os resultados obtidos para trabalhar em conjunto


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em desafios e soluções relacionados com Ecossistemas Marinhos Vulneráveis e Áreas Marinhas Protegidas. Assim, este novo conhecimento será fornecido a iniciativas intergovernamentais, como a Conferência da ONU sobre a Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica Marinha em áreas além da jurisdição nacional, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e a Década das Nações Unidas para a Ciência Oceânica, e em particular o programa Challenger 150, coordenado em Portugal pelo CESAM da Universidade de Aveiro. Contextualização A expedição AMORE 2001 (EUA) localizou o campo de fontes hidrotermais Aurora por deteção de um sinal químico da pluma hidrotermal na coluna de água. Em 2014, o cruzeiro Polarstern (PS86) do AWI (Alemanha) observou a primeira fumarola negra, e a localização precisa das fumarolas negras foram

Campo hidrotermal obtidas durante a expedição HACON 2019. A fumarola negra principal, a “Hans Tore Vent”, foi assim nomeada em homenagem ao Professor Hans Tore Rapp, um biólogo do oceano profundo da Universidade Bergen, que faleceu em 2020 e foi um membro chave da equipa HACON. Financiamento O programa FRINATEK, fi-

nanciado pelo Norwegian Research Council, fornece a estrutura de financiamento necessária para desenvolver projetos de alto risco e alto rendimento que pretendem trazer grandes avanços científicos. O tempo de navio foi finaciado pela Universidade de Tromsø. Participaram na expedição parceiros e colaboradores do projeto HACON das seguintes instituições: CAGE-

Universidade de Tromsø (Noruega), Norwegian Institute for Water Research (Noruega), Universidade de Bergen (Noruega), Institute of Marine Research (Noruega), Universidade de Aveiro (Portugal), Woods Hole Oceanographic Institution (USA), Alfred Wegner Institute (Alemanha), NASA-JPL (EUA), Memorial University (Canadá) e Universidade de Southampton (Reino Unido).

Campo hidrotermal 2021 Novembro 419

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Notícias da DGRM

Dia Nacional do Mar

Celebrou-se no dia 16 de novembro, o Dia Nacional do Mar, tendo como referência a entrada em vigor da “Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar” a 16 de novembro de 1994.

A

DGRM associase à celebração deste dia, destacando os setores tradicionais e emergentes que constituem a economia ligada ao Mar – Economia Azul – tendo em conta que o Mar representa 5,1% do produto interno bruto português, 5% das exportações nacionais e 4% do emprego (INE, 2018). Simultaneamente relevante é a necessidade da boa preservação e da boa governança dos oceanos, 70

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face à sua importância para a humanidade enquanto fonte de alimento, fonte de biodiversidade, regulador do clima, meio para a movimentação de pessoas e bens, e fonte de benefícios, lazer e bemestar para as pessoas. Acompanhe na página da DGRM no Facebook: (9) DGRM - Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos | Facebook as várias mensagens alusivas a este dia.


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Motonáutica

Texto e Fotografia Gustavo Bahia/GHB Sports

Campeonato Mundial 2021 UIM de F2

Vitória em Vila Velha de Ródão Garante o Título de Campeão a Rashed Al Qemzi de Abu Dhabi

Rashed Al Qemzi Vence a Prova de Vila Velha de Ródão

R

ashed Al Qemzi conquista pela terceira vez (2017, 2019 e 2021) o Campeonato Mundial UIM de F2, desta feita comemorando seu

feito na etapa realizada em Vila Velha de Ródão. Mais uma conquista importante para o Team Abu Dhabi sob o comando de Guido Cappellini.

Campeonato Mundial de 3 provas cheio de discórdia é complicado O Campeonato Mundial

2021 UIM de F2 ficou reduzido a 3 etapas por conta ainda do Covid e falta de outras confirmações como aconteceu com Itália e Brasil. A primeira realizada na Lituâ-

Duarte Benavente mostrou estar ao mesmo nível do novo Campeão 72

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Motonáutica

nia, repleta de controversias sobre os acontecimentos no âmbito técnico-desportivo, que prejudicaram alguns pilotos importantes. A segunda etapa realizou-se em Baião, reportado na nossa edição anterior, e, a terceira e última etapa aconteceu em Vila Velha de Ródão com uma organização um pouco melhor, mas ainda pecando em vários aspectos para o nível que a F2 apresenta já há alguns anos. Em todas as etapas sempre aconteceram protestos e penalizações, que julgamos questionáveis, alguns indeferidos outros revogados mediante protestos de pilotos. O foco mais importante de tanta discordia é um regulamento que precisa ser mais específico ou alterado em vários itens, na área desportiva e na técnica. Esses acontecimentos empanaram bastante o desenrolar em todas as 3 etapas, Kupiskis, na Lituânia e Baião e Vila Velha de Ródão em Portugal. Ao final a vitória no Campeonato de Rashed Al Qemzi foi justa, pois o piloto de Abu Dhabi esteve dominante na 2 provas de Portugal. Duarte Benavente garante o Vice-Campeonato Mundial O piloto de Azeitão teve uma participação de grande destaque, mesmo tendo sido foco de protestos que acabaram por se demonstrar infundados. No que tange a parte técnica dos Comissários da UIM, algumas coisas devem ser melhoradas e equipamentos adequados e de inquestionável precisão, devem obrigatoriamente serem utilizados. Mas para alguns pilotos que se acham especiais, o

A sueca Bimba Sjöholm foi a melhor surpresa, sendo muito competitiva com seu Molgaard/Mercury excelente desempenho de Benavente sempre disputando de igual para igual com os melhores gera algum incômodo, principalmente quando esse super star leva 2 voltas dos líderes durante a corrida. Enfim, coisas de dor de cotovelo. Com esse Vice-Campeonato Mundial, o piloto português soma outro Vice-Campeonato em 2019 e a vitória do Mundial de 2020. Sempre com o patrocínio principal do Clube Interpass e apoios da Rowe Lubrificantes e CS Maritimo, Duarte Benaven-

Edgaras Riabko teve participação medíocre, sem nunca ameaçar os líderes

Tobias Munthe-Kaas tem muita experiência e é um excelente piloto 2021 Novembro 419

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Motonáutica

A norueguesa Mette Bjerknaes (9) da Equipa JRM aguarda o momento na área de treino de largada te tem planos já delineados para a próxima temporada, que segundo as últimas notícias oficiosas terá um Campeonato com pelo menos 5 etapas, podendo chegar a 8 etapas.

Rashid o mais rápido na Classificação por acaso O vento vaio atrapalhar bastante a programação dos treinos de classificação que

acabaram por começar mais ao final da tarde e por motivos realmente sem fundamento, só foram realizados Q2 (com todos os barcos) e Q3 com os 6 mais rápidos no Q2.

Essas mudanças prejudicam o espetáculo e reduz o atrativo ao público presente, que mesmo sendo em pequena escala, merece todo respeito dos organizadores do Evento. Enfim, assim a

Mansoor Al Mansoori espera pelo comando do seu Radiomen para o treino de largada

O finlandês Kalle Viippo tentando um bom tempo 74

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O piloto Kalle Viippo


Motonáutica

O experiente piloto inglês Colin Jelf sempre seguro na 6ª posição durante a prova cada passo em frente damos 2 para trás e a nossa querida Motonáutica que se dane. No Q2, Bimba Sjöholm, Rashed Al Qemzi e Duarte Benavente formaram um bloco à parte dos demais sempre mais rápidos. Bimba surpreendeu pouco antes do final do Q2 com o tempo de 44.831 com seu Molgaard/ Mercury Optimax, seguida por Rashed com 44.840 e Benavente com 44.989. Nos 45 seguiram Daniel Segenmar, Ferdnand Zandbergen

Duarte Benavente se dirige a área determinada para fazer seu treino de largada

O Molgaard/Mercury do sueco Johan Ostenberg

O barco novo Moore de F2 com o piloto Philippe Tourre

Johan Ostenberg

Rashed Al Qemzi se mostrou rápido e consistente 2021 Novembro 419

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Motonáutica

ferença) e mais uma vez surpreendendo a todos com uma performance segura a sueca Bimba Sjöholm com 44.975 foi terceiro, seguida por Daniel Segenmar em quarto, Ferdnand Zandbergen em quinto e Colin Jelf em sexto.

O piloto português deu tudo com seu Moore/Mercury Optimax

Dois pilotos de excelência Duarte Benavente e Bimba Sjöholm após a prova

(Sharjah Team), Colin Jelf, Johan Östenberg, Owen Jelf, Mansoor Al Mansoori e Edgaras Riabko com 45.718 tomando quase 1 segundo da piloto Sueca. No Q3 ao final o mais rápido tinha sido Tobias Munthe-Kaas, mas por ter dado 16 voltas (1 a mais do permitido pelo regulamento) foi desqualificado. Dessa forma a Pole Position caiu no colo de Rashed Al Qemzi com o tempo de 44.640, seguido por Duarte Benavente com 44.790 (15 décimos de di-

Mette Bjerknaes marcando a forte presença das mulheres na Motonáutica 76

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Dia de Prova e o vento mais uma vez a atrapalhar As previsões não eram boas, mas apesar disso ficou por conta dos ventos o atraso dos treinos livres e da largada da prova, que por pouco tinha que ser cancelada. Mas como por milagre, na hora da largada as condições estavam perfeitas e praticamente sem vento. Nos treinos livres que foram encurtados, a registrar apenas o grave acidente com o piloto austríaco Rupp Temper que teve o eixo do hélice partido e perdendo a hélice ao ntes do fim da grande reta quando o barco atinge velocidade máxima. O seu DAC/Mercury Optimax sofreu bastante danos, mas o sistema de segurança foi acionado devidamente e a Equipa de Resgate da Bergamo Scuba Angels logo interveio, trazendo o piloto para o Paddock um pouco tonto face a enorme desaceleração que sofreu no acidente. Mesmo com todo esse problema, o piloto após check-up médico, decidiu por participar da prova e a Equipa recuperou totalmente o barco em tempo record. Largada normal do Pontão foi a decisão acertada do Comissário da UIM Pelle Larsson, Comissário da UIM para F2 em Portu-


Motonáutica

O piloto inglês Owen Jelf, após troca de hélice sob os olhares dos pilotos de Abu Dhabi gal, decidiu por manter a largada no formato normal, ou seja, os barcos parados lado a lado no pontão. Ao apagar da luz vermelha, Duarte Benavente pula na frente da segunda posição, mas Rashed Al Qemzi se posiciona muito bem antes da primeira bóia por dentro e assume a liderança da prova até o final das 45 voltas. Durante a maior parte da prova Benavente esteve sempre entre 2 a 4 décimos do líder da prova, mas quando da segunda ultrapassagem por retardatários acabou muito prejudicado e terminou a prova

O piloto holandês Ferdnand Zandbergen do Sharjah Team ficou com o 4º lugar na Prova

com 8.686 de diferença para o vencedor. Rashed al Qemzi fez uma prova a la Lewis Hamilton, liderando de ponta a ponta para mais uma vitória para o Abu Dhabi Team e o seu terceiro título de Campeão Mundial. Em terceiro lugar na bandeirada ficou Bimba Sjöholm, mas por ter abalroado uma bóia, foi penalizada com 1 volta. Por esse motivo Ferdnand Zandbergen assume a terceira posição de chegada e Bimba cai para o quarto lugar. Em quinto ficou Daniel Segenmark que fez uma prova

O Secretário Geral da UIM Thomas Kurt com Dr. Francisco Neto dono do Grupo Interpass

Pelle Larsson Comissário da UIM para F2, conversa com Benavente e Guido sobre os protestos.......

O DAC do piloto austríaco Rupp Temper, volta ao seu berço depois do acidente motivado pela perda da hélice 2021 Novembro 419

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Motonáutica

Já como novo Vice-Campeão Mundial Duarte Benavente fez um Campeonato impecável eque venha 2022 consistente, sexto lugar para Johan Östenberg, sétimo Colin Jelf, oitavo Edgaras Riabko, nono Owen Jelf e décimo Mette Bjerknaes.

Um engano na listagem da classificação da prova por parte da cronometragem gerou uma grande polêmica e o protesto feito por

Um engano na liberação do resultado da prova gera protesto

Classificação do Mundial 2021 de F2 Nº

Piloto

Nac.

LTU

POR

POR

Total Pontos

35

Rashed Al Qemzi

UAE

7

20

20

47

45

Duarte Benavente

POR

3

15

15

33

41

Edgaras Riabko

LTU

20

9

3

32

17

Ferdinand Zandbergen

NED

15

DNS

12

27

11

Bimba Sjöholm

SWE

DNF

12

9

21

4

Colin Jelf

GBR

9

4

4

17

5

Rupp Temper

AUT

12

3

DNF

15

77

Tobias Munthe-Kaas

NOR

5

5

0

10

54

Daniel Segenmark

SWE

DNF

0

7

7

10º

36

Mansoor Al Mansoori

UAE

DNF

7

DNF

7

11º

9

Mette Bjerknæs

GBR

4

1

1

6

12º

2

Johan Österberg

SWE

0

DNS

5

5

13º

3

Owen Jelf

GBR

0

2

2

14º

95

Kalle Viippo

FIN

2

DNF

2

15º

51

Uvis Slakteris

LAT

2

16º

63

Lars Andresen

NOR

1

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2 DNF

0

1

Bimba Sjöholm para garantir o seu quarto lugar na prova, mesmo somado 1 volta de penalização pelo toque na bóia. Acontece que os quatro lideres da prova já tinham dado 2 voltas nos demais competidores, logo a perda de 1 volta somado ao tempo de avanço que a piloto Sueca já tinha conseguido garantia a sua quarta colocação. Mais uma vez o piloto da Lituânia não quiz reconhecer sua inconsistente e deplorável participação na prova, tendo levado 2 voltas dos líderes e jamais ameaçou o experiente Colin Jelf que o manteve atrás durante toda prova. Para se ganhar há que ter mérito e isso demonstraram o novo Campeão Mundial Rashed Al Qemzi e o Vice-Campeão Duarte Benavente. Que vanha um Campeonato 2022 com muitas provas e disputas espetaculares.


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Motonáutica

F1H2O Campeonato Internacional Offshore

Texto e Fotografia Gustavo Bahia/GHB Sports

Figueira da Foz de V24 Powerboat a F1H2O

V-77 da GHB Offshore Racing o primeiro barco Offshore de uma Equipa Luso Brasileira a vencer em Portugal na Figueira da Foz

O

pioneirismo profissional vale a pena! Por isso em 2006 a GHB International Sports Ma-

nagement criou, promoveu e organizou o primeiro (e único até esta data) Campeonato Internacional Offshore em Portugal

Desfile dos barcos pelas ruas de Figueira da Foz 80

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e escolheu Figueira da Foz para sediar a primeira prova histórica da Classe V24 Powerboat Offshore. Nas palavras do Promotor Gustavo Bahia: “Figueira da Foz é uma Cidade espetacular e propícia a ativi-

dades de Motonáutica, principalmente Offshore. Agora, 15 anos depois do nosso evento, decidem trazer a F1H2O e acredito que possa ter sucesso, pois o Rio Mondego deve oferecer boas condições.”

Uma Mega estrutura com capacidade para receber mais de 600 convidados na área VIP


Motonáutica

F1H2O descobriu um Poço de ouro em Portugal É simplesmente surpreendente descobrir que existe um Poço de ouro descoberto em Portugal, e, desta feita para salvar o Campeonato Mundial de F1H2O que até esta data somente tinha realizado uma prova em condições muito sem qualidade em

Ações Corporativas VIP com o barco da GHB Offshore Racing no Rio Mondego

Gustavo Bahia e Diogo Pina Pereira no Comando Geral do Campeonato

O novo MOORE/Mercury de Formula 1 do piloto Duarte Benavente, com patrocínio do Clube Interpass em new look 2021 Novembro 419

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Motonáutica

Como é praxe o Grupo Interpass um dos patrocinadores do Campeonato em 2006

Duarte Benavente ultrapassa Jonas Andersson em Portimão 2019

San Nazarro, na Itália. Tudo se resume a um foco de discordia entre o Promotor Oficial da UIM a H2O Racing, do italiano Nicolò di San Germano, a UIM e as Equipas (o elo mais “fraco”). Sem corridas, as Equipas não conseguem se manter e algumas já perderam seus melhores profissionais, outras seus patrocinadores. Nesse emaranhado de discordias, aparece um Poço de Ouro em Figuei-

Marit Stromoy com seu BABA/Mercury em Portimão 2019 82

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Motonáutica

O frances Philippe Chiappe com MOORE/Mercury da Equipa da China em Portimão

ra da Foz, para salvar a F1H2O de uma temporada com 1 prova e sem nenhuma repercussão internacional ou importância desportiva. Esquecer os anos de sucesso em Portimão, cidade por onde entrou a F1H2O em Portugal, e o enorme sucesso da etapa realizada na Cidade do Porto/Gaia em 2015 com um público somente inferior as etapas de Class One em 2003 e 2004 em Lisboa, e o mesmo que estar perdido como cego em tiroteio. Notícias do Mar cobriu

todas essas provas, temos 33 anos no mercado náutico cobrindo todos os segmentos, e, particularmente dando todo apoio a Motonáutica. Ficamos muito satisfeitos por ter provas, mas preocupados em que condições realmente serão realizadas e a projeção que terão. De nossa parte sempre tiveram todo apoio e exposição mediática, logo estamos à Cavaleiro para podermos escrever esses comentários, pois conhecemos todos os intervenientes e sabemos exatamente

Cock Pit do DAC/Mercury de Thani Al Qamzi

quem é ou não competente para um evento dessa importância. De uma coisa temos certeza, ninguém atualmente

na Motonáutica Internacional tem uma infra-estrutura como a H2O Racing. Outra coisa que sabemos é que apressado come cru.

Thani Al Qamzi do Abu Dhabi Team lidera o Campeonato 2021, após sua vitória em San Nazarro 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Barraqueiro liga Barcelona a Setúbal Barraqueiro em sinergia com RENTE e Takargo para ligar Martorell em Barcelona ao Porto de Setúbal.

Barraqueiro ligará Martorell em Barcelona ao Porto de Setúbal

C

hegou dia 10 ao Porto de Setúbal o primeiro comboio porta-automóveis, que, a partir de agora, e numa cadência semanal, ligará a Martorell ao território português, tratando-se de uma operação logística encabeçada pela Barraqueiro e pela espanhola Renfe Mer-

cancias, em sinergia com a lusa Takargo. O transporte de viaturas entre Martorell, onde está situada uma grande fábrica da Seat, e Setúbal é levada a cabo por uma composição com 16 vagões de duplo piso que carregam 184 automóveis em cada sentido. Assim, partirão de Setúbal viaturas

da Volkswagen e chegarão ao porto sadino viaturas da marca SEAT, vindos da fábrica catalã. A operação tem um grande significativo potencial descarbonizador, porque cada comboio retira 23 camiões da estrada, traduzindo-se numa eliminação de 27 toneladas de CO2 por cada jornada.

Porto de Setúbal 84

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Trata-se da segunda envolvência da Barraqueiro no âmbito logístico, e, mais concretamente, no frete ferroviário. Recorde-se que, há cerca de dois anos para cá, a Barraqueiro está envolvida – em parceria com a Rodocargo, no transporte de viaturas desde a Autoeuropa, Palmela, até ao Porto de Setúbal. Recentemente, a Barraqueiro apostou, em parceria com a Sapec, na construção de um terminal rodo-ferroviário para automóveis em Setúbal. O Terminal Logístico Automóvel será um grande trunfo para a logística automóvel na região, situado a 5km do Terminal Ro-Ro do Porto de Setúbal, esta infra-estrutura será totalmente dedicada à armazenagem e preparação de veículos acabados. Tem capacidade para 6000 viaturas e deverá criar cerca de 100 postos de trabalho na região. Construído com o futuro em mente, este novo terminal está equipado com 64 postos de carregamento rápido para viaturas eléctricas, tornando-o num player incontornável do mercado ibérico. O TLA encontra-se também a desenvolver acções comerciais junto das principais marcas do sector automóvel para captar mais desenvolvimento para a Comunidade Portuária sadina. Para a Barraqueiro e para a empresa Sapec, esta nova infra-estrutura será uma vital plataforma de recepção e distribuição de veículos de várias marcas na Península Ibérica, potenciando o tráfego ro-ro e ferroviário no porto sadino e dando novas opções logísticas ao sector automóvel.


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Surf

Notícias do Surf Clube de Viana

Primeiro do Mundo a Receber Certificação

As certificações STOKE são o top mundial para eventos, organizações e destinos de surf e neve O Surf Clube de Viana é o primeiro do mundo a receber a certificação STOKE Melhores Práticas.

J

oão Zamith, presidente do Surf Clube de Viana disse “Não poderíamos estar mais orgulhosos de representar Viana do Castelo e Portugal como o primeiro operador de turismo de surf no mundo a receber a Certificação STOKE ao ní-

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vel das Melhores Práticas. É mais um feito histórico para o Surf Clube de Viana nos seus 32 anos repletos de referências nacionais, europeias e mundiais”, acrescentando “o nosso Surf Clube de Viana é o primeiro do mundo a receber a certificação STOKE Melhores Práticas”. O Surf Clube de Viana (SCV), detentor da primeira escola de surf em Portugal, berço da Federação Portuguesa de Surf e primeira Delegação da Surfrider Foundation Europe, é a primeira instituição, a nível mundial, a obter a certificação de turismo de surf sustentável ao mais alto nível: STOKE

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Melhores Práticas (STOKE Best Practice). Gestão da sustentabilidade, gestão dos impactos sociais e económicos, gestão dos impactos do património cultural e gestão dos impactos ambientais foram os critérios que estiveram em avaliação “in loco” pela Sustainable Tourism & Outdoors Kit for Evaluation (STOKE). “Desde que começámos há sete anos, ninguém atingiu o nível de Melhores Práticas em qualquer um dos nossos padrões. Mais recentemente, a avaliação dos impactos no surf passou a estar alinhada com as soluções climáticas do Projeto Drawdown e com

os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Por isso tudo, a equipa do SCV surpreendeu-nos, quanto mais que a avaliação decorreu durante a pandemia Covid-19”, disse Carl Kish, CEO e Cofundador da STOKE. “Não poderíamos estar mais orgulhosos de representar Viana do Castelo e Portugal como o primeiro operador de turismo de surf no mundo a receber a Certificação STOKE ao nível das Melhores Práticas. É mais um feito histórico para o Surf Clube de Viana nos seus 32 anos repletos de referências nacionais,


Surf

europeias e mundiais”, refere João Zamith, presidente do clube vianense, acrescentando “o nosso trabalho foi premiado, mas trata-se de um processo de melhoria contínua em sustentabilidade, o que nos motiva para continuarmos a trabalhar e a fazer mais e melhor.” As certificações STOKE são o top mundial para eventos, organizações e destinos de surf & neve. Recorde-se que o 1st European Adaptive Surfing Championship, organizado pelo Surf Clube de Viana em 2019 e que se realizou em Viana do Castelo, foi o primeiro evento de surf da Europa a obter a certificação em sustentabilidade pela STOKE. A STOKE é o primeiro organismo de certificação de sustentabilidade do mundo com padrões construídos especificamente para via-

Foram avaliados um enorme número de critérios de impactos gens de aventura e indústrias de recreação ao ar livre. Desde 2013, a rede da

STOKE estendeu-se por 11 países para que a comunidade ao ar livre possa en-

contrar #sustainablestoke onde quer que a busca pela aventura a leve.

A certificação é mais um feito histórico para o Surf Clube de Viana 2021 Novembro 419

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Notícias do Mar

Última

Economia do Mar

Corredor Sines a Badajoz Mais Competitivo

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Vista geral do Porto de Sines

om tecnologias inovadoras o Porto de Sines quer tornar o corredor logístico com Badajoz mais competitivo. A Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) vai apostar em tecnologias inovadoras da informação e comunicação, através de processos de digitalização, para tornar o corredor logístico Sines-Badajoz mais eficiente, competitivo e desmaterializado. O projeto do Corredor Atlântico Logístico SinesBadajoz (Calsiba) está a ser desenvolvido numa parceria entre a Extremadura Avante, que reúne um grupo de empresas públicas do Governo da Extremadura Espanhola, e a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS). De acordo com a administração portuária, esta cooperação transfronteiri-

ça vai melhorar a interoperabilidade no corredor com o desenvolvimento e implantação de tecnologias da informação e comunicação inovadoras no transporte de mercadorias. Em declarações à agência Lusa o Presidente do Conselho de Administração do Porto de Sines, José Luís Cacho explicou que a “Extremadura Avante está a desenvolver a Plataforma Logística de Badajoz onde se estão a instalar empresas importantes quer na ótica da logística quer da indústria, entre elas a Amazon”. “Nesse sentido, foi desenvolvido um projeto-piloto conjunto para conectar digitalmente essa plataforma com o Porto de Sines, através da Janela Única Logística (JUL)”, explicou o responsável. “Com esta ferramenta, será disponibilizado um conjunto de funcionalidades e

todas as empresas que estão instaladas em Badajoz vão poder importar e exportar através do Porto de Sines em melhores condições de competitividade”, realçou. Isto vai tornar o corredor logístico Sines-Badajoz mais eficiente, competitivo e desmaterializado. Segundo José Luís Cacho, “o projeto enquadra-se no processo de internacionalização do Porto de Sines, alcançando a Zona Logística de Madrid e uma maior capacidade de penetração em Espanha”.

“É um projeto que vai consolidar a nossa estratégia e vai permitir sermos mais competitivos na área da extremadura espanhola”, concluiu. O Porto de Sines mantém uma ligação diária ferroviária com a Extremadura Avante. O projeto Calsiba é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do programa INTERREG V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020.

José Luís Cacho, presidente do conselho de administração do Porto de Sines

Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Paginação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Editor de Motonáutica: Gustavo Bahia Colaboração: Carlos Salgado, Carlos Cupeto, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00

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