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Motonáutica
Texto Gustavo Bahia Fotografia Gustavo Bahia e H2O Racing
Campeonato Mundial UIM 2021 de F1H2O
Vitória para Jonas Andersson
Jonas Andersson domina as provas em Portugal e é o novo Campeão Mundial de F1H2O O novo Campeão Mundial de F1H2O é o piloto sueco Jonas Andersson de 47 anos, após as duas vitórias nas provas realizadas na Figueira da Foz em Novembro passado.
Jonas absoluto dominou as provas com segurança piloto sueco demonstrou estar muito bem pre-
O
parado para a luta pelo Campeonato, mesmo depois do abandono em Setembro, na etapa de San Nazarro, Itália, onde não pontuou. Jonas Andersson venceu para além do Mundial de Pi-
lotos, o de Pole Position e o de Voltas mais rápidas. Conseguiu superar toda força do Abu Dhabi Team com seus 2 pilotos Thani Al Qemzi e Shaun Torrente, tendo vencido por 1 ponto sobre Thani
Duarte Benavente deu tudo com seu MOORE/MERCURY 2
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Al Qemzi o Mundial de pilotos, e, também por 1 ponto sobre Shaun Torrente no de Pole Positions. Pole nas 2 Provas e 2 vitórias de Ponta a Ponta Mesmo se levarmos em consideração as circunstâncias
Peter Morin do
Motonáutica
em que foram realizadas as provas de F1H2O em 2021, ninguém poderia contar com um resultado assim inesperado e avassalador. Principalmente sabendo que a Equipa de Abu Dhabi, estaria com toda sua força técnica e de pilotos como favorita, após a vitória de Thani Al Qemzi em San Nazarro. O Team Sweden foi muito além, mesmo quando as condições meteorológicas se mostraram adversas. Jonas Andersson veio preparado com tudo, inclusive tendo como companheiro de Equipa o piloto finlandês Kalle Viippo, que teve uma participação bastante destacada, terminando em 6º lugar nas duas provas na Figueira da Foz. Na verdade Jonas Andersson sempre foi um piloto rápido e sendo também o preparador dos seus motores, no passado teve várias desilusões com abandonos após estar na liderança de provas. Ao que tudo indica, chegou a fórmula ideal para os seus Mercury EF1, que se mostraram rápidos e resistentes. Duarte Benavente lutou para ultrapassar as dificuldades Um 9º lugar na primeira prova e um 8º lugar na segunda, não fazem justiça a todo o esforço do piloto português Duarte Benavente e seu F1
China Team ficou em quarto lugar no Campeonato
Ferdinand Zandbergen estreou na F1h2O com excelente performance
Sami Selio - Sharjah Team foi rápido, mas teve grave acidente no GP de Portugal
Marit Stromoy um terceiro lugar em um GP e grave acidente no segundo 2022 Janeiro 421
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Motonáutica
Alec Weckstrom foi a grande reveleção do Campeonato e ficou com o quinto lugar
Alberto Comparato não foi competitivo em Portugal
Cédric Deguisne e seu Maverick Team tiveram umas provas difíceis 4
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Atlantic Team, patrocinado pelo Grupo Interpass, Rent a Star, R Power e Rowe Motor Oils. Os dois anos de suspensão das competições por conta da Pandemia, deixaram muitos danos a Equipa na parte técnica, quer no setor de profissionais, como nos danos irrecuperáveis de alguns equipamentos. Em San Nazarro, Duarte Benavente ficou sem participar da prova, por problemas nos seus motores Mercury EF1, depois do primeiro Treino de Qualificação. Em Portugal, mesmo depois de uma semana de testes com os 2 barcos de F1 em Vila Velha de Ródão (onde se sagrou Vice-Campeão Mundial de F2 em 2021), tudo parecia em condições, mas logo nos treinos livres começaram os problemas. As baterias especiais utilizadas nos barcos de F1, apresentaram problemas (não carregavam devidamente) e tiveram que ser substituídas por novas. Isso parece fácil, mas em Portugal existe apenas um fornecedor dessas baterias e há 400km de distância da Figueira da Foz. Para as provas em Portugal, o piloto de Azeitão contou com todo apoio Oficial de David Moore (construtor do barco Moore que Duarte compete na F1 e na F2) e do Mecânico-Chefe Christophe, também da Moore Boats. Mas as Equipas de
Thani Al Qemzi teve sua chance
Motonáutica
ponta têm patrocínios que suportam uma preparação mais sofisticada dos motores, consequentemente bem mais cara. Sem falar nas hélices, um fator super importante, pois para cada tipo de condições na água sempre podem variar as opções. Entre polémicas a Câmara Municipal da Figueira da Foz fez o melhor GP da Figueira da Foz 25/26 de Novembro Logo no primeiro dia a chuva e o frio vieram dar um ar melancólico ao evento, mas logo no primeiro treino classificatório o sueco foi o mais rápido com 41.84, seguido por Thani Al Qemzi com 41.89. Fantástico, tudo parecia que a luta entre o então Líder do Campeonato Thani Al Qemzi com 20 pontos e o sueco com 0 pontos seria uma disputa a não perder. A segunda sessão de Classificação teve uma virada e o finlandês Sami Selio do Sharjah Team foi o mais rápido com 41.63, seguido pelo francês Peter Morin do China Team com 41.73 e em terceiro o sueco Jonas Andersson com 41.78 um tempo ainda melhor do que o da sessão anterior. A destacar a excelente performance de Ferdinand Zandbergen o terceiro piloto do Sharjah Team que estre-
de ser Campeão Mundial, mas perdeu por 1 ponto
Bartek Marszalek muitos problemas de motor ava na F1 marcando 42.00, o quinto tempo. Decepção com Thani Al Qemzi do Abu Dhabi Team que conseguiu apenas o nono tempo 42.36 e ficou fora o bloco da frente. Duarte Benavente com problemas em seu Moore/ Mercury EF1 fez o 11º tempo com 44.32. Para definição dos 6 primeiros o circuito se apresentava em excelentes condições, praticamente sem vento. Jonas Andersson foi fulminante com 39.59, dei-
Duarte Benavente dando autógrafos e explicações aos miúdos da 4ª Série
Resultado Final do GP da Figueira da Foz Barco
Piloto
Voltas
Etapa
Pontos
1º
14
Jonas Andersson
40
+ 0.00
20
2º
1
Shaun Torrente
40
+ 2.28
15
3º
50
Marit Stromoy
40
+ 5.84
12
4º
71
Ferdinand Zandbergen
40
+15.60
9
5º
2
Thani Al Qemzi
40
+ 30.96
7
6º
15
Kalle Viippo
40
+ 32.67
5
7º
8
Peter Morin
39
+ L1
4
8º
97
Alberto Comparato
39
+ L1
3
9º
10
Duarte Benavente
39
+ L1
2
10º
66
Alec Weckstrom
39
+ L1
1
11º
74
Alexandre Bourgeot
39
+ L1
0
12º
12
Filip Roms
36
+ L4
0
13º
73
Cédric Deguisne
36
+ L4
0
14º
11
Sami Selio
7
DNF
0
15º
77
Bartek Marszalek
1
DNF
0
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Motonáutica
xando em segundo Shaun Torrente com 39.72, Sami Selio com 40.01, Marit Stromoy com 40.21 e Ferdinand Zandbergen com 41.07. O piloto italiano Alberto Comparato, que fez a Pole em San Nazarro e chegou a liderar a prova em Itália, foi uma decepção em Portugal, largando na 7ª posição.
A chuva caindo e o barco de Shaun Torrente vai a grua
Com o sol aparecendo os barcos alinhados no pontão antes do treino
Shaun Torrente (1) sai para os testes enquanto Kalle Viippo (15) passa no circuito 6
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Jonas Andersson absoluto na Prova A história da Prova é simples, Jonas Andersson largou muito bem da posição de Pole e sumiu dos concorrentes. Nas voltas iniciais Shaun Torrente ainda tentou algum ataque, mas o sueco sumia nas retas e com melhores retomadas nas saídas das curvas. Concluiu a prova com 2.28 de vantagem sobre o piloto de Abu Dhabi. Em terceiro ficou a norueguesa Marit Stromoy a 5.84 do vencedor e com uma vantagem de 9.80 sobre o quarto colocado Ferdinand Zandbergen, um excelente resultado para sua estreia na F1. GP de Portugal 27/28 de Novembro Com o tempo melhorando e o sol dando seus raios a brilhar o GP de Portugal dois dias mais agradáveis e Sami Selio – Sharjah Team 39.25 como o mais rápido na primeira sesão de clasificação seguido por Jonas Andersson com 39.68 e em terceiro Alec Weckstrom – Gillman Racing com 39.82, tendo conseguido resolver os problemas que dominaram a equipa de Scott Gillman no GP da Figueira da Foz. Thani Al Qemzi em quarto, com Alberto Comparato em quinto, Duarte Benavente em sexto. A segunda sessão de treinos classificatórios teve que ser transferida para o dia seguinte por conta do vento
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Motonáutica
Cockpit de mais um novato Alexandre Bourgeout excessivo e do Director da Prova determinou que tudo seria feito em uma única sessão na manhã seguinte. Assim aconteceu e Jonas Andersson mais uma vez conseguiu ser o mais rápido com 38.68, superando Sami Selio que atingiu a marca de 38.80. Em terceiro ficou Peter Morin com 39.35, Alex Weckstrom com 39.34, Al-
berto Comparato com 39.55 e em sexto Thani Al Qemzi com 39.63. Ferdinand Zandbergen marcou o sétimo tempo seguido por Duarte Benavente e Marit Stromoy. Em décimo teria ficado Shaun Torrente, mas por ter sido necessário a troca de motor, passou para o último lugar da Grelha de largada.
GP com acidentes e bandeira amarela Novamente como no GP anterior, Jonas Andersson fez uma largada impecável da Pole Position e abriu vantagem logo a primeira volta. Sami Selio ainda tentou dar luta, mas seguido de perto por Alec Weckstrom e Thani Al Qemzi a vantagem do Líder foi crescendo. A largada foi difícil para o pelotão do meio, onde estava Duarte Benavente, entre Ferdinand Zandbergen e Marit Stromoy. Antes da
chegada na primeira bóia, Duarte teve sua linha comprometida e foi empurrado para o lado externo do Circuito, onde seu hélice veio a chocar com as pedras. Esse incidente logo ao início da prova, comprometeu totalmente a performance do piloto português que ainda conseguiu terminar na oitava posição. Durante o desenrolar da corrida, já na segunda parte, acontece uma Bandeira Amarela quando a norueguesa Marit Stromoy teve um violento acidente na volta 29 com muitos danos ao seu barco um Baba/Mercury EFi. Marit foi imediatamente resgateda pela Osprey Rescue Team e sem ferimentos. Com largada em movimento, Jonas Andersson mantém sua liderança mesmo com as tentativas de Sami Selio que logo na volta 35 tem um acidente virando seu barco e impondo mais uma bandeira amarela. Sem consequências físicas para o piloto finlandês, também
O Comissário Técnico da UIM Gil Pedroso, durante a inspeção no motor de Marit Stromoy
A caixa das Centralinas que são sorteadas para uso dos motores MERCURY em cada barco 8
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Duarte Benavente conversa com David Moore e Christophe sobre o desempenho do seu MERCURY
Motonáutica
O piloto de Azeitão está sempre ligado em tudo procurando melhorar sempre resgatado pela Osprey Rescue Team. Na última largada em andamento Jonas Andersson manteve a liderança e completou as 40 voltas sempre a frente. A segunda vitória em Portugal deu ao piloto sueco o Campeonato Mundial 2021. Em segundo, com uma apresentação destacada ficou Alec Weckstrom e em terceiro Thani Al Qemzi, que fez uma corrida sem garra o que fez com que perdesse o Campeonato por apenas 1 ponto para o sueco. Um Campeonato sem graça, com apenas 3 provas A Pandemia praticamente deu cabo da Motonáutica e a F1H2O ficou muito prejuducada por vários fatores: custo, logística, infra estruturas locais para falar apenas 3 itens importantes. Com 18 meses parados e os materiais guardados dentro dos Contentores (a exceções do Abu Dhabi Team e mais uns poucos) seria de esperar o
desespero das Equipas pela falta de corridas e perda de patrocinadores. H2O Racing é o mal da fita? Desde que acompanhamos a Motonáutica, e, particularmen-
O pequeno equipamento SALGROMATIC anti-incêndio instalado junto ao motor MERCURY do barco de Duarte Benavente te a F1H2O, nunca houve um Campeonato Mundial com 3 provas. Coisa de principiantes e falta de profissionalismo.
Nesse emaranhado de problemas o mais fácil foi culpar a H2O Racing que é a Promotora Oficial da UIM para a
Resultado Final do GP de Portugal Barco
Piloto
Voltas
Etapa
Pontos
1º
14
Jonas Andersson
40
+ 3.20
20
2º
66
Alec Weckstrom
40
15
3º
2
Thani Al Qemzi
40
12
4º
8
Peter Morin
40
+ 3.20
9
5º
1
Shaun Torrente
40
+ 5.70
7
6º
15
Kalle Viippo
39
+ L1
5
7º
77
Bartek Marszalek
37
+ L3
4
8º
10
Duarte Benavente
37
+ L3
3
9º
73
Cédric Deguisne
36
+ L4
2
10º
97
Alberto Comparato
34
0
11º
12
Filip Roms
8
0
12º
71
Ferdinand Zandbergen
1
0
13º
11
Sami Selio
35
0
14º
50
Marit Stromoy
29
0
15º
74
Alexandre Bourgeot
0
0
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Motonáutica
Scott Gillman com Alec Wekcstrom testando o motor MERCURY com o disco
Duarte Benavente com os Patrocinadores Dr. Francisco Neto (Grupo Interpass) e Sr. Ismael Duarte (da R Power). F1H2O, pela falta de provas e um Calendário consistente. Entretanto, as iniciativas que se apresentaram, foram muito além de decepcionantes, organizadas de forma a tapar um buraco ainda muito maior. O problema das Equipas é uma realidade incontestável, assim como o da H2O
Racing. Ouvimos muitos comentários sobre o fato da F1 e do Moto GP estarem fazendo corridas com um Calendário forte, inclusive com Provas em Portugal. Sim, isso é verdade! Mas a H2O Racing não é a LIBERTY, nem a DORNA. A F1 veio a Portugal porque o Autódromo
do Algarve é muito bom e a LIBERTY mesmo cuidou de tudo, como faz em qualquer lugar no mundo. O mesmo se aplica ao Moto GP, que além do bom Autódromo, Portugal tem hoje um dos melhores pilotos do mundo Miguel Oliveira. Mas tanto a LIBERTY, quanto a DORNA possuem condições financeiras para fazer suas provas aonde quiserem. Outro detalhe de importância fundamental é que a Motonáutica se move com uma logística de transporte marítimo, muito diferente da F1 e Moto GP, que apesar de na Europa usarem seus camiões maravilhosos (e milionários!), nas provas distantes tudo é feito por Aviões de
Jonas Andersson – Team Sweden após uma sessão de treinos 10
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Carga. O custo de uma operação logística aérea da F1 ou Dorna, daria talvez para fazer um Campeonato Mundial de F1H2O com mais de 10 etapas. Isso é uma comparação hipotética, mas serve para o leitor ter uma ideia do poder económico desses Campeonatos. A Motonáutica, apesar de ser pequena tem um grande valor agregado, se compararmos com essas outras categorias e dificuldade com a logística demorada feita em Contentores por via marítima. Com o advento da Pandemia, o número de navios cargueiros reduziu substancialmente suas operações (pelos mais variados motivos) e o custo de 1 Contentor teve aumentos totalmente insuportáveis para o transporte, sem falar na superlotação dos operacionais, que acarretam problemas de atrasos para produtos de primeira necessidade. Com certeza a H2O Racing tem sua parcela de culpa, mas temos que admitir que com mais de 20 anos organizando a F1H2O para UIM, tem um know-how e estrutura que nenhuma das provas realizadas nem de longe apresentou. NM tem que relatar os fatos como a realidade e a organização das 3 etapas de
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Motonáutica
Muita tensão no Paddock entre os representantes da H2O Racing e a FPM
Enquanto o barco de Marit Stromoy subia, já chegava o de Sami Selio após acidente 2021 ficou totalmente sem condições compatíveis com a Classe Máxima de Inshore da UIM. Em San Nazarro o Paddock foi na terra, em Portugal apesar de o local ter condições operacionais adequadas, faltaram itens básicos para um Campeonato Mundial, como: Sala de Imprensa e jornalistas internacionais (nem eram distribuídos os comunicados oficiais impressos: tempos, classificações, resultados. Tudo feito no esquema de fixar 1 cópia num
O BABA/MERCURY de Marit Stromoy sendo retirado pela grua, após o acidente 12
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No detalhe o estado da Hélice de Duarte Benavente,
Motonáutica
quadro). Televisão nacional estiveram algumas, mas o resultado efectivo dessa cobertura ainda fica por se saber de facto. Qual o número da audiência atingida? Mesmo se considerarmos o pouco tempo que houve para se fazer o básico, o que foi feito foi muito pouco para justificar o resultado medíocre. No que tange a alimentação, melhor nem comentar. Da parte das Equipas existe quase uma unanimidade contrária a H2O Racing,
com a qual ainda terminou a prova em 8º lugar
Na entrada do Casino da Figueira da Foz o barco de exposição do F1 Atlantic Team dava destaque aos seus patrocinadores mas fica a pergunta:”Quem será o novo Promotor da UIM para o Campeonato Mundial ou serão reuniões entre amigos que correm
de barcos de F1H2O num fim-de-semana?”. Em Portugal haviam apenas 15 barcos, a Equipe Blaze de Francesco Cantan-
do não veio, o China Team não teve a participação de Philippe Chiappe e o Victory Team não participou com Erik Stark.
Resultado final do UIM F1H2O World Championship 2021 Barco
Piloto
Voltas
Etapa
Etapa
Pontos
1º
14
Jonas Andersson
DNF
20
20
40
2º
2
Thani Al Qemzi
20
7
12
39
3º
1
Shaun Torrente
15
15
7
37
4º
8
Peter Morin
9
4
9
22
5º
66
Alec Weckstrom
DNS
1
15
16
6º
50
Marit Stromoy
DNF
12
DMF
12
7º
11
Sami Selio
12
DNF
DNF
12
8º
77
Bartek Marszalek
7
DNF
4
11
9º
15
Kalle Viippo
DNS
5
5
10
10º
71
Ferdinand Zandbergen
-
9
DNF
9
11º
73
Cédric Deguisne
0
0
2
6
12º
74
Alexandre Bourgeot
0
0
DNS
5
13º
10
Duarte Benavente
DNS
2
3
5
14º
97
Alberto Comparato
DNF
3
DNF0
3
15º
36
Simone Bianca Schuft
3
-
-
3
16º
37
Francesco Cantando
2
-
-
2
17º
7
Philippe Chiappe
DNF
-
-
0
18º
12
Filip Roms
DNF
0
DNF
0
19º
3
Erik Stark
DNF
-
-
0
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Notícias do Mar
Notícias da Universidade de Coimbra
Projeto Biorede
Rede de Pesca Biodegradável
Substituir as redes de pesca feitas de nylon por redes de pesca biodegradáveis e sustentáveis, é um projeto inovador de investigação científica do UC MAR, na Universidade de Coimbra que o está a desenvolover para proteção dos oceanos.
UC MAR Transferência de Conhecimento ao Serviço da Economia do Mar – UC MAR – é a demonstração da capacidade da Universidade de Coimbra na qualificação das atividades económicas associadas ao setor, através da criação de novos produtos e serviços resultantes de atividades de investigação e desenvolvimento. O UC MAR pretende, deste modo, estimular a criação e difusão de processos inovadores nas pescas, na transformação e na comercialização dos produtos da pesca e da aquacultura, bem como promover a transferên-
A
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cia de conhecimentos através de parcerias entre cientistas e pescadores. Investigadores multidisciplinares da Universidade estão a desenvolver um conjunto de tarefas específicas que têm como propósito a inovação do setor das pescas e da aquacultura. Biorede, a Rede Biodegradável O Biorede é um projeto de transferência da tecnologia desenvolvida no UCMAR, que é implementada na empresa SICOR, visando a criação de uma rede composta por formulações de base poli (ácido láctico) (PLA), um polímero com-
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pletamente biodegradável e biocompatível, obtido a partir de matéria-prima renovável, que proporciona a resistência adequada à faina pesqueira. As redes utilizadas atualmente são feitas de material plástico não degradável, pelo que se torna imperativo apostar na inovação e no desenvolvimento de novas redes biodegradáveis que contribuam para eliminar o flagelo que se observa atualmente das mortes de espécies marinhas devido ao contacto com as redes que se perdem durante os atos de pesca. Assim, uma das oportunidades de inovação passa pela mudança
do plástico tradicional como matéria-prima da cordoaria para um produto biodegradável e compostável que possa ao mesmo tempo ter a resistência adequada à faina pesqueira. Para tal, começou-se por fazer uma pesquisa bibliográfica relativa aos materiais que poderiam ser utilizados para este fim. Foi identificado o poli (ácido láctico) (PLA) como um possível candidato. O PLA é um poliéster alifático, biodegradável que provém de matéria-prima de origem renovável. No entanto, o PLA é um polímero rígido e com algumas dificuldades de processamento na forma de filamento. Des-
Notícias do Mar
Investigar na UC MAR um poliéster alifático biodegradável
Rede de pesca biodegradável
ta forma, e tendo em conta a experiência adquirida na equipa de investigação do Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra (DEQ-UC) e o revisitar de literatura, optouse por testar uma mistura de PLA com poli (butileno adipato tereftalato) (PBAT),
que está disponível comercialmente sob o nome de Bio-Flex. Algumas das vantagens do Bio-Flex® face ao PLA são o seu mais fácil processamento, menor rigidez e fácil alteração dos tempos de biodegradação por alteração dos rácios dos componentes
(PLA e PBAT) na mistura. Nesta Tarefa, esta alteração no tempo de degradação também irá ser testada com a adição de compostos que se crê terem potencial para acelerar este processo. Estes compostos foram sintetizados pela equipa de investigação do Departamento de
Embacação que anda a testar a Biorede 2022 Janeiro 421
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Notícias do Mar
Estão a ser feitos ajustes na produção dos monofilamento na Biorede Engenharia Química da UC. Embora o Bio-Flex® seja classificado como biodegradável e compostável, a sua degradação só é possível
em condições muito específicas (temperatura, humidade). Assim, e de modo a facilitar a degradação deste material em condições me-
nos específicas, decidiu-se formular o Bio-Flex® na presença de aditivos. Os aditivos escolhidos foram o ácido tricloroacético
Preparação da rede criada na UC MAR 16
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(TCA) e o ácido dicloroacético (DCA) e ésteres derivados dos mesmos. De salientar que tanto o TCA como o DCA são já usados em áreas comerciais importantes como a indústria farmacêutica. Os testes preliminares mostraram que o TCA é um ácido muito forte e o uso prolongado do mesmo ou dos seus derivados poderia causar problemas a nível da maquinaria. No entanto, e para efeitos de comparação, o TCA foi testado e os seus resultados serão apresentados. O DCA foi então o ácido escolhido. Depois de feitas as várias misturas, o produto resultante foi usado na produção de chapas através de um processo de prensagem a quente. Depois de serem produzidas as chapas de todas as misturas, foram desenhados e recortados provetes em forma de retângulos.
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Notícias do Mar
Construída uma rede que proporciona a resistência adequada à faina pesqueira
Foram feitos ensaios laboratoriais de degradação dos provetes em condições de mimetização do meio marinho em profundidade. Por forma a complementar o estudo, efetuaram-se também testes que pretendiam mimetizar outras condições a que as redes também estão expostas, nomeadamente: ‘armazenamento’ das redes nos cais ou nos portos de abrigo e utilização das redes em ambiente real, em que uma das porções está a boiar em contacto com a água, ficando húmida, e que sofre a maior incidência de radiação solar. Posteriormente, foram realizados os ensaios mecânicos de modo a confirmar se ocorreu alguma variação nas propriedades mecânicas do material. Tendo obtido degradações
A utilização desta rede vem resolver muitos problemas que existem no oceano 18
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Notícias do Mar
acentuadas mesmo para o ensaio só com o material a utilizar (Bioflex®) estudouse também a aditivação do Bioflex® com alguns antioxidantes comerciais, que foram fornecidos pela Sicor, empresa subcontratada neste projeto para a produção do monofilamento. Optou-se por fazer estes ensaios com os antioxidantes para verificar se estes conseguiam preservar as propriedades mecânicas do Bioflex® durante períodos de tempo mais prolongados. Em suma, foram produzidas amostras de monofilamento a partir de Bio-Flex® tendo o processo sido desenvolvido na Sicor (empresa subcontratada na Tarefa). Este material foi levado a uma empresa produtora de redes, a Lusoredes, para avaliar se o material teria, ou
não, potencial na aplicação pretendida. O teste efetuado (teste dos ‘nós’) demonstrou que o monofilamento cumpria os requisitos, tendo um comportamento semelhante aos filamentos das redes de pesca convencionais. Os responsáveis da SICOR fizeram uma visita a Alexandre Carvalho (pescador da Figueira da Foz, responsável pela utilização das redes) para acordarem no tamanho de rede e distâncias das malhas da rede a produzir. No seguimento desta visita, foram produzidos 150 kg de monofilamento a partir do Bioflex® pela Sicor, que foram enviados para a empresa Lusoredes, que produziu a rede que está a ser testada em ambiente real. Decidiu-se, utilizar somente o Bioflex® uma vez que os ensaios laboratoriais de degradação mostraram que a inclusão dos ésteres de DCA poderia comprometer as propriedades da rede durante o seu tempo de vida útil. A rede está a ser testada em ambiente real, no mar. Atualmente, estão a ser feitos ajustes na produção dos monofilamentos da rede, perante o feedback dado pelo pescador, para que a resistência da rede seja adequada à faina pesqueira. Os investigadores Universidade de Coimbra fizeram uma parceria na Figueira da Foz, com a associação de pesca local FigPesca, que vai testar a nova rede em condições reais, no mar, durante a faina. Alexandre Carvalho, vice-presidente da FigPesca, disse “apresentaram o projeto e achei interessante, para ver se conseguimos olhar um bocadinho pelo ambiente e pelo mar. Há muito lixo. Vamos ver se a utilização desta rede vem resolver muitos problemas que existem no oceano”. 2022 Janeiro 421
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Pesca Desportiva
Pesca Lúdica Embarcada
Eles Andam Baixos…
É muito frequente que se associem águas muito profundas a imagens de peixes muito grandes. É quase intuitivo ligar a profundidade ao tamanho do peixe que nela habita: mais fundo, maior peixe.
Quando as condições são favoráveis, temos pargos grandes encostados a terra. Porque eles procuram sobretudo capturar peixes miúdos, podemos perfeitamente pescá-los com pequenos jigs, dada a baixa profundidade. Ficariam espantados se vissem o tamanho minúsculo dos jigs que eles mordem...
É
um erro. Não corresponde de todo à verdade, pois podemos encontrar peixes de grande tamanho em pesqueiros baixos, com poucos metros de água, menos de dez, e podemos perfeitamente encontrar peixes pequenos em profundidades significativas. Tudo depende das condições que o mar oferece a estes indomáveis lutadores, que hoje iremos personificar num peixe que sempre me fascinou: o pargo. Poderíamos extrapolar para muitas outras espé20
cies com necessidades de habitat idênticas, porque os comportamentos são muito similares, mas vamos fixarnos nos nossos pargos. Vai fazer quarenta anos que os pesco, vai para 40 anos que os respeito enquanto adversário com peso, com astúcia, com força, agressividade e combatividade. O pargo, muito mais que a dourada, é o meu peixe! Hoje, falamos de pargos. Tenho os meus locais de pesca preferidos, onde sei que estão sempre, e isso significa uma profundidade
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intermédia, algo entre os 120 / 150 mts a que afundam quando a água do mar gela à superfície, e os 10 / 15 mts a que sobem quando as águas aquecem, digamos acima dos 19ºC. Porque as nossas águas estão quentes, o tema versa as pescas possíveis quando eles sobem para pesqueiros próximos da linha de costa, à procura de alevins. Neste momento, à data em que vos escrevo estas linhas, temos pargos em pesqueiros mesmo muito pouco profundos. As águas estão acima dos 21ºC à superfície,
e isso permite a presença de predadores na franja marítima com mais vida, e consequentemente mais alimento, precisamente a dos baixios, em pesqueiros de 10 / 12 metros de fundo. Ou menos. É aí que os nossos pargos encontram a sua comida com mais facilidade. A questão da temperatura é decisiva para a permanência ou não destes peixes nestes locais. Desde que haja condições, e de momento há, temo-los bem encostados à costa, a aproveitar as benesses deste momento de abundância.
Pesca Desportiva
Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com/
Há muito peixe miúdo para comer, encostado a terra. Vejam a imagem abaixo. Associamos os pargos grandes, com peso e idade, por vezes mesmo muito grandes, a iscos de grande tamanho. Isso será parcialmente verdade mais para a frente, em pleno Inverno, quando as águas arrefecem. Tendencialmente, os nossos pargos procuram presas mais encorpadas, com mais gordura, nessa fase. Mas não agora. Este é o momento em que eles se ocupam de encontrar e perseguir as “miudezas”, os peixes forragem pequenos. Se quiserem, os “inocentes”, mais fáceis de capturar. Não são os únicos. Ficariam espantados se vissem outros notáveis peixes da nossa costa a perseguir esses mesmos alevins: sargos e douradas!...
A falta de agitação marítima deu tréguas às plantas subaquáticas e deixou-as crescer. Serão estas algas a partir e a arrojar à costa logo que venha o primeiro temporal. São elas que irão formar uma massa castanha que é o pesadelo dos nossos colegas do surf-casting Temo-los por peixes mariscadores, e são essencialmente isso, mas são também mais que isso: perseguem e caçam activamente os pequenos alevins. Ou seja, …entram aos nossos jigs e vinis.
O peixe é muito violento a atacar Esta é uma peça que lanço frequentemente aos pargos, e que armo de acordo com a ideia que tenho de andarem
peixes menores ou maiores nos fundos. Porque os procuro em zonas de rocha partida, por vezes alta, prefiro utilizar assistes com cabos curtos, com 5mm, em vez de assistes de 15mm, ou 30mm.
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Pesca Desportiva
Este sargo mordeu aquilo que ele julgou ser um pequeno peixe. Por azar, era um jig de 30 gr, um Coltsniper Wonderfall JM-503Q, cor 001, da Shimano A razão da escolha é simples: não os quero perder ao primeiro lance e por outro lado porque nesta fase do ano, o peixe que anda pelas pedras está na posse de todas as
suas capacidades máximas, é muito violento a atacar, e por isso, engole tudo, não morde apenas com os caninos. É muito frequente que os anzóis prendam na goela
Face inversa, não visível na foto de cima 22
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do peixe. Os peixes grandes a sério, digamos acima dos 6 kgs, têm uma boca mais difícil, e aí já temos de pensar duas vezes. A esses, quando de facto muito grandes, a vantagem é a de os deixar aspirar os assistes, porque a cravada é sempre melhor. E assim sendo, assistes mais compridos, servem-nos melhor. Por isso mesmo, altero as minhas amostras, procuro adequá-las às condições do dia em que estou a pescar.
Quando utilizamos equipamento ligeiro de Ajing, muito apontado aos carapaus, ainda assim, e em pesqueiros pouco explorados, pode acontecer que os pequenos pargos se lancem aos jigs de 3 a 5 gramas. Esta é uma pesca que os miúdos de 6 / 8 /10 anos gostam de fazer, por ser muito dinâmica, muito activa, e que não lhes dá um segundo de descanso. Como princípio de pesca, serve-lhes perfeitamente, embora seja difícil que consigam exemplares de maior tamanho. Que os há. Se eles os pescam com 0.5 kg, acreditem que no mesmo sitio podem andar os de 3/ 4 kgs….a questão é mais de ordem técnica. Os miúdos ficam muito aflitos quando do outro lado da linha têm algo com força, e que exige mais saber que o simples enrolar de linha. E na maior parte dos casos acabam por perder esses peixes. Trata-se de uma pesca que não pode ser feita por grandes embarcações. A razão nem é a de não terem a possibilidade de encostar a terra para pescar, tem muito mais a ver com outros motivos. Desde logo a subtileza necessária neste tipo de pesca. Se repararem, um barco com muita gente a bordo, quer seja particular quer seja uma MT com grande capacidade, faz um ruído imenso. Caso tenha essa possibilidade, tentem concentrarse durante um período de tempo curto, não mais de 10 minutos, e reparem na quantidade de ruídos que são emitidos para o meio aquático. Tudo o que não seja sons naturais, deixa os peixes de sobreaviso. Mais ainda quando a profundidade é pouca, e mais ainda quando aquilo que lá
Pesca Desportiva
Quando as águas, embora ainda quentes, começam a ficar mais oxigenadas devido às turbulências do Outono, os grandes peixes encontram bem perto da costa as condições ideais para se alimentarem em força. O Inverno vem aí, e a procura de reservas de gordura já começou anda são pargos grandes. Não resulta. A pesca destes peixes é feita sem lançar âncora, com o barco à rola, e sobretudo deve ser feita por quem
a sabe entender. A discrição é algo obrigatório, sem isso nem vale a pena tentar. Para além disso, é necessário que as pessoas que estão a bordo, acreditem
efectivamente naquilo que estão a fazer. Ao fim de 2 minutos, quando há muitas pessoas no barco, já teremos gente a protestar e a querer retornar
aos pesqueiros de sempre, os do costume, os massacrados pesqueiros onde vão todos os dias, onde, se o peixe estiver encostado a terra, vão pescar zero.
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Notícias do Mar
Notícias da Douro Azul
Douro Azul
Recruta 100 Colaboradores A empresa Douro Azul vai recrutar 100 colaboradores para a época de cruzeiros 2022, através de iniciativas que vão decorrer durante o mês de janeiro na região do Douro. Com uma frota de 11 navios-hotel, a Douro Azul é a empresa líder de cruzeiros fluviais em Portugal.
Douro Azul
A
empresa disse, em comunicado, que, para a edição deste ano, decidiu dar a oportunidade a candidatos que residam em zonas do interior, pelo que, em colaboração
com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), foram organizados, entre 18 e 20 de janeiro, eventos de recrutamento em Vila Real, Lamego, Guarda, Régua e Viseu. O objetivo é atrair co-
laboradores para a operação ao longo do rio Douro. Depois, entre os dias 26 e 29 de janeiro, realizar-se-á a sexta edição do “open day” da Douro Azul, em Gaia, sendo o primeiro dia exclu-
Douro Azul 24
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sivamente dedicado a estabelecimentos escolares na área do turismo e hotelaria. Pretende-se, segundo a empresa, “permitir aos candidatos conhecer a realidade de trabalhar a bordo de um navio-hotel, conhecendo todas as áreas de trabalho e de descanso, assim como esclarecer todas as suas dúvidas conversando com colaboradores que desempenham a bordo, as mesmas funções”. “Esta é uma iniciativa essencial para um recrutamento qualificado, dando a possibilidade aos candidatos de conhecerem a realidade do trabalho e vida a bordo de um navio-hotel e de conhecer as diversas oportunidades de carreira que temos para oferecer no grupo”, afirmou Manuel Marques, vicepresidente da Douro Azul. O responsável disse que “a pandemia veio agravar algumas das dificuldades nas regiões mais frágeis do país, como é o caso do Douro e das Beiras”. “Esta nossa iniciativa, de sermos nós a ir ter com as pessoas, faz parte de um processo de responsabilidade social da empresa para com as regiões onde opera, contribuindo para o desenvolvimento socioeconómico do Douro, como temos vindo a fazer há quase 30 anos”. A Douro Azul foi eleita em 2021, pela sexta vez, como a empresa líder em cruzeiros fluviais na Europa nos World Travel Awards.
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Náutica
Notícias YachtWorks
Motores COX a Hidrogénio Verde
Motores fora de borda COX CXO300 HP a Diesel/Hidrogénio em testes A COX Marine, cujos motores são importados para Portugal pela empresa portuguesa YachtWorks está em parceria com a Clean Maritime Consortium a desenvolver um motor fora de borda a Diesel/Hidrogénio que será o primeiro motor do Mundo a receber o Hidrogénio Verde.
O
COX vai contribuir para a adoção de sistemas de energia mais ecológicas 26
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inovador fabricante britânico em tecnologia diesel, Cox Marine, juntou-se ao SHAPE UK, um consórcio que busca fazer a transição do Porto Internacional de Portsmouth para o primeiro centro marítimo de emissões zero do Reino Unido. Fazendo parte deste projeto, Cox trabalhará com a Universidade de Brighton para converter um dos motores de popa a diesel CXO300 da empresa para operar como um motor de hidrogénio dual fuel e demonstrar o
Náutica
funcionamento do motor no ambiente portuário. A conversão do motor e a sua demonstração fazem parte de um projeto mais amplo de Shipping, Hydrogen & Port Ecosystems UK (SHAPE UK), que visa demonstrar um sistema modular de geração de hidrogénio ecológico alcançável dentro do Portsmouth International Port (PIP). As operações marítimas são fundamentais para o movimento eficiente de mercadorias em nível nacional e global, mas costumam contribuir fortemente para as emissões de CO2 e poluentes atmosféricos. A adoção de sistemas de energia mais ecológica, oferece o potencial para apoiar a necessária transformação dos portos e suas operações para operações de
carbono zero. Projeto SHAPE • Abordar a viabilidade de uma infraestrutura local de hidrogénio por meio da instalação e teste de um eletrolisador modular de hidrogénio. • Demonstrar um caso de uso para o hidrogénio de bombordo por meio do motor fora de borda Cox duplo de hidrogénio. • Gerar uma ferramenta para determinar a adequação económica e ambiental da implantação de sistemas H2 nos portos principais. • Avaliar o cenário regulatório em torno da geração e uso de hidrogénio em um ambiente portuário para determinar onde a implantação pode ocorrer imediatamente e onde os regulamentos precisam
Motor COX 300 HP CXO300
Com a Universidade de Brighton o COX 300 está a ser convertido 2022 Janeiro 421
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Náutica
O COX de 300 HP é convertido num motor de hidrogénio dual fuel
ser atendidos
À base de hidrogénio, eficaz e essencial para reduzir as emissões de CO2 28
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Projeto SHAPE da Cox Além de oferecer maior segurança, eficiência de combustível, custos reduzidos de manutenção e transporte e intervalos de serviço mais longos, o Cox’s 300 hp CXO300, é o único motor de popa a diesel de alto desempenho do mundo, construído para uso marítimo a partir do zero, também fornece pelo menos 25% melhor
Náutica
COX 300 HP é o único motor fora de borda a diesel de alto desempenho do Mundo
alcance em comparação com um motor de popa a gasolina e torque 100% maior que os motores de popa a gasolina de 300 HP. Isso permite que os barcos naveguem com mais peso e com mais eficiência na água. Tim Routsis, CEO da Cox Powertrain, disse: “Estou muito feliz que Cox tenha sido convidado a participar do SHAPE UK. Vejo o desenvol-
vimento de sistemas de propulsão marítima à base de hidrogénio eficazes e utilizáveis como essencial, se quisermos reduzir as emissões e, ao mesmo tempo, continuar a fornecer sistemas de transporte essenciais. Esta é uma área onde o Reino Unido está excelentemente posicionado para desenvolver as tecnologias e infraestrutura que irão reduzir os
poluentes e dar origem a um novo e vibrante setor económico baseado no Reino Unido.” James Eatwell, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Cox Powertrain e líder do projeto SHAPE da Cox disse: “O setor marítimo como um todo e Cox, em particular, reconhecem a necessidade de dar uma contribuição positiva para os desafios signifi-
cativos de redução das emissões mundiais de CO2. Da perspectiva de Cox, o hidrogénio representa uma opção altamente promissora para a redução das emissões marinhas de CO2, e estamos muito satisfeitos por fazer parte deste projeto emocionante, que reúne uma gama abrangente de conhecimentos de toda a indústria.”.
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Notícias do Mar
Notícias da Madeira
325 Cruzeiros na Madeira
Vão visitar a Madeira 325 cruzeiros Vão visitar a Madeira 325 cruzeiros com 17 estreias, até ao final do ano, dos quais o mais aguardado será o Valiant Lady, propriedade do multimilionário Richard Branson.
E
ste número resulta das reservas já feitas. Se as reservas de cais se mantiverem, os portos da Madeira
Valiant Lady 30
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Os mais
Notícias do Mar
Celebrity Edge
vão receber 325 cruzeiros, até ao final de dezembro. São 17 as estreias previstas, a começar pelo luxuoso Seabourn Encore, da Seabourn Cruise Line, que tem chegada prevista para 21 de fevereiro. A 25 de março, chega à Região um dos navios mais aguardados: o Valiant Lady, um navio de luxo que surpreende pelo seu aspeto original e pela utilização de tecnologias de vanguarda. O cruzeiro é propriedade da Virgin Voyages, do aventureiro e multimilionário Richard Branson,
o primeiro a atravessar o Atlântico num balão de ar quente, conhecido também pela sua viagem ao espaço que traz também à Região, a 3 de novembro, o Resilient Lady. Entre as 17 estreias previstas para este ano, destaque também para o Celebrity Edge, da futurista companhia Celebrity Cruises, conhecido pela imovadora ‘Magic Carpet’,
a primeira plataforma flutuante do mundo, capaz de alcançar 13 andares acima do nível do mar, onde se servem refeições para bolsos mais recheados. Mas, há mais. Se gosta de cruzeiros, não há como perder a chegada do Evrima, a 7 de novembro. O novíssimo navio da Ritz-Carlton Yacht Collection é um navio com um perfil semelhante a um
iate projetado para viajantes de luxo, milionários. Em dezembro, teremos também na Região o navio gémeo do lona, o maior cruzeiro que já visitou a Madeira e que estará hoje no Funchal. No que concerne a cruzeiros, 2022 abre boas perspetivas para a Região, com os meses de março, abril, novembro e dezembro a se revelarem os mais fortes.
modernos e luxuosos cruzeiros vão visitar a Madeira
Seabourn Encore 2022 Janeiro 421
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Notícias do Mar
Tagus Vivan
Crónica Carlos Salgado
Afinal, Sempre Vai Continuar a Faltar Água no Nosso Tejo? A gestão espanhola do caudal do Tejo não é aceitável, diz o governo. Mas segundo o Jornal de Notícias, a 1 de dezembro (passado) vai chegar a confirmação de que a Espanha está prestes a reunir as condições para não cumprir caudais no rio Tejo, devido à situação de seca que afeta os dois países.
E
sta nossa interrogação deve-se às notícias muito preocupantes que andam a aparecer por aí, e que obviamente devem ser esclarecidas pelas entidades oficiais relacionadas com as respetivas tutelas. 1- O país vizinho está mais perto de ver declarada a condição de exceção prevista na convenção de Albufeira, por os níveis de precipitação verificados até agora estarem abaixo dos níveis previstos. 2- Se assim for a Espanha fica liberta para não cumprir os caudais mínimos semanais na bacia do Tejo, segundo os Acordos de Albufeira. 3- Nas duas últimas semanas de outubro, Espanha 32
já não cumpriu os caudais no rio Tejo, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). 4- O ministro do Ambiente negou no início do mês que exista um problema. “O rio Tejo não tem falta de água, ponto”. 5- Mas, entretanto, João Matos Fernandes já anunciou que quer reunir-se com o Governo espanhol de forma a renegociar os valores de descarga conforme acordados na Convenção de Albufeira. 6- Matos Fernandes tinha anunciado que no verão de 2020 vai estar concluído o estudo prévio para uma nova barragem no lado português do rio Tejo. 7- Segundo este ministro, esta albufeira vai dar
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um contributo para reduzir a escassez do caudal pelo incumprimento das autoridades espanholas. 8- Matos Fernandes promete: “Se tivermos o estudo em junho, vamos ter de o discutir publicamente, mas quero acreditar que no outro OE [Orçamento de estado para 2021] já há verbas para o projeto”, garante o ministro do Ambiente. 9- A falta de água no Tejo leva agricultores ao desespero e a apontar o dedo aos governos de Portugal e de Espanha. Segundo o Jornal de Abrantes 10- Os baixos caudais do rio Tejo, controlados na bar-
ragem de Alcântara em Espanha, continuam a afetar culturas e a provocar elevadas perdas entre os agricultores. Nos últimos 15 dias, a falta de água tem sido uma desgraça (25/08/2021). 11- A falta de água para rega das culturas do aluvião do Tejo, começa a ser um problema grave para os agricultores. O tempo quente, com temperaturas na ordem dos 30 graus, e o caudal mínimo do Tejo leva a uma grande dor de cabeça para os empresários que têm dificuldades acrescidas na rega das suas culturas, sendo a maior parte culturas de regadio. 12- Outros casos há em que as estações de bombagem de água do Tejo, estão a seco, porque a água
Notícias do Mar
do rio corre muito longe do local onde chegam as mangueiras que deveriam levar a água do Tejo, que dantes chegava mais perto. 13- Tudo o que está a montante da Barragem de Castelo de Bode e a montante da foz do Zêzere, em Constância sofre-se estas agruras e outros dizem que pagam taxas de recursos hídricos para poderem fazer as regas e não têm água para fazê-lo. 14- Esta situação é inglória porque no dia em que os espanhóis abrirem as comportas, todo este trabalho é levado pela corrente, mas as convenções entre Portugal e Espanha, por não ter sido redigido ao pormenor, ao referir caudais mínimos semanais, a Espanha pode deixar passar num dia a
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Notícias do Mar
ria Grande de Vila Franca de Xira, confrontam-se com outro problema grave causado pela falta de caudal de água do rio vinda de montante por ter perdido competência para travar a língua salina da enchente, que está já a subir até Valada do Ribatejo, inquinando a água para a rega, e inclusivamente a da captação da EPAL em Valada. Corre-se o risco, mais
água de uma semana, sendo que nesse dia o rio terá água a mais e nos outros seis dias terá água a menos, já não falando naquela descarga desproporcionada de setembro de 2019, até escandalosa, que secou afluentes a montante, inun-
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dou aldeias e campos causando imensos prejuízos, e metade dessa água acabou por ir parar ao mar. 15- A jusante do rio Tejo, os agricultores das Lezírias, quer da margem direita quer da margem esquerda, com destaque para a Lezí-
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que certo, se futuramente a nossa vizinha continuar a considerar-se dona da água do Tejo, por ele nascer lá, deixando de cumprir os devidos caudais do rio para Portugal, e então? Poder-se-à até considerar que vamos estar perante um caso de falta de independência nacional.
MAS NÓS SABEMOS DE UMA SOLUÇÃO PARA RESOLVER E S TA FA LTA D E Á G UA N O TEJO, QUER PARA A REGA QUER INCLUSIVAMENTE PARA PERMITIR A NAVEGAÇÃO LIVRE ATÉ Á FRONTEIRA, PORQUE É TECNICAMENTE EXEQUÍVEL!
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Notícias do Mar
Voo do guarda-rios
Uma Árvore que Deu Frutos (1)
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omo é sabido os “Amigos do Tejo” associação cívica fundada em 1984, a AAT, optou por seguir uma estratégia de formar a juventude oriunda das comunidades ribeirinhas, o “Juventejo”, com programas de educação ambiental no terreno, quer a navegar no seu rio para conhecê-lo melhor, quer em terra para conviver com as populações ribeirinhas para conhecer as suas tradições, saberes e misteres, o que foi complementado pelo programa oficial “O Tejo na Esco36
la” ou (A Escola no Tejo) em 87/88, e nos anos seguintes, fruto de um protocolo celebrado entre a Secretaria de Estado do Ambiente, a Secretaria de estado da Educação e os “Amigos do Tejo” associação, cabendo à AAT em parceria com as escolas e os professores designados, fazer a dinamização e coordenação desse programa de formação. Mas outras atividades foram sendo desenvolvidas paralelamente pela AAT, quer de animação e recreação da Juventejo, da sua formação em navegação e marinharia
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e em vigilância do Tejo, tendo-se alguns desses jovens distinguido quer pela sua criatividade quer pela sua vocação para a defesa do ambiente, mas tudo isto aconteceu naquele tempo, antes de surgirem os populismos, quer na comunicação social quer nas redes sociais de hoje, que nem, nem, nem nim, nim!, e é assim que vai a nossa democracia. Após algumas décadas passadas, ainda recordamos com saudade esses tempos, e decidimos aproveitar algumas páginas que este
distinto jornal Notícias do Mar põe à nossa disposição, mensário que já nos acompanha desde a nossa fundação em 1984, para dar a conhecer os frutos da Árvore que plantámos nesse dia. Muitos daqueles jovens acabaram por optar por uma formação superior na defesa do ambiente, pelo mestrado em Educação Ambiental ou formação superior da área de letras e da cultura tagana, e até optaram para ingressar na Armada, como resultado daquelas atividades de formação e treino.
Notícias do Mar
Isto passou-se no tempo dos “carolas”, aqueles que se dedicavam a defender causas que contribuíssem para uma sociedade mais esclarecida e justa, antes de outros que mais tarde tentaram copiá-los, mas mal, apenas movidos por interesses de promoção profissional ou de carreira política, foram-se pondo em bicos dos pés com bla, blas, e outras manobras para aparecerem na pantalha. Nesta nossa crónica decidimos destacar o trabalho da jovem Maria de Fátima Vieira Figueira
Roldão que, com 20 anos de idade foi premiada no ano de 1985, nos 1.ºs Jogos Florais de Vila Nova da Barquinha, promovidos pela “Ribarca” – Centro Cultural, Recreativo, num programa de atividades do Juventejo nas comunidades ribeirinhas, promovidas pela AAT que acabou por publicar num livrinho (*) que se esgotou, com a gentil e devida autorização da autora, um conto intitulado: “Um dia talvez a vida volte a nascer! (Odisseia de um Peixe), ilustrado por Nicolas/86, (*) com o apoio da Secretaria de Estado do Ambiente – no
dia 5 de junho de 1986 – DIA MUNDIAL DO AMBIENTE, como segue: “Odisseia de um peixe” Numa manhã de Verão, senti o Sol no olhar espreguicei-me sob as águas envolventes de um azul ofuscante e luminoso. Era alguém, um peixe, mais um num mundo sem fim. Ouvia distintamente um marulhar de ondas rebatendo o vento, uma brisa do Norte. E vi muitos meus irmãos nadando felizes à minha volta, plenos de alegria e com mil histórias para contar. Nas bolhas dos seus lábios eram pa-
lavras sem fim e as mesmas palavras repetidas vezes: “Tej”, “Teje”, “Tejo”, não percebi bem. Percebi apenas que tinha nascido num rio encantador de nome parecido com Tejo (ninguém sabia ao certo) e que nesse rio muita coisa havia para descobrir e muito para viver. Tudo à minha volta era paz e silêncio. Tudo morria de serenidade e calma num intenso verde líquido tumultuoso. Esfreguei ainda os olhos como que perdido e perdi-me ainda mais num horizonte sem fim. Vi então aproximarem-se dois peixes. Um vermelho, de
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Notícias do Mar
escamas brilhantes e líquidas onde se destacavam dois olhos cristalinos e brancos como que a saltarem das órbitas; o outro mais esguio, de longa cauda cinzento-prata, de leves escamas douradas e uns olhos por abrir plenos de serenidade. Eram lindos, lindos como o Sol que penetrava em fios de prata pela água. Aproximaram-se e num glu-glu intermitente apresentaram-se como meus pais. Disseram-me que tinha nascido num rio maravilhoso que nascia lá longe em terras de Espanha, que corria veloz até ao mar e que em todo 38
esse percurso milhares de peixes, algas, flores aquáticas e outras infindáveis espécies de bichinhos e plantas se entrecruzavam no azul quase verde de um manto sem fim. Eu não percebia muito bem, tudo era muito repentino e eu só via à minha volta (agora mais lúcido) um punhado de peixes vermelhos num entrelaçar de algas brancas e verdes, mas não duvidei de tudo aquilo que me diziam e foi nesse mesmo instante que prometi a mim mesmo numa promessa solene e inviolável, que iria descobrir todos esses mistérios, desvendar to-
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dos os segredos. E cumpri a promessa. Quando cresci mais um pouco e já conseguia movimentar as barbatanas resolvi sair daquele pequeno mundo onde tinha nascido e percorrer todo o Mundo (esse rio misterioso) do princípio ao fim. E foi assim a minha viagem: No dia em que resolvi correr o mundo Um dia, não lhes saberei dizer exactamente o mês nem a hora porque nós peixes não nos orientamos como vocês humanos. Apenas poderei
dizer que era um dia maravilhoso em que havia muito Sol e onde brilhava um céu azul como nunca tinha visto. Seria talvez uma manhã de Verão, nunca saberei dizer ao certo. Nesse dia resolvi que já era tempo de me lançar à aventura e traçar o meu trajecto neste rio infindável. Decidi então, nadar até à nascente e de lá descer depois o rio em direcção ao mar num percurso livremente improvisado. Os primeiros dias da viagem (e como consegui sair da gruta dos meus pais)
Notícias do Mar
Nesse dia radioso de Sol de que já vos falei, colhi uma “barbatanada” de algas, enrolei-as em algumas pedrinhas para levar como talismã ou uma recordação do sítio onde vim ao mundo. Saí a nadar velozmente e não vi vivalma à minha volta. Entretanto minha mãe saiu e foi-se juntar aos outros peixes que se divertiam ao redor dos anzóis, puxando-os de cá para lá brincando com aqueles que lá em cima esperavam ansiosamente a sua presa. Nadei até lá e do canto dos meus olhos em lágrimas desfeitos acenei pela última vez àqueles que foram
os meus primeiros amigos e companheiros de jornada. E parti. Nadei dois dias sem parar e vi milhares de algas revoltas e flores que se abriam húmidas ante o meu olhar extasiado. Centenas de peixes se atravessaram no meu caminho e a todos acenei com a mesma vivacidade ouvindo-os comentar: - Um peixe tão pequeno a subir o rio, que coisa tão estranha! E depois seguiam olhando-me ainda de esguelha. Ao terceiro dia parei e descansei exausto em cima de uma rocha e só sei que adormeci.
O restante texto deste livro continua no próximo jornal Uma última nota: A sensibilidade da jovem autora deste texto é impressionante, pelo seu realismo e amor ao Tejo e ao mundo da sua espetacular fauna piscícola, um rico recurso natural, mas para o “homem ganancioso” dos nossos tempos, não passa de ser mais do que “música de violinos”, a bem da verdade, caros cidadãos e leitores, toda aquela riqueza natural subaquática tem vindo a ser esgotada e até destruída por alguns e não poucos ganancio-
sos, quer pela poluição industrial quer por aqueles que não descansam enquanto não esgotarem as espécies piscícolas do rio capturando-as, em muitos casos por meios ilegais até à sua exaustão, ao ponto dessas espécies deixarem de poder procriar para a reposição dos stoks. As nossas autoridades sabem quem eles são, e nós também, desde a fronteira até à foz do rio. Bastava fazer cumprir a Lei, mas dá trabalho. É o Portugal que temos, no seu esplendor, que passou do oito aos oitenta, à sombra da palavra liberdade, dita democrática (do vale tudo).
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Notícias do Mar
Economia do Mar
Portos Portugueses Fluentes Portos Europeus, Asiáticos e Americanos Congestionados
Porto de Sines Enquanto os portos portugueses e em expecial o Porto de Sines, têm tido as suas operações fluídas, há muitos portos na Europa, na Ásia e nos USA que continuam com as suas operações congestionadas.
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Porto Leixões 40
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Porto de Sines, o maior do país, garante que as operações têm sido fluídas, num momento em que existem disrupções em vários portos internacionais. A pandemia tem afetado as cadeias logísticas internacionais, em especial os portos. Porém, em Portugal, os portos têm funcionado com alguma normalidade, embora também se notem atrasos e aumento de preços José Luís Cacho, presidente do porto de Sines, disse: “A operação dentro do porto não teve proble-
Notícias do Mar
mas como na China e Los Angeles.Felizmente temos conseguido controlar as coisas em termos de pessoal. No caso concreto de Sines, as operações estão fluídas, não houve atrasos devido à pandemia”. Tem havido crescimento significativo de preços nos contentores e atrasos nas entregas nos nossos portos. Em Sines tudo se processar normalmente e sem demoras extra, um contentor que transita da China para a Europa, ou carrega na Europa e segue para outro, tem demorado significativamente, quase o dobro do tempo que demorava. Um contentor que fosse de Portugal para a China custava na ordem de 3.000 dólares antes da pandemia, e hoje custa entre 12.000 e 15.000 dólares. O sistema portuário português tem de muito bom ser muito eficiente. Os portos portugueses são pioneiros na janela única portuária, que entretanto evoluiu para a janela única logística, onde se faz a integração digital de toda a informação da cadeia logística. A tecnologia contribuiu muito para o desempenho positivo dos portos Diego Perdones, diretor da Maersk, gigante dos transportes e da logística, confirma,“Portugal está a responder muito bem. A
Porto de Lisboa Maersk nunca teve problemas com a infraestrutura portuária, que considera adequada para gerir a procura de hoje, Foi importante uma boa gestão da pandemia, e a elevada taxa de vacinação, que permitem que o problema não se agrave da mesma forma nos portos portugueses em relação a outros estrangeiros. Alguns dos clientes em Portugal parecem ter uma visão de longo-prazo”que lhes permite serem menos afetados. Aqueles que planeiam a longo-prazo têm
Porto de Setúbal
muito menos problemas de disponibilidade”. O problema nos Estados Unidos é mais marcante, porque o porto de Los Angeles é o exemplo mais agudo desta crise global. Isto porque, além de um salto especialmente alto na procura que passa por este porto, não existem grandes alternativas nas redondezas. O tempo de espera no porto está a rondar 40 dias na estimativa mais recente da Maersk. As notícias internacionais dão ainda conta de grandes disrupções na China, dada a
pandemia mesmo tendo em conta uma forma muito radical de lidar com a pandemia. Se há um surto, fecham o porto. Outro problema que surge, além do fluxo, são as taxas de carga que aumentaram sobretudo para os clientes que não possuem contratos a longo-prazo. A tecnologia pode ter um impacto positivo indireto na descarbonização desta indústria. digitalizando os processos, torna- se mais eficiente, pois com menos recursos há consumos, energéticos menores
Porto de Los Angeles 2022 Janeiro 421
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Pesca Desportiva
Pesca Lúdica Embarcada
Vêm Aí os Safios, … e Vêm Em Força!
O “Conger conger”, ou congro, ou safio quando em pequeno, ou “samirro” quando juvenil, é um peixe que temos entre nós durante todo o ano. De dorso cinza escuro, quase antracite, e ventre branco, o safio é um dos maiores peixes que temos na nossa costa.
E
xemplares acima dos 2 metros não são raros, sendo os 3 metros o tecto a que um
destes peixes pode aspirar. Está registado um exemplar capturado em Inglaterra, com 110 kgs.
Os ingleses têm os maiores safios do mundo. Fazem-lhes pesca dirigida e são particularmente bons a executar. Também os franceses os têm, mas numa base de mais quantidade e menos peso. Em França, é comum existirem buracos com a cohabitação de diversos safios, dois, três e mesmo quatro, enquanto que em Portugal isso é raro 42
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Existe mesmo um clube inglês de pesca ao congro, com centenas de filiados, que se juntam e preparam saídas de pesca que duram vários dias. Consiste a sua estratégia em engodar um local próximo de um destroço de um barco, (um rochedo com buracos, ou qualquer outro local onde se suspeite da existência de um destes monstros), mas suficientemente afastado para que, a seguir à ferragem se possa travar o animal antes de ele conseguir retornar ao seu buraco. São sempre lutas épicas, de muito esforço, de uma longa preparação e que só são vencidas com equipamento à altura. Tenho um amigo irlandês
que vibra imenso com as suas capturas de congros, e diz-me que para ele está ao nível do carpfishing, algo por aí. Pertence a um club que se dedica exclusivamente a pescar safios. Com efeito, o British Conger Club existe desde 1961, tendo hoje a bonita idade de 60 anos. Basicamente trata-se de um grupo de pessoas que se diverte a pescar congros monstruosos. Por cá, devemos ser mais modestos na nossa ambição. Correntemente, diria numa base diária, temos safios na ponta da nossa linha que não excedem os 5/ 10 kgs, sendo que podemos ter a sorte de conseguir ferrar um acima dos 40 kgs, em
O safio tem um par de maxilas muito fortes e pode provocar estragos
Pesca Desportiva
Texto e Fotografia Vitor Ganchinho (Pescador conservacionista) https://peixepelobeicinho.blogspot.com/
zonas mais profundas. O que não quer dizer exactamente que o consigamos capturar. A sua pesca é relativamente fácil até ao momento da ferragem. Utilizando uma cavala ou sardinha inteira, entram com a maior das facilidades. A partir daí depende muito da qualidade do equipamento de que dispomos, sendo o anzol e o baixo de linha muito importantes, mesmo mais que a cana e carreto, que ainda assim devem ter a robustez necessária. Com linhas finas, quase de certeza o iremos perder, dado que os seus multiplos dentes irão desgastar o nylon durante o trajecto do fundo à superfície. A linha vai esgaçando pela fricção com os dentes, e não adianta pensar em estar seguro até, pelo menos, um nylon 0.80mm. Normalmente parte o baixo de linha ao chegar à vista do barco, quando temos de fazer o esforço final para o meter no camaroeiro, ou embarcar com um bicheiro. O peixe irá cabeçear, abanar a cabeça para um lado e outro, tentando recuar e evitar a entrada na rede. Este é o momento crítico, onde tudo se decide, pois a linha do carreto, já curta, irá esticar até atingir o seu ponto de rotura. Nós puxamos de um lado e o peixe do outro. Neste momento, o nosso nylon já vibra, é uma corda de guitarra. É de bom tom deixar um pouco mais de linha livre e realizar a operação à mão, deixando a cana de lado. A entrada no camaroeiro deve ser tentada sempre pela cauda. O movimento de recuo do safio ajuda-nos a fazê-lo entrar na rede. Caso a opção seja a contrária, ou seja utilizando o método que aplicaríamos num peixe como um pargo, uma dourada, o que se pas-
sa é que o safio, dado o seu comprimento irá ficar com a cabeça no saco de rede, mas a maior parte do corpo fica de fora. Os movimentos do peixe são no sentido de procurar a sua rectaguarda, ou seja, sair da rede. Isso basta para que, em acção de levantamento, acabe por cair à água novamente. Por isso, recorde-se de o tentar ensacar pela cauda, não pela cabeça. Depois de tanto esforço, é inglório perder o peixe mes-
mo diante dos nossos olhos, mas acontece frequentemente. A quantidade de safios que capturamos com anzóis de outros pescadores assim o diz. Nunca faltam safios Mas quem é este estranho ser, que nos parte linhas por abrasão de dentes que afinal de contas apenas são finos, imensos e movidos por dois maxilares muito fortes? O safio é um predador
muito bem sucedido, que está particularmente bem armado para o tipo de vida que faz. Vejamos um pouco das suas características físicas: Trata-se de um congrídeo, que ocorre desde a Noruega e Islândia até ao Senegal. Isto é o que dizem os registos embora eu vos diga que ao longo de 25 anos em que mergulhei com regularidade no Senegal, de norte a sul, de Yoff a Saly, e nunca vi nenhum.
Este é o tamanho standard do nosso safio. Daqui para cima começam a ser mais raros em zonas baixas. Temos muitos, mas pequenos 2022 Janeiro 421
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No nosso país, são aos milhares, de todos os tamanhos, desde os pequeninos “atacadores de sapatos” com pouco mais de 50 cm, que pululam por buracos muito próximos da superfície, até aos grandes mastodontes que se refugiam em tocas escuras a profundidades mais significativas. Nunca faltam safios. Para vermos os seus buracos de caça vazios, teremos de es-
tar a sofrer as agruras de águas mesmo muito frias, na ordem dos 12/ 13ºC. Só nessas circunstâncias eles resolvem afundar um pouco mais, procurando as termoclinas mais favoráveis. Já foram avistados safios a profundidades de 1170 metros, pelo que ficam a saber que este congrídeo baixa a cotas que não nos estão acessíveis com os nossos equipamentos de pesca nor-
mais. Não tem escamas, mas sim uma pele coberta de muco. É esta mucosidade que nos impede de os conseguir agarrar à mão com firmeza. Isso e uma anormal capacidade de rotação do corpo fazem com que não seja fácil trabalhar o peixe e descravar o anzol. Sugiro um pano a nível das guelras, apertado bem forte. Quando os queremos li-
Safio de 1,70 Mts. Este peixe dá a luta que pode, e assenta a sua estratégia na rotura da linha 44
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bertar, é conveniente tentar retirar o anzol, se este se encontrar visível no interior da sua boca. Por vezes, quando damos tempo de picada a mais, o safio engole mesmo, e aí já é virtualmente impossível retirar o anzol. Nesses casos, cortar a linha é a única opção. Com o tempo, e pese todo o desconforto que a situação irá provocar ao infeliz safio, o anzol irá oxidar e acabar por se desfazer. Eles sobrevivem. Este peixe tem uma vitalidade muito grande, e não é estranho que, com tempo fresco, húmido, muitos minutos depois de o termos retirado da água, tenha ainda energia para morder a nossa mão. Cuidado! O safio tem um par de maxilas muito fortes e pode provocar estragos. Tenho um amigo que resolveu aproximar a mão de um destes peixes, capturado por mim ao mergulho. Ficou sem 4 mm do dedo, e teve de ser cosido no hospital. Vejam na segunda foto da pág. 42: O safio é essencialmente um predador nocturno, que sai para caçar a coberto da noite. Vive em tocas que basicamente são tubos redondos, sítios onde podem estar abrigados, escondidos, limitando-se a manter a cabeça bem perto da saída. A quantidade de safios que ferramos durante o dia, especialmente em zonas mais descansadas, prova que mesmo durante o dia estão atentos a ruídos, cheiros, brilhos, e aproveitam muito bem todas as oportunidades para fazer aquilo que mais gostam: comer. O safio come sempre que pode. Com o estômago cheio, encontram ainda assim espaço e coragem para um pouco mais. A ansia de crescer, e com isso o poderem chegar a um estatuto de superpredadores, impele-os
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a cometer excessos. E é esta gula que os perde. Não temos dificuldade nenhuma em os convencer a picar. Adoram polvos, (um tentáculo ou um bucho de polvo funcionam bem, mas também uma sardinha, uma cavala filetada, uma lula, … tudo lhes serve). Reproduzem uma vez apenas na sua vida, (são sexualmente activos entre os 5 e os 15 anos), e depositam aí todas as suas esperanças de continuidade. As fêmeas
largam a estrondosa quantidade de …5 a 8 milhões de ovos. O safio aparece quase sempre como um by-catch, um peixe que não procuramos mas que vai à isca de peixe fresco, com sangue. Podem ser incómodos, se considerarmos que temos 10 kgs de peixe diários para capturar, mais o maior exemplar, isento. Ou seja, dois safios fazem o dia e isso consegue-se em minutos. Libertar é preciso. Por
mim, e desde que o anzol permita a sua libertação (utilizar um alicate, nada de pôr as mãos dentro da boca do bicho!), faço-o sempre. Passo-vos algumas fotos, deste mês A ideia que tenho é que a caça submarina será a responsável por grande parte das capturas, pois trata-se de um peixe que tem nessas circunstâncias muito pouca defesa.
A Nanci Tavares com mais um “atilho” pequeno, que são mesmo os mais correntes 46
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É algo tímido perante o caçador, mas não o suficiente para se esgueirar rápido para dentro do buraco. Resiste a ser retirado da toca, tem força e emprega-a contra as paredes da pedra dificultando a extração, mas é sempre uma questão de tempo. Nos primeiros metros de água, digamos os primeiros 20 mts, raramente podemos aspirar a safios acima dos 20 kgs. Existem, mas são raros. O normal é encontrarmos peixes de tamanhos bem mais modestos. Em rigor, não há falta de safios. A sua abundância prende-se com o facto de a pesca profissional não “apertar” muito com os peixes mais pequenos, por falta de interesse na sua comercialização. Pese embora os apare-
E outro, desta vez para
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lhos venham carregados deles, a verdade é que os pescadores apenas levam à lota os maiores. Não por razões ecológicas, de todo, mas porque não há compradores para estes peixes quando em pequenos. Isso faz com que exista abundância. Mesmo se a forma de libertação é pouco ortodoxa: os profissionais não perdem tempo com eles, apenas cortam a linha ao nível da maxila. São libertados às dezenas todos os dias, embora com o incómodo do anzol. Mas a rusticidade do peixe supera esse handicap e daí a semanas estão como novos e continuam a sua vida sem entropias. O mês em que estamos é um mês em que os safios nos vão apertar um pouco. A razão é simples: a chegada
a Laura. Estes peixes devem ser sempre libertados
dos polvos para a desova vai acontecer no mês que vem. À medida que os polvos sobem para a costa, ou seja, que iniciam a sua migração vertical até aos baixios, os safios acompanham, diria mesmo que até os precedem. Vem aí o momento da grande matança, tempo para safio engordar. Ou conseguem os polvos num momento de descuido, sem protecção, ainda na fase em que se encontram na areia a avizinhar a pedra, ou irão comê-los a seguir, quando os machos e fêmeas morrerem, depois da desova.
Atendendo ao que vejo debaixo de água, é todo um ritual, primeiro a chegada dos safios, a seguir a chegada dos polvos, e durante dois meses um jogo de gato e rato, para ver quem engana quem. Lembro que os safios assentam armas nas mesmas pedras onde os polvos procuram reproduzir. Vejo-os frequentemente em pedras que chegam a parecer-me pequenas demais para que possa haver a menor coabitação, pedras ilhadas na areia com pouco mais de meia dúzia de metros. Os polvos encostam-se o que
podem às pedras, procurando ficar o mais resguardados possível, uma fresta, uma cova, com muitas pedras roladas ao seu alcance. Os safios descansam preferencialmente durante o dia, e esperam pela noite, para cobrarem a sua parte nesta migração forçada. Mas se o polvo abandona o seu espaço seguro, mesmo de dia, … os safios vão atrás dele. E esta luta, esta aflição, é algo que decorre de dia e de noite, sem interrupções, sem tréguas. É a natureza no seu melhor, juntando a vida e a morte no mesmo espaço.
Um jovem dinamarquês de 13 anos, com o seu primeiro safio 2022 Janeiro 421
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Notícias do Mar
Notícias da Universidade de Coimbra
ARTFISH Estuda a Pesca Local
O Artfish foi desenvolvido para a pesca artesanal local Um projeto da UC MAR da Universidade de Coimbra para a Economia do Mar denominado ARTFISH, foi desenvolvido para a pesca artesanal local, com as artes de redes de emalhar e tresmalhe na costa centro-norte Portuguesa.
A
pesca artesanal local na costa Centro/Norte portuguesa apresenta uma grande diversidade de capturas, com 65 espécies de peixe e marisco, as principais com alto valor comercial O projeto ArtFish, que decorreu durante os últimos dois anos na costa atlântica entre a Nazaré e Viana do Castelo, avaliou espécies capturadas por embarcações de pesca local, que representam quase 80% da frota pesqueira nacional, envolvem um grande número de pescadores e possuem relevância ambiental, socioeconómica e cultural. 48
A pesca local recorre a embarcações até cerca de nove metros, que operam no mar e em águas interiores, como os estuários de rios, recorrendo a redes de emalhar (colocadas à superfície, suspensas por várias boias) e de tresmalho (junto ao fundo). Os investigadores envovidos no projeto foram: Miguel Pardal,Filipe Martinho, Milene Guerreiro, Ana Lígia Primo, Joana Baptista, Eduardo Bento e Filipe Costa. O objetivo geral deste projeto é caracterizar as operações de pesca artesanal local, no que concerne às redes de emalhar e tresma-
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lhe, em Portugal continental (centro-norte), com vista a analisar a variação espacial e temporal da composição específica das capturas. Dada a escassez de informação relativa aos desembarques usando estas artes, esta análise contribui com informação detalhada para uma gestão sustentável dos recursos pesqueiros da costa portuguesa, uma vez que o aumento na capacidade da frota pesqueira e intensidade de capturas pode pôr em causa a sustentabilidade dos stocks explorados. Os resultados divulgados são fruto das informações recolhidas durante as safras
de 2019 a 2021. O ARTIFISH foi desenvolvido no âmbito do UC MAR, um projeto de transferência de conhecimento produzido na Universidade de Coimbra para a Economia do Mar, como demonstração da capacidade da UC na qualificação das atividades económicas associadas ao setor, através da criação de novos produtos e serviços resultantes de atividades de investigação e desenvolvimento. Objetivos específicos do projeto - Aquisição de dados – re-
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colha de informações sobre a frota de pesca artesanal e sobre os desembarques da frota, com a colaboração dos pescadores locais, informação proveniente de visitas aos locais de pesca (amostragem biológica regular), preenchimento voluntário de diários de atividade, e sobre os dados dos desembarques em lota de cada embarcação informação oficial das respetivas lotas, caracterização de embarcações. - Caracterização das capturas – épocas de atividade preferencial, composição específica e respetivas quantidades desembarcadas, avaliação espácio-temporal das capturas. - Medidas com vista à sustentabilidade - propostas com base nos resultados obtidos, preferencialmente no que diz respeito a capturas
Filipe Martinho, investigador do UC MAR
Cientista da UC MAR investiga para melhorar as operações de pesca artesanal local 2022 Janeiro 421
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Diversidade nas capturas – 65 espécies de peixes e marisco
Área investigada de espécimes subdimensionados e capturas acidentais de espécies não-alvo. - Disseminação de resultados – workshops, relatórios técnicos, conferências, artigos científicos. A tarefa inicial incluiu o estabelecimento de contactos com os pescadores das várias capitanias – Nazaré, Figueira da Foz, Aveiro, Porto e Viana do Castelo, de modo
a envolvê-los no projeto e a contar com a sua participação no preenchimento de diários de atividade. Após este primeiro contacto, iniciou-se o programa de recolha de informações com visitas regulares aos pescadores que aceitaram participar, de modo a recolher os diários de atividade preenchidos e fazer amostragem biológica das capturas.
Foram recolhidos diários de atividade referentes a 180 dias de pesca, os quais correspondem a cerca de 16 toneladas de pescado desembarcadas (63 espécies diferentes). Entre as principais espécies desembarcadas até ao momento encontram-se a faneca (Trisopterus lusucus), sargo (Diplodus sargus e Diplodus vulgaris), robalo (Dicentrarchus labrax), salema (Sarpa salpa), juliana (Pollachius pollachius) e raia zimbreira (Raja microocellata). De modo a caracterizar as épocas preferenciais de atuação da frota, deu-se a fase de recolha de informação meteorológica e oceanográfica em várias fontes (IPMA, Windguru, Instituto Hidrográfico, Copernicus, NOAA), o que permitiu estimar os dias potenciais de pesca para as embarcações de cada porto.
Resultados, pesca costeira vs local 50
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De modo a caracterizar as embarcações utilizadas na pesca local artesanal, foi já efetuada junto dos pescadores a recolha das principais características de cada embarcação, nomeadamente comprimento fora-a-fora, arqueação bruta, potência do(s) motor(es) e ano de construção. Com a implementação de estado de emergência devido à pandemia pelo novo coronavírus, vimo-nos impedidos de realizar o trabalho de campo durante alguns meses, pois este pressupõe um contacto próximo com os pescadores, bem como de realização de trabalho laboratorial. Após o período de desconfinamento, foi possível retomar as amostragens, embora ressalvando que algumas companhas reduziram ou cancelaram a sua atividade durante vários meses. De qualquer modo, neste período, a base de dados foi sendo desenvolvida, a qual é constantemente atualizada sempre que é realizada uma nova visita aos pescadores e com a informação regularmente disponibilizada pelos mesmos. Foram também analisados dados referentes às capturas das frotas local e costeira para o período de 2000-2019, fornecidos pela DGRM, de forma a obter uma visão mais abrangente dos desembarques em Portugal continental. Dados foram analisados na perspetiva dos efeitos das altera-
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Os cientistas estudaram uma grande diversidade de capturas ções climáticas nos mesmos ao longo das duas últimas décadas. Foram feitas algumas ações de divulgação de resultados, nomeadamente, artigos científicos submetidos, alguns artigos que estão em preparação, apresentação do projeto em congressos e divulgação de resultados parciais nas contas de Facebook, Instagram e Twitter do Marine Research Lab do Centro de Ecologia Funcional.
As conclusões - Há uma grande variação nas capturas na costa centro-norte em termos de diversidade e de capturas. - A atividade pesqueira incide entre a primavera e outono. - Baixa incidência de capturas acessórias e de indivíduos subdimensionados. - Principais espécies capturas de elevado valor comercial. - Projeto fomentou contacto direto com os pescadores
e associações de pesca e a transferência de conhecimento entre ambas as partes. Medidas de gestão e sustentabilidade Malha de rede A malhagem utilizada já é adequada às principais espécies-alvo. Medidas a implementar: - Controlo de malhagens a bordo e em terra. - Impedir que novas redes sejam levadas para bordo. Janelas temporais de pesca
Adequar o tempo de atividade das artes de pesca às espécies capturadas e ao seu ciclo de vida. Tempo máximo de calagem: 24 horas. Exceção - redes malha ≥ 100 mm em profundidades superioresa 300 m - 72 horas. Medidas a implementar - Medida adequada já implementada. - As condições do mar no inverno criam uma janela temporal de “defeso”, que coincide com a reprodução
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Principais espécies capturadas de muitas espécies. Controlo do esforço de pesca Medidas a implementar: - Implementação de sistemas de controlo com base em inquéritos/diários de atividade. - Análise detalhada de dados de desembarques em lota. Controlo dos movimentos Utilização de novas tecnologias, VMS, radar, imagens de satélite. Medidas a implementar: - Recolha de dados de dias no mar, trajetos, capturas. • A grande maioria das em-
barcações de pesca local não dispõe desta tecnologia. Observadores a bordo Medidas a implementar: - Controlo em tempo real das operações, cumprimento de regras (malhas, artes, distâncias, interações com outras espécies). Gestão participativa Medidas a implementar: - Inclusão dos intervenientes na gestão dos recursos – pescadores, armadores, empresas pecado e transformação, decisores/gestores. Há casos de sucesso em todo o mundo.
Pescas específicas Pesca da raia curva (Raja undulata) – projeto piloto em curso, direcionado para a zona centro-norte. Medidas a implementar: - Melhor adequação na implementação, nomeadamente no que diz respeito ao reporte das capturas ser feito pelo local de pesca e não pelo porto de registo. Filipe Martinho, do UC MAR e um dos investigadores do ArtFish, explicou “que os dados do projeto incidem só sobre a utilização de redes de tresmalho e
emalhar e muitos deles [os pescadores] têm também licenças para pescar polvo, o que também fizeram. Estiveram muito tempo ao polvo e pescaram menos, com uma utilização menor destas redes”. “Conseguimos aprender de parte a parte. Os pescadores ficam a saber o que a ciência tem para lhes transmitir, mas os investigadores ganham conhecimento da prática da pesca e ficamos todos a ganhar”, afirmou Filipe Martinho.
Capturas: 24 toneladas de pescado 52
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Notícias do Politécnico de Leiria
Consórcio internacional MegaMove integra André Afonso
Conservação dos ecossistemas marinhos Investigador do Politécnico de Leiria integra consórcio científico internacional MegaMove, para a conservação dos ecossistemas marinhos, através da mitigação de ameaças, que foi aprovado como Ação da Década do Oceano pela UNESCO.
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Identificar e quantificar as diferentes ameaças aos organismos marinhos 54
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rata-se de uma iniciativa científica global que reúne centenas de investigadores de ecologia espacial de espécies marinhas de todo o mundo, para a conservação dos ecossistemas marinhos através da mitigação estratégica de ameaças globais, sustentada num esforço científico universal e multidisciplinar, incluindo disciplinas como a ecologia do movimento, modelagem ecológica, física estatística, oceanografia, direito marinho e ciência de dados computadorizados. Falamos do MegaMove, um consórcio internacional integrado pelo investigador do MARE - Centro de Ciên-
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Proteger estas espécies da pressão humana cias do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria, André Afonso, e que viu aprovada a sua candidatura a Ação da Década do Oceano, pela UNESCO. O MegaMove teve início em 2020 e a sua primeira iniciativa passou por reunir e compilar dados de movimentação de dezenas de
espécies marinhas, obtidos por investigadores de todo o mundo, estando os mesmos a ser analisados para entender de que forma a atividade antropogénica pode influenciar o comportamento dessas espécies e como a conservação das mesmas pode ser otimizada com a informação ecológica recolhida. No
âmbito desta ação, o investigador do MARE – Politécnico de Leiria assumiu um importante papel ao nível da recolha e compilação dos dados de movimentação do tubarão tigre no Atlântico Sul. Uma outra iniciativa do MegaMove passa por identificar e quantificar as diferentes ameaças que colocam
Ecossistema marinho para proteger 2022 Janeiro 421
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Espécies marinhas como o polvo para proteger medidas de gestão que possam garantir a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos e a conservação da biodiversidade, contribuindo assim para que a sociedade possa
usufruir de mares mais saudáveis e equilibrados, o que é imprescindível se quisermos continuar a utilizar os oceanos como fonte de alimento», explica André Afonso, que destaca
Fotografia: AC Ferreira
estas espécies marinhas em risco, por forma a guiar estratégias de conservação eficazes. «Estes projetos e ações que se encontram a decorrer gerarão informação essencial para apoiar
O safio é uma espécie marinha para proteger 56
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a importância do trabalho em rede para a conservação da megafauna marinha. «A conservação de megafauna marinha, tipicamente migratória, só é possível trabalhando em larga escala, pois esses animais movimentam-se de tal forma que as ações locais não produzem efeitos concretos na sua conservação. Há muitos desafios a serem ultrapassados, já que as jurisdições nacionais não são homogéneas e o conhecimento científico sobre os recursos e respetivas ameaças encontra-se geralmente concentrado nos países mais desenvolvidos. Porém, com este tipo de consórcios globais, que aliam investigadores que trabalham com tecnologia de ponta capaz de rastrear os movimentos dos animais independentemente dos seus destinos, podemos monitorizar remotamente a forma como os recursos marinhos utilizam o meio marinho, dando-nos assim a oportunidade de prever onde os mesmos irão encontrar possíveis ameaças e, assim, proteger essas espécies da pressão humana a que se
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A conservação de megafauna marinha através do MegaMove encontram sujeitas», refere o investigador. O primeiro trabalho desenvolvido pelo MegaMove, sobre a ecologia espacial de uma série de espécies marinhas, está previsto ser publicado em 2022. O MegaMove foi recentemente aprovado como Ação da Década do Oceano, pela UNESCO. A Década do Oceano, ou Década das Nações Unidas da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), visa apoiar uma nova estrutura cooperativa para cientis-
tas e atores de diversas áreas desenvolverem parcerias e conhecimento científico necessários para alcançar uma melhor compreensão do sistema oceânico e garantir soluções baseadas na ciência para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Para alcançar a visão da Década do Oceano, um amplo conjunto de parceiros implementará ações aprovadas pela Década na forma de programas, projetos ou atividades, durante os próximos dez anos.
MegaMove vai proteger os ecossistema marinhos 2022 Janeiro 421
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Notícias do Politécnico de Leiria
Mais uma Iguaria o Paté de Percebe
Aproveitar todos os percebes regeitados Junção improvável de ingredientes resulta num produto inovador, rico em antioxidantes naturais, criado pelo Politécnico de Leiria, o paté de percebe com amora silvestre numa aposta na economia circular.
O
Politécnico de Leiria, através da unidade de investigação do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, em Peniche, criou o
paté de percebe com amora silvestre, um produto inovador rico em antioxidantes naturais. O projeto PAS – Paté de Percebe com Amora Silvestre pretende contribuir
Amoras silvestres para o Projeto PAS 58
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para a promoção e valorização gastronómica (nutricional e sensorial) do percebe (Pollicipes pollicipes), em particular do recurso capturado na Reserva Natural das Berlengas. «Apesar de existir uma exploração comercial do percebe para consumo humano, os exemplares que não estão em conformidade legal ao nível do tamanho, e de acordo com os padrões de consumo na restauração, são potencialmente rejeitados e lançados ao mar por parte dos mariscadores da região», explica Rui Ganhão, docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) do Politécnico
de Leiria e um dos investigadores do projeto PAS. «Tendo em conta o conceito de economia circular, em que um subproduto é um recurso para outra atividade económica, pretende-se no final criar uma cadeia de valor que justifique o não desperdício do recurso através da implementação de novos processos ou a criação de novos produtos.» O principal objetivo do projeto foi elaborar uma proposta inovadora na gama dos patés e cremes de barrar com uma formulação de paté adicionado com frutos
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Produção do paté de percebe com amora silvestre vermelhos (amora silvestre), ricos em antioxidantes naturais. Propõe-se assim ao consumidor um alimento com carácter funcional, contribuindo para o seu bem-estar e melhorando a sua saúde, bem como gerar condições para a emergência de novas empresas direcionadas aos recursos da pesca na região Oeste. O PAS pretende impactar positivamente em termos sociais, económicos e ambientais, pela valorização da totalidade do volume apanhado pelos pescadores certificados do percebe da Reserva Natural das Berlengas e que chega à Lota de Peniche. O projeto diferencia-se pela combinação do recurso marinho a um terrestre, que resulta num apelativo e inovador produto que se pretende que seja de fácil acesso com um período de vida útil extenso, comparativamente a produtos similares encontrados nas superfícies comerciais. «Temos a formulação ótima do paté de percebe, enriquecido com amora silvestre, a uma concentra-
ção de 2,5%, mostrando-se mais apelativo em termos sensoriais, pela cor, aroma e textura alcançada», revela Rui Ganhão. «Para além do teor de compostos de interesse, como os fenólicos e a capacidade antioxidante, revelandose bastante promissor na manutenção e no retardamento das reações de deterioração que habitualmente ocorrem neste tipo de produto, como a rancificação. Os produtos processados, como o paté em estudo, apresentam na
O projeto do Politécnico de Leiria fomenta a economia circular sua formulação ingredientes sintéticos, como antioxidantes, para prevenir as reações de oxidação que levam à rancificação e rápida degradação/deterioração do produto», explica o docente. Iniciado em março de 2019, o projeto encontrase na última fase de divulgação de resultados junto da comunidade científica e em diferentes players da fi-
leira alimentar. A equipa de investigação é composta pelos professores investigadores Rui Ganhão, Joaquina Pinheiro, Raul Bernardino e Sérgio Leandro, e pelo bolseiro de investigação Hugo Sá. O projeto obteve o cofinanciamento do Programa Operacional Mar 2020, Portugal 2020 e Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.
Formulação ótima do paté de percebe, enriquecido com amora silvestre 2022 Janeiro 421
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Notícias do Mar
Notícias da DGRM
Revolução no Licenciamento
Documento Único da Pesca revoluciona licenciamento na pesca em Portugal com mais de 11 mil licenças automáticas emitidas pela DGRM desde 2020.
O
Documento Único da Pesca (DUP) foi uma das medidas em destaque no Balanço Simplex 20-21, realizado pelo XXII Governo Constitucional. O DUP, que veio substituir a antiga licença em papel e emitida manualmente, permite a emissão automática de licenças de pesca profissional, desde que cumpridos
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os requisitos e depois de paga a taxa respetiva, foi uma das estrelas da sessão de Balanço deste ano do Simplex, o programa de melhoria e modernização das relações do Estado com os Cidadãos, em Portugal. Entre 2020 e 2021, foram emitidas mais de 11.000 licenças de pesca profissional em Portugal, com recurso ao DUP e através do
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Balcão Eletrónico do Mar (BMar), gerido pela DGRM - Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos. José Carlos Simão, Diretor-Geral da DGRM, estima que em 2022, «todas as embarcações e apanhadores sejam licenciados digitalmente através do DUP - o que representa a emissão de cerca de 5.000 novas
licenças digitais, tudo isto com um procedimento simples, rápido e de custo reduzido para todos!». Recorde-se que o BMar é um balcão eletrónico que tem o objetivo suportar, de forma desmaterializada, todos os procedimentos de pedidos de emissão de licenças (DUP), bem como de autorizações, certificados, títulos, entre outros tipos de documentos eletrónicos, para o exercício das várias atividades no mar e para certificação de marítimos e embarcações. Todos os certificados eletrónicos emitidos seguem as recomendações da IMO. O portfólio de outputs eletrónicos gerado no BMar é bastante vasto, constando Cartas de Navegador de Recreio, Títulos de Aquicultura ou de Utilização Privativa do Espaço Marítimo, Licenças de Pesca Profissional ou Lúdica, Licenças de Estação de Rádio, Certificados de Navios e de Marítimos, ou mesmo aprovação de Planos de Gestão de Resíduos de Marinas ou de Instalações Portuárias, entre outros tipos de certificações digitais. As tipologias de serviços prestados vão crescendo e acompanhando a evolução dos setores servidos. O BMar lançou os primeiros serviços piloto em 2018, e a fase de construção base em 2019. 2020 foi o ano da superação em termos de utilização e de geração de benefícios para os clientes da DGRM e para quem quer utilizar o Mar, quer do ponto de vista profissional quer lúdico, tendo mais de 100 serviços disponíveis on-line.
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Surf
ISA World Parasurging Championship
Marta Paço de ouro e Camilo Abdula de Cobre
Marta Paço campeã do Mundo Portugal brilha no Mundial e a Seleção Nacional de Surf Adaptado termina a participação de 6 a 11 de Dezembro em Pismo Beach, com Marta Paço campeã do Mundo de ouro e Camilo Abdula em 4º com Cobre.
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Marta Paço 62
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ortugal terminou a sua participação no ISA World Parasurging Championship, em pismo Beach Califórnia, com uma medalha de ouro para a nova campeã mundial, Marta Paço na classe VI1 feminina, e uma medalha de cobre para o quarto lugar de Camilo Abdula em S1 masculino. Nuno Vitorino, o terceiro elemento da equipa, ficou pelo quartos-de-final, completando um lote de resultados que, de acordo com o presidente da Federação Portuguesa de Surf e líder da comitiva, João Aranha,
Surf
Camilo Abdula 4º classificado
cumpre plenamente os objetivos propostos: “O nosso objetivo era a busca das medalhas individuais. O Nuno ficou pelos quartos de final com algum azar, o Camilo fez um campeonato brilhante terminando em quarto numa final muito bem disputada, e a Marta uma prova magnífica, demonstrando que é o melhor talento mundial do parasurfing na sua categoria. O nosso objetivo foi plenamente cumprido, o projeto do parasurfing em Portugal está de boa saúde e o trabalho que temos desenvolvido ao longo da última década continua a dar frutos. Agora é continuar a trabalhar para o crescimento do
parasurfing e pensar nos próximos Mundiais”. O presidente da FPS deixou ainda uma palavra: “aos clubes que têm sido parte fundamental deste trabalho e ao Ministro da Educação que teve um gesto magnânimo de apoio à Seleção ao nos ligar diretamente para nos congratular.” Camilo Abdula mostrouse satisfeito com a medalha de cobre, afirmando: “Penso que me portei bem, este foi o melhor heat que fiz neste Mundial, cumpri os objetivos e honrei a bandeira nacional. Só tenho motivos para estar contente.” Mas a inevitável estrela do dia foi Marta Paço,
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Surf
Nuno Vitorino em ação
nova campeã mundial, com apenas 16 anos. “É uma sensação de
conquista e de recompensa pelo trabalho que tenho vindo a desenvol-
ver desde os 12 anos.” Questionada sobre a pressão que sentiu nesta
prova maior do parasurfing, a jovem surfista de Viana do Castelo confes-
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Surf
Nuno Vitorino e Bernardo Abreu
sou: “É evidente que há sempre aquela pressão de querer fazer boas ondas para mostrar o nosso surf naquele que é o maior palco do surf adaptado mundial, mas agora apenas quero continuar a trabalhar, desenvolver manobras e tentar ajudar outras pessoas cegas que queiram começar a surfar. Quero ser uma embaixadora do surf adaptado.” Finalmente, Marta quis agradecer a quem a apoiou desde o início: “Este resultado só foi possível graças à Federação Portuguesa de Surf, ao Surf Clube de Viana e ao Tiago Prieto, meu treinador. Para eles, o meu grande obrigado”.
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Notícias do Mar
Economia do Mar
Já Pode-se Pescar Mais de 20% na Pesca do Cerco
Fotografia: www.manuelchagas-pianos.com
O Governo autoriza pescar mais de 20% de espécies acessórias na pesca do Cerco.
Barco na faina de pesca do cerco
O
s pescadores do cerco estão autorizados a capturar mais do que 20% de espécies acessórias, uma
medida de exceção, repetida desde 2016, que o Governo alega não ter impactos ao nível dos recursos, segundo portaria agora publicada.
“Durante o ano de 2022, excecionalmente e com o limite de 20 viagens de pesca por ano”, lê-se no diploma, não é aplicável o
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disposto no Regulamento do Regime de Apoio à Imobilização Definitiva de Embarcações de Pesca Licenciadas para a Arte de Cerco quanto ao limite de 20% de espécies acessórias. Pode, assim, ser capturada “qualquer quantidade de espécies distintas” das espécies alvo da pesca do cerco – sardinha, cavala, sarda, boga, biqueirão e carapau –, sendo permitida a captura acessória superior ao limite de 20%, em peso vivo, calculado em função do total da captura das espécies alvo, por viagem. Os armadores das embarcações estão obrigados a comunicar, em 24 horas, à Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), as descargas de espécies acessórias superiores a 20%. “Desde 2016 que têm vindo a ser estabelecidos regimes excecionais que permitiram a determinadas embarcações licenciadas para o cerco”, diz o Governo na portaria, adiantando que, por ano, beneficiaram deste regime, em média, cerca de 15 embarcações, num total aproximado de 100 descargas. “Pelo que se considera que a exceção em causa não apresenta impacto sobre os recursos, nem sobre o esforço de pesca com arte de cerco, já que se trata de capturas pontuais por parte de embarcações que desenvolvem as respetivas atividades e operações de pesca nos pesqueiros habituais”, justifica o executivo.
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Notícias do Mar
Notícias da AkzoNobel
Entrevista João Carlos Reis
AkzoNobel
140 Anos
de Sustentabilidade Inovadora O Notícias do Mar teve a oportunidade de falar na primeira pessoa com Matthew Anzardo, Global Segment Manager e Michael Van Harmelen, Regional Marketing Manager (EU / APAC), da AkzoNobel Yacht Coatings.
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International está a celebrar 140 anos, o que é impressionante. O que é que isto significa para a AkzoNobel? Anzardo: Sim, tem razão. 140 anos é uma história incrível. As empresas têm muitos altos e baixos durante um período tão extenso. É incrível. Há um sentimento de orgulho em trabalhar numa empresa com 140 anos de história em inovação. De sermos líderes de mercado e de ver as nossas marcas crescerem ao longo deste tempo. Vendo que os nossos representantes e a International têm o poder na América do Norte. Em qualquer lugar a que va68
mos e é instantâneo, instantaneamente reconhecível. Definitivamente há um sentimento de orgulho lá. Estou na empresa há quase 20 anos. Contactei com muitos ex-colegas que se aposentaram, com 20 ou 30 anos de casa e ouvi-los contar as histórias sobre como as marcas deles evoluíram, a inovação, trabalhando com clientes ao longo desta jornada de 140 anos também. É realmente sobre as pessoas da indústria náutica que a tornaram isto possível. Porque não é só vender widgets ou assim. Isto são as relações pessoais que nossa equipa tem com os nossos clientes. É essa
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relação de confiança que temos com os velejadores e nautas, que foi construída ao longo de 140 anos sabendo que vou ter um produto de qualidade ali. É aquela confiança de pegar numa lata de tinta e dizer que posso pintar o meu barco com ela. Imagine uma lata de tinta e que decidiu que vai pintar seu carro. Há um monte de perguntas. E nós fizemos essa pergunta aos velejadores e nautas por todo o mundo. Eles confiam em nós, temos a experiência de ter os produtos solicitados para deixar o seu barco fantástico. Há um sentimento de orgulho e realização. E isso
vem com os anos de apoio aos nossos distribuidores, aos nossos estaleiros, aos nossos aplicadores e aos velejadores e nautas. Não sei se você concorda comigo, mas o barco é um bem especial. OK. Então, se quiser alguém a trabalhar consigo, no seu barco, você tem que ter confiança e é quase como uma ligação? Anzardo: Sim, concordo em absoluto. Você não precisa ter um barco, você quer ter um barco, há orgulho e alegria. Esta é a sua forma de relaxar, a sua fuga e se você quiser sair para a água, pode pescar, velejar sozinho, com amigos e familiares, fazer um cruzeiro ao pôr-do-sol ou levar as
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Matt Anzardo crianças no barco ou se fores um profissional, certificarmo-nos de que aquele produto corresponde e faz o que diz que vai fazer, para o proprietário do barco. Porque muitos dos nossos revendedores nas marinas e para os estaleiros são lojas independentes pelo mundo fora e também é a reputação deles que está em jogo. Porque se algo correr mal, todos vão saber de seguida. E você já esteve nas docas, há sempre um proprietário dum barco que pode reclamar de algo, então isso vai-se espalhar como um incêndio selvagem. Por isso ter esse controlo da qualidade, o desempenho, saber que que a nossa herança é entregar o que dizemos que vamos fazer e obter esses resultados é fenomenal. Isso é realmente fundamental para o sucesso. Michael Van Harmelen: Absolutamente. Quero dizer, acho que você acertou na perfeição. O barco é um
bem emocional, que você tem e toda essa emoção, a nossa liberdade, a performance, a fuga. Então você está 100% certo e se os nossos produtos estão realmente lá para permitir que as pessoas tenham essa experiência e se falarmos da nossa última
Michael van Harmelen campanha, a campanha digital e essa conexão entre pessoas e os vizinhos. Eu concordo. Digam-me uma coisa. Reconheço a importância da inovação e da I&D. Qual a importância da inovação numa empresa com 140 anos? Como inovar numa empresa com tantos
anos? Anzardo: A importância disso é fundamental para continuar a crescer e para ter relevância no mercado. Investimos uma boa parte do nosso orçamento todos os anos em inovação e I&D. Estamos constantemente a tentar
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Parceiros de negócios da AkzoNobels Yacht Coatings com a Water Revolution Foundation mover essa “agulha” para melhorar o desempenho, sistemas mais rápidos, produtos mais sustentáveis e se você notar durante esse período de 140 anos, estabelecemos esses níveis de desempenho no mercado, seja a International com a nossa gama Micron, que é uma das gamas anti-incrustantes mais populares do mundo, ou os nossos Awlgrip Topcoats que são conhecidos como o revestimento premium para iates e tanto que é um verbo, tive no meu barco, essa protecção barreira, realmente definindo esse estágio na entrega de soluções para todos os proprietários, os nossos produtos de retalho inovam que para a próxima geração lançaremos produtos reduzindo as etapas para o proprietário do barco, tornando ainda 70
mais acessível para que os próprios façam o trabalho num período de tempo mais curto, pois você teria que dar mais três ou quatro demãos desse sistema. Agora reduzimos essas três demãos uma subcapa e o “primer one”. Por isso estamos a ajudar os proprietários a obter o melhor acabamento num curto período de tempo. A nossa inovação com Superiates no desenvolvimento do “spray filler”, na melhoria do rendimento da aplicação e também na velocidade da aplicação e assim ajudar os aplicadores a avançar com o processo mais rapidamente de forma a seguir para o próximo barco. Trabalham com revestimentos de iates, pintura e assim por diante. Estou interessado em saber, onde
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começaram, tintas, tipos de revestimento, anti-incrustante? Qual a importância disso e já agora qual é o vosso best-seller? Anzardo: Sim, a importância dos revestimentos. Quando eu era adolescente, tive o meu primeiro barco e eu não tinha nenhuma ideia do que eram revestimentos. Eu só sabia que tinha que colocar um pouco de tinta e eu estava a olhar para as prateleiras e tipo, ok, eu peguei uma qualquer. Eu não tinha ideia, mas falaram comigo e orientaram-me. Mal sabia eu, que alguns anos depois, estaria trabalhando para eles. A verdade é que eu cresci na indústria náutica, os meus pais têm uma loja de estofos. Eu trabalhei em barcos fazendo telas e estive na náutica praticamente toda a minha
vida. O que não é incomum para muitos da nossa equipa, que cresceram neste negócio e estão dedicados a construir e está no ADN deles. Quando fui contratado pela empresa, comecei no suporte técnico online, a ajudar os clientes, a responder a centenas de chamadas por semana e a milhares de emails. Comecei a entender a paixão, a necessidade de proteger e melhorar os barcos, que eles tinham. Porque novamente, se voltarmos ao que você disse inicialmente, é uma coisa emocional. Esse barco é algo que eles estão muito orgulhosos e você vê isso, você percebe, você sabe, o que, os revestimentos realmente fazem, desde aprimorar com um acabamento de alto brilho para tornar o barco mais impressionan-
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International te, como com nossa marca Awlgrip ou a proteger com a International, o desempenho é importante, manter a eficiência do casco. Ter um fundo limpo ajuda você a melhorar a eficiência de combustível, a leválo até lá um pouco mais rápido, melhora o manuseio do barco. Uma melhor eficiência do motor também reduz as suas emissões. Quanto ao produto mais popular, depende realmente do que estamos a falar aqui. Se estamos a falar acima da linha d’água, então sim Awlgrip. Para o fundo, como mencionei anteriormente, é a gama Micron, de tintas anti-incrustantes. Cada região tem a sua formulação única, baseada nas regulamentações e nas necessidades locais. Qual é a diferença da sua concorrência? Ou o que acha que fazem diferente deles? É inovação? É a rela72
ção com os donos, construtores de barcos e assim por diante? Anzardo: Definitivamente, algumas coisas. A integração é definitivamente uma, olhando para a quantidade de equipas de I&D que temos pelo mundo fora, a trabalhar na próxima geração de produtos, a próxima geração de sistemas para realmente avançar na inovação e pensando em como podemos entregar melhores produtos ao cliente. Temos esse relacionamento com os clientes, não apenas os profissionais, mas os proprietários e perguntamoslhes: O que querem num revestimento? Também são as nossas equipas de vendas e as nossas equipas de suporte técnico que desempenham um papel fulcral na manutenção desse relacionamento, trabalhando com os estaleiros, os seus aplicadores e os proprietários
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de embarcações. As nossas equipas de vendas trabalham, às vezes sete dias por semana, conversam com todas essas pessoas de diferentes do sector, informam-nas e garantem que estão a obter o melhor produto e suporte para as suas necessidades. Trabalham com os aplicadores de Superiates e com os aplicadores profissionais nos barcos de pequeno e médio porte. Os proprietários que farão sozinhos esse trabalho, têm um fimde-semana de casa aberta e certificamo-nos que estão a usar os produtos certos. Quanto ao suporte técnico, temos escolas de treino em todo o mundo para melhorar o desempenho. Temos sessões nos estaleiros para aplicação dos nossos produtos Awlgrip nos barcos. Gostaria de saber um pouco da sua opinião sobre a evolução do mercado e
o desempenho do seu negócio neste momento difícil que vivemos? Anzardo: O que vimos nos últimos dois anos foi a entrada de novos velejadores e nautas que iniciam a prática. Na América do Norte, apenas para contextualizar, em 2020, mais de 1 milhão de barcos usados foram vendidos e negociados. É uma quantidade incrível de pessoas a entrar na náutica. Temos esta tendência das pessoas a voltarem à água. É uma óptima actividade com distanciamento social, que você pode fazer. E pode aproveitar o que está à volta do seu quintal. Você não tem que navegar à volta do mundo. Você pode simplesmente explorar e se divertir. Vimos também a chegada de novos praticantes, mais jovens, mais mulheres e mais minorias a entrar na náutica, o que também é óptimo ver esta diversificação. Portanto, os desafios são envolvermo-nos com esses novos velejadores e informá-los sobre a manutenção adequada, como pode melhorar o seu barco. Como é que se faz isso? Estou a pensar em Salões como METSTRADE, Paris, a Boot, campeonatos. Como é que se trabalha com eles? Anzardo: Sim. Não se trata de uma peça só. São muitas peças que trabalhamos. As feiras comerciais são definitivamente uma parte disso e uma óptima maneira de conhecer o proprietário e de nos envolver com eles. Mas muito deste trabalho é também através de diferentes elementos e de como podemos alcançá-los. Quando vão à loja têm a informação correcta, como é que a nossa marca é apresentada na loja?
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AkzoNobel Estamos a envolver-nos através das redes sociais. Estamos a criar mais vídeos e a juntar as peças. Em muitos países europeus, temos guias de “como fazer” no nosso site, como aplicar a tinta? Explicamos passo a passo quais os produtos que precisa e também sabem como lixar o barco, como limpar. Como escovar? Todos estes elementos, que cons-
truímos para interagir com os nossos clientes, porque não é uma solução única. É uma abordagem multifacetada em revistas, diferentes patrocínios locais, talvez um torneio de pesca aqui, um torneio de vela ali, estamos a envolver-nos com esses proprietários em diferentes subsegmentos, os barcos a motor, um veleiro, um pequeno barco, um grande barco.
Trabalhamos para chegar a todos eles. Fazemos a pergunta, porque nos estamos a esforçar todos os dias e eu acho que fizemos algumas incursões tremendas nos últimos dois anos. Ainda temos muito a fazer, porque nunca podemos parar de nos envolver com o cliente. Michael Van Harmelen: Se olhar para a nossa presença nas redes sociais,
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com mais de 200.000 seguidores internacionais, que se envolvem connosco, então isso é muito importante para nós podermos estar onde as pessoas estão, onde procuram inspiração para os seus barcos. As tintas, revestimentos e a sustentabilidade. Eu entendo o que vocês fazem, mas as pessoas pensam nisto. Como trabalham esta questão da sustentabilidade e do impacto na natureza? Como conseguem um equilíbrio entre tudo isso? Anzardo: Sim, estamos a trabalhar nisso já há vários anos. A sustentabilidade inovadora. Quando estamos a desenvolver produtos, analisamos as matérias-primas que poderemos utilizar, fazemos uma avaliação do início ao fim e escalamos isso para garantir que estamos a utilizar os produtos mais sustentáveis que pudermos. Também estamos a inovar em termos de desempenho, ao utilizar produtos com VOC (Volatile Organic Compounds) mais baixos. Há muitos factores diferentes na sustentabilidade. O VOC é um grande problema. Estamos a utilizar tecnologia de resina de forma mais eficaz para que não usemos tantos ingredientes activos para sermos mais responsáveis. Queremos também dar aos proprietários a protecção de que precisam, porque têm que proteger os seus barcos contra a incrustação e a sujidade, que terá um efeito no desempenho e eficiência de combustível, mas também pode abrir a porta para espécies invasoras que se deslocam de um lugar para outro. Há também a inovação do que estamos a fazer com alguns dos nossos revestimentos. Te-
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mos revestimentos de protecção que impedem que corpos estranhos se peguem ao barco, o que permite um casco liso e sem interferências. Estamos a trabalhar com diferentes grupos, como a Water Revolution Foundation, assinámos o seu código de conduta, para desenvolver produtos sustentáveis. Michael Van Harmelen: A sustentabilidade é realmente o núcleo de tudo o que fazemos e o Matt mencionou anteriormente, que o equilíbrio entre o desempenho e a sustentabilidade, como líder global com 140 anos de inovação e liderança, assumiremos a responsabilidade na indústria de liderar desta maneira. Em 2002, seis anos antes de serem banidos, tirámos os TBTs dos nossos revestimentos, por não entendermos que não somos obrigados pela legislação. Trabalharemos à frente da legislação sempre que possível, onde pudermos ter uma oferta alternativa. A sustentabilidade é essencial para nós e não seremos impulsionados pela legislação, mas sim pela coisa certa a fazer e pela nossa posição de liderança, que criámos há mais de 140 anos. Anzardo: Na América do Norte, estamos a desenvolver uma gama completa de tintas à base de água. Que estão a crescer na procura e no feedback dos clientes também. Portanto, temos para diferentes preços, uma gama completa de tintas à base de água. Por isso, tintas à base de água, VOC muito baixo, com pouco menos de nove gramas por litro. Somos os primeiros a utilizar alternativas ao cobre em tintas anti-incrustantes. Para terminar duas per-
Bluebird guntas ao mesmo tempo. Quando se tem uma marca muito conhecida, qual o valor que gostaria de ter associado à sua marca em 2022? A segunda pergunta é sobre os vossos objectivos, as vossas ambições para um futuro próximo? Anzardo: Eu acho que essas são duas perguntas óptimas. O que queremos fazer é ser um parceiro e envolver-nos com todos do sector, de construtores a profissionais. Nós estamos a trabalhar no desenvolvimento das ferramentas para os distribuidores, os aplicadores, os retalhistas, os estaleiros e queremos ser o seu parceiro, ser o sistema de suporte. Estamos a definir, como mencionei antes, os guias personalizados para os proprietários, estamos a fazer mais vídeos de suporte técnico, as escolas nos centos de aplicação de tintas para iates. A Página de revestimentos de iate no LinkedIn, que dá dicas e truques para aplicadores profissionais e como obter o melhor acabamento do
mundo. Estamos realmente a tentar desenvolver a próxima geração de produtos e é isso que queremos que as nossas marcas sejam, inovação e ligação. O sentimento que realmente incorpora isso, é o de
que somos parceiros com todos os que estão na indústria e queremos impulsionar a sua progressão, com as nossas marcas e nossos produtos, damos apoio aos construtores por todo o mundo.
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Última
Notícias DGRM
DGRM Representa Portugal na Presidência do GAOS
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ortugal preside ao GAOS - Grupo das Águas Ocidentais Sul, desde 1 de janeiro de 2022, uma missão assegurada pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM). O Grupo das Águas Ocidentais Sul é constituído por representantes de cinco Estados Membro (EM) da União Europeia com interesses de pesca na zona do Golfo da Biscaia e Península Ibérica: Portugal, Espanha, França, Bélgica e
Holanda. A presidência é rotativa entre os três Estados Membros com maior expressão de interesses de pesca na área: França, Espanha e Portugal. O GAOS foi criado a partir da última alteração da Política Comum de Pescas (PCP), com o objetivo principal de supervisionar o estabelecimento de medidas relativas à implementação da Obrigação de Descarga (artigo 15.º da PCP). Entretanto, as suas competências foram alargadas à implementação de medidas técnicas na pesca, particularmente no que diz
respeito à determinação de tamanhos mínimos de conservação, espécies-alvo e medidas de proteção a espécies vulneráveis, especialmente mamíferos marinhos. Está em curso a preparação da agenda para os trabalhos, que reunirão, como habitualmente, em dois subgrupos: - Subgrupo Técnico constituído por técnicos da administração dos cinco países, conselhos consultivos e ONGs, que solicita isenções e apresenta medidas; - Subgrupo de Alto Nível,
que endossa à Comissão Europeia as medidas aceites. As propostas apresentadas sob a presidência portuguesa até maio, são ainda analisadas pelo Comité Científico, Técnico e Económico da Comissão Europeia (STECF na sigla em inglês), que analisa as questões científicas com vista à elaboração de um Ato Delegado, para implementação das obrigações e isenções consideradas importantes e necessárias para a gestão das atividades de pesca na área.
Director: Antero dos Santos - mar.antero@gmail.com Paginação: Tiago Bento - tiagoasben@gmail.com Director Comercial: João Carlos Reis - noticiasdomar@media4u.pt Editor de Motonáutica: Gustavo Bahia Colaboração: Carlos Salgado, Carlos Cupeto, Hugo Silva, José Tourais, José de Sousa, João Rocha, João Zamith, Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas, Federação Portuguesa de Motonáutica, Federação Portuguesa de Pesca Desportiva do Alto Mar, Federação Portuguesa Surf, Federação Portuguesa de Vela, Associação Nacional de Surfistas, Big Game Club de Portugal, Club Naval da Horta, Club Naval de Sesimbra, Jet Ski Clube de Portugal, Surf Clube de Viana, Associação Portuguesa de WindSurfing Administração, Redação: Tlm: 91 964 28 00
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