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Jornalismo, memória e história

O jornalismo está incontestavelmente ligado ao jogo da memória, localizando o leitor no tempo e no espaço através de suas múltiplas narrativas. São vários tipos de jornais, muitos modos de narrar, modos que envolvem também múltiplos contextos históricos. Identidade jornalística e memória, assim, têm uma relação direta.

O projeto “Memórias Kariri” que chega, agora, à terceira edição, tem o objetivo de mostrar o Cariri do passado e do presente. Neste número, a revista passeia por personagens comuns, mas singulares no horizonte da nossa história, muitos parecidos com outros que povoam essa rica região.

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Como Chico Palmeira, 66 anos, de Santana do Cariri, agricultor desde criança, resolveu trilhar pelo mundo da música. Aprendeu sozinho a tocar sanfona, violão, baixo, guitarra, bateria, teclado, cavaquinho e zabumba. Depois de muitas experiências, hoje destina seu tempo ao ensino de instrumentos musicais.

Já seu Emanoel Amâncio, 102 anos, também agricultor, sabe muito das coisas da roça e do Cariri. Ele gosta de esquecer das coisas desagradáveis, mas conta com humor muitos casos, incluindo, quando criança, um fantástico encontro com Lampião e Padre Cícero.

O cinema também está presente nesta edição através do cineasta cratense Jefferson Albuquerque. Ele foi diretor do célebre documentário Dona Ciça do Barro Cru. Jefferson fala sobre as suas lutas pelo cinema do Ceará desde os anos 60, dos primeiros festivais, da sua atuação com grandes diretores brasileiros e dos problemas enfrentados até hoje pelo cinema cearense.

A história da colonização do Cariri é contada pelo pesquisador Heitor Feitosa, atual presidente do Instituto Cultural do Cariri (ICC). Ele esclarece o processo de colonização da região desde a Casa da Torre, empreendimento da família Garcia D’Ávila, na Bahia, donos de quase todo o Nordeste no período do Brasil Colônia. Uma saga de guerras, banditismo, escravidão e extermínio dos índios.

O mestre Stênio Diniz guarda segredos da sua arte que já ganhou o mundo. Tipógrafo, xilógrafo, desenhista, pintor, dramaturgo, intérprete e poeta, Stênio tem um baú de histórias. Das bienais à perseguição que sofreu pela Ditadura Militar; das suas idas a Europa, principalmente Alemanha, ao Cari-

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ri e da sua visão de mundo como um dos artistas mais premiados do Brasil.

Confira também um ensaio fotográfico sobre a menina Benigna Cardoso, de Santana do Cariri, considerada santa popular pelos caririenses. Ela foi assassinada ainda criança, depois de resistir a uma tentativa de estupro. Anualmente, no dia 24 de outubro, acontece uma romaria realizada pela Igreja Católica em homenagem a sua história de vida.

O conjunto das matérias jornalísticas apresentadas por esta revista representa um importante fragmento da memória do Cariri. A concepção do jornalismo, enquanto complexo da história-memória, produz relatos significativos como documento do passado.

Boa leitura!

Chico Palmeira

66 Benigna: Romaria, fé e resistência Heitor Feitosa

24 Jefferson Albuquerque

Expediente

Expediente

Texto e fotografia: Anna Carla de Morais

Breno Árleth

Caio Botelho

Iara Meneses

Joedson Kelvin

Natália Oliveira

Professor orientador: José Anderson Sandes

Projeto gráfico: Isaac Brito Roque

Diagramação: Paulo Anaximandro

Edição 3

Juazeiro do Norte, Novembro 2018 Revista experimental do projeto “Memórias Kariri” vinculado à Pró-reitoria de Cultura da Universidade Federal do Cariri.

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