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Benigna Catolicismo, fé, e resistência
Benigna
Cardoso da Silva, popularmente chamada de “Menina Benigna” pelos fiéis da igreja católica, nasceu em Santana do Cariri, Ceará, mais precisamente no Sítio Oiti, no dia 15 de outubro de 1928. Segundo os familiares, amigos de infância e dos escritos dos historiadores sobre vida e morte da menina, Benigna era extremamente religiosa e temente a Deus, além de generosa, carismática, simpática e humilde com todos.
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Aos 13 anos de idade, após ser perseguida e assediada por um rapaz chamado Raul, foi vítima de feminicídio, cruelmente assassinada a golpes de faca, enquanto buscava água na cacimba próximo a sua casa, o que costumava fazer todos os dias. Desde a sua morte, em 1941, Benigna é chamada de “Mártir da Pureza” e “Heroína da Castidade” pela Igreja Católica.
Todos os anos, acontece na cidade onde Benigna nasceu, a romaria que celebra o exemplo de fidelidade às crenças religiosas católicas e da resistência contra o machismo, um assunto e termo que na época não se falava de jeito nenhum e que, até hoje, não se fala com a devida importância. A Romaria de Benigna há mais de 15 anos recebe pessoas e fiéis da igreja católica de todos as partes da região do Cariri cearense, seja fazendo promessas, seja agradecendo pelos milagres alcançados. O processo de beatificação da já considerada santa popular está cada vez mais em vigor no Vaticano, em
Roma. Benigna pode ser considerada a primeira beata do estado do Ceará.
A cada ano é visível na romaria, um número crescente de pessoas representando fielmente a roupa que Benigna usava no dia do seu assassinato, um vestido vermelho com bolinhas brancas. No calor efervescente de outubro, em meio a um cenário predominantemente desertificado, milhares de romeiros vão em busca de milagres, afirmar admiração e devoção pela menina Benigna. Caracterizados de fé, os devotos se apresentam em penitência todos os anos durante a Romaria, em busca da água benta encontrada na cacimba e das pedrinhas consideradas milagrosas por muitos, jogadas sobre o fogo santo, presente no local em que aconteceu o martírio.
Fotografo há dois anos este momento que vem ganhando proporções enormes. Vivenciando a romaria é possível sentir na pele e nos olhos a emoção que as romeiras e romeiros sentem. Além disso, é impossível não associar a imagem de Benigna - e aqui peço permissão - às muitas mulheres que hoje são brutalmente assassinadas, por resistirem à ideia conservadora de que seus corpos e suas vidas pertencem ao homem ou a quem quer que seja. Benigna, além da fidelidade religiosa, crença em Deus e sua história exemplar de vida humana, foi um exemplo de resistência.
Anualmente, ocorre em Santana, romaria lembrando a pequena Benigna. Para os católicos, uma santa popular
Muitas romeiras andam quilômetros sob o sol do Cariri carregando água em busca de alcançar uma graça
Estátua com a imagem oficial de Benigna localizada na entrada de Santana do Cariri
A cada ano aumenta o número de fiéis em Santana do Cariri que buscam graças e paz na romaria de Benigna
Velas, orações e flores sao ofertada por romeira em busca de graça