O Caminho da Graça
O processo de cristificação do ser Caio Fábio
Vamos ler em João 3, no diálogo de Jesus com Nicodemos. Vocês conhecem a história de Nicodemos, um dos grandes fariseus, membro do Sinédrio, que procurou Jesus à noite, dizendo:
É uma cartesianidade, uma lógica histórica, uma linearidade, uma horizontalidade tão aprisionante, essa do Nicodemos, que dá pena! Mas ele era mestre da religião em Israel. E Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito, é espírito”. Nascer da água, simbolizando arrependimento segundo a pregação de João Batista: “arrependei-vos e converteivos”, simbolizando, pelo batismo em água, esse arrependimento e essa conversão. “Quem não nascer da água...”, ou seja, quem não nascer do arrependimento (da metanoia, como diz a expressão grega, que significa mudança de mente, de olhar); quem não nascer da conversão da mente, dos valores, da interpretação nova que o arrependimento produz na consciência; quem não ganhar esse novo olhar que decorre dessa nova mente. “...e do
Espírito...”, ou seja, quem não nascer da ação profunda do Espírito Santo, que regenera o ser, de modo que, dentro do velho emerge, eclode, explode uma metamorfose que deixa para trás um casulo de velhices e faz surgir um ser absolutamente novo, com nova mente, nova consciência, nova percepção, nova interpretação da vida, nova atitude, nova postura. Se isso não acontecer, se alguém não nascer desse milagre não pode entrar no reino de Deus. Porque quem é nascido da carne é nascido da carne, mas o que é nascido do Espírito Santo, esse é tocado, é produzido, é criado na dimensão do espírito. Por isso – continua Jesus – não te admires, Nicodemos, de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo. E o diálogo prossegue, mas eu queria que nós ficássemos por aqui, por enquanto. Esse conceito não é um conceito filosófico, mas Nicodemos tentou transformá-lo em um conceito de natureza filosófica, quando
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“Mestre, nós sabemos que tu és vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer os sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele”. E a essa afirmação de Nicodemos, que usava a lógica cartesiana de causa e efeito para dizer: tu só podes ser de Deus por causa dos sinais tão maravilhosos que fazes, Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo, Nicodemos, que se alguém não nascer de novo, se não deixar essa logicazinha cartesiana e não passar por uma experiência parturiente de ser um sujeito da gravidez divina, não pode ver o reino de Deus; porque, com esse olhar dessa lógica linear e cartesiana, tu não estás enxergando nada. O que se enxerga em Deus só se pode enxergar se a pessoa nascer do útero da graça, de uma experiência de amor, de transformação da mente e de regeneração do espírito. Então, perguntou-lhe Nicodemos: Como pode suceder tal coisa? Como pode um homem nascer sendo velho, Mestre? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?!”