Mergulho Diário #10

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Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFJF | Juiz de Fora, Setembro de 2016 | Ano 2016 | Nª 10 Foto: Ludmila Azevedo

Candidatos à Prefeitura denunciam falta de inclusão social na cidade Encontro promovido pela Casa dos Conselhos reúne candidatos à Prefeitura para a discussão de iniciativas dos conselhos municipais. >>>P. 3 Cidade

Atropelamentos Esporte chamam atenção para a necessidade de medidas educativas. P. 5

Em casa, Tupi sofre empate no fim do segundo tempo. P. 11


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Opinião

Editorial Sem Eduardo Cunha, mas com a velha política

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or aqui ninguém é culpado. Pelo menos não entre aqueles que vestem terno e ocupam uma cadeira na política brasileira. O “inocente” da vez, o ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, finalmente foi cassado. A maioria da população, que achava que seus comparsas iriam usar de estratégias para evitar a cassação até a última hora, se viu surpreendida pelo fato. Cunha já estava afastado do cargo desde maio, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. E o que a cassação de seu mandato pode representar: uma retomada do crédito à política brasileira ou ainda é cedo para dizer isso? Ainda não se sabe, mas felizmente as manobras feitas pelo ex-deputado não foram suficientes para mantê-lo no cargo. Na madrugada da última terça-feira, dia 13, por 450 votos a dez, Cunha, que era o todo-poderoso há cerca de um ano, foi cassado pela Câmara dos Deputados e sofreu um revés em sua

carreira política. Quando questionado sobre a cassação de seu mandato, Eduardo Cunha, num cinismo sem igual, disse ser inocente. Dramatizou sua fala com clichês como “sou um ser humano, todos erramos”, disse estar sendo vítima de um jogo político e que não teme a Justiça Comum ou o juiz Sérgio Moro, o “temido” juiz que investiga a Operação Lava-Jato. Cunha ainda reforçou sua fé inabalável em Deus e a injustiça que fora cometida na Câmara dos Deputados naquele dia 12 de setembro. Acusado de receber propina no esquema de corrupção da Petrobras, ter participado de outras negociatas e mentir sobre suas contas na Suíça para o STF, Cunha continua se dizendo inocente. É este mesmo Cunha que agora é temido pelo que poderá dizer de tantos políticos na Lava-jato. O ex-presidente da Câmara, porém, diz que não fará delação, porque não é criminoso, mas disse que está pro-

curando uma editora para contar o que sabe por meio de um livro. O cinismo desses homens de terno impressiona. A tentativa de comover alguém depois de ser um dos alicerces mais influentes para a atual situação política do Estado é um tanto sarcástica. Porém, agora há menos um elo corrupto na Câmara, menos uma laranja podre no cesto. Cunha fica impedido de se candidatar a um cargo público por oito anos, a princípio não viverá como ele defende que um bandido tem que viver, é um privilegiado. A torcida fica para que o juiz federal Sérgio Moro receba o caso do Supremo e aja com rapidez e eficiência e consiga com que Cunha vivencie empiricamente a realidade das penitenciárias brasileiras. Mas não só isso. Sai um Cunha, mas quantos outros políticos que fazem o mesmo jogo permanecem em cena. Seria preciso, sim, uma verdadeira reforma política e social com o fim dos privilégios políticos.

Expediente

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora produzido pelos alunos de Técnica de Produção em Jornalismo Impresso.

Reitor: Prof. Dr. Marcus Vinicius David

Projeto gráfico: Caio Gonzaga

Vice-Reitora: Profª. Drª. Girlene Alves da Silva

Diagramação: Franco Ribeiro, Gabriella Weiss e Laura Sanábio

Diretor da Faculdade de Comunicação: Prof. Dr. Jorge Carlos Felz Ferreira Vice-Diretora da Faculdade de Comunicação: Profª. Drª. Marise Pimentel Mendes Coordenadora do Curso de Comunicação Social diurno: Profª. Dra. Cláudia de Albuquerque Thomé Professores orientadores: Prof. Dr. Marco Antônio de Carvalho Bonetti

Reportagem: Amanda Cadinelli, Amanda Cordeiro Padilha, Cynthya Marangon, Laura Conceição, Larissa Alves, Ludmila Azevedo, Luiza Dias, Maria Fernanda Pernisa, Matheus Gouvêa e Matheus Soares Editores(a) de texto: Caio Gonzaga e Davi Carlos Acácio Endereço: Campus Universitário de Martelos, s/n - Bairro Martelos 36036-900 - Telefones: (32) 2102-3601/21023602

Profa. Mestre Marise Baesso Tristão

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Setembro | 2016

Política 3

Eleições 2016

Debate de candidatos à Prefeitura na Câmara Municipal aborda políticas de inclusão Dividida em três partes, discussão teve perguntas elaboradas pelos Conselhos Municipais Foto: Ludmila Azevedo Por Ludmila Azevedo

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Plenário da Câmara Municipal sediou na tarde dessa terça-feira, 13, um debate entre os candidatos à Prefeitura de Juiz de Fora. Promovido pela Casa dos Conselhos, o encontro teve como destaque logo no início a inclusão de toda a população na discussão política. Outra das principais propostas da sessão foi a criação de propostas para a ação dos Conselhos Municipais. Cinco dos sete prefeitáveis estiveram presentes: Maria ngela (PSOL), Lafayette Andrada (PSD), Noraldino Júnior (PSC), Wilson da Rezato (PSD) e Victoria Mello (PSTU). Os candidatos Bruno Siqueira (PMDB) e Margarida Salomão (PT) não puderam comparecer em razão de outros compromissos. No início da sessão, um grupo deficiente auditivo demandou a presença de um intérprete para que eles pudessem compreender o que estava se passando no debate. Pouco tempo depois, uma das organizadoras explicou que a Câmara conta com um intérprete, que, no momento, enfrenta problemas com o aparelho auricular e não pôde estar presente. Em um primeiro momento, os participantes tiveram cinco minutos para dissertar sobre o tema “O desafio das políticas públicas no controle social e a independência financeira dos Conselhos”. Depois, foram sorteadas duas perguntas para cada candidato, elaboradas pelos diferentes Conselhos da cidade, com dois minutos de resposta. Por fim, houve dois minutos para as considerações finais. Maria Ângela deu início à discussão, demonstrando sua preocupação com a inserção de toda a sociedade na política. devido à fala dos deficientes auditivos. “A população tem o direito de se inteirar dos projetos dos candidatos, cobrando

População lotou o Plenário para o debate entre os candidatos. medidas. Isso também se reflete no Conselho Popular, que deve ter autonomia e poder de deliberação, aplicando as políticas públicas necessárias”, ressaltou a candidata. Lafayette Andrada defendeu a valorização e o fortalecimento dos Conselhos. “A Prefeitura não pode elaborar e implementar novas leis sem a opinião desses órgãos. Eles precisam receber a estrutura e as condições necessárias para agir, fiscalizando os políticos”, afirmou. Segundo Noraldino Júnior, ele propôs, quando foi vereador, um projeto de lei que previa a obrigatoriedade de um intérprete de libras em todas as sessões e audiências realizadas no Plenário. “Infelizmente, esse projeto não foi aprovado, mas pretendo retomá-lo. Em relação aos Conselhos, é imprescindível ouvir a população para fazer a prefeitura funcionar, gerando acesso a serviços básicos de qualidade, saúde, educação e políticas sociais”, continuou. O candidato Wilson da Rezato acredita que os Conselhos precisam do apoio do Executivo e de participação direta na política. “O dinheiro público deve ser utilizado em prol dos mais necessitados, ga-

rantindo a inclusão social de moradores de rua, deficientes e dependentes químicos, por exemplo, por meio do esporte e da educação”, opinou. De acordo com Victoria Melo, vivemos hoje em uma falsa democracia. “A cidade funciona muito bem para os mais ricos, sem se importar com os trabalhadores e seus direitos”, denunciou. “São os conselheiros municipais que lutam pela qualidade de vida dessa população, mas atualmente eles não têm nenhuma autonomia”. Após a primeira parte do debate, os prefeitáveis responderam, por duas rodadas, questões elaboradas pelos Conselhos Municipais. Pautas relativas à segurança alimentar e nutricional, direitos do idoso, direitos da mulher, trabalho, emprego e geração de renda, assistência social, agricultura, pecuária e abastecimento, desenvolvimento econômico e políticas integradas sobre drogas foram discutidas entre os candidatos. Ao final da sessão, foram distribuídos envelopes com todas as perguntas sorteadas e não sorteadas entre os candidatos, que, assumiram o compromisso de estudá-las e divulgar as respostas posteriormente.

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Política

Ficha-suja

Juiz-foranos aprovam cassação de Cunha, mas defendem maior transparência na política

Inelegível até 2027, o ex-presidente da Câmara dos Deputados deve responder a cinco inquéritos. Por Larissa Alves

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m dia depois da cassação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e em pleno processo de campanha política para as eleições municipais, o Mergulho Diário foi às ruas para saber a opinião dos juiz-foranos sobre o momento político. A maioria das pessoas ouvidas disse que já esperava a saída de Cunha, mas também se mostra muito “cansada” em relação à política de uma maneira geral. Por outro lado, entendem que este pode ser o momento para que outros políticos também sejam punidos e defendem maior transparência. Para o professor Gerson Andrade dos Reis, “a cassação de Cunha aconteceu muito por conta da pressão popular. Se não fossem as manifestações, ela não aconteceria. Mas acho que temos que tomar cuidado, porque, mesmo sem os direitos políticos, Cunha ainda é muito influente e, certamente, vai continuar interferindo no cenário político. “ O cientista político e professor da UFJF, Paulo Roberto Figueira Leal, avalia que a cassação de Eduardo Cunha já era esperada devido aos incontáveis processos de que é acusado. No entanto, para ele, só haverá impacto de fato, no cenário político brasileiro, caso Cunha opte pela delação premiada, “já que com isso muitos outros processos que atualmente estão paralisados serão movimentados. Isso seria muito benéfico, no ponto de vista de que, pela primeira vez, o ex-presidente poderia contribuir para o combate a corrupção na política brasileira”. Cunha, porém, disse que não deve optar pela delação premiada. “Só faz delação quem é criminoso. Eu não sou criminoso, então não tenho que fazer delação”, afirmou, na última terça-feira. O político, que está inelegível até 2027, afirmou que irá escre-

Foto: Fotos Públicas

Cunha foi afastado do cargo por maioria de 450 votos ver um livro, no qual contará todo o processo do impeachment de Dilma Rousseff. Os recursos aplicados nas contas do político no exterior estão bloqueados e só serão estornados ao Brasil se Cunha for condenado. Totalmente descrente em relação aos políticos, a dona de casa Lúcia Maria Florentino, 54 anos, desabafa, indignada: “É muita falcatrua que a gente vê no Estado maior. O Cunha foi só o começo. Cada um que cai leva uns dez. Se continuar desse jeito, vai ser cassação atrás de cassação e não vai sobrar ninguém.” Já o vendedor Paulo Andrade, 61, entende este momento como o de mais um artifício político. “Na verdade, todo o processo de cassação é uma manobra alimentada pela mídia. Havia um grande interesse que o Cunha conduzisse o processo de impeachment fizeram vista grossa e adiaram o processo, mesmo tendo tantas provas contra ele e contra o Temer. Agora já não havia interesse de mantê-lo como parlamentar, isso somado ao apelo dos eleitores pela cassação como exemplo para os demais.” Futuro de Cunha sem foro privilegiado A cassação do mandato de Eduardo Cunha, aprovada pela Câmara dos Deputados, na noite desta segunda

feira, deu fim a um processo que já durava 11 meses. A acusação contra o ex-deputado é de mentir ao negar a existência de contas no exterior que estariam em seu nome. A suspeita é que o dinheiro seja fruto do possível envolvimento do político com o esquema de corrupção envolvendo a Petrobrás, a Lava- Jato. O ex-deputado federal já estava afastado do mandato desde maio desse ano, sob suspeita de usar o cargo para interferir em sua cassação. A deliberação a favor da cassação retirou os direitos políticos de Cunha, que é agora considerado ficha-suje e só voltará a ser elegível em 2027. Além disso, sem foro privilegiado, ele responde em primeira instância por dois inquéritos, que tramitavam no Supremo Tribunal Federal. No total, Cunha responderá por cinco inquéritos por participação em esquemas de corrupção envolvendo a Petrobras, desvio de recursos de Furnas, uma das subsidiárias da Eletrobrás, além de favorecimento de empresas privadas em emendas parlamentares. Em pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, 77% dos brasileiros aprovam o afastamento, contra 11%, além de 13% que não souberam ou não opinaram a respeito.

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Setembro | 2016

Geral

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Segurança no trânsito

Número de atropelamentos na principal via de Juiz de Fora preocupa órgãos responsáveis Até o mês de agosto, 39 casos foram registrados. Campanhas de conscientização sobre responsabilidade e segurança no trânsito acontecem na cidade. Por Amanda Cordeiro Padilha Foto: Sylvio Bazote/Panoramio

A principal avenida da cidade é recordista no número de atropelamentos.

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principal avenida da cidade, a Avenida Barão do Rio Branco, é recordista de atropelamentos. De acordo com o Pelotão de Trânsito de Juiz de Fora, até o mês de agosto, 375 atropelamentos aconteceram, sendo 39 na via. No ano passado, dos 561 atropelamentos ocorridos, 70 foram na Avenida Rio Branco. Segundo o Sargento Coutinho do Pelotão de Trânsito, atividades educativas são realizadas durante todo o ano para diminuir esses números. “Nós temos o projeto Transitolândia, no 2º Batalhão da Polícia Militar, em que principalmente crianças e adolescentes aprendem os cuidados no trânsito.”

Conscientização A Semana do Trânsito, campanha da Comissão Municipal de Segurança e Educação no Trânsito (Comset), trará o tema “Sou mais um por um trânsito mais seguro”. O evento anual busca conscientizar pedestres e motoristas sobre a responsabilidade de fazer o trânsito um lugar mais seguro para todos, e acontece em todo o país entre os dias 18 e 25 de setembro. A programação oficial da Semana do Trânsito trará atividades para informar e formar todos aqueles que par ticipam do trânsito, como blitz educativas, cursos e palestras sobre trânsito compar tilhado, atingindo ciclistas, pedestres e motoristas.

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Geral

6 Queimadas

Incêndio danifica cinco hectares de vegetação próximo à BR-040 Na madrugada desta quarta-feira, o Corpo de Bombeiros combateu o fogo durante 6 horas Por Luiza Dias

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a madrugada desta quartafeira, 14, ocorreu um incêndio de grandes proporções em área de vegetação de um condomínio às margens da BR-040, na altura do km 794, próximo ao restaurante Graal. Devido à pouca iluminação, não foi possível identificar a área atingida com precisão, mas o Corpo de Bombeiros aproxima que o fogo atingiu cerca de cinco hectares. De acordo com a Tenente Priscila Adonay, assessora de comunicação do Corpo de Bombeiros de Juiz de Fora, o combate do incêndio durou cerca de 6 horas, começando ontem à noite e terminando por volta das cinco da manhã de hoje. Não foi utilizado água para combater o fogo. Por conta do difícil acesso para chegar ao local atingido, impossibilitando o combate direto e o carregamento de maiores equipamentos,

o Corpo de Bombeiros precisou utilizar técnicas específicas de combate a incêndio: “As labaredas estavam muito altas, então visualizamos que a melhor tática a ser empregada para combater o incêndio seria o fogo contra fogo”, explica Priscila. A técnica de utilizar “fogo contra fogo” é quando uma linha de vegetação é queimada próxima à área do incêndio para quando o fogo chegar no ponto marcado pelos bombeiros, ele não o ultrapassa. Não tendo mais material combustível para queimar, o fogo se extingue. Ainda não há informações sobre a origem do incêndio, se ocorreu de forma natural ou intencional. Porém, de acordo com a Tenente, uma série de fatores evidenciam que o incêndio não ocorreu de forma natural. Um incêndio de forma natural pode Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

acontecer quando as temperaturas estão muito altas, a vegetação é muita seca ou ocorre a ignição de forma espontânea. “Considerando que estamos em uma região mais úmida, o período noturno é mais frio e a vegetação natural do local atingido não era somente pasto, alguém poderia ter ateado o fogo. Mas ainda não temos como afirmar ”, conclui Priscila. Aumento nas queimadas O Corpo de Bombeiros registrou 666 queimadas na região só este ano. O número já ultrapassa os 516 incêndios em áreas de vegetação que ocorreram durante todo o ano de 2015. Porém, é menor que as 973 ocorrências registradas em 2014, ano considerado atipicamente seco.

Idosa ferida em acidente de ônibus passa bem Na manhã de ontem, 13, uma idosa de 70 anos foi encaminhada ao HPS após sofrer fratura exposta no braço esquerdo e diversos cortes ocasionados pelo acidente do ônibus da linha do bairro Vila Esperança, na Zona Norte de Juiz de Fora que desceu uma ribanceira. Ela passou por uma cirurgia e está bem. A senhora foi medicada e está consciente. Uma outra idosa, de 65 anos, sofreu diversos cortes e contusões pelo corpo, também deu entrada no HPS e permanece em observação, mas foi constatado que não existem lesões de maior grau.

Corpo de Bombeiros combateu incêndio durante seis horas na última madrugada.

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Setembro | 2016

Economia

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Sindicatos se mobilizam contra mudança em jornada de trabalho Trabalhadores querem mostrar insatisfação após anúncio de ministro sobre flexibilização da carga horária, que poderá chegar a 12 horas diárias Por Maria Fernanda Pernisa

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indicatos de várias categorias de trabalhadores de Juiz de Fora estão mobilizados diante da possibilidade de mudanças na legislação trabalhista. O temor aumentou na última semana, quando o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, emitiu uma nota no portal do Ministério sobre as mudanças da CLT propostas pelo governo Temer. Dentre elas, está a alteração da jornada de trabalho para 12 horas diárias. A medida causou preocupação entre os juiz-foranos que, a princípio, entenderam que a carga horária diária passaria para 12 horas, acarretando em 60 horas por semana, ferindo assim, a Constituição. Já acostumados com jornadas duplas para complementar a renda, muitos juiz-foranos temem que a mudança causa seja uma ameaça aos direitos e conquistas trabalhistas. Porém, de acordo com a nota, o que está sendo proposta é uma flexibilização sobre o cumprimento das 44 horas semanais, podendo passar a ser de até 12 horas por dia, reduzindo o número de dias da semana em que o empregado trabalharia. De acordo com a advogada Débora Lovisi: “O total de horas semanais não será alterado, mantendo-se as 44 horas semanais, permitindo-se, entretanto, que a jornada diária se estenda por, no máximo, 12 horas e que as extras sejam limitadas a quatro horas, que só poderão ser realizadas nos dias em que o limite de 12 horas não tiver sido atingido.” Débora explica que a jornada de trabalho será fixada de comum acordo entre empregados e empregadores, que serão representados pelo sindicato

de suas categorias. Portanto: “ Não há, assim, uma imposição da jornada de 12 horas diárias, que somente será definida caso seja do interesse de ambas as partes”, completa. De forma contrária ao que muitos estão pensando, “a fixação da jornada por acordo coletivo privilegia a negociação sindical e fortalece ainda mais os sindicatos dos empregados”, finaliza. Do ponto de vista econômico, a alteração não apresenta resultados expressivos. De acordo com o economista Michel Souza: “Agora você pode trabalhar mais de oito horas por dia e não receberá hora extra a não ser que ultrapasse as 44 horas semanais”, explica. “A medida mostra baixa efetividade já que irá atingir um tipo muito específico de trabalhador : aquele que já possui jornada de 12 horas, como vigilantes, médicos e enfermeiros, por exemplo. Estes trabalhadores poderão assinar um contrato formal com mais de uma empresa, desde que a soma total da jornada não ultrapasse as 44 horas normais mais quatro horas extras. ” Ainda de acordo com o economista, não há muita vantagem nessa reformulação: “ Pelo lado das empresas, é provável que o rendimento do trabalhador (produtividade) caia. E do lado dos trabalhadores, é nitidamente uma exaustão diária desnecessária, pois as cansativas horas adicionais nem sequer serão pagas de forma adicional”. Enfim, em termos de economia nacional, “ De forma direta e no curto prazo, não estamos aumentando a produção ou a produtividade, pois o número total de horas permitido em

jornadas de trabalho continua sendo o mesmo. Não estamos alavancando o emprego no país, dado que não há demanda para expansão da produção ou subsídios no momento de contratação. Parece que essa reformulação busca mais englobar e legalizar uma classe específica de trabalhadores, o que, a princípio, não causará grandes impactos”, finaliza. O presidente do Sindicato dos Bancários e da CUT Juiz de Fora, Watoira Antônio, afirmou que os sindicatos são contrários à mudança do aumento da jornada de trabalho por entenderem que ela é um retrocesso dos direitos conquistados até agora: “ Existem dois mil projetos de lei na Câmara que prejudicam os trabalhadores. Em reunião dos deputados e senadores na semana passada, ficou claro que eles estão somente do lado do capital e pouco interessados nas reais necessidades do povo. ” Watoira explica que existe um motivo para que a jornada semanal seja reduzida e que muitas pessoas não entendem. “ Os bancários trabalham seis horas diárias, pois lidar com dinheiro é prejudicial à saúde. Aumentar a carga de trabalho é pôr em risco a saúde do trabalhador. “ De acordo com o representante do Sindicado, em Juiz de Fora, houve uma demissão massiva de 52 vigilantes, pois os mesmos pediram que novos coletes à prova de bala fossem comprados. Para chamar a atenção da população e mostrar a insatisfação com as novas propostas, o Sindicato está organizando uma greve geral para o dia 22 de setembro. As pautas da greve foram divulgadas pela CUT nacional.

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Economia

8 Ambiente inovador

Prática do “Coworking” ganha espaço em Juiz de Fora e reduz custos Juiz de Fora tem mais de três espaços deste tipo. O trabalho em ambiente compartilhado é tendência. Por Laura Conceição

Foto: Laura Conceição

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Coworking é uma prática que já é muito comum nas grandes cidades do país e que agora faz par te do mercado empresarial de Juiz de Fora. O termo, em inglês,’ significa o compar tilhamento de espaço no ambiente de trabalho. O foco de trabalho está em empreendedores e profissionais autônomos iniciando suas empresas, sem muita previsão de quantas pessoas ou qual espaço precisarão nos primeiros meses ou anos. Todos trabalham em uma mesma área - ou várias áreas conjugadas - dividindo custos de um local que traz não só facilidades e ser viços, mas também a chance de conhecer pessoas similares e fazer negócios internamente. Juiz de Fora tem mais de três espaços de Coworking e esse número tende a aumentar. André Novelino é proprietário de uma agência de comunicação que funciona no Complexo casa, espaço de Coworking. “É minha segunda experiência trabalhando nesses espaços e eu me interessei pela proposta pelo custo reduzido, bom ponto de localização, confor to e falta de preocupação com burocracias. O maior objetivo é estar conectado com outros profissionais para que o conhecimento seja compar tilhado”, diz André. Para Maria Julia Poyares, estagiária no Multi.spaço, há inúmeras vantagens em estar inserida em uma ambiente de conhecimento compar tilhado, pois garante

Sala compartilhada em espaço de Coworking. aprendizado e liberdade criativa. Uma pesquisa da Regus, empresa multinacional que oferece espaços de trabalho e escritórios prontos em Business Centers em todo o mundo, mostra que 79% das empresas no Brasil priorizam mais o resultado do que a presença do funcionário no escritório. Em tempos de crise, o home office está virando uma tendência no mercado de trabalho, uma maneira eficiente de cor tar custos sem perder produtividade.

Características do Coworking - É necessário aprender a ceder – respeitar o espaço do outro, prestar atenção ao tom de voz, utilizar as salas de reunião com parcimônia e ficar atento ao número de clientes que visitam o espaço. - Para quem não se adaptar ao modelo, alguns escritórios oferecem a opção de sala fechada no lugar do espaço comum. - Não é preciso se preocupar com mobiliário ou computadores. Toda estrutura já está montada para quem tiver interesse. Caso o profissional desista, não há multa para quem rescinde o contrato, basta avisar com um mês de antecedência.

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Setembro | 2016

Comportamento 9

Jogos eletrônicos

Brasileiros competem em torneio de League of Legends na Califórnia

O aumento do número de praticantes contribui para elevar nível competitivo do Brasil em torneios internacionais Por Matheus Soares

Foto: MMOs

League of Legends ganha espaço com campeonatos internacionais e aumento do número de praticantes casuais

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omeça no próximo dia 29, em São Francisco, Califórnia, o campeonato mundial do jogo online League of Legends. O Brasil estará representado pela equipe INTZ eSports Club, que garantiu a vaga na fase de grupos no International Wildcard Qualifier, uma espécie de eliminatórias para o mundial. A final está programada para o dia 29 de outubro, em Los Angeles. O League of Legends, popularmente conhecido como LoL, é um jogo online do tipo multiplayer online battle arena (MOBA), que consiste em duas equipes duelando entre si com o objetivo de destruir a base inimiga. O LoL está crescendo cada vez mais no mundo inteiro, e não é diferente no caso do Brasil. Estima-se que o e-sports, como são chamados os jogos online de competição, gera US$ 612 milhões anuais. Neste ano, foi criada a Associação Brasileira de Clubes de E-sports (ABCDE), que irá gerenciar patrocínios e direitos

de transmissão dos campeonatos nacionais com redes de televisão abertas e fechadas. O estudante, João Paulo Dilon, joga o game de forma casual desde 2012 e acompanha de perto os campeonatos mundiais da modalidade. Seu contato com o jogo começou através da lan house que ele frequentava perto de sua casa. “O pessoal da lan house aqui perto de casa jogava muito Dota” - outro jogo do estilo MOBA -. “Depois fomos para a lan house da praça, onde a galera já estava jogando LoL, que era uma novidade pra gente”, conta o estudante. João Paulo diz que o jogo passou por algumas mudanças e foi atraindo a atenção dos praticantes aos poucos. “O LoL foi uma evolução do Dota. O jogo era gringo, não tinha servidor brasileiro, a interface era nova e a mecânica era diferente do Dota. Antes a gente nem tinha servidor, nós jogávamos no servidor americano”, explica.

Nível competitivo O aumento do número de praticantes ajudou a fortalecer o nível do Brasil nas competições segundo o estudante. “O crescimento do cenário nacional tem sido grande desde que eu acompanho o campeonato de LoL. Quando viram que a gente tinha um potencial grande de público alvo decidiram criar o servidor brasileiro. Isso facilitou para o pessoal jogar e treinar, além de abrir o cenário competitivo daqui”. INTZ no mundial “Acho que o grupo do Brasil é um dos mais tranquilos. Eles fugiram dos coreanos, isso é bom porque os caras são ‘grotescos’ no jogo. Acredito muito na classificação da fase de grupos do Brasil”, opina João Paulo. “Desde 2013 tem times brasileiros competindo no exterior. E isso é muito bom porque mesmo que eles não conquistem campeonatos, serve de experiência, trazem conhecimento de fora”.

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Esportes

Vôlei

JF Vôlei enfrenta o Montes Claros nessa quinta-feira A partida é a última do time juiz-forano na primeira fase do Campeonato Mineiro Por Cynthya Marangon Foto: Cynthya Marangon

Partida contra o Montes Claros encerra participação do JF Vôlei na fase classificatória.

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JF Vôlei enfrenta amanhã, 15, a equipe do Montes Claros pelo Campeonato Mineiro de Vôlei. O jogo tem início às 19h30, no ginásio da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A partida é a última participação do time na fase classificatória do torneio. Na última sexta-feira, 09, os juiz-foranos perderam para o mesmo time, fora de casa, por 3 sets a 0. Os ingressos estão à venda, pelo site ingressomg. com.br e nas lojas Shape Suplementos e Shopping dos Clubes. Os valores são de R$20,00 a inteira e R$10,00 a meia. Os bilhetes também podem ser adquiridos na portaria do evento. O técnico Henrique Furtado aponta que o novo confronto com o Montes Claros será um jogo difícil, mas que o JF Vôlei tem chances de vitória se intensificar o ataque. “Montes Claros é um time de ótimos jogadores, com um saque muito agressivo. É importante controlar o saque deles e não permitir que o bloqueio deles vença, como permitimos na última partida. Eu espero uma evolução no sistema

ofensivo, para a gente buscar um ataque mais equilibrado e evitar ponto direto de erro”, explica. O JF Vôlei vem se destacando pelo seu saque. “Foi uma coisa que a gente fez muito bem durante o jogo, então é importante seguir sacando bem, é uma arma que a gente tem”, completa Furtado. A etapa classificatória do Campeonato Mineiro chega ao fim no dia 30, com a

disputa entre o Sada Cruzeiro e o Minas. O JF Vôlei terá então duas semanas e meia de preparo até as semifinais. “Esse está sendo um período de muitas partidas, e é importante jogar muito, mas precisamos aprender com esses jogos e evoluir nesse período de apenas treinos”, avalia Henrique. Após quatro derrotas consecutivas no campeonato, a equipe busca melhorar as táticas para a semifinal e corrigir as falhas identificadas para construir uma melhor campanha durante a Superliga, que tem início no dia 29 de outubro. “O campeonato está sendo de um grande aprendizado, afinal, estamos trabalhando a menos tempo que alguns adversários. Nossos concorrentes estão juntos há 14 semanas, e nós estamos na nossa quinta semana. Estamos em outra etapa do treinamento, mas sem dúvida nenhuma vamos vestir essa camisa e ir em busca de uma vitória”, comenta o técnico. Nessa temporada, o JF Vôlei conta com 11 novos talentos cedidos por meio da parceria com o Sada Cruzeiro, anunciada em julho. Foto: Cynthya Marangon

Técnico Henrique Furtado acredita que o Mineiro tem sido um grande aprendizado para a equipe.

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Setembro | 2016

Esportes

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Futebol

Tupi cede empate no final e se complica na Série B Londrina empata no fim aos 39 do segundo tempo e Tupi fica mais longe de se salvar do rebaixamento Por Matheus Andrade

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esta terça-feira, 13, Tupi e Londrina se enfrentaram pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro da Série B no Estádio Radialista Mário Helênio. O resultado de 1 a 1 manteve o clube de Juiz de Fora na 19ª posição do campeonato. Já o Londrina subiu uma colocação com o placar, terminando a rodada na 5ª colocação. O Tupi abriu o placar com Octávio logo aos 5 minutos do primeiro tempo, quando parte dos 754 torcedores ainda nem estavam presentes, já que o horário das 19h15 complicou o deslocamento de muitos. A primeira etapa terminou sem grandes problemas para o time da casa, e o Tupi foi para o intervalo sob aplausos dos presentes. O cenário mudou no segundo tempo. O Londrina passou a pressionar, obrigando o goleiro Rafael Santos a fazer boas defesas. Os paranaenses chegaram inclusive a colocar uma bola no travessão. A pressão deu resultado aos 39 minutos do segundo tempo, quando após uma cobrança de escanteio, Safira do Londrina desviou na primeira trave, e Recife do Tupi concluiu contra o patrimônio. O empate fez o Tupi sair de campo sob vaias dos torcedores. O treinador Estevam Soares foi bastante criticado pelas mudanças efetuadas na equipe no segundo tempo. O técnico realizou as três alterações, e em sua entrevista coletiva justificou o cansaço de seus atletas para as trocas.

O Tupi chegou aos 24 pontos no campeonato, ficando a seis do Oeste, que tem 30. As duas equipes se enfrentam na próxima rodada, no estádio Prefeito José Liberatti em Osasco, sábado às 21h. Trauma no fim Os menos de 800 presentes (Tupi tem a menor média de público da competição) assistiram algo que vem sendo recorrente na Série B. Em

boa parte dos embates da Segunda Divisão o time levou gols no fim do jogo, perdendo uma série de pontos ao ceder empates ou ser derrotado nos minutos finais. O caso fez muitos torcedores questionarem a condição física da equipe, que cansaria ao fim das partidas. O assunto foi uma das principais pautas da entrevista coletiva do técnico Estevam Soares, que justificou no cansaço suas três alterações na segunda etapa. Foto: : Ogol

Tabela da Série B do Campeonato Brasileiro

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Cultura

12 Arte

Estudante da UFJF se despede do país com mostra de artes visuais Exposição pode ser visitada no Instituto de Artes e Design da UFJF, de 13 a 15 de setembro. Artista segue para a Alemanha no domingo Por Amanda Cadinelli

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ntre os dias 13 e 15 de setembro acontece a exposição “It’s time to say good bye”, do artista visual e estudante Leonardo Lina, na Galeria Guaçuí do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF. O evento marca a despedida do artista, que irá terminar seu bacharelado em Artes e Design na Universidade das Artes de Berlim (UdK). O estudante, de 26 anos, viaja no próximo domingo (18) e só volta em dois anos e meio, após a conclusão do curso. O intuito da exposição é apresentar seu trabalho a Juiz de Fora, o que até então ainda não havia sido feito. “Eu fiz um projeto mostrando o meu trabalho e conversei bastante com os responsáveis pela galeria, até para o Instituto entender os lugares por onde eu andei e o fato de eu estar indo embora”, conta Leonardo, “e eu acho que faz diferença ocupar o espaço num momento de partida”. Nesta quarta (14), às 19:30, acontece uma roda de conversa sobre os trabalhos de Lina e a arte em geral, no mesmo local da exposição

A trajetória Leonardo Lina, nascido em Barra do Piraí, no interior do estado do Rio de Janeiro, veio para Juiz de Fora com 5 anos de idade, onde fez um curso técnico em Administração e já emendou na graduação dentro desta área. No meio do curso, percebeu que esta não era a área dele, envolveu-se com o coletivo cultural Fora do Eixo e, com ele, saiu viajando pela região. “Depois de viajar, eu comecei a ter muito contato com fotografia, comecei a estudar e me interessei por ela. Quando eu voltei das minhas viagens, eu falei ‘ah vou me transferir para as artes, que é o lugar em que eu tenho que estar’”, conta o estudante, que, após um tempo no Instituto de Artes e Design, decidiu fazer um intercâmbio na Europa. Na Alemanha, Leonardo conheceu uma professora da Universidade das Artes de Berlim e logo se aproximou da turma. Conhecendo o funcionamento da Universidade e vendo ali uma boa oportunidade de crescimento profissional, decidiu se inscrever para o processo seletivo de transferência. Foto: Amanda Cadinelli

Foto: Amanda Cadinelli

Leonardo Lina se despede Juiz de Fora “No início de fevereiro, eles me aceitaram, então eu voltei pra Juiz de Fora, mas ainda faltava a parte burocrática da UFJF, o que são dois processos diferentes“. Apenas em julho deste ano, a universidade brasileira aceitou a transferência do aluno e, agora, Leonardo está de malas feitas para esta nova etapa. Repercussão Paula Duarte, também estudante do IAD, de 26 anos, conta que sua impressão pessoal é de um movimento de uma viagem para uma coisa que está se iniciando. “Quando eu visitei a exposição, eu abri minha cabeça para pensar alguns movimentos. Primeiro: a despedida, que foi o que me tocou num primeiro momento. E o segundo que é imaginar que essa despedida na verdade é uma abertura para um outro mundo. E aí eu me coloquei no lugar, imaginei que você quer um corpo diferente, que obviamente você é diferente em um outro país, o que você vai ser”.

Autorretrato do artista é destaque na exposição

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