Expediente
Aos Mestres
Direção Geral:
Nosso sonho
Ana Amélia Piuco Márcio Sequeira Paulo Pizzolotto Sérgio Cezimbra
Há um ano saía do forno a primeira edição de Mestres +, fruto de um sonho coletivo e do sincero desejo de provocar transformações no modo de fazer e pensar a Educação. Um ano se passou, e somos gratos aos leitores, a toda equipe e parceiros que, junto conosco, acreditam que é possível sim, revolucionar o ensino em nosso país.
Direção Editorial: Ana Lúcia Zotto Direção de Arte e Design: Claudio Thiele Redação: Ana Lúcia Zotto Para notícias, informações e sugestões de pautas: contato@mestresmais.com.br Fone (51) 3930.6530 Revisão:
Tornar o Rio Grande do Sul o melhor Estado para se viver e trabalhar até o ano de 2020. Esta é a meta da Agenda 2020, movimento que, desde 2006, organiza propostas concretas de interesse da sociedade riograndense. Ouvimos dirigentes da entidade sobre o que é possível ser feito para recuperar o protagonismo do Estado na área de Educação.
Professor Adão Lenartovicz Tiragem: 10.000 exemplares
Ana
Ana
Paulo
Marcando esta data especial, conversamos com o psiquiatra, educador e escritor Içami Tiba. Autor do livro “Educação Familiar – Presente e Futuro”, lançado no mês de abril, professor Tiba – como gosta de ser chamado - falou sobre filhos, família, educação, limites, entre outros temas que envolvem este complexo universo da educação dos filhos.
Claudio
Márcio
Sérgio
Apresentamos também uma entrevista com a escritora e ilustradora de livros infantis e juvenis, Eva Furnari, autora, entre outros, da Bruxinha Zuzu. Italiana, adotou o Brasil como seu país, onde vive desde os dois anos de idade. Com livros publicados no México, Equador, Guatemala, Bolívia e Itália, e títulos adaptados para o teatro, conquistou diversos prêmios. Qual o impacto do uso das redes sociais em sala de aula? Que embasamento pedagógico justifica a sua aplicação? De que forma utilizar Facebook e Twitter? Estas e outras perguntas foram respondidas por especialistas e educadores, a fim de orientar e discutir o uso destas ferramentas nas escolas. A partir desta edição, convidamos os leitores a enviar, além de críticas e sugestões, questionamentos sobre Educação dentro do universo jurídico. A coluna “Pergunte ao Mestre” trará a participação de quatro advogados, especialistas na área, que irão tirar as dúvidas dos nossos leitores. Escrevam para contato@mestresmais.com.br e participem!
Boa leitura. Mestres Mais Geração de Conteúdo LTDA. CNPJ: 19.139.149/0001-84
Ana Lúcia Zotto Diretora Editorial
Sumário
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capa
Com a palavra, Içami Tiba
pacto
Alfabetização na Idade Certa
gestão na educação Agenda 2020 reafirma compromisso
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entrevista
Escritora e Ilustradora Eva Furnari
foto: XXXXXXX
COM A PALAVRA
Psiquiatra, educador e escritor Iรงami Tiba 4
COM A PALAVRA
EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL É A PALAVRA DE ORDEM O tema vem sendo defendido pelo psiquiatra, educador e escritor Içami Tiba. Emoções, sentimentos, afetos, vontade, desejos, sonhos, relacionamentos humanos e também as estratégias de ação para melhores resultados compõem este modo de pensar a Educação. O projeto vai ao encontro da sustentabilidade, com as recentes preocupações mundiais com a preservação e recuperação das condições da vida na Terra. Para o escritor, nada é mais sustentável do que a educação de valores que, uma vez aprendidos e praticados, passam a fazer parte da vida do aprendiz pelo resto de sua vida. E reforça sua opinião ao afirmar que não há nada que custe tão pouco como o aprendizado e sua prática, que dure tanto e seja tão útil como a excelência de um valor sustentável. Autor do livro “Educação Familiar – Presente e Futuro”, lançado no mês de abril, Içami Tiba falou à Mestres + sobre filhos, família, educação, limites, enfim, temas recorrentes em seus livros e de interesse e preocupação de pais, professores e sociedade em geral.
Crianças. Como os pais podem estabelecer limites, desde cedo, para que seus filhos cresçam com bases sólidas e pratiquem o bem dentro e fora de casa?
Hoje, os pais estão delegando à escola a responsabilidade de educar as crianças. Quais são as consequências dessa terceirização da educação?
Quando as crianças começam a ser ativas e têm comportamentos inaceitáveis como dar tapas na mãe, não é para a mãe ficar destemperada. Com calma e tranquilidade, ela deveria impedir que a criança batesse, dizendo: “Não pode bater.” E se a criança insistir, segurar a mão, impedindo. A mãe deve dizer: “Faça carinho”, pegando na mão da criança e passando no seu próprio rosto, dizendo: “Assim mamãe gosta.” Atualmente os pais pecam por excesso, principalmente os que sofreram porque não tinham o que queriam quando crianças. Em vez de educadores, passam a ser simplesmente provedores e serviçais dos filhos. Mães excessivamente protetoras acabam fazendo até o que eles tinham que fazer sozinhos e aleijam os filhos com tais atitudes. Consequentemente, em vez de se protegerem, esperam que os outros também os protejam. Pais que se excedem deixam de ensinar parâmetros altamente necessários à felicidade. Quem ganha felicidade fica infeliz quando não encontra quem lhe dê. Excesso de liberdade gera falta de limites. Crianças que são somente agradadas são incapazes de suportar frustrações, tão naturais ao crescimento.
Estas crianças acabam sendo órfãs educativas, pois os pais estão deixando de cumprir a sua parte. A escola é responsável pelos valores tangíveis, que são conhecimentos adquiridos através das atividades escolares e que no final podem ser medidos e avaliados para fins de aprovação ou reprovação. A família transmite valores intangíveis como: ética, respeito aos mais velhos, gratidão, meritocracia, honestidade, cidadania etc. A meritocracia é um valor que há muito tempo não se aplica mais nos alunos, a ponto de, mesmo os que nada aprenderam, serem automaticamente aprovados. Boa parte dos alunos, que passaram 11 anos ocupando as carteiras escolares e concluiram o Ensino Médio, são considerados analfabetos funcionais. Isto é, não sabem compreender um texto, escrever um relatório e fazer operações de divisão. Para a escola, os alunos são transeuntes curriculares. Para os pais, os filhos são para sempre.
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COM A PALAVRA
Adolescentes. Por que a transição da infância para a adolescência é tão difícil para os pais? A adolescência é um processo biopsicossocial. Ocorrem mudanças comportamentais resultantes do amadurecimento hormonal que desenvolvem a capacidade reprodutiva e a necessidade de se autoafirmar na sua nova existência no mesmo mundo. Os pais não percebem que eles têm que mudar, como os filhos mudam. De dependentes e incapazes que as crianças são, passam à independência, querendo liberdade total sem condições de assumir suas responsabilidades. Aos pais cabe ensinar a quem não quer aprender com eles, apesar de depender deles. Os adolescentes não podem ser tratados como crianças, que não são mais, nem como adultos, que ainda não são. A liberdade tem que ser progressiva conforme sua capacidade de arcar com as consequências do que faz. A meritocracia, a relação custo-benefício e o sistema de trocas que precisam ser desenvolvidos para não se formar mais príncipes herdeiros, mas que tenhamos mais empreendedores sucessores sustentáveis. Adolescentes mal-educados dão muito mais trabalho do que crianças mal-educadas.
Por que existe tanta dificuldade em estabelecer uma comunicação eficaz com os filhos? Como manter um discurso coerente em cada etapa da vida deles? Se pensarmos que a responsabilidade maior sobre uma ação é a do líder e depois a do liderado, na comunicação entre pais e filhos também a responsabilidade maior é dos pais que são líderes e guias em relação aos filhos. São os pais que deveriam conhecer esta comunicação pois são os filhos que aprendem com eles. Na comunicação o que atrapalha muito é que os pais não mudam de postura enquanto os filhos do nada viram tudo, em uma década. É um desenvolvimento no qual o filho torna-se cada vez mais capaz, mas para os pais, parece que eles são sempre os mesmos. Para cada etapa que o filho ultrapassa, os pais teriam que se reorganizar para se comunicarem cada vez num leque maior de assuntos com diferentes graus de profundidade. Se os pais não o fazem, não são os filhos que o farão. Pais cobradores cobram dos filhos pequenos e grandes praticamente da mesma maneira, mesmo que os grandes sejam mais evoluídos do que os
Quanto mais autossuficientes forem as crianças, mais felizes e realizadas elas serão pequenos. Parece que não existem outros assuntos na vida dos filhos a não ser os estudos. A vida deles é muito mais rica do que os estudos, que são obrigações. Quando há interesse nos filhos como um todo, as comunicações melhoram, pois a eles também interessa a vida dos seus pais, não só o trabalho.
Muitos pais fazem de tudo para poupar os filhos das frustrações, criando cidadãos não acostumados a perder. Quais são as consequências dessa postura? Filhos protegidos em zonas de conforto não se desenvolvem saudavelmente, bem ao contrário do que se pensa. Pois o acomodado se acostuma com a sua desgraça, e aceita-a como se fosse algo imutável. A maior busca do ser humano é a felicidade e qualidade de vida. Não é que não estão acostumados a perder - pelo contrário - perdem com muita facilidade, mas negam a perda. Os pais pensam que os filhos não ligam para perdas - mas não -, eles não valorizam a perda: largam faculdades, empregos, vínculos estáveis etc. como se nada fosse importante, como nada é importante na internet. Tudo se deleta e logo estão em outra. As frustrações ocorrem quando se valoriza a perda. Não valorizando as perdas, não ficam tão frustrados. O estado aguerrido, focado, produtivo, dura muito pouco, se comparado ao passivo, folgado, desanimado. É uma geração que quer fazer o que tem vontade e se não der certo não insistem em reconquistar, mas simplesmente largam.
Mundo digital. O senhor afirma que a juventude hoje não tem muita influência da família, mas da tec-
Para a escola, os alunos são transeuntes curriculares. Para os pais, os filhos são para sempre. 6
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nologia. Que os pais acham que o filho tem muita pressa, mas, que, na realidade, é a forma de o cérebro funcionar que é diferente. Comente a respeito: Esta influência ainda não está tão nítida como ficará em breve, quando as crianças de hoje chegarem à juventude. Os pais estão delegando a educação dos filhos a terceiros, principalmente às escolas, depois funcionários de confiança, quando não parentes disponíveis. Os pais acabam sendo mais servis, provedores e agradadores do que educadores. A escola, por justa causa, devolve a educação para os pais, ainda dizendo que “educação vem de berço”. Isso demonstra que nem pais nem professores estão cumprindo suas funções educativas. Assim, crianças e jovens aprendem mais com seus colegas, amigos e internet.
Hoje os jovens têm pressa de crescer. Começam a namorar cada vez mais cedo, iniciam a vida sexual de forma precoce. Essa pressa está relacionada com a velocidade com que recebem as informações? Não é bem crescer que eles querem; e sim, buscar prazer. É na puberdade que os jovens começam a desenvolver suas características sexuais que estão sendo estimuladas muito mais à busca de prazer. Os jovens estão sexualmente amadurecidos o suficiente até para a reprodução. Vida sexual nesta idade é busca de prazer e não de gravidez. A gravidez em si é um sucesso biológico que perpetua a espécie, mas os jovens não têm preparo para serem pais, portanto, ela é considerada precoce. Se os jovens não se prepararem para usufruir do prazer, provavelmente serão surpreendidos pela biologia. Ninguém autoriza um menor a dirigir o carro se ele não tiver carta de habilitação. Ter carro depende dos pais, mas os instrumentos sexuais crescem dentro do corpo do jovem. Os jovens estão muito influenciáveis pelas informações, veiculando o prazer sexual totalmente desconectado com a gravidez.
Adolescentes querem implantar silicone, fazer plástica, emagrecer a todo custo. Essa urgência é um reflexo do mundo digital em que vivemos? Sim, mas agravada pela própria adolescência, quando a infância já não lhe cabe mais e a adultidade ainda lhe é grande demais. Assim a adolescência é uma busca de uma identi-
dade própria, e a referência dos pais o faz sentir ser infantil. O que mais lhe importa agora é o espírito gregário, a sensação de pertencer a um grupo, ou seja, ter sua identidade social. É por isso que os amigos, outros líderes ou ícones lhes são importantes. É quando o adolescente copia seu par para se sentir enturmado, seja por padrões comportamentais, musicais, estéticos etc. Quanto mais inseguro for emocionalmente, mais irá seguir os modelos dos pares. Quanto mais os pais forem rígidos, mais os filhos irão procurar modelos sociais ligth. Sentir-se out grupal abaixa sua autoestima, altera seus comportamentos e provoca até dores físicas. Ser diferente passa a ser sentido como ser inferior, incapaz, desprezível e infeliz. Entretanto, ser diferente em casa significa autoafirmação contra a influência dos pais. O mundo digital aumentou a velocidade de todos e superficializou também os conhecimentos, onde o genérico vale mais que o profundo, quando um diálogo se
Excesso de liberdade gera falta de limites faz com códigos, sinais, monossílabos. O adolescente tem pressa em crescer, o que lhe dá uma sensação de tudo ser urgente, menos suas obrigações. Assim, a internet é um instrumento para quem tem pressa, muita pressa. O que faz com que o consumismo torne-se alto porque o obsoletismo lhe chega em poucos dias.
Violência. O que o senhor tem a dizer sobre os adolescentes que trocam socos e pontapés enquanto os amigos filmam para depois exibir na internet? E sobre os que agridem professores em sala de aula? Faz parte da felicidade do ser humano o ser reconhecido pelos outros. No início da adolescência ele quer ser reconhecido como adolescente e não mais como infante. Esta é a primeira fase. Chamar um adolescente de criança é ofensivo. Como ser social, ele vai buscar um grupo e tudo faz para conseguir pertencer a ele. Ele se fortalece com o grupo, que é fortalecido pela sua integração. Toda a busca, até conseguir pertencer a um grupo, é a segunda fase. Todo o grupo tem sua “marca” musical, esportiva, pichação, vestimenta. Os adolescentes fazem esta metamorfose social, isto é, uma mudança de padrões a que são acostumados para os novos padrões do grupo e passam a
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COM A PALAVRA
Quando há interesse nos filhos como um todo, as comunicações melhoram, pois aos filhos também interessa a vida dos seus pais, não só o trabalho. defendê-los como se fossem sua nova família. Uma vez pares, os adolescentes buscam ser reconhecidos nos valores do grupo ao qual pertencem. Se for agressividade, o mais agressivo e violento torna-se o líder, desde que tenha competência para liderar também nas ideias, senão será simplesmente usado pela turma para representá-la. Passa a ser o brigão, a mando do líder do grupo. Se o grupo é usuário de drogas, também passa a querer se sobressair pelo seu uso.
Novo Livro. Quais os principais pontos abordados em Educação Familiar – Presente e Futuro? Decifro a educação sustentável colocando-a em oito pilares: quem ouve esquece; quem vê imita; quem justifica não faz; quem faz aprende; quem aprende produz; quem produz inova; quem inova sustenta; quem sustenta é feliz. Feliz tem a raiz hindu que significa fértil. Não desertifique a mente nem a floresta. Todo o gesto educativo tem o sentido de ensinar algo. É a prática do que foi absorvido que ensina. Quando o pai orienta hoje é para que esta orientação seja sustentada também no futuro. Nada é mais econômico e viável do que a educação que, sendo bem ensinada, dura a vida toda. Falo sobre a imagem social de mãe e pai em um capítulo e no outro, sobre o amor de mãe e amor de pai, que continua ainda prisioneiro do tradicional machismo, mesmo que a mulher já tenha uma boa parte emancipada no social. Uma educação eficiente tem de levar em consideração o que o filho é capaz de aprender. Isso vai evoluindo com a idade mas há pais que tratam os filhos como se fossem eternas crianças, sem ensinar nem cobrar responsabilidade, meritocracia, ética, foco, disciplina etc. Dedico um capítulo à formação da personalidade do filho. O uso da maconha virou uma convicção e não um conhecimento sobre os seus reais efeitos médicos, psiquiátricos e psicológicos. Os pais não estão preparados para educar sobre a maconha, mesmo que alguns deles até tenham usado na sua juventude. O título do capítulo final é “maconha
Pais que se excedem deixam de ensinar parâmetros altamente necessários à felicidade 8
faz mal”. Passo aos pais os conhecimentos do cotidiano para que eles possam debater sobre a maconha com os próprios filhos, sem destemperos emocionais que costumam caracterizar e azedar estas conversas.
Quais são os aspectos mais controversos da educação? Talvez a maior de todas as controvérsias seja o modo de ser do humano que jamais sente falta do que não conhece. Procura saídas - e quando faz - é muito benevolente a ponto de achar que foi o melhor que conseguia fazer, sem ter tentado outras saídas. Assim, os pais acabam sofrendo na pele a dificuldade de educar seus filhos e os resultados só surgem depois de vários anos, somente, quando adultos. Por não saber educar, os pais acabam delegando à escola a educação, alegando que, se o filho está na escola, ela é responsável pela sua educação. Gentilezas, conselhos, prover, agradar, não são suficientes para educar. Agregar os conhecimentos educativos é necessário, pois educação é um projeto racional. Infelizmente, a falta de conhecimentos educativos, acaba transformando as pessoas, pelo ato biológico de terem um filho, em educadores. Elas acabam usando suas próprias experiências, geralmente da infância, que precisam muito ser atualizadas. É assim que se perpetua em casa o machismo, o que dificulta muito a educação. É no machismo que o pai ou é autoritário ou é amigo, no lugar de ser pai educador. Pai não é auxiliar da mãe na educação. Portanto, tanto o homem quanto a mulher precisam, ambos, emanciparem-se do seu machismo.
Em seu novo livro, Içami Tiba aborda todos os aspectos – dos mais simples aos mais controversos – da tarefa de educar. Discorre sobre a necessidade de uma educação sustentável – seus valores, pilares e objetivos, avaliando situações comuns e presentes em todos os núcleos familiares. As informações são tratadas de forma atual e contemporânea, com conceitos formados a partir do constante atendimento de pais, jovens e educadores – e o conhecimento, na prática e em tempo real, dos conflitos, comportamentos e peculiaridades de uma geração singular.
A I O
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ABCDEF GH PACTO IJKLM N E PNE: OPQRST UVX Y
ALFABETIZAÇÃO
Meta é alfabetizar todas as crianças até os oitos anos
Ao aderir ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) – que prevê a alfabetização de crianças até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental, Estados e Municípios se comprometem a alfabetizar todas as crianças em língua portuguesa e em matemática. Devem também realizar avaliações anuais universais, aplicadas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), junto aos alunos que concluíram o 3º ano.
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O programa foi criado pelo governo federal em 2012. A Lei 12.801, de 24 de abril de 2013, dispõe sobre o apoio técnico e financeiro da União pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Entre os eixos de atuação estão: formação continuada presencial para os professores alfabetizadores e seus orientadores de estudo; materiais didáticos, obras literárias e de apoio pedagógico, jogos e tecnologias educacionais; avaliações sistemáticas; gestão, mobilização e controle social.
Alfabetização no Brasil Escolas com matrículas no 1º, 2º, 3º ano e multisseriadas/multietapa
108.733
Turmas do 1º, 2º, 3º ano e multisseriadas/multietapa
400.069
Matrículas do 1º, 2º, 3º ano e multisseriadas/ multietapa -
7.980.786
Fonte: INEP
União de esforços O Rio Grande do Sul está inserido no Pacto da Alfabetização a partir da proposta de formação continuada de professores alfabetizadores, que já desenvolvia enquanto Rede Estadual. Nesse sentido os alfabetizadores já tinham uma caminhada formativa sendo desenvolvida na rede. “O Pacto veio somar
Anna Carolina Muniz Ordobás, coordenadora do Pnaic no RS
esforços e contribuir com o trabalho que já estava acontecendo no Estado. Encaramos as dificuldades como desafios, e o principal está em vencer as dimensões continentais do nosso Estado e da nossa rede.” A análise é da coordenadora do Pnaic na Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Anna Carolina Muniz Ordobás. Esse trabalho tem movimentado cerca de 7 mil professores estaduais. Quanto às ações desenvolvidas nas escolas para garantir a alfabetização dentro do período proposto, as alfabetizadoras estão revendo suas práticas. “Uma atividade que tem dado muito certo é a retomada da leitura em sala de aula como um momento de prazer. A leitura como um deleite”, comenta. Para o desenvolvimento dessas práticas, cada turma do Ciclo de Alfabetização recebeu, por intermédio do Ministério da Educação, uma caixa de livros específicos para a faixa etária.
Por que alfabetizar até os oito anos Porque é um direito infantil. Estar alfabetizada permite à criança não só a apropriação do sistema de escrita alfabética mas também a possibilidade de interagir com o mundo escrito. Vivemos em uma sociedade grafocêntrica, onde a escrita
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ALFABETIZAÇÃO
tem um papel decisivo na vida do cidadão. Estar alfabetizado é inclusive uma questão de acesso ao direito de ser cidadão. Muitas crianças concluem o ciclo de alfabetização sem alcançar as competências desejadas, como ler, escrever e fazer as primeiras operações matemáticas. Anna Carolina explica que cada criança passa por um processo de aprendizagem específico, de acordo com as suas condições de aprendizagem e o meio onde está inserida. Portanto, cabe ao alfabetizador ter esse olhar e agir de acordo com as especificidades dos alunos. “Estar alfabetizado é muito mais que se apropriar de um sistema de códigos. É a possibilidade de agir com autonomia no mundo escrito. A criança alfabetizada interage com a escrita em diferentes contextos, lê e produz textos com objetivos diversos. A falta da apropriação desse sistema e de autonomia nesse processo traz sérias consequências para a vida escolar das crianças”, alerta a coordenadora. A formação dos alfabetizadores acontece na perspectiva do programa. Nessa proposta os próprios professores formam uns aos outros. O trabalho inicial parte das universidades parceiras na formação. “Aqui no Estado contamos com o apoio da Universidade Federal de Santa Maria e da Universidade Federal de Pelotas. Elas fazem o suporte necessário para que os professores orientadores de estudos realizem a formação e o acompanhamento dos alfabetizadores. É uma proposta ousada, que une instituições de Ensino Superior, Seduc e escolas.”
PNE A alfabetização de todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do Ensino Fundamental é a quinta entre as 20 metas do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado na Câmara dos Deputados, no dia 3 de junho. O texto original, redigido pelo Poder Executivo, pedia a alfabetização até, no máximo, os oito anos de idade. Mas a meta foi modificada outras vezes. No Senado, por exemplo, foi instituído alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os oito anos de idade, durante os primeiros cinco anos de vigência do plano; no máximo, até os sete, do sexto ao nono ano de vigência; e até o final dos seis anos de idade, a partir do décimo ano. No total, foram quase quatro anos de análises e discussões – considerando apenas a fase de tramitação do projeto de lei, uma vez que os debates que reuniram as propostas do governo e da sociedade para a Educação tiveram início na Conferência Nacional de Educação (Conae) de 2010.
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Termômetro Até o mês de agosto devem ser publicados os resultados da primeira edição da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), aplicada no ano passado pelo INEP para avaliar o nível de alfabetização dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental. O teste deve ser anual. Antes da criação da ANA, foram realizadas duas edições da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, mais conhecida como Prova ABC, iniciativa do movimento Todos Pela Educação e parceiros. Os dados da edição 2012 mostraram que 44,5% dos alunos do 3º ano apresentavam proficiência adequada em leitura, 30,1% em escrita e 33,3% em matemática.
Como foi feita a Prova A Prova ABC foi realizada pelo Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro e o INEP. Em 2012, foi realizada em escolas urbanas, públicas e privadas, com Ensino Fundamental, envolvendo alunos de 2º e 3º anos. Ao todo, foram avaliados cerca de 54 mil estudantes, 2 mil de cada unidade da federação. De acordo com o Anuário da Educação Básica, lançado no início de junho pela Editora Moderna e movimento Todos pela Educação, foram coletados dados relativos a fatores que podem impactar os resultados de cada escola. Assim, juntamente com o desempenho dos alunos, foram levantadas informações sobre a infraestrutura das instituições, formação de professores, gestão e organização do trabalho pedagógico. Dados da Prova ABC 2012 revelam ainda, que o percentual de crianças de 3º ano que atingem o mais alto nível de proficiência no Norte é a metade do verificado no Sudeste do país. A avaliação ocorreu em 600 municípios de todo o Brasil, incluindo todas as capitais. Em cada escola, foram selecionadas duas turmas: uma do 2º ano e uma do 3º ano do Ensino Fundamental. Metade dos alunos realizou a prova de leitura e a outra metade a de matemática (20 questões cada). E todos os alunos fizeram a prova de escrita. Por conter 20% de suas questões fornecidas pelo banco de itens do INEP/MEC, os resultados da Prova ABC em leitura e em matemática puderam ser calibrados na escala do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e são divulgados em três faixas de proficiência: percentual de alunos abaixo dos 125 pontos, entre 125 e 175 e acima dos 175 pontos. Os resultados em escrita são divulgados também em três faixas de proficiência: abaixo dos 50 pontos, entre 50 e 75 e acima de 75 pontos.
ALFABETIZAÇÃO
PORCENTAGEM DE ALUNOS POR FAIXA DE PROFICIÊNCIA EM LEITURA (3º ANO): Rede Pública
28,1%
menos de 125 pontos
32,3%
39,7%
30,8%
44,5%
38,5%
46,9%
35,9%
51,2%
de 125 a 175 pontos
mais de 175 pontos
BRASIL Rede Total
24,6%
menos de 125 pontos
de 125 a 175 pontos
mais de 175 pontos
Rede Pública
14,6%
menos de 125 pontos
de 125 a 175 pontos
mais de 175 pontos
REGIÃO SUL Rede Total
13,0%
menos de 125 pontos
de 125 a 175 pontos
mais de 175 pontos
Para compreender os resultados da Prova ABC, é importante ter em mente o que significa o patamar de 175 pontos na escala do SAEB. Por exemplo, em leitura, os alunos que alcançaram essa pontuação identificam o tema de um texto assim como seus personagens, e estabelecem relações de causa e consequência entre as informações contidas no enredo.
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VALORES
Não há educação sem desenvolvimento integral, diz psicóloga Conflitos, distorção de valores, internet utilizada sem orientação e reflexão são questões que têm tirado o sono de pais, professores e estudiosos da Educação. Para tentar entender todo esse turbilhão, conversamos com Daniella Caletti. Psicóloga, psicopedagoga, professora, com formação em coaching e especialização em Educação a Distância, tendo trabalhado com alfabetização de crianças e adultos, Daniella falou à Mestres + sobre como transmitir valores a essa geração tão influenciada pelos múltiplos estímulos oferecidos a todo tempo, em todo o lugar.
Numa sociedade de culto ao descartável, com o imediatismo cada vez mais evidente e presente, como transmitir valores aos alunos dentro da sala de aula? Compreender a educação como uma prática exclusiva à aquisição de conhecimentos já não contempla mais a necessidade e importância do desenvolvimento integral do sujeito. Vivemos uma era de demanda exagerada. São muitas as possibilidades, informações velozes, e a impulsividade em viver e experimentar é fomentada através das diferentes formas de relação. Tornou-se um desafio ao docente a tarefa de desenvolver integralmente o sujeito, sustentar além de conteúdos e sistemas, prezar pelos princípios e valores que constituem uma esfera comportamental que será a base para que o uso do conhecimento seja sabiamente aplicado. Esta convicção definitivamente não é nova; mostrou-se e mostra-se presente na ação pedagógica de muitos professores; com maior evidência, talvez, na Educação Infantil, mas ainda objeto de discussão nas formações docentes. A relevância em trabalhar valores no ambiente educativo perpassa a promoção de uma consciência individual, do discernimento e clareza pessoal, a promoção de uma consciência coletiva, de sentimento de grupo, de pertencimento e hábitos democráticos. A transmissão de valores passa pela criação
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de estratégias de ensino, onde este conteúdo vai além do caráter moral e cívico, direcionando-se também para a saúde, o consumismo e a sustentabilidade.
O que os jovens de hoje entendem por valores? Como assimilam as virtudes ligadas ao patriotismo, trabalho, honestidade, altruísmo e coragem? Hoje existe muito de tudo. Temos acesso a muita coisa e a escolha não está mais enraizada em algo concreto. A era da conectividade encarregou-se de criar novos conceitos, linguagens e comportamentos. Motivar-se tornou-se cada vez mais difícil (o que era motivação no passado, hoje não é mais). Ser jovem é ainda sinônimo de ousadia, mas com um novo teor: a rapidez. Eles buscam na internet o que precisam saber, mas não têm filtro - embora achem que tenham - pois afirmam saber uma porção de coisas. Porém, este conhecimento é muito vazio, pois não é um saber. Esperar o momento para alcançar um objetivo, deter-se no processo em prol do resultado final, definitivamente não é característica desta juventude, e embora a instituição educativa tenha grandes possibilidades em integrar os conteúdos de caráter reflexivo, ainda assim, não poderemos deixar de mencionar e atrelar a grande parcela de reponsabilidade à instituição família, considerada o primeiro vínculo social da criança.
VALORES
Que abordagens pedagógicas podem ser utilizadas para o desenvolvimento dos valores? A abordagem educativa que tem em vista a integração de valores implica a criação de estratégias pedagógicas específicas. Deve-se ter como ponto de partida a realidade do indivíduo: simular situações, promover debates, explorar filmes, filtrar as notícias atuais até a análise reflexiva de dilemas morais encontrados no dia a dia. São múltiplas as contribuições que o processo educacional que integra valores, promove no desenvolvimento da criança e do jovem. O acesso às redes sociais deve ser utilizado de forma sábia. Nesses programas o professor viabiliza o interesse dos participantes, porque estará explorando ferramentas eficazes e muitíssimo presentes em suas vidas.
Currículos que enfatizam mais as condutas do que os raciocínios podem ser uma boa estratégia na eficácia da transmissão e assimilação de valores? As competências técnicas são e sempre serão importantes de serem trabalhadas, mas cada vez mais precisamos de espaços educativos que se voltem ao desenvolvimento e aprimoramento das competências comportamentais, desenvolvidas através do trabalho que envolva hábitos e atitudes corretas do sujeito. Não basta saber, é preciso querer fazer o que se sabe.
O conhecimento perpassa pela questão dos valores. É muito difícil um professor que tem na sala de aula várias pessoas de culturas diferentes, não debater, não explorar. Há professores que fazem isso com muita facilidade. Têm feeling e dedicação para isso. Pessoas que estão envolvidas nesta atmosfera do outro e não só preocupadas em fazer sua parte de ensinar. Existe uma vertente que acredita que trabalhar valores é importante, bem como, atitudes, princípios e moralidade. Mas há profissionais que infelizmente jogaram a toalha.
E quanto aos efeitos em longo prazo? O funcionamento do sujeito enquanto aluno se repete no mundo corporativo. Nos últimos anos me debrucei muito sobre essa questão de carreira e treinamentos, dentro de um cunho docente, de ministrar conhecimento, desenvolver. Não vejo a educação não atrelada ao desenvolvimento integral, à questão de valores e princípios. Não vamos fugir disso. Lá na frente você percebe o desenvolvimento das pessoas quando adultas, num ambiente corporativo. Como têm a capacidade de discernir o certo do errado, o justo do injusto. Hoje as pessoas estão muito preocupadas com profissionais de alta performance, enquanto que, em qualquer treinamento de liderança, se fala que não basta ter conhecimento se não souber aplicá-lo, gerir pessoas e relacionar-se com elas.
Hoje as escolas estão se debruçando sobre este olhar não apenas da aquisição e transmissão do conhecimento, do processo ensino-aprendizagem, mas também os professores se deram conta de que não basta ficar em volta do conteúdo, teoremas e sistemas. Existem outros conteúdos de uma ordem muito mais profunda que podem e devem ser trabalhados neste ambiente coletivo.
O preparo dos educadores passa também por sua própria leitura de mundo e pelo que consideram salutar, como seres humanos? Ao professor cabe experimentar-se... quando eu ensino, eu também aprendo; quando eu desenvolvo alguém, eu também me desenvolvo... a clareza de seu papel de educador precisa ser evidenciada. Existe a forma como eu percebo o mundo ao meu redor e a forma como eu percebo o meu mundo interno. Este discernimento é parte da formação de quem desenvolve pessoas. O manejo precisa ser adequado, utilizar uma metodologia aplicável e acima de tudo ter a consciência da responsabilidade social.
“Hoje existe muito de tudo”, afirma a psicóloga
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DIÁLOGOS COM O DIREITO
O direito à nomeação e o princípio do
CONCURSO PÚBLICO Foi definido em julgamento do RE 598099[1] em Repercussão Geral, pelo STF, o direito subjetivo à nomeação dos candidatos aprovados em concurso público dentro do número de vagas divulgadas no edital. Quanto aos candidatos aprovados além das vagas previstas no edital ou aqueles em cadastro reserva, a nomeação ao cargo público é apenas uma expectativa de direito, ou seja, dependerá da necessidade da Administração em preencher as vagas que eventualmente surgirem. Exceção correria se o Poder Público, durante o prazo de validade do concurso, contratar-se, de forma precária (via contratos temporários/emergenciais), servidores para preencher vagas. Nessa hipótese, há direito líquido e certo à nomeação do candidato aprovado para cadastro reserva ou além das vagas previstas inicialmente para o cargo. Conduta recorrente da Administração é a não nomeação de candidatos aprovados dentro do número de vagas previstas no edital, mantendo ativos contratos temporários e/ou emergenciais em flagrante preterição dos aprovados em concurso público.
De todo modo, é indiscutível que a mora na nomeação dos candidatos causa danos, por preterir os aprovados com a contratação de profissionais de forma precária para preenchimento das vagas disponíveis, malferindo patrimônio jurídico do certamista preterido. Por conta disso, há precedentes no Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do próprio Superior Tribunal de Justiça, assegurando direito à indenização pela preterição da nomeação. A natureza da indenização é variável. Não se estaria a falar, por exemplo, de pagamento de salário de forma retroativa, como dito anteriormente, mas de uma indenização tendo por parâmetro o salário que o candidato perceberia se tivesse sido nomeado no prazo. Posto isso, é viável buscar o reconhecimento desses danos perante o Poder Judiciário, de modo a restabelecer a ordem jurídica e reparar o mal causado pela omissão do Estado aos concursados que, embora aprovados, veem- se frustrados em sua tão esperada nomeação e posse.
Discute-se, então, se os candidatos preteridos à nomeação ao cargo público possuem direito ao ressarcimento, ainda que de ordem imaterial, pelo agir omissivo do Poder Público. O entendimento está dividido nos tribunais pátrios. A posição predominante, embora longe da unanimidade, é a de que os candidatos preteridos ao cargo público não possuem direito à remuneração do período em que poderiam ter sido nomeados e não o foram, eis que o salário pressupõe uma efetiva prestação de serviço.
Ana Amélia Piuco
Advogada especialista em Direito pela UFRGS
[1]EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. 2. Direito líquido e certo à nomeação do candidato aprovado entre as vagas previstas no edital de concurso público. 3. Oposição ao poder discricionário da Administração Pública. 4. Alegação de violação dos arts. 5o, inciso LXIX e 37, caput e inciso IV, da Constituição Federal. 5. Repercussão Geral reconhecida. (RE 598099 RG, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, julgado em 23/04/2009, DJe040 DIVULG 04032010 PUBLIC 05032010 REPUBLICAÇÃO: DJe045 DIVULG 11032010 PUBLIC 12032010 EMENT VOL0239305 PP01004 )
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gestão
da
Educação Básica
01. 02. 03. Fonte: Agenda 2020
Inflexibilidade orçamentária do governo Reduzida capacidade de aplicação de recursos em Educação devido ao orçamento do Estado arcar com elevadas despesas previdenciárias.
PLANO DE CARREIRA O MAGISTÉRIO DESATUALIZADO Lei de 1974, com mais de 35 anos, anterior à Constituição de 1988, LDB de 1996, FUNDEF/FUNDEB etc. Pirâmide de formação invertida (mais de 80% do magistério com formação superior e especialização – positivo), mas grande diferença entre níveis da carreira, mantendo vencimento inicial baixo. Vencimentos insuficientes, compensados por adicionais e gratificações. Remuneração desatrelada da melhoria do ensino (tempo de serviço, frequência a capacitações, gratificações, e não à aprovação e aprendizagem dos alunos). Insustentabilidade da previdência devido às regras de incorporação aos proventos dos valores da ampliação da jornada semanal de trabalho e gratificações.
AUSÊNCIA DE PAUTA MÍNIMA DE NEGOCIAÇÃO Relação entre governo, magistério e sociedade é marcada por conflitos entre sindicato dos professores e diferentes governos do Estado.
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GESTÃO
agenda 2020 Mais de 400 voluntários, entre trabalhadores, empresários, representantes do poder público, professores e representantes de ONGs estiveram reunidos no evento Desafios do RS, promovido pela Agenda 2020, no mês de junho, em Porto Alegre. O sonho da entidade é tornar o Rio Grande do Sul o melhor Estado para se viver e trabalhar até o ano de 2020.
O objetivo principal foi mobilizar e reafirmar os compromissos assumidos pela Agenda desde a sua criação, em 2006. Os trabalhos englobaram 11 diferentes temas – educação, saúde, segurança, agronegócio, cidadania e responsabilidade social, desenvolvimento regional, desenvolvimento de mercado, meio ambiente, infraestrutura, inovação e tecnologia, e gestão pública. Retomar o protagonismo que o Estado já teve no Brasil, foi o principal compromisso firmado no encontro. Na Educação, por exemplo, o RS deixou de ser o Estado referência no país há mais de 30 anos. “Para retomarmos esta condição, precisamos melhorar muito na gestão dos recursos, implantar sistemas de avaliação dos professores e, com isso,
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gerar as condições para a valorização do magistério. Sem reestruturação do plano de carreira e compromisso com resultado, não retomaremos a condição de protagonismo que já tivemos na Educação”, observa Ronald Krummenauer, diretor executivo da Polo RS Agência de Desenvolvimento e da Agenda 2020. Na gestão pública, é preciso gerar as condições para a retomada dos investimentos públicos, uma vez que o Rio Grande é o Estado que menos investe em relação a sua receita no Brasil. O déficit da previdência pública estadual ultrapassa os R$ 6 bilhões anualmente. “São situações que precisam ser atacadas e com custo político muito alto. Quem se habilita?” Para o diretor, a sociedade e o poder público devem entender que os bons projetos precisam de continuidade ao longo dos diferentes governos. “O mundo não inicia e termina num prazo de quatro anos. Um bom exemplo, no RS, foi a continuidade dos investimentos em parques tecnológicos. O início foi a aprovação da Lei de Inovação e Tecnologia em 2009 e que não sofreu interrupção na mudança de governo”, recorda. O avanço maior é a implantação de uma agenda de longo prazo. O entendimento é no sentido de que não é possível resolver todos os problemas em um mandato de governo. Outro aspecto importante é o espaço para que a sociedade possa colaborar na elaboração de propostas em diferentes áreas. A Agenda é da sociedade, e os objetivos são voltados para ela. No total, são 96 propostas, 37 projetos, 165 instituições envolvidas, 450 reuniões realizadas e 16.800 horas de trabalho voluntário até o momento. “Ensino não serve só para olhar para trás” A afirmação é de Humberto Busnello,
presidente do Conselho Superior da Polo RS e Agenda 2020, que defende que as ações necessárias para a retomada da qualidade da Educação são de caráter estrutural e envolvem o compromisso do poder público, do setor privado e da sociedade com a qualidade do ensino. Um exemplo é o valor de R$ 2,7 bilhões, que representa o ganho adicional de recursos pela desoneração do orçamento da Educação do custo previdenciário. Dados levantados pela Agenda levam à conclusão de que foi grande a queda no nível de Educação na rede estadual e que na rede particular não está adequado. “Gastamos mais do que muitos países em Educação.” Dos 65 países avaliados pelo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), o Brasil está em 55º no ranking de leitura, 58º no de matemática e 59º no de ciências. “O que estamos ensinando, se na avaliação ficamos lá embaixo? Não podemos ser cegos aos números ou ao ensino, que está mal. Os professores estão mal e os alunos estão captando mal”, constata, refor-
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çando que é preciso ensinar as pessoas a raciocinar e não apenas decorar. O presidente diz que o reflexo se dá no mercado de trabalho. Uma pesquisa em que foram analisados 700 setores nos EUA, aponta que, entre os postos de trabalho fadados a desaparecer, os que lideram são os que envolvem atividades repetitivas. Em seguida aparecem as atividades que requerem inteligência para controlar as máquinas, mesmo as mais eficientes e avançadas. “O que não vai desaparecer é o que precisa de inteligência, gestão e análise.” Por outro lado, pesquisas revelam que é um grande avanço haver mais jovens nas universidades. No Brasil, 9% dos profissionais que entram no mercado possuem nível superior, contra 40% nos Estados Unidos.
Hoje o Brasil forma 35 mil engenheiros por ano. Na Coreia são formados mais de 80 mil, devido ao raciocínio lógico, que faz com que contem com alta tecnologia. “O melhor para um país em construção, é a tecnologia”, defende Humberto, que conclui: “Nossa geração não pode ser acusada de conformismo, de assistir de braços cruzados”, ao se referir às metas almejadas pela Agenda 2020. Um dos grandes projetos da Agenda para a Educação trata da Universalização da Educação Básica de Qualidade. O resultado esperado envolve a melhoria do nível de educação da sociedade, melhoria na formação profissional, maior crescimento econômico e desenvolvimento sustentável para o Estado. Entre os pilares: o acesso e permanência e a avaliação da aprendizagem, bem como, valorização do magistério e recursos.
sem mudanças profundas, haverá falta de profissionais Há três anos a professora Luana Frantz leciona Ciências na Escola Estadual Instituto de Educação General Flores da Cunha, em Porto Alegre. Seu salário bruto atual é de R$ 1.025,00 para uma jornada de 20 horas semanais. Estudante de escola pública durante a educação básica e graduada em Ciências Biológicas pela UFRGS, Luana é mestra em Educação Ambiental pela FURG. “Sempre admirei o papel transformador que o professor pode ter através do seu trabalho. Pensar em exercer esse papel na vida dos meus alunos foi o que me motivou a escolher a licenciatura”, conta. Sobre sua relação com os alunos, Luana afirma que tenta manter um ambiente agradável na sala de aula, por acreditar que a escola deve ser um lugar acolhedor, onde os alunos possam se sentir bem. Para ela, uma boa relação com os alunos torna o trabalho menos estressante. E o que falta ao Brasil para levar a Educação a sério? “Falta interesse tanto político quanto da população em geral. As pessoas só se lembram do processo educacional quando estão inseridas nele, como alunos ou pais de alunos. Depois desse momento qualquer outra área, como saúde ou segurança, parece ser prioridade. Mas o problema é que todas as defasagens sociais perpassam pela Educação, e esta deveria ser prioridade no país. É preciso se lembrar disso sempre, principalmente em períodos eleitorais”, alerta.
Questionada sobre o preparo dos professores no Estado, Luana constata que eles acabam sendo o elo mais fraco de um sistema de ensino totalmente sucateado. Para ela, falta um aprimoramento profissional sim, mas isso se torna quase utópico quando a realidade das escolas é extremamente precária. E questiona de que adianta fazer cursos de inclusão digital, por exemplo, se a única tecnologia disponível é um simples quadro negro. Não há laboratórios, nem computadores. “A Educação como um todo está estagnada, e com os professores não é diferente. Para piorar, perdemos semanalmente horas preciosas de estudo e formação com uma carga de burocracia interminável, exigências das secretarias de Educação e afins.” Na análise da professora, houve uma grande evolução no último século em todas as áreas da sociedade; o único espaço que permanece intacto é a escola. Por todas as razões expostas, Luana não acredita que a profissão gere encantamento nos jovens que estão ingressando na universidade. “Ainda é uma profissão muito admirada por todos, mas poucos valorizam realmente o professor. É preciso quebrar essa ideia de que, por ser uma profissão muito gratificante, os professores aceitarão baixos salários e péssimas condições de trabalho. Se isso não se modificar, certamente irão faltar professores no futuro.”
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cidadania O problema se estende, na visão de Busnello, à falta de respeito com o professor, processo que vem de dentro de casa. Muitos pais acreditam que hoje tudo é culpa do professor e não querem saber se o seu filho é, ou não, culpado em determinada situação.
“Disciplina, respeito, hierarquia, são fundamentais. É função do pai e da mãe proteger o filho, mas é no erro que acontece o discernimento. A família é o fator principal dos pilares éticos, e os valores têm que vir do berço”, reflete.
Destacam-se na Pauta dos Professores:
• unificação do valor hora-aula dos professores de Porto Alegre que recebem R$ 6,35, para o valor de R$ 7,40; • unificação do valor hora-aula dos professores dos demais municípios que recebem R$ 5,00, para R$ 6,50; • aplicação de 10% de reajuste sobre os valores hora-aula já unificados; • redução de quatro para três anos para a obtenção do adicional por tempo de serviço; • pagamento de adicional de 5% por aprimoramento acadêmico para professor com graduação.
BAIXOS SALÁRIOS A remuneração média dos professores brasileiros é equivalente a 51% do valor médio obtido, em 2012, pelos demais profissionais com nível superior completo. Há sete anos, esse porcentual era de 44%. Atualmente, o salário médio do docente da educação básica no país é de R$ 1.874,50. Essa quantia é três vezes menor que o valor recebido por profissionais da área de Exatas, como, por exemplo, os engenheiros. O Sindicato dos Professores do Ensino Privado do RS - Sinpro/ RS, se mobilizou no início de junho, para alertar a sociedade sobre os baixos salários dos professores das escolas privadas, exclusivamente de Educação Infantil em todo o Estado. A mo-
bilização fez parte da Campanha Salarial 2014, que reivindica a unificação do valor hora-aula dos docentes, que possuem diferentes valores para capital e interior. “Entre as justificativas está a comprovação de que os valores recebidos atualmente pela categoria estão abaixo do piso nacional do magistério e mínimo regional, o que demonstra que os docentes da Educação Infantil recebem menos que os professores do ensino público. Esta realidade desestimula os professores a atuarem nesse nível de ensino, provocando alta rotatividade nas escolas”, relata Celso Stefanoski, diretor do Sinpro/RS.
Salário da Educação Infantil X Magistério Público e Mínimo Regional EDUCAÇÃO INFANTIL – ENSINO PRIVADO PARA 40H
(corresponde ao técnico de nível médio)
Porto Alegre
6,35 h/a
1.333,50
Demais municípios
5,00 h/a
1.050,00
Magistério público nacional
1.697,00
Salário mínimo regional (faixa 5)
1.100,00
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GESTÃO
excesso de alunos O Sinpro/RS publicou no site www.limitedealunosporturma.com.br levantamento sobre o excesso de alunos por turma, praticado em 2014, nas escolas de educação básica no Rio Grande do Sul.
à qualidade do ensino. Em breve o Sinpro também vai divulgar as instituições de ensino superior privadas com excesso de alunos.
A pesquisa revelou turmas com excesso de estudantes em 54 escolas de educação básica em 23 cidades no Estado. Apenas na capital, são 22 instituições com o número de alunos em sala de aula acima dos limites indicados pelo Sindicato, sendo a maioria delas no Ensino Fundamental.
O levantamento foi feito junto aos professores do ensino privado que, por um formulário eletrônico enviado pelo sindicato, indicaram as turmas com o problema. No site desenvolvido para a campanha, pais, estudantes e a comunidade em geral também podem se manifestar sobre o assunto.
A lista completa com nome da escola, cidade e nível de educação pode ser acessada no site. Desde 2010, o Sindicato vem monitorando as instituições de ensino e denunciando o excesso de alunos por turma como fator de adoecimento dos professores e de prejuízo
Veja lista completa no site: www.limitedealunosporturma.com.br
Limitação de Alunos por Turma Reivindicada pelo Sinpro/RS:
educação básica ENSINO INFANTIL
0 a 2 anos: 3 a 4 anos: 5 anos:
7 alunos 15 alunos 20 alunos
ENSINO FUNDAMENTAL
1º ao 5º: 6º ao 9º:
25 alunos 35 alunos
ENSINO MÉDIO
40 alunos educação SUPERIOR
50 alunos
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Literatura Escrita Desenho Ilustração Quadrinho Crianças Fantasia Arte Leitura Jovens EVA FURNARI: Reflexão Educação Clássicos ObVelhos conhecidos do público, texto rasEnsinoAlfabetização Crescie ilustração marcam obras da autora mento Sociedade Democracia Respeito Complexidade Criação BibliotecaTirinhas Professores LITERATURA
Em 1950 Roma presenteou o Brasil com o talento de uma italiana que passou a viver em São Paulo desde os dois anos de idade. Hoje, aos 66 anos, Eva Furnari conta com mais de 60 livros publicados. Sua carreira de escritora e ilustradora de livros infantis e juvenis teve início na década de 80, época em que colaborou como desenhista em diversas revistas, recebendo o Prêmio Abril de Ilustração em 1987.
Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo,foi professora de artes e possui livros adaptados para o teatro - Lolo Barnabé, Pandolfo Bereba, Abaixo das Canelas, Cocô de Passarinho, A Bruxa Zelda e os 80 Docinhos, A Bruxinha Atrapalhada, Cacoete e Truks, sendo que esta última recebeu o prêmio Mambembe em 94. Com livros publicados no México, Equador, Guatemala, Bolívia e Itália, ao longo de sua carreira, Eva conquistou diversos prêmios. Entre eles, recebeu por sete vezes o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e foi premiada oito vezes pela FNLIJ (Fundação do Livro Infantil e Juvenil), recebendo o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) pelo conjunto da obra. Foi vencedora do concurso promovido em 2000 pela Rede Globo de Televisão para a caracterização dos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo.
Em entrevista à Mestres +, Eva fala de sua forte vertente visual marcada pelo início da carreira voltada ao desenho. Para ela, escrever ou ilustrar depende do momento. “Às vezes estou mais interessada em escrever e em outros momentos em ilustrar. Quando tenho uma ideia pedindo para ser expressa, prefiro escrever”. Sobre o formato tradicional do livro ser prejudicado pelo surgimento dos e-books, na visão da escritora, há espaço para ambos. Ela acredita que o livro não vai acabar, justamente por ter mais afinidade com o corpo, ou seja, este contato proporciona intimidade e recolhimento, não permitidos pelas formas eletrônicas. Hoje vivemos uma época em que se afirma que as pessoas leem pouco. Entretanto, vemos surgir alguns bestsellers que não são fruto de autores de academia ou intelectuais, mas sim, como resultado de uma história bem contada, com qualidade, onde se ressalta o aspecto humano.
A leitura de textos não é inata, por isso é importante que pais e professores estimulem as crianças e jovens.
Eva Furnari veio para o Brasil aos dois anos de idade
Reflexão A escritora brinca ao afirmar que tem uma teoria: Cada vez que a sociedade vive um momento em que não quer discutir determinados assuntos, os artistas e escritores captam essa inquietude e a transformam em arte. Um exemplo é o livro A Culpa é das Estrelas, que conta a história de uma menina com câncer. “Vivemos uma época em que a sociedade nega a morte e a velhice.” Harry Potter trata a magia como transcendência da materialidade. É voltado para jovens que foram criados, em grande parte, sem religião. Na obra Crepúsculo, o vampiro suga o sangue, que representa a vida. Eva reflete sobre a profunda transformação da sociedade no século XX, em que saímos de um sistema autoritário, patriarcal, centralizador, passando pela transição para a democracia.
LITERATURA
O movimento de contracultura na década de 60, aliado ao desenvolvimento do capitalismo, dos Meios de Comunicação de Massa e à revolução feminista, mudaram o sistema em que as pessoas acreditavam. Com o autoritarismo desacreditado, abriu-se espaço para um caminhar em direção de experimentar a democracia, o que afeta profundamente as crianças e a Educação. “Vivemos um momento em que pais e sociedade estão experimentando e construindo uma forma de educar dentro da democracia, o que é muito complexo”. Ela completa que democracia não é um mar de rosas, pois reflete um conflito instalado. “Como fazer acordos em multiplicidade de desejos e opiniões?”, questiona. A escritora defende a boa intuição no resgate à autoridade e liderança. É preciso saber o que é importante para a criança (comer, dormir, ter valores saudáveis). “As pessoas estão confusas em atender as necessidades dos filhos e se excedem. Educar implica em fazer o filho sofrer, pois a vida não perdoa. Limite é algo saudável. A questão é que os princípios fundamentais ficaram confusos com as mensagens subliminares aliadas à manipulação social”, observa. Aos professores, Eva Furnari deixa uma mensagem de simpatia e admiração e sua gratidão pela parceria e prestígio por eles proporcionados. Suas obras são utilizadas nas escolas, desde a alfabetização ao Ensino Fundamental.
A obra explora o mundo da fantasia com a bruxa Zelda e seu assistente Astolfo.Da Coleção Do Avesso, da Biblioteca Eva Furnari, o livro ganha sua segunda edição 20 anos após sua primeira publicação.
Literatura Escrita Desenho Ilustração Quadrinho Crianças Fantasia Arte Leitura Jovens Reflexão Educação Clássicos ObrasEnsinoAlfabetização Crescimento Sociedade Democracia Respeito Complexidade Criação BibliotecaTirinhas Professores “Lamento a mentalidade do brasileiro que não respeita o professor. Isso tem que vir da família, da sociedade em geral, do governo. Nossos professores ganham pouco, com tamanha e fundamental missão. Alemanha e Japão saíram da guerra investindo em Educação. O Brasil é um país jovem, que caminha com as próprias pernas há apenas 300 anos. Nos Estados Unidos a profissão de professor é uma das cinco mais desejadas e respeitadas. Temos que fazer a cabeça dos pais para que respeitem e ensinem isso aos seus filhos”, conclui.
Moderna
Recentemente a Editora Moderna (que edita os livros da autora) reeditou o livro A Bruxa Zelda e os 80 Docinhos.
O clássico infantil faz companhia aos outros sucessos da autora como Amarílis e Rumboldo e foi vencedor do Prêmio Jabuti de melhor ilustração de livro infantil e Altamente Recomendável pela FNLIJ em 1994.
Na área de Literatura,a Moderna desenvolve conteúdos para que o aluno-leitor – desde a Educação Infantil até o Ensino Médio – ative sua capacidade de compreender, analisar e refletir. Com obras de ficção, não ficção e arte, o selo oferece recursos para que o professor tenha a sua disposição diferentes oportunidades de ensino, tais como: um plano leitor, apresentando os níveis de dificuldades de cada livro; um projeto de leitura, sugerindo atividades criadas por especialistas; e uma assessoria pedagógica específica para a necessidade da escola.
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tração Quadrinho Crianças antasia Arte Leitura Jovens flexão Educação Clássicos ObEnsinoAlfabetização Cresciuxinha Zuzu ento BrSociedade Democracia speito Complexidade Criação ibliotecaTirinhas Professores LITERATURA
s a partir de ari, a obra é destinada a criança Escrita e ilustrada por Eva Furn de qualquer mão indo Abr . a em sala de aula cinco anos e bastante utilizad no mundo imagens, a escritora nos introduz texto e fazendo uso apenas de ca: bichos lógi a outr e há o predomínio de mágico da Bruxinha Zuzu, ond sonho e e entr s teira fron as nos outros e e objetos se transformam uns uma bruxa nista Zuzu está longe de ser realidade são tênues. A protago ca está no nun se ulsiva, atrapalhada, ela qua malvada e temível: doce, imp licou sepub Eva . dão con de sua varinha de controle dos efeitos mágicos infantil ento lem sup no a xinh Bru histórias da manalmente, por quatro anos, do jornal Folha de S. Paulo.
Problemas Boborildos
A garotada com idade a partir de oito anos é o público-alvo deste livro. Quando se trata dos Boborildos, bichos dramáticos e um tanto bob os, os problemas de matemática são muito mais do que meras subtrações, adições, multiplicações, divisões: eles envolvem questões de ordem psicológica, econ ômica, existencial, quase metafísica. Sim, porque, de acordo com a autora, os Boborildos têm a extraord inária habilidade de criar um dramalhão por causa de qualquer coisa.
Literatura Escrita Desenho Il ustração Quadrinho Crianças Fantasia Arte Leitura Jovens Reflexão Educação Clássicos ObrasEnsinoAlfabetização Crescimento Sociedade Democracia Respeito Complexidade Criação Felpo Filva
alureceita e autobiografia é o que Poema, fábula, manual, carta, obra ta nes tram Fundamentalencon nos do 4º e 5º anos do Ensino oo Filva conta a história de um fam Felp . inas pág 56 composta em que reois dep a mad sfor tran vida so poeta e escritor que tem sua s ari utiliza os mais diferentes tipo cebe a carta de uma fã. Eva Furn rsas dive as com r leito to do jovem de textos e cria um contato dire as lho solitário que escreve cois coe o o, Felp rita. esc da funções gran e elop surpreende com um env bonitas, mas muito tristes, se ca nun de sar Ape m. de fita de ceti de, lilás, amarrado com um laço não aguenta a curiosidade, abre ele ia, ênc ond esp corr abrir uma só muda. vida o envelope e, a partir daí, sua
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FAMÍLIA
S O C I D Í R U J S O T C E P S A o af e t i v o do a b a ndo n
Recentemente, duas demandas envolvendo abandono afetivo chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), vindo a Corte decidir, em última instância, sobre o dever do pai ou mãe de indenizar a ausência de afeto para com sua prole. Ocorre que estas decisões foram divergentes, o que nos obriga à reflexão mais profunda sobre o tema, para trazer para o mundo jurídico as novas realidades do mundo dos fatos.
O afeto, pois, passa a ter valor jurídico perceptível, e o Poder Judiciário tem considerado o cuidado com o infante, de extrema relevância para garantir a estabilidade psicológica do futuro adulto. Com raiz constitucional, a falta do afeto ganha repercussão no âmbito da responsabilidade civil, e o descumprimento das obrigações parentais é visto como causador de danos concretos, passíveis de indenização.
A Constituição do Brasil de 1988 estabeleceu como um dos fundamentos da República a dignidade humana, conferindo proteção constitucional à dignidade da criança, à convivência familiar e ao resguardo de qualquer tipo de negligência contra os menores. A tendência de inovação em termos e conceitos, trazida pela Constituição, culminou com a atribuição ao Estado do dever de caracterização da relação paterno-filial, modificando conceitos ultrapassados existentes no Código Civil de 1916.
As decisões judiciais, todavia, carregam simbolismo importante a ser compreendido, pois a compensação financeira pela ausência de afeto, no Direito de Família, reforça o caráter educativo dessa medida. Espalha esse efeito para além do processo judicial, visto que a ação por abandono afetivo tem foco na restauração do vínculo, para garantir a proteção do filho que teve degradada sua dignidade ou a quem foi negada a manutenção física e psíquica.
A família passa a ser mais do que apenas uma ligação sanguínea ou decorrente de fatores meramente econômicos. Fortalece as questões relativas à vivência e convivência, de cumplicidade entre seus membros e da necessidade de existir e subsistir do indivíduo. O direito das famílias insere no dicionário jurídico uma palavra que, praticamente, não existia: o afeto. Como leciona Paulo Lôbo, “enquanto houver affectio haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade, e desde que consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida não hierarquizada”, ou, segundo Spinoza, afeto corresponde a uma mudança que ocorre simultaneamente no corpo e na alma. No âmbito familiar, afeto significa criar vínculos tão profundos que serão alicerces da essência do ser humano, cuja ausência, segundo a psicologia, reforça a possibilidade concreta de transtornos e estresse emocional. Situações de carência ou ausência de afeto desenvolvem sentimentos que imprimem marcas fortíssimas na personalidade da criança, capazes de abalar o sentimento de amar e ser amado, de confiar e ser confiante. Por essa razão, o direito das famílias busca cada vez mais o equilíbrio, com respeito à dignidade da criança e a uma salutar convivência familiar.
A punição do ofensor e de todos aqueles pais ou mães que impõem vulnerabilidade excessiva ou negligenciam sua prole serve como “fator de desestímulo”, para punir os faltosos e possibilitar aos demais, a correção de rumos, minimizando a ausência e suprimindo a omissão ou malcuidado parental. Convém mencionar que a indenização por abandono afetivo tem caráter simbólico, e não deve ser considerada por aqueles que sofreram com abandono ou desamor uma loteria judicial, pois nossos Tribunais coíbem, sob todos os aspectos, o enriquecimento sem causa e costumam fixar com excessiva parcimônia as indenizações. A compensação financeira não é capaz de reconstruir as relações familiares desfeitas ao longo de anos de afastamento ou negação. A indenização tem caráter simbólico, vez que destina-se a prevenir ou remediar, como consequência da ação judicial por abandono afetivo, restaurando as relações entre os indivíduos, para que logrem resgatar sua dignidade e refazer laços apagados pelo tempo.
Márcio Sequeira da Silva Advogado, graduado pela PUCRS Pós-Graduado em Direito pela UFRGS
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TECNOLOGIA
Redes sociais
Aliadas da aprendizagem? Devemos nos instrumentalizar para explorarmos ao máximo esses recursos que as novas tecnologias colocam a nosso dispor a fim de que possamos, juntos, amadurecer e construir uma sociedade mais justa e um mundo melhor.
Qual o impacto do uso das redes sociais em sala de aula? Que embasamento pedagógico justifica o seu uso? De que forma utilizar Facebook e Twitter como ferramenta pedagógica? Em busca de respostas para estas e outras questões, conversamos com especialistas, estudiosos da área e professores, para entender qual deve ser a postura da escola sobre sua ação nas redes sociais, e descobrir se o uso dessas redes para disponibilizar materiais de apoio ou promover discussões online, é ou não uma realidade crescente nas escolas brasileiras.
colaborativo, a sensação de pertencimento por meio de debates, promovendo a construção coletiva de conhecimento. Considerando a utilização das redes no ambiente escolar como um exercício de cidadania digital, ela aposta na oportunidade de contato com outras realidades, com outras pessoas com problemas semelhantes aos nossos e com outras visões de mundo, além de outras possibilidades de soluções. Ainda não podemos dizer que as redes sociais já façam parte do dia a dia das esco-
Considerando-se que hoje a maioria das pessoas interage com amigos e grupos em redes sociais com diversas finalidades, é natural que essa forma de interação também passe a fazer parte do ambiente de sala de aula, formal ou informalmente.
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Na visão de Wanderlucy, estar conectado às redes é ter a possibilidade de interagir, refletir, conhecer, debater. “Devemos nos instrumentalizar para explorarmos ao máximo esses recursos que as novas tecnologias colocam a nosso dispor a fim de que possamos, juntos, amadurecer e construir uma sociedade mais justa e um mundo melhor”, conclui.
Show de Ciências
“Muitos alunos já se organizam nas redes sociais para discussão de diversos temas referentes à vida acadêmica, então por que o professor não pode também oportunizar atividades que envolvam o uso de redes sociais?” A pergunta é de Wanderlucy Czeszak, professora no curso de pósgraduação em Inovação em Tecnologias Educacionais, da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, e doutora pela USP, na área de Educação e Tecnologias. Ela defende que a interação por meio de redes sociais pode favorecer o trabalho
las brasileiras. “Infelizmente esbarramos em questões que tendem a se resolver com o tempo, mas que ainda são obstáculos significativos, como a falta de banda larga em muitas das escolas públicas, número insuficiente de computadores para atender todos os alunos, além da manutenção precária das máquinas e da falta de formação dos professores para lidar com as novas tecnologias.”
Este é o nome do projeto criado por Jonas Cordeiro de Oliveira, professor, pesquisador e investigador de processos de aprendizagem. Leciona Física, há 11 anos, na Escola Estadual de Ensino Médio Baltazar de Oliveira Garcia, e Ciências, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Professor Carlos Rodrigues da Silva, ambas em Porto Alegre.
Wanderlucy Czeszak é doutora na área de Educação e Tecnologias
Destinado aos alunos do 6º, 7º, 8º e 9º ano, o Show de Ciências consiste em experimentos criados para modificar a aula tradicional para um modelo mais próxi-
TECNOLOGIA
Já o Google docs permite o compartilhamento de informações e construção de pastas para as aulas que os alunos gravam e postam para compartilhar com quem não tenha este recurso. O uso do Youtube é voltado para a construção da rádio escola, caso o aluno pense nesta ferramenta. Jogos educativos e sites de pesquisa são indicados. Deste modo, a construção do conhecimento foca a produção textual em diversos formatos.
La Salle - o maior desafio não é a utilização das redes sociais e sim como usá-las para a aprendizagem
No começo de cada ano letivo é realizada uma reunião por turma. O projeto deve estar bem fundamentado, e a parceria da direção e demais regentes é importante, bem como o papel do responsável, que é significativo com o aluno pesquisador.
Caminho sem volta mo do construtivismo, interacionismo e outras linhas pedagógicas. Segundo Oliveira, este processo exigiu uma grande transformação no currículo devido aos seus desafios. “Para solucionar os desafios surgem, então, outros pilares da aprendizagem, na qual as Tics e as redes sociais serviram para aproximar o conhecimento entre aluno e professor, atuando como mediadores do conhecimento.” O uso da tecnologia assessora a acessibilidade da grande quantidade de trabalhos já registrados, pois o orientador tem como orientar a distância, aconselhar o uso da tecnologia no trabalho de pesquisa e socializar a informação de uma forma colaborativa. O objetivo é provocar uma chuva de questões sobre determinado assunto, tanto presencial quanto virtualmente, pois questões já realizadas não podem ser repetidas. “A ideia aqui é valorizar a diversidade, na qual as questões não ficam só vinculadas a ciências, mas a qualquer área do conhecimento que eles podem relacionar com o mundo científico”, esclarece.
As redes sociais são fundamentais no processo, pois com Facebook são realizados chats, para discussão de trabalhos de pesquisa a distância, principalmente quando o aluno não pode comparecer e tem acesso em casa.
Todos os anos divulgo os resultados pelo mesmo instrumento que utilizamos: Facebook, na qual muitos responsáveis e alunos fazem parte do meu ciclo de amigos. Este meio é profissional e facilita muito a comunicação.
O uso das redes para disponibilizar materiais de apoio ou promover discussões online veio para ficar. “É um processo em desenvolvimento, mas sem volta, pois a um click os alunos têm a informação que desejam”, constata a diretora do Colégio La Salle Dores, de Porto Alegre, Fabiane Franciscone. O fato é que o uso das redes sociais já faz parte da vida dos alunos e de muitos educadores. O que se precisa é preparar os professores e alunos para integrá-las no processo de aprendizagem de forma respeitosa e produtiva. A Rede usa o Facebook para informação de datas, eventos e divulgação de projetos culturais e iniciativas realizadas na escola. O projeto Meeting Experience, que trabalha empreendedorismo, criatividade e liderança, utiliza a ferramenta como espaço para o grupo partilhar o planejamento dos projetos, registrar as conquistas e aprendizagens, além de compartilhar os registros de imagens das ações realizadas, avaliando os resultados obtidos. O Colégio adota as redes como auxiliares às demais mídias (endereço eletrônico da
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TECNOLOGIA
escola, e-mails, material impresso). “Muitos pais possuem acesso e página nas redes sociais e acompanham as notícias através da escola e funcionários. Assim como facilita a transmissão de notícias emergenciais, a comunicação torna-se mais informal e muitas vezes rompe o limite da relação profissional.” Quanto ao preparo dos professores para trabalhar com as redes sociais em suas aulas, os educadores participam de reuniões semanais de planejamento pedagógico e capacitação, onde são apresentadas as novas tecnologias, as redes sociais e os softwares que podem contribuir para uma melhor aprendizagem dos alunos. Os professores também participam de cursos, palestras, congressos e feiras para se manterem atualizados. A diretora acredita que alguns valores ainda devem ser ressignificados no aspecto interpessoal. Esse, segundo ela, é o maior desafio da escola - não a utilização das redes sociais - que é fato, mas como utilizá-la para a aprendizagem, fazer o bem comum, propor soluções criativas benéficas para as pessoas, para uma comunidade ou sociedade. “O papel do educador lassalista é ter uma escuta atenta, um olhar de fé e ternura e uma ação planejada que visa contribuir na caminhada do outro em busca do bem viver”, finaliza.
Bom senso Luca Richbieter, consultor pedagógico do Portal Educacional, mantido pela equipe da Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática, acredita que o principal impacto das redes sociais em sala de aula é tornar ainda mais inviável o modelo tradicional de “dar aulas”. Segundo ele, com crianças e jovens cada vez menos dispostos a aceitar a forma escolar tradicional, a justificativa para o aproveitamento das tecnologias educacionais
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Positivo - Segundo Luca Richbieter as crianças e jovens estão cada vez menos dispostos a aceitar a forma escolar tradicional
Como usar as redes de forma adequada como aliadas da aprendizagem? Para Luca, as regras devem ser claras. A escola deve ser compreendida como um espaço específico, em que certas coisas são permitidas e outras não.
escrita. Sabemos que o mais importante na Educação Infantil é que os livros e as atividades de ler, rabiscar, desenhar e escrever sejam propostas na escola, em especial para as crianças que vivem em lugares em que a presença de histórias e de livros infantis não é marcante. O convívio com as tecnologias, na escola, poderia compensar muitos dos males da exclusão digital”, aponta.
“Desenvolvemos um espaço educativo que funciona como uma rede social, com algumas funcionalidades semelhantes ao Facebook. Mas acreditamos também no potencial de usarmos Twitter e outras ferramentas. Um bom exemplo é dado por Luli Radfihere que sugere, para professores de Ensino Médio, que lancem desafios como um ‘concurso de tweets à moda de Machado de Assis’. Percebam o tremendo potencial de um desafio destes, repetido com diferentes autores”, provoca.
Richbieter conclui, afirmando que, se queremos crianças e jovens que “prestam atenção”, precisamos prestar muita atenção neles. Há um potencial imenso de aprendizagens, pois jamais o acesso a tudo foi tão democratizado. “Cabe a escola, em vez de criticar e tentar fazer o que sempre fez, adaptar-se a essa nova realidade, para gerar uma explosão de aprendizagens como jamais se viu. Mas para isso, é preciso repensar os modos de ser e de fazer escola.”
Quanto a inclusão dos alunos que estão fora das redes sociais, a escola, nestes casos, tem uma função compensatória. “Acontece algo muito parecido com o que vemos no caso da aprendizagem da
O Portal Educacional é uma rede social educacional que utiliza elementos comuns às redes sociais e reúne conteúdo educacional multimídia organizado por área de conhecimento.
(TE) já se encontra nas velhas ideias da Escola Nova, que pregava uma pedagogia mais ativa e mais interativa.
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SALÁRIOS
SALÁRIOS ANUAIS NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS
grande parte dos servidores públicos. Não foi diferente com o magistério público estadual do Rio Grande do Sul. Perícias realizadas estimam que as perdas do magistério estadual ultrapassem 20%. Nenhuma das administrações posteriores ao Plano Real providenciou a correção da defasagem ocorrida por conta da economia indexada do período.
Vinte anos após o lançamento do Plano Real, em primeiro de julho de 1994, conversamos com o advogado Sérgio Cezimbra a respeito dos reflexos salariais no magistério neste período.
É possível reverter esta situação?
Qual foi o impacto sofrido nos salários dos professores frente aos planos econômicos nos últimos 20 anos?
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul tinha entendimento firmado, desfavorável aos servidores. Acreditamos que, com o novo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, em face do julgamento de recurso com repercussão geral - ocorrido em setembro de 2013, sobre a conversão da URV - seja possível postular-se na justiça a correção destas perdas.
O magistério público vem sofrendo significativas perdas salariais ao longo dos últimos anos, muito em virtude da falta de uma política séria e comprometida com um projeto educacional. Sucessivas trocas de moedas e planos econômicos, também provocaram esta derrocada nos ganhos dos professores. Não existe um estudo definitivo a respeito das perdas do magistério nestes últimos 20 anos, mas sabe-se que até meados do anos 80, professores em final de carreira, tinham vencimentos de até 15 salários mínimos.Hoje o cenário é outro. Improvável ser visto no Brasil, um professor de nível médio com este vencimento. Uma lástima!
Quais as expectativas da categoria quanto ao atual cenário econômico? A educação, de uma maneira geral, não vai bem no Brasil. O salário dos professores acompanha esta tendência. Não há, em um horizonte curto, uma perspectiva de mudança. A aprovação da Lei do Piso Nacional para o magistério público, que poderia trazer uma melhora nesta realidade, não se efetivou, pois o índice utilizado para correção dos padrões remuneratórios está recompondo apenas a inflação, sem um reajuste real. Por isto, entendemos que as projeções para o magistério não são as melhores.
A conversão da URV durante o Plano Real foi determinante para o agravamento das perdas salariais? O problema não foi a conversão da URV, mas sim, a não observância dos critérios fixados na legislação própria (Lei 8.880/94). O não cumprimento da Lei provocou, no ato de conversão do Cruzeiro Real para URV, perdas significativas que atingiram
Sérgio Cezimbra
Advogado, atua na área de Direito Administrativo.
2011 ou último ano disponível Educação Primária
Educação Secundária Inicial
Salário
Salário Máximo
Máximo
Educação Secundária Final
Anos para topo salarial
Salário
Inicial
15 anos
Inicial
15 anos
Inicial
15 anos
Máximo
Canadá
35 534
56 349
56 349
35 534
56 349
56 349
11
35 534
56 569
56 569
Chile
17 385
23 623
31 201
17 385
23 623
31 201
30
18 034
25 027
33 002
Estados Unidos
37 595
46 130
53 180
37 507
45 950
56 364
..
38 012
49 414
56 303
Coreia
27 581
48 251
76 528
27 476
48 146
76 423
37
27 476
48 146
76 423
Itália
27 288
32 969
40 119
29 418
35 922
44 059
35
29 418
36 928
46 060
Portugal
30 946
39 424
52 447
30 946
39 424
52 447
34
30 946
39 424
52 447
Alemanha
47 488
58 662
63 286
53 026
64 491
70 332
28
57 357
69 715
79 088
Japão
26 031
45 741
57 621
26 031
45 741
57 621
34
26 031
45 741
59 197
Inglaterra
30 289
44 269
44 269
30 289
44 269
44 269
12
30 289
44 269
44 269
Fonte: HYPERLINK “http://www.oecd-ilibrary.org/education/teachers-salaries_teachsal-table-en” http://www.oecd-ilibrary.org/education/teachers-salaries_teachsal-table-en (dados de junho/2013)
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EDUCAÇÃO INFANTIL
A pergunta, presente na cabeça dos pais ao buscarem a escola para seus filhos pequenos, leva a uma análise do processo do cuidar e educar dentro do universo da Educação Infantil. Para entender o assunto, Mestres + ouviu estudiosos da área e diretores de duas escolas de Porto Alegre. Há dez anos trabalhando com Educação Infantil, o Mundo do ABC atende hoje 70 crianças. Sua proposta está arraigada na ideia de que o princípio da educação infantil está na afetividade, como o suporte para o conhecimento e elemento fundamental da prática pedagógica. “Entendemos que o processo de educar e cuidar ocorre simultaneamente, onde a criança só desenvolve adequadamente sua autonomia e sua inter-relação com o meio, quando se sente segura neste meio”, esclarece a diretora Rosimeri de Oliveira. Segundo ela, o cuidar se dá na medida em que as crianças são atendidas na satisfação de suas necessidades básicas. O Mundo do ABC também preocupa-se com a segurança, o bem-estar e o desenvolvimento de seus alunos em um ambiente saudável e tranquilo que favoreça a aprendizagem de forma lúdica e construtiva. “É com este olhar que falamos que o cuidar está sendo contemplado em nosso cotidiano, na medida em que nos preocupamos em termos no quadro de profissionais, especialistas que atendam aspectos relacionados à saúde física e emocional, alimentação e higiene.”
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A instituição de ensino infantil deve funcionar como um ambiente socializador Através de formações continuadas com professores, educadores assistentes e funcionários, elaboram-se ações para atender de forma qualificada as necessidades das crianças. Todos os projetos desenvolvidos na escola apresentam um cunho educativo, assim como promovem os cuidados necessários para a faixa etária trabalhada.
Fase decisiva De acordo com a psicóloga Daniella Caletti, consultora da escola, os primeiros anos de vida são fundamentais. Ela afirma que a teoria construtivista está calcada em que um estágio não encerra outro; ele se sobrepõe ao outro. Logo, se algo se sobrepõe ao que já existe, o que está embaixo precisa estar consolidado, estar firme, senão não vai se sustentar.
Por que esta atenção tão grande na Educação Infantil? Porque os psicólogos, teóricos, pedagogos e cientistas da Educação se deram conta de que, se não trabalhar e estimular essa criança nos anos iniciais, não vão conseguir recuperar muita coisa lá na frente. A Constituição Federal de 1988 determina que a educação da criança de zero a seis anos passe a ter um caráter de formação social, em que o atendimento é necessariamente ao cidadão-criança. Esta passa a ter direitos à educação, saúde e assistência; considerando as características de seu desenvolvimento. As propostas na Educação Infantil visam a interação das funções de educar e cuidar, promovendo brincadeiras e atividades que considerem a criança em seus diferentes contextos: social, cultural e emocional.
EDUCAÇÃO INFANTIL
“A escola tradicional tem controle sobre os alunos. Por outro lado, a escola que transforma, gera reflexões com seus professores, para que tenham autonomia e desenvolvam ações com seus alunos”, comenta.
Neste sentido, a instituição de ensino infantil deve funcionar como um ambiente socializador, que propicie o desenvolvimento individual da criança nas interações entre seus pares e com o adulto. Na visão da diretora Rosimeri, para que se possam alcançar as demandas do ensino infantil, nos dias de hoje, surge a necessidade de ressignificar o espaço escolar, de modo que ele possa, efetivamente, estar voltado para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, criativos e atuantes. Nas séries subsequentes o cuidar permanece, contudo, muda o enfoque, uma vez que observam-se as necessidades básicas individuais e estimulam-se ações para que o processo de desenvolvimento global de cada criança aconteça, tendo em vista que gradativamente ela atingirá um nível maior de autonomia. “A política educacional vigente não contempla a continuidade da escola integral para a educação fundamental, o que causa uma ruptura na concepção de escolaridade, oriundo deste entendimento que temos sobre a educação infantil”, conclui.
Amorosidade Na opinião da fundadora e diretora da Escola Amigos do Verde, Silvia Carneiro, a palavra cuidar não deve se limitar apenas aos aspectos físicos, em detrimento do desenvolvimento integral da criança, que inclui áreas de desenvolvimento cognitivo e emocional.
Considero o educar amplo, com o desenvolvimento do aluno, numa relação congruente entre educador e educando
Para Silvia, a escola controladora não gera possibilidade de conflito e diálogo. “Na Amigos do Verde o conflito é acolhido, pois entendemos que é importante para o crescimento, já que a escola é um organismo vivo, pulsante.”
Silvia Carneiro defende o educar e cuidar com amorosidade Do outro lado da linha estão as escolas tradicionais, que priorizam o conhecimento em detrimento das emoções. Silvia, que é mestra em Educação, defende uma visão ecossistêmica, em que físico, emocional, mental e o relacionamento com o outro são levados em conta. Ressalta ainda, que a aprendizagem é um fenômeno social e que a escola é um espaço de convivência, onde o produto vai ser o processo de aprendizagem. “Com uma visão integral do indivíduo, o papel da escola é buscar essa consciência dos pais, mostrando a possibilidade do educar harmoniosa e integralmente. Há escolas que tratam a alimentação, por exemplo, de forma diferente das outras. Existem as que utilizam produtos industrializados, refinados, fritura. Nós consideramos cercar a alimentação com a melhor qualidade possível, uma vez que os alunos estão desenvolvendo hábitos alimentares e se construindo.” A diretora acredita que a escola deve ter claro em sua missão e projeto político, o seu propósito, que deve ser refletido por toda a equipe, uma vez que o ambiente escolar propicia as reflexões para ações transformadoras.
Faz parte da filosofia da escola educar e cuidar com amorosidade, dentro de um desenvolvimento integral. Ela se estende ao trato com pais e funcionários. “Isso é estar atento e é assim que deve ser sempre”, reflete.
Continuidade Nos últimos quatro anos, a escola vem sendo dirigida pelos filhos, Frederico e Luna, para os quais Silvia construiu a escola. “Acreditava num ambiente ao ar livre, com animais e espaço. Estou muito feliz que meus filhos assumiram.” Autora do livro Resiliência, Amorosidade e Ciência para a Sustentabilidade, além de um livro contendo 60 receitas preferidas pelos alunos da escola, Silvia é a idealizadora do Instituto Sementes ao Vento, do qual é diretora executiva. A entidade possui caráter socioeducacional, artístico e cultural, e tem como finalidade propagar sementes de ética, paz, cidadania, preservação do planeta e desenvolvimento sustentável através de pesquisas, processos inclusivos e ações que levem seus valores aos quatro cantos do mundo. Este ano, a Escola Amigos do Verde, pioneira em uma proposta de educação integral, aliada a questões ecológicas, alimentação naturalista e valores éticos, completou 30 anos de atividades. Atualmente, além da Educação Infantil, oferece do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
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Saúde
COMO ALIADA DA EDUCAÇÃO Respire de forma ampla, suave, tranquila e consciente. Conecte-se ao momento presente. Agradeça mentalmente por ali estar, por ter esta oportunidade de ensinar e mentalize que a aula possa ser produtiva e feliz. Só de respirar desta forma e agradecer por poder ser um instrumento de evolução para outras pessoas você já vai entrar na sala com outra vibração. Os conselhos são da professora de yoga Kali Ananda Santarém de Oliveira, integrante de um projeto que oferece aulas gratuitas no Parque Barigui e no Jardim Botânico, em Curitiba (PR). A iniciativa, que conta com uma média de 100 alunos por aula, chegou a dobrar a participação no verão. Em paralelo a esta atividade, Kali trabalha em uma academia, e parte dos seus alunos é composta por professores, que buscam formas de aliviar as tensões do dia a dia e controlar a ansiedade. “Os educadores de adolescentes são os que mais se queixam do desrespeito dos alunos. O salário não é animador. As cobranças são muitas e a responsabilidade é grande. Professor tem que fazer planejamento, tem que estar seguro na hora de passar o conhecimento para os alunos, então pode e deve trabalhar com o yoga como um aliado nos seus afazeres”, recomenda. Todos os benefícios desta prática milenar vinda da Índia podem ser estendidos para a sala de aula e para a vida. Isso porque há vários exercícios para desenvolver a concentração, a paciência e clareza para os pensamentos. São os chamados pranayamas, que são os exercícios respiratórios. Conforme explica a professora, as posturas de equilíbrio também auxiliam neste
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processo. Já as de força desenvolvem firmeza às decisões, autocontrole, persistência e força de vontade. Na hora das provas tudo isso deve ser utilizado, além de ter estudado e prestado atenção nas explicações das aulas. “Temos que ter a bagagem do conteúdo em nossa mente, assimilar todo o conhecimento, e precisamos de controle, concentração, atenção no momento presente, clareza mental, respiração tranquila, corpo tranquilo, para acessarmos o que vivenciamos anteriormente. Se no yoga tudo isso for bem trabalhado, o aluno terá plena autonomia para aplicar na hora da prova”, garante. Na visão da professora, o grande mal da humanidade moderna é que sempre estamos preocupados com o que passou e com o que vai acontecer. Vivemos sob pressão, no trabalho, em casa, até mesmo com amigos e familiares. Temos horário para tudo, tudo é cronometrado, o dia parece ser curto para todas as obrigações. “Isso traz desequilíbrio para a mente, para as emoções, para o nosso organismo. Nossa mente já é sempre agitada, e todas as tensões do dia a dia aceleram os batimentos cardíacos, alteram a pressão arterial, afetam o sistema nervoso, e a respiração se torna superficial e não muito eficiente.”
Kali defende que o yoga nos faz contemplar o momento presente, onde a vida está realmente acontecendo. Ele vem para que possamos reaprender a respirar de forma ampla, consciente e eficiente para o organismo. Corpo, mente e respiração estão intimamente conectados. “E quando aprendemos a aquietar a respiração, logo aquietamos o corpo, as emoções e os turbilhões mentais. Assim percebemos que estamos vivos e sentimos mais gratidão por aqui estar, que somos já repletos de paz, alegria e amorosidade. E quando aprendemos a controlar nossa respiração, podemos nos controlar como um todo, e o estresse e a ansiedade do dia a dia serão vistos e percebidos de outra forma”, aposta. Atualmente Kali trabalha com todas as idades, desde crianças de dois anos a uma senhora de 96, comprovando que todos podem praticar, de acordo com o seu corpo e com os seus limites. Cada fase da vida tem sua peculiaridade e o yoga respeita cada uma delas no trabalho do autoconhecimento. “Seria lindo poder ver o yoga sendo praticado em todas as escolas com as crianças, em todas as empresas, em todos os parques, em todos os lugares. São poucas as escolas que oferecem como atividade regular e, menos ainda, como
SAÚDE
extracurricular. E isso é uma pena, pois a prática com crianças é uma brincadeira divertida, lúdica, onde plantamos sementes de respeito, de amorosidade, de paz, de alegria. As crianças interagem umas com as outras de forma mais harmoniosa.” Kali Ananda dá aula para crianças de 2, 3 e 4 anos em uma escola particular, onde a proprietária conhece a filosofia yogue, e reconhece os seus benefícios para o aprendizado. Mas são poucas estas pessoas, infelizmente, por preconceito e por falta de conhecimento.
Intolerância ao não A percepção é da professora argentina Maria Ines Martinez - criadora do projeto Yoga para Todos, realizado na Praça Encol, em Porto Alegre, desde outubro de 2013 – ao se referir à invasão de informações aliada ao imediatismo vividos pelas crianças e jovens de hoje. “Tenho observado que eles não conseguem respirar, inspirar, expirar. De repente o celular toca. Eles correm para atender e quebram todo aquele momento de concentração. As pessoas esqueceram como respirar. Você não pode mudar o mundo, mas pode mudar o seu mundo controlando o que está ao seu alcance, e a respiração é um exemplo.” Yoga nas escolas seria muito bom para desacelerar essa juventude, tão intolerante ao não, reflete a professora, observando que as pessoas não se olham nos olhos hoje por estarem vivendo uma vida digital. Maria Ines acredita que os nãos que recebemos ao longo da vida nos fazem investigar outros caminhos e que essa intolerância está resultando em mais drogas, anorexia, bulimia, entre outros males. De um lado as crianças não conseguem lidar com a frustração, e de outro, os pais trabalham cada vez mais para dar presentes que elas não precisam. Por outro lado, ela questiona a viabilidade da oferta desta prática nas escolas, uma vez que muitas mal oferecem educação. Para ela, é impossível inserir o yoga numa jornada de quatro horas que os alunos passam na escola.“Na Argentina, eu estudava das 8h às 16h. Pela manhã tinha as cadeiras normais e à tarde as complementares. Tudo em escola pública”, compara.
Crianças no Facebook sem supervisão é algo extremamente perigoso por causa dos pedófilos. Se os pais controlam a comida e não deixam 5 kg de chocolate livres para a criança comer, por que não controlam computador e televisão? Os filhos hoje têm uma vida paralela à que os pais acompanham. Sobre o projeto O projeto Yoga para Todos surgiu quando a professora passou a praticar com um indiano, que a ajudou a estruturar o curso. No início a iniciativa envolveu algumas amigas, chamando a atenção de quem passava pelo local. Hoje conta com uma turma fixa de 30 alunos. O engajamento é tamanho que, quando chove, a turma utiliza um espaço coberto, cedido por uma das alunas. Profissionais que praticaram yoga com Maria Ines hoje disseminam a prática nos parques e praças da cidade.
o que levar?
a colocar no chão
manta, canga ou esteira par
u? com que roupa eu vo das à temperatura. qua peças confortáveis e ade os calç des pés com é prática
quanto custa?
A
ontânea
a contribuição é livre e esp
dieta?
café da manhã leve antes manter jejum ou tomar um lo). da prática (frutas, por exemp ntecem na praça Encol Serviço: as aulas de yoga aco Simão Arnt), segundas, (rua Jaraguá com rua Carlos sábados às 10h30. quartas e sextas, às 10h e
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ENTRETENIMENTO
Livros Livros Livros Livros Livros Coleção Clássicos em Quadrinhos Trata-se de livros de grandes escritores clássicos e modernos, brasileiros e estrangeiros, relançados pelas editoras L&PM, Ática e Peirópolis em versão HQ, o que torna a leitura mais ágil e fácil, principalmente para as crianças. A coleção se apresenta também como uma oportunidade de rever a história de uma forma completamente diferente.
Clássicos Brasileiros em HQ A Editora Ática apresenta, na coleção Clássicos Brasileiros em HQ, as grandes obras da nossa literatura, ganhando ainda mais vida com ilustrações de artistas premiados e roteiros de experientes autores da literatura juvenil.
FILMES fILMES fILMES fILMES fILMES Frozen (2013) Frozen conta a história de Elsa, a futura rainha do reino de Arendelle, que sofre com seus poderes mágicos, capazes de transformar tudo em neve e gelo, e tenta esconder sua situação de todos, inclusive de sua irmã mais nova, Anna. Após uma catástrofe envolvendo os poderes de Elsa, ela se refugia em outro reino, um castelo de gelo. Anna, então, parte para uma aventura para destruir o gelo que congelou o reino de Arendelle. Anna tem a ajuda de um homem da montanha, Kristoff, e de um divertido boneco de neve, Olaf.
A Estranha Vida de Timothy Green (2012) A Estranha Vida de Timothy Green foi concebido pelos estúdios Disney de forma sensível. Um casal sem filhos enterra uma caixa em seu quintal, contendo todos os seus sonhos e desejos para uma criança. Logo, nasce Timothy Green, que, no entanto, é muito mais do que parece, trazendo com ele uma magia que vai mudar a maneira de todos sentirem o amor.
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ENTRETENIMENTO
SÉRIES SÉRIES SÉRIES SÉRIES SÉRIES SÉR Resurrection Mudanças drásticas são provocadas na vida dos moradores de Arcadia (Missouri), quando os familiares falecidos começam a retornar à vida como se nenhum dia tivesse se passado. Um garoto de oito anos acorda sozinho no meio de uma plantação de arroz, na China. Ele diz se chamar Jacob (Landon Gimezez), e afirma morar em Arcadia. Quando é levado para lá, sua casa está ocupada por um casal, Harold (Kurtwood Smith) e Lucille Garland (Frances Fisher), que perderam o filho Jacob 30 anos antes.
Game of Thrones Considerada a série mais assistida da história do canal HBO, é baseada nos livros As Crônicas de Gelo e Fogo, escritos por George R. R. Martin. A história se passa em Westeros, uma terra remanescente da Europa Medieval, onde as estações duram anos ou até mesmo décadas. Gira em torno de uma batalha entre os Sete Reinos, onde duas famílias dominantes estão lutando pelo controle do Trono de Ferro, cuja posse assegura a sobrevivência durante o inverno de 40 anos que está por vir.
DESTINOS DESTINOS DESTINOS DESTINOS Em Bento Gonçalves, Mestres + destaca dois passeios imperdíveis:
Maria Fumaça O passeio turístico de trem a vapor é uma memorável atração na Serra Gaúcha, na Região Uva e Vinho. Os turistas são recepcionados na estação de Bento Gonçalves com degustação de vinho. São 23 quilômetros de percurso com duração média de duas horas. As reservas devem ser feitas com antecedência.
Caminhos de Pedra A estrada de 7 km corta a área rural, passando por casas de pedra e madeira da época da imigração italiana. Entre os diversos pontos de visitação, o ateliê do escultor João Bez Batti. Na Salumeria Caminhos de Pedra são comercializados embutidos. Já a Casa da Ovelha vende queijos e iogurtes.
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saiba mais
PNE2
Expediente
Aos Mestres
Aprovado pela Câmara no início de junho, após um ano e meio de tramitação no Congresso, o novo Plano Nacional de Educação vai substituir o texto que vigorou de 2001 a 2010. O novo PNE estipula 20 metas que deverão ser cumpridas nos próximos dez anos. O Direção Geral: item mais debatido durante a tramitação do projeto no Congresso foi o que destina no mínimo 10% do Produto Interno Bruto (PIB) paraAmélia a Educação De acordo com o texto, a destinação aumenta progressivaAna Piuco– com uma parte proveniente da exploração do pré-sal. Nosso mente: 7% até o quinto ano de vigência e 10% até 2020. Atualmente, o Brasilsonho investe 5,3% do PIB em Educação. Márcio Sequeira
Paulo Pizzolotto Sérgio CezimbraX LEITURA
MATEMÁTICA
Há um ano saía do forno a primeira edição de Mestres +, fruto de um sonho coletivo e do sincero desejo de provocar Direção Editorial: O relatório da mais recente edição do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos divulgado em a2012, mostra Um que, transformações noEstudantes), modo de fazer e pensar Educação. Ana Lúcia Zotto na maioria dos países os meninos tiveram uma melhor performance em matemática do que as meninas. Em 38 dos 65 países ano se passou, e somos gratos aos leitores, a toda equipeque e participaram do teste, a média de diferença no desempenho é de 11 pontos. Por outro lado, o desempenho das meninas em leitura Direção de Arte e Design: parceiros que, junto conosco, acreditam que é possível sim, é mais satisfatório do que dos meninos na maior parte dos casos. Mesmo em países que ocuparam as colocações mais altas no Claudio revolucionar o ensino em maioria, nosso país. rankingThiele de notas gerais, os alunos que tiveram os piores resultados em leitura eram, em sua do sexo masculino. Redação:
Marcando esta data especial, conversamos com o psiquiatra, educador e escritor Içami Tiba. Autor do livro “Educação Restrição alimentar Familiar – Presente e Futuro”, lançado no mês de abril, Para notícias, informações e sugestões de pautas: professor Tiba – como gosta de ser chamado - falou sobre contato@mestresmais.com.br No final do mês de agosto entra em vigor a Lei 12.982/14, que garante merenda escolar especial a alunos com restrições alimenfilhos, família, limites, entre outros temas que tares. O texto, recém-sancionado pela presidente Dilma Rousseff, é resultado de educação, uma discussão que começou no Congresso em Fone (51) 3930.6530 este complexo universo da educação dosdiabéticos, filhos. 2006. Nesse ano, o ex-deputado Celso Russomano apresentou envolvem projeto prevendo alimentação diferenciada a alunos Revisão: hipertensos ou com anemia. Ao longo dos debates, a proposta foi ampliada para beneficiar todos os estudantes com algum tipo de Tornar o Rio Grande do Sul o melhor Estado para se viver e restrição alimentar. Professor Adão Lenartovicz trabalhar até o ano de 2020. Esta é a meta da Agenda 2020, Tiragem: movimento que, desde 2006, organiza propostas concretas Jovem fora da escola de interesse da sociedade riograndense. Ouvimos dirigentes 10.000 exemplares Mais de 3,8 milhões de brasileiros entre quatro e 17 anos estão fora escola. sobre Esse jovem sua maioria, homem, negro, com da da entidade o queé,é em possível ser feito para recuperar o renda domiciliar de até ½ salário mínimo per capita e morador daprotagonismo zona rural. Seus nãona têm instrução ou não completaram o do pais Estado área de Educação. Ensino Fundamental. As informações foram obtidas nos microdados do Censo Demográfico de 2010 e compiladas no estudo “O enfrentamento da Exclusão Escolar no Brasil”, da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da Campanha Apresentamos também uma entrevista com a Nacional escritorapelo e Direito à Educação, apresentado no 6° Fórum Nacional Extraordinário da Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação). ilustradora de livros infantis e juvenis, Eva Furnari, autora, entre outros, da Bruxinha Zuzu. Italiana, adotou o Brasil como Claudio Exclusão Ana seu país, onde vive desde os dois anos de idade. Com livros México, Guatemala, Bolívia Itália, e A realidade do analfabetismo no Brasil, onde mais de 13,2 milhõespublicados de pessoasno não sabem Equador, ler e escrever, foi discutida emeaudiência títulos adaptados para o teatro, conquistou diversos prêmios. pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Pelos registros apresentados, além dos analfabetos plenos, outros 40 milhões de brasileiros não chegaram a ultrapassar os quatro primeiros anos de estudo e permanecem analfabetos Qualcurto o impacto do uso das redes sociais em de aula? funcionais, de modo geral sem capacidade para interpretar um texto e simples. A audiência foi proposta pelosala senador CrisQue embasamento pedagógico justifica a sua aplicação? De tovam Buarque (PDT-DF), que afirmou que o debate contribuiu para criar um clima de indignação em relação ao quadro brasileiro utilizar de Facebook e no Twitter? vergonhoso do analfabetismo, que nos coloca entre os dez paísesque com forma maior número analfabetos mundo. Estas e outras perguntas foram respondidas por especialistas e educadores, Márcio Ana fim de orientar e discutir o uso destas ferramentas nas No mundo, mulheres representam 2/3 aescolas. Durante o segundo Fórum Anual de Educação Global e Habilidades, realizado em Dubai, Irina Bokova, chefe da Unesco, ressaltou partirestima-se desta edição, convidamos os leitores a enviar, além que 31 milhões de meninas estavam fora da escola em 2011 – dasAquais que 55% nunca frequentem a escola – e que as deanalfabetos críticas e do sugestões, questionamentos sobre Educação mulheres ainda representam dois terços dos 774 milhões de adultos mundo. Para Irina, o quadro é um desperdício de talento e habilidade humana que nenhuma sociedade pode dar-sedentro ao luxodo de universo perder. Elajurídico. pediu que governos, setor privado e socieA coluna “Pergunte ao Mestre” dade civil intensifiquem os esforços para proporcionar educação de qualidade para meninas e mulheres, ressaltando os benefícios trará a participação de quatro advogados, especialistas na transformadores que isso traria para toda a sociedade. área, que irão tirar as dúvidas dos nossos leitores. Escrevam Sérgio Paulo para contato@mestresmais.com.br e participem! Ana Lúcia Zotto
Recursos básicos
Das mais de 190 mil escolas brasileiras, quase 60 mil (30%) não recebem água via rede pública. Além disso, mais de 11 mil estabelecimentos de ensino do país ainda não conseguem usufruir do acesso à rede elétrica. Os dados, fornecidos pelas próprias escolas, Boa leitura. fazem parte do Censo Escolar da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) publicado em 2014.
Mestres Mais Geração de Conteúdo LTDA.
Ana Lúcia Zotto CNPJ: 19.139.149/0001-84 Diretora Editorial Fontes: UOL Educação, Agência Senado, Todos Pela Educação, Agência Câmara, iG
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