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O embate do Ano
by Metrô 47
Se já ouviu falar do futebol de praia entre Paysandu e Carlos Renaux organizado pela Mesa dos Dinossauros do Duda Belli, saiba que o negócio era bem mais sério do que aparentava. Apesar do nível etílico não condizer com o de campeonatos mais ortodoxos, quando aquela turma se juntava para agilizar sua partida anual, era tudo esquematizado em caderninho, listas, arrecadação e autonomia entre as equipes. Os amigos que batiam cartão no antigo Bar Duchê cruzaram caminhos no Clube Bandeirante. O Zurico Frota conheceu a esposa Helena e o cunhado Serginho “Roli” Hoffmann, também o Dodi Maffezzolli, Maurício Schaefer, Zeca Moritz e mais o pessoal que acabou andando junto por causa do esporte. Nas mesinhas servidas pelo Beto Belli, começou a história de organizar um jogo entre os torcedores do Paysandu e do Carlos Renaux para encerrar a temporada de verão e juntar os amigos em Balneário Camboriú. Nenhum dos clubes vivia seus dias de glória, mas brusquense que gostava de futebol tinha um lugar no coração para algum deles. Quando chegou do Rio Grande do Sul, o Zurico logo fez amizade com outros gaúchos que jogavam no Renaux e simpatizou com o time. Mas para os brusquenses, era caso de família. O Serginho, por exemplo, era Paysandu por causa do pai, então ficava no time comandado pelo Luciano Fialho. Já o Zeca Moritz, os Schaefer, Jaime Maffezzolli, esses vestiam a camisa azul, vermelha e branca. Quando a bola rolava na faixa de praia em frente a 2400, era um evento mesmo. Chegavam outros torcedores que veraneavam por ali e a rivalidade ficava à flor da pele. Certamente, a cervejinha do aquecimento tinha o seu papel na hora de deixar as coisas um pouco mais quentes, difícil convencer um jogador determinado, mas com problemas de precisão, que ele precisava ir para o banco. Diz o Zurico que era sempre o Renaux que levava a vantagem, mas a versão é do próprio técnico da equipe. Mas a parte boa mesmo vinha depois. Tinha a vaquinha que bancava o churrasco da galera e mais a generosidade do Beto Belli que ajudava na cerveja, era o melhor jeito de fechar a temporada de verão com os amigos. Com o tempo, o negócio foi ganhando vida própria e o pessoal original acabou largando mão, mas sem deixar de manter as reuniões periódicas no Bar Duchê. A amizade continuou e o futebol na praia ficou para trás. Mais tarde, lá pelos anos 2000, quando o Clube Paysandu inaugurou uma reforma no seu estádio, a turma foi convocada para repetir o show que dava nas areias de Balneário. Depois de tanto tempo, e pela última vez, se dividiram e organizaram o que era preciso para tudo sair bonito para a plateia, o jogo foi divulgado, muita gente foi ver. Depois de virar a noite de sexta na concentração com os companheiros no Bar Duchê, o Zeca Moritz chegou dizendo que tinha sonhado com a partida. Que no sonho ele batia uma falta e fazia o gol da vitória para o Renaux. Era um sinal, pensaram. Então, quando o juiz marcou a falta contra o Paysandu, o Zurico logo interferiu: “Para, para! É o Zeca que bate!”. Estavam todos confiantes com a profecia, mais uma vez o Renaux ia levar vantagem no clássico. O Zeca embalou e deu um chute. Foi triste de ver a bola quicando perdida para longe do gol. O jogo acabou em empate, o Bar Duchê virou Duda Belli e a turma ainda está lá todo santo dia, uns mais, outros menos, com algumas baixas e várias novas caras.
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