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Pequeno hóspede

“AS COISAS VELHAS JÁ PASSARAM, EIS QUE TUDO SE FAZ NOVO

Por Luciana Fialho

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Nunca imaginei poder viver algo nem perto do que experimentamos nesse ano de pandemia. Para falar a verdade, não sabia nem ao certo o que significava quarentena. Me tornei uma quarentona esse ano, e isso era o que tinha no meu vocabulário até então.

Trabalho na comunicação de uma escola e no dia 18 de março de 2020, quando tudo foi fechado e eu levando um laptop debaixo do braço, sou orientada sobre uma nova modalidade: “agora trabalharemos em home office”.

Nem consegui raciocinar, só sabia que precisaríamos nos isolar por um certo tempo para evitarmos a contaminação com essa tal de covid-19

Dia 1. Wow que novidade.

Sou cobrada de algo do trabalho e me lembro de pedir pelo menos um dia para organizar a casa com compras, comida para as crianças e novos topwares para congelamento, pensando nos próximos 30 dias pela frente. Sabia de nada, inocente...

Dia 2. Vamos nessa.

Foi dada a largada para uma nova rotina. Como farei isso? Onde farei meu escritório? Como trabalharei concentrada tendo Guido, de 3 anos, e Gael, de 2, sempre ao redor? Não sei, mas o mundo também não sabia. Então só passa a marcha e vai... e eu fui.

Dias 3, 4, 5, 6.... Foram meio fora da curva, mas deram certo.

Investimos eu e meu marido, o tempo ganho com novas brincadeiras e mais interação com as crianças. Para quem voltou a trabalhar fora, deixando um filho de 2 anos e um de 6 meses, ter mais tempo com eles seria o suprassumo. Eureca. Isso vai ser bom.

Luciana na pandemia inventado muita diversão com Guido e Gael

Semana 2, 3, 4... Acabou o mês.

É preciso sair novamente, comprar o necessário e aprender a higienizar embalagens, sacolas e afins... Sapato na porta, sem abraço, sem beijo, comunicação com distanciamento, máscara, mãos lavadas, álcool em gel. Tudo como diria a minha avó: “como manda o figurino”. Mas depois de toda essa odisseia, sou recebida pelos meus filhos com gritinhos felizes e abraços pela perna. “Nããããão! Mamãe precisa tomar banho!”. Atônitos e sem entenderem, se afastam e presumem que declarei algo parecido com uma sentença de morte. E era bem por aí. cansei um só dia. Doía para respirar. Dor de cabeça. Meninos com febre. Marido assintomático. Caos.

Mês 3... Peguei a tal.

Minha casa toda pegou. Minha funcionária também. Pedi férias, mas não descansei um só dia. Doía para respirar.

Meses 4, 5, 6... Gratidão pela vida, pela saúde de volta...

Pela família, pelos ensinamentos, pelos desafios. Grata em ver o pôr do sol de casa. Não sabia mais o que era isso. Pelo paladar e olfato de volta. Momento importante que me lembrei nos mínimos detalhes como Deus é perfeito em tudo que faz. Como sentir o gosto da comida é bom. Não daria para viver sem cheirar meus filhos. Obrigada, Deus. Obrigada!

Meses 7, 8, 9, 10... até hoje me sinto grata e cansada.

A pandemia fez com que eu sentisse novamente a exaustão das noites perdidas com um bebê recém-nascido, com a diferença que a criança insiste em não crescer. Trabalhar em casa com duas crianças é para os fortes, mas já uso uma capa de superwoman quando preciso, e entendi que somos capazes de muito mais do que imaginamos.

Encarei como uma experiência única, onde ensinamentos serão para quem enxergar e quiser “fazer tudo novo

Luciana Fialho é jornalista, relações públicas, apresentadora e mestre de cerimônia. Instagram: @lucianafialho

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