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A escolha da profissão

Por Fernanda Burgos

Escolher uma carreira para seguir é um grande passo. Nessa etapa, é normal surgirem dúvidas e com elas a necessidade de uma orientação. A psicóloga, pedagoga e sócia fundadora da Desenvolver, Fernanda Burgos, conversa com a gente sobre esse momento. Confira:

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Anuário Educar: Como escolher uma profissão?

Fernanda Burgos: Escolher uma profissão é uma experiência que exige muito dos adolescentes. Atrelado ao desafio de saber o que fazer, a escolha profissional é também uma escolha do que ser. É preciso estar em dia com seu desejo, com o conhecimento da realidade profissional, com o mercado de trabalho e também com o reconhecimento da sua capacidade e habilidade. Uma escolha segura é baseada numa tríade: autoconhecimento, conhecimento da realidade sócioprofissional, e identificação das habilidades e competências que se têm e as que se quer desenvolver.

A.E.: Para que serve a Orientação Profissional? Todo mundo precisa?

F.B.: A Orientação Profissional serve para qualquer pessoa, mas não precisa ser feita por todos. Ou seja, todos aqueles e aquelas que queiram investir num aprofundamento teórico e prático, sobre a escolha profissional e seu projeto de vida, podem fazer. Mas aqueles que já fizeram essa reflexão e também uma escolha com critérios bem claros e estabelecidos, pensando no por que fazer e no por que não fazer, não teriam indicação para a Orientação Profissional.

A.E.: Quais são os “passos” de uma Orientação Profissional?

F.B.: Se trata de um processo com início, meio e fim estabelecidos. A quantidade de encontros é definida pela profissional que atua nessa área. Nós, na Desenvolver, fazemos encontros regulares semanais, e utilizamos testes, escalas, entrevistas e outras técnicas psicológicas que contribuem para a construção de critérios claros e parametrizados que auxiliarão na escolha da profissão de forma mais assertiva. Vale ressaltar que o processo de Orientação Profissional não é psicoterapia.

A.E.: Como saber se está no caminho certo?

F.B.: Ter autoconhecimento, saber reconhecer seus desejos e limites é um caminho para essa escolha condigna com a verdade de cada sujeito. O mercado de trabalho atual e dos próximos anos exige que tenhamos a capacidade de conhecer a realidade, refletir sobre ela de forma criativa e sustentável e pensar em estratégias diferentes de solucionar um mesmo problema. A ideia de caminho certo é bem própria de um tempo em que mundo era menos mutante do que nosso. Na realidade atual, uma identidade profissional bem construída serve como uma raiz firme que sustenta a flexibilidade, cada vez mais urgente e pertinente à realidade contemporânea.

VOCÊ SABIA?

Outro dado que mudou completamente a relação do adolescente com a escolha profissional é o sistema do Enem e do Sisu. Muitos adolescentes alcançam a pontuação para o curso que pretendiam e adentram na universidade, porém outros têm uma pontuação que não contempla a escolha desejada e acabam em outra opção que nem sempre é a que queria. Dessa forma, há uma crescente insatisfação com a escolha nos primeiros momentos dos cursos de graduação. Esse pode ser um dos indicadores que contribuem para desistência do curso, ou para mudança frequente nos primeiros anos da universidade.

*Fernanda Burgos é mãe de Lucca, psicóloga, pedagoga, sócia fundadora da Desenvolver: Psicologia e Educação (@ desenvolverbahia), especialista em educação e contemporaneidade, filiada à Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) e à Associação Brasileira de Avaliação Psicológica (IBAP).

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