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Conexão afetiva

Não podemos negar que a tecnologia chegou para ficar e trouxe inquestionáveis avanços e possibilidades tanto em relação ao conhecimento e informação quanto em relação a entretenimento e interação social

Por Larissa Machado

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Foi pela existência da tecnologia que escolas conseguiram manter-se conectadas e interagindo com seus alunos, mesmo exigindo muitas adaptações nesse período pandêmico, assim como adultos puderam estar em home office acompanhando seus filhos em casa e interagindo com outros familiares no tempo de isolamento social. São inúmeros os exemplos que poderíamos listar das vantagens que as telas nos trouxeram. Temos na palma da mão: lanterna, câmera fotográfica, filmadora, calculadora, jogos, enciclopédia, banco, agência de turismo, cursos, restaurantes, filmes, músicas, GPS, transporte etc.

No entanto, o uso das telas pelas crianças e adolescentes tem sido alvo de sérias e constantes preocupações de especialistas e educadores. Onde está o perigo? O excesso de tempo de exposição retira da criança a possibilidade de experiências imprescindíveis ao seu desenvolvimento saudável. Enquanto as crianças estão indiscriminadamente em frente às telas, estão deixando de correr, pular, dançar, escorregar, pintar, desenhar, conversar, brincar, inventar, imitar, argumentar, ceder, brigar, se desculpar, jogar... experiências constituintes para qualquer ser humano e que só se vive com outros seres humanos, seja da mesma idade, mais velhos, mais novos ou com adultos.

A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou uma cartilha de orientação recomendando a proibição do uso de telas para crianças de 0 a 2 anos. Crianças de 3 a 6 anos apenas recomenda-se uma hora por dia com supervisão direta. A Sociedade Americana faz a mesma recomendação e nós insistimos em entregar nas mãos das crianças esses recursos sem limites e sem supervisão, acreditando que não há riscos e que estão ali no sofá, na sala ou no quarto se divertindo.

O grande prejuízo é causado pela falta de vivência e experiência numa vida analógica, aqui e agora, real. A tecnologia traz uma nova demanda para os pais e para as escolas: acompanhar as crianças e adolescentes bem de perto, de olhos bem abertos, orientando e oferecendo experiências concretas no mundo real, que deem lastros e bagagem para viver as experiências no mundo virtual. Dessa forma, acompanhando e sabendo o que as nossas crianças e adolescentes assistem, conhecendo os seus interesses e entrando no mundo deles, estaremos mais aptos a decidir o que permitir e proibir, a limitar e a intervir imediatamente diante de um perigo identificado.

Há riscos sim e são inúmeros quando não há o respeito à idade que se deve dar esses recursos, quando são ofertados sem controle de exposição, tempo e conteúdo e, fundamentalmente, quando não há mediação do adulto, ou seja, conversa, acompanhamento e interação cotidiana. Diversas pesquisas já comprovam os riscos como: crianças com atraso de linguagem, empobrecimento de interação social, comprometimento motor, autoestima rebaixada, isolamento social por hiperexposição digital precoce e continuada.

A conexão construída pela presença, diálogo, limites, experiências afetivas, sociais e corporais criam repertórios simbólicos, os quais ajudarão as crianças e adolescentes a lidarem com as vivências digitais, pois não há outra forma de proteção.

*Larissa Machado é psicopedagoga, Esp. Psicologia Escolar (PUC), Educadora Parental (PDA/USA) e Mestre em Psicologia da Educação pela (UNICAMP). Vice-diretora pedagógica da Escola Tempo de Criança. Psicanalista em consultório particular e Membro do Instituto Viva Infância.

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