Anuário Educar - Ed. 02

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foto divulgação

De olho na tela // por Larissa Machado

*Larissa Machado é psicopedagoga, Esp. Psicologia Escolar (PUC), Educadora Parental (PDA/USA) e Mestre em Psicologia da Educação pela (UNICAMP). Vice-diretora pedagógica da Escola Tempo de Criança. Psicanalista em consultório particular e Membro do Instituto Viva Infância.

Não podemos negar que a tecnologia chegou para ficar e trouxe inquestionáveis avanços e possibilidades tanto em relação ao conhecimento e informação quanto em relação a entretenimento e interação social

F

oi pela existência da tecnologia que escolas conseguiram manter-se

ção, tempo e conteúdo e, fundamentalmente, quando

conectadas e interagindo com seus alunos, mesmo exigindo muitas

não há mediação do adulto, ou seja, conversa, acom-

adaptações nesse período pandêmico, assim como adultos puderam

panhamento e interação cotidiana. Diversas pesquisas

estar em home office acompanhando seus filhos em casa e interagin-

já comprovam os riscos como: crianças com atraso de

do com outros familiares no tempo de isolamento social. São inúmeros

linguagem, empobrecimento de interação social, com-

os exemplos que poderíamos listar das vantagens que as telas nos trou-

prometimento motor, autoestima rebaixada, isolamento

xeram. Temos na palma da mão: lanterna, câmera fotográfica, filmadora,

social por hiperexposição digital precoce e continuada.

calculadora, jogos, enciclopédia, banco, agência de turismo, cursos, restaurantes, filmes, músicas, GPS, transporte etc.

O grande prejuízo é causado pela falta de vivência e experiência numa vida analógica, aqui e ago-

No entanto, o uso das telas pelas crianças e adolescentes tem

ra, real. A tecnologia traz uma nova demanda para

sido alvo de sérias e constantes preocupações de especialistas e

os pais e para as escolas: acompanhar as crianças e

educadores. Onde está o perigo? O excesso de tempo de exposição

adolescentes bem de perto, de olhos bem abertos,

retira da criança a possibilidade de experiências imprescindíveis ao seu

orientando e oferecendo experiências concretas no

desenvolvimento saudável. Enquanto as crianças estão indiscriminada-

mundo real, que deem lastros e bagagem para viver

mente em frente às telas, estão deixando de correr, pular, dançar, es-

as experiências no mundo virtual. Dessa forma, acom-

corregar, pintar, desenhar, conversar, brincar, inventar, imitar, argumen-

panhando e sabendo o que as nossas crianças e ado-

tar, ceder, brigar, se desculpar, jogar... experiências constituintes para

lescentes assistem, conhecendo os seus interesses

qualquer ser humano e que só se vive com outros seres humanos, seja

e entrando no mundo deles, estaremos mais aptos

da mesma idade, mais velhos, mais novos ou com adultos.

a decidir o que permitir e proibir, a limitar e a intervir

Atenção!

imediatamente diante de um perigo identificado.

A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou uma cartilha de orientação recomendando a proibição do uso de telas para crianças de 0 a 2 anos. Crianças de 3 a 6 anos apenas recomenda-se uma hora por dia com supervisão direta. A Sociedade Americana faz a mesma recomendação e nós insistimos em entregar nas mãos das crianças esses recursos sem limites e sem supervisão, acreditando que não há riscos e que estão ali no sofá, na sala ou no quarto se divertindo. Há riscos sim e são inúmeros quando não há o respeito à idade que se deve dar esses recursos, quando são ofertados sem controle de exposi-

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A conexão construída pela presença, diálogo, limites, experiências afetivas, sociais e corporais criam repertórios simbólicos, os quais ajudarão as crianças e adolescentes a lidarem com as vivências digitais, pois não há outra forma de proteção. www.escolatempodecrianca.com.br/ www.larissamachadooficial.com.br secretaria@escolatempodecrianca.com.br 71 3451-5314/ 71 9 9981-6209


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