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Diretrizes Projetuais .6

METODOLOGIA PROJETUAL Etapas projetuaí s

ste capítulo pretende-se realizar os primeiros direcionamentos projetuais para a Fábrica Antarctica e seu entorno urbano. Para isso, além de utilizar por base o PDE, o PIU das Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, as Diretrizes de Tombamento da Fábrica Antarctica pela resolução 19/2016 do CONPRESP, os levantamentos cartográficos e fotográficos, serão pontuados estudos de casos para agregar referências projetuais e assim direcionar o plano de massas relacionado ao entorno urbano e arquitetônico do local de estudo.

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Objetiva-se, desse modo, aliar todas as diretrizes previstas no plano urbano para área com o projeto que se pretende realizar na Fábrica Antarctica por meio (1) da difusão de equipamentos de cultura e assistência social, assim como, (2) o estímulo ao desenvolvimento de comércios e serviços locais, (3) a previsão de espaços livres e transporte público e a (4) proteção do patrimônio material e imaterial. Ressalta-se que tais propostas serão consideradas extremamente necessárias para o desenvolvimento sustentável da área.

Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí (OUCBT)

Projeto de Intervenções Urbanas (PIU) Tombamento Resolução 19/2016

Master Plan

Cartas Patrimoniais + Técnicas de Restauro

Projeto de Restauro Arqutetônico Polo Turístico e Cultural Cervejaria Antarctica da Mooca

6.1. Estudo de casos repertório referencial

Foram escolhidos quatro projetos referenciais para aumentar o repertório sobre a preservação não somente da arquitetura histórica industrial, mas do local que esse se insere. Assim buscou-se analisar a recuperação destes edifícios por meio dos conceitos de reabilitação, revitalização, reuso e preservação aplicados de diferentes ou semelhantes métodos em cada projeto.

Nacionais Internacionais

Cervejaria Bohemia (Petrópolis - RJ)

Antigos Studios Kaiser de cinema (Ribeirão Preto - SP)

Cervejaria Kameinice (Repúbica Tcheca)

Distrito Histórico da Destilaria (Canadá)

Cervejaria Bohemia

Ficha Técnica

Nome Cervejaria Bohemia

Ano 2012

Área local 10.000m²

Cliente Ambev

Arquitetos André Vilkas, Carol Kechichian,Daniel Ueda

Local Petrópolis,RJ

Fundada em 1853 por Henrique Leiden, a fábrica de cervejas que em 1898 é de fato batizada por cervejaria Bohemia encontra-se em destaque por ser uma das pioneiras na fabricação da bebida. Sua localização está em Petrópolis município da cidade do Rio de Janeiro. Em 2012 a fábrica da Cidade Imperial é reaberta e revitalizada dando lugar a um programa que contém um museu com percurso histórico da produção de cerveja, um restaurante e um bar

A experiência vivenciada pelos visitantes no local está intimamente ligada à tecnologia quando se trata dos recursos utilizados no museu (vídeos, painéis touch-screen, reprodução de ambientes por Chroma Key, etc). O local possibilita um percurso sobre o processo de fermentação, composto por etapas que demonstram a produção da cerveja artesanal. A experiência finaliza com opções de degustação de bebidas produzidas na fábrica, loja de souvenir e um bar com mais opções de cervejas.

A reforma da fábrica Bohemia atrelou-se à valorização de edifícios patrimoniais para novos usos e ocupação. Considera-se por base os critérios embasados nas classificações de museus corporativos1 que a fábrica apresenta em seu programa memórias vinculadas ao coletivo, estas podendo representar um episódio (o auge da fábrica) ou uma cultura (a da cidade de Petrópolis).

A Cervejaria em questão segue uma tendência de museus contemporâneos pelo uso de tecnologia, dinamismo e participação do público devido as inspirações que foram tomadas para o projeto da fábrica como os espaços corporativos Guinness House e Heineken Experience, por meio disto as experiências que os visitantes possuem de degustação ao retornarem do roteiro de fabricação de cervejas originam-se não somente como um momento “Bohemia Experience”(O GLOBO, 2014) mas uma estratégia de marketing para valorizar o produto da casa.

1 Os museus Corporativos são construídos dentro das próprias empresas ou em suas proximidades. (...)Em uma versão mais contemporânea, os museus corporativos podem também adquirir diferentes formatos, tais como instalações de salas de exposições, centros de visitantes, centros de informação e visitas guiadas às fábricas (Danilov, 1992)

A Fábrica - Antigos estúdios kaiser de cinema

Ficha Técnica

Nome A Fábrica

Ano 2019

Área em torno de 11.000 m²

Cliente Instituto SEB

Arquitetos Governo do Estado de São Paul. Prefeitura de Ribeirão Preto e iniciativas privadas

Local Ribeirão Preto, SP

A fábrica que já abrigou a Cia Antarctica no interior de São Paulo, data sua inauguração no ano de 1914. Após seu período de desativação, em 2007, foi tombada pelo CONDEPHAAT e pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto (CONPPAC).

A fábrica está localizada na Avenida Jerônimo Gonçalves (centro histórico da cidade), às margens do Ribeirão Preto. Em seus arredores encontravam-se a Estação da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro e a Cia. Antarctica.

A revitalização, no entanto, foi iniciada pelo Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Estado da Cultura, Prefeitura de Ribeirão Preto através da Secretaria Municipal de Cultura e da iniciativa privada. Em 2015 nota-se a participação do Grupo SEB responsável por transformar o local em e um conglomerado de atividades culturais, sociais, educacionais ligadas à inovação e ao empreendedorismo.

Ressalta-se, ainda, que em seu restauro são respeitadas as características do edifício, mesmo com a introdução de elementos contemporâneos como um pergolado metálico que serve de cobertura para pedestres que estão ao lado de fora do edifício (Figura 70).

A “São Paulo Film Commission” iniciou o restauro da Fábrica, com a introdução de uma nova sede para produtora, recebendo o nome de Estúdios Kaiser de Cinema. O projeto contava com a adaptação do edifício para as novas funções modernas e tecnológicas que o local precisaria. Além de um processo de restauro totalmente cuidadoso, o complexo de audiovisual continha oito estúdios, anexos com camarins, sanitários e salas de produção, pátio cenográfico, alojamento, vestiário, lavanderia, cozinha industrial, refeitório, depósito de movelaria, oficinas de cenografia e figurinos e sala de exposição com cerca de 50 lugares.

O novo projeto comporta espaços de exposições, espaços kids (Figura 71), um café, espaço Maker que serve de laboratório para projetos criativos (figura 72), coworking responsável por abrigar uma incubadora de projetos que contenham impacto social e um auditório para cerca de 400 pessoas (figura 73)

Cervejaria Kameinice

Ficha Técnica

Nome Cervejaria Kamenice

Ano 2018

Área Local 2290.0m²

Arquitetos OTA Atelier Local República Tcheca

Segundo as descrições enviadas pela equipe do projeto, a cervejaria Kamenice, em meados do século XIX, foi um elemento dominante no centro da cidade. Após seu fechamento, precisamente na Segunda Guerra Mundial, o local serviu de armazém para vegetais e para atender a demanda do novo uso foram construídas novas paredes e tetos de concreto.

O escritório OTA atelier apresentou uma proposta de restauro que se baseava nas intervenções realizadas pelo armazém, assim foi necessário limpar as artes valiosas do edifício, retirar as conversões insensíveis, propor um novo layout (Figura 75) e adicionar elementos arquitetônicos contemporâneos para auxiliar nas novas necessidades de acessos (Figura 76).

O programa conta com uma cervejaria , um bar e uma pequena fábrica de testes (Figura 77). Diante do entendimento desse projeto, é possível identificar as soluções de conectividade entre os ambientes internos e externos, a fim de permitir, por meio de panos de vidros e passagens estratégicas, a abertura do edifício para a praça, dando ao local maior visibilidade.

Distrito Histórico da Destilaria (Distillery Historic District)

Ano 2003

Área do local 56.000 m²

Arquitetos Cityscape Development Cop.

Local Toronto, Canadá

O Complexo que hoje é um dos pontos atrativos de entretenimento e arte na cidade de Toronto, abrigou em 1832 a maior destilaria britânica do século XIX: Gooderham and Worts, de grande importância histórica para os canadenses.

Após ser desativada nos anos de 1990, sofreu um período de esquecimento até sua compra em 2001 por um grupo de investidores privados que possibilitaram o restauro dos 47 prédios e por fim, a reabertura, no ano de 2003 de um sítio industrial com grande importância cultural para a Cidade.

É possível identificar a conservação e restauro do conjunto por meio da: preservação dos edifícios em estilo industrial vitoriano com tijolo aparente (Figura 79), presença de paralelepípedos irregulares no piso, exposições dos maquinários da época e resquícios do cotidiano que havia local como fotos e placas de indicação.

A reutilização e preservação dos espaços aguçam as percepções dos usuários a novos sentidos de viver e morar por meio da lembrança da história local e por novos programas como comércios, restaurantes, galerias e condomínio residenciais. Toda essa experiencia vivenciada é permitida somente na escala do pedestre, visto que no Conjunto é proibida a entrada de veículos

O Complexo tem em seu programa diferentes usos, assim compondo um conjunto que proporciona, em suma: arte, moradia, comércio e entretenimento. É possível observar no mapa abaixo (Figura 80) a variedade de serviços presentes no local:

A introdução de novos materiais no projeto diferencia-se pelo uso de elementos anacrônicos (metal, vidro e concreto) que geram contraste no monumento (CHOAY, 2001) por meio de materiais tecnológicos e esculturas modernas dispostas ao longo do Complexo.

Em relação ao restauro urbano identifica-se que a inserção do “distrito” na paisagem proporciona dinâmicas de diferentes relações ora pelos usos, ora pelas percepções dos usuários que vivenciam o local por meio da arte, gastronomia e entretenimento. O Distrito demonstra, em sua totalidade, um bom exemplo a ser utilizado como referência projetual de conceito e partido para revitalização de um complexo inserido em um meio urbano, pois introduz em seu projeto pilares como: meios de transporte público próximo à região, edifícios de caráter histórico e usos do solo que propiciam um giro econômico para a sociedade local.

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