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6.4. Escala Arquitetônica Conceíto e part í do
Processo De Tombamento Da F Brica Antarctica
ara dar direcionamento as premissas do partido e conceito pretendidos ao projeto arquitetônico foi necessário estudar a resolução 19/2016 do CONPRESP, que compreende as diretrizes de preservação dos edifícios da Cia Antarctica.
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“O tombamento é o instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio cultural mais conhecido, e pode ser feito pela administração federal, estadual e municipal. Em âmbito federal, o tombamento foi instituído n 25m de 30 de novembro de 1937, o primeiro instrumento legal de proteção do Patrimônio Cultural Brasileiro e o primeiro das Américas, e cujos preceitos fundamentais se mantêm atuais e em uso até os nossos dias”. (IPHAN, 1937)1
A partir dessa resolução de 1937 e das ferramentas contidas no Plano Diretor Estratégico de São Paulo de 2002 para a criação das Zonas de Preservação Cultural (ZEPEC) faz-se o entendimento das diretrizes de tombamento da Fábrica Antarctica, uma vez que é por meio deste zoneamento e pela maior participação da população desses bairros que muitas edificações foram sugeridas como áreas de possível preservação contidos no plano regional da subprefeitura da Mooca.
A respeito da importância da preservação e memória industrial no bairro da Mooca, como apresentado anteriormen- te, tem-se por justificativa de tombamento dos edifícios da cervejaria Antarctica a significância urbana que esta tem por localizar-se nos arredores da ferrovia Cia São Paulo Railway e ter participado do processo de industrialização da Cidade assim como nos “primeiros momentos do parcelamento e ocupação do solo original do bairro da Mooca”. (CONPRESP, 2016)
“Considerando o patrimônio industrial como vestígio das transformações geradas pela industrialização, que além de reunirem valores históricos, sociais, tecnológicos e arquitetônicos, são testemunhos das técnicas construtivas tradicionais e dos processos produtivos dos primórdios da industrialização paulista.” (CONPRESP, 2016, p.1)
“Considerando a importância da Companhia Antarctica Paulista, herdeira da antiga Cervejaria Bavária para a história da cerveja no Brasil e dos seus processos pioneiros de produção industrial.” (CONPRESP, 2016. p.1)
Ainda nessa resolução são apontados no Artigo 1 (apresentado abaixo) os edifícios de interesse histórico que devem ser preservados e diretrizes sobre propostas de intervenção e projetos de restauro definidas ponto a ponto conforme as particularidades de cada área do complexo (do Artigo 2 ao Artigo 7) que serão melhor aprofundadas nesta pesquisa no capítulo referente as propostas projetuais de reativação.
“Artigo 1º - TOMBAR as EDIFICAÇÕES situadas no perímetro da ANTIGA FÁBRICA ANTARCTICA, localizada na Avenida Presidente Wilson, 251, 307 e 367, SQL 028.046.0075-0, matrícula nº 139.166 do 7º Cartório de Registro de Imóveis, infra especificadas, conforme mapa anexo./ Edifício 1, 2, 3, 4 - Preservação da arquitetura e elementos externos./ Edifício 5 –Preservação da arquitetura e elementos externos, incluindo coberturas, envasaduras, preservação das estruturas metálicas internas e externas./ Edifício 6 – Preservação da arquitetura e elementos externos e preservação da estrutura interna. / Preservação integral da chaminé situada ao lado do edifício 5, incluindo os letreiros.” (CONPRESP, 2016. Art. 1, p. 2)
Por fim, conforme as análises e entendimento sobre as diretrizes propostas tanto na OUCBT quanto na Resolução de Tombamento da área, cabe ressaltar que, como já indicado anteriormente, neste trabalho serão respeitadas e utilizadas, para questões projetuais, as ferramentas contidas e previstas no PDE de São Paulo de 2014 para valorizar o patrimônio da Fábrica Antarctica.
“Art. 87. (...) III. Incentivar a preservação da memória e do patrimônio historico, cultural, religioso e ambiental e a valorização do ambiente construído; V. Proporcionar a preservação e a visualização das características peculiares dos logradouros e das fachadas dos edifícios; VI. Contribuir para preservação e visualização dos elementos naturais tombados em seu conjunto e em suas peculiaridades ambientais;” (São Paulo, 2014)
A partir das premissas de preservação essencialmente necessárias para esta área e estudos de levantamentos do local, evidenciam-se as justificativas de implantar um centro turístico na Cia Antarctica, uma vez que, trata-se de um local com grande potencial cultural e histórico. Além disso, de acordo os estudos de uso do solo e vias estruturais, trata-se de uma área com eixos comerciais (Rua da Mooca) e culturais (Avenida Presidente Wilson), logo pensa-se para o Complexo um uso que se potencialize e relacione com estas temáticas.
Acesso em: 06 abr.
Acesso em 06/04/2020
“Memória social: O estreitamento do vínculo entre memória social e patrimônio impulsiona a articulação de movimentos sociais, o direito à memória, o direito ao patrimônio enseja que bens materiais investidos de função mnemônica sejam efetivamente protegidos. (p.10109)” (PEREIRA,2017, p. 04)1
Por meio do trecho retirado do artigo de Nabila Pereira (2017), discute-se os processos de democratização do patrimônio cultural. Nesse ponto entende-se a importância da participação popular sobre a preservação de edifícios, que reafirma a construção de relações de pertencimento por meio de “enraizamentos” de “tradições”2 contidos em bairros que tiveram processos de formação histórica e cultural.
A partir dessa premissa é adotado para os edifícios da Cia Antarctica, o partido traduzido na preservação de edifícios históricos pela memória afetiva local.
Além disso, para reconstrução e preservação arquitetônica do local são utilizadas soluções ligadas a Giobanonni, Brandi, Carbonara e Viñas, pois são teóricos que dão destaque a composição do edifício com o meio, diferenciação de materialidade, reconversão, conservação e significância cultural.
Assim, para este projeto foram pensados os conceitos sobre: a integração do Complexo com diferentes ruas de acesso para pedestres que auxiliem:
Premissas Gerais
Após os estudos referentes a resolução de tombamento da área, conceitos e partidos orientados para o local, destina-se por decisões gerais a reconversão de edifícios com o intuito de reativar os elementos tradicionais dos bairros históricos pelas relações de vizinhança e multifuncionalidade de usos.
a) Caminhos da vizinhança: b) Demolição e construção
Para retomar a memória dos bairros tradicionais e possibilitar um projeto mais próximo a escala do pedestre, pensou-se para os acessos da Fábrica Antarctica providenciar caminhos que remetam pequenas ruas de uma malha urbana que aproximem os edifícios e o “caminhar” ao olhar dos usuários.
A proposta para o projeto prevê, além da reconversão de usos, a preservação do patrimônio por meio de novos significados. Para isso, foram definidos os edifícios a serem demolidos, construídos e preservados:
(1) na composição dos edifícios em relação ao bairro da Mooca.
“Independentemente do propósito, uma caminhada pelo espaço urbano é uma espécie de “fórum” para as atividades sociais que acontecem durante o percurso, como parte integrante das atividades do pedestre. (...) Caminhar é um meio de transporte, mas também um início potencial ou uma ocasião para outras atividades.” (GEHL, 2013. p.120)
• Para as demolições foram considerados alguns galpões contidos na parte norte do terreno e os muros contidos na Avenida Presidente Wilson, Praça da estação da CPTM e Rua da Mooca.
(2) na utilização de materiais que possibilitem a diferenciação do edifício original e anexos contemporâneos, os quais visam atender necessidades de conforto térmico, acessibilidade universal e sustentabilidade, além de possuírem fácil remoção;
1 PEREIRA, N.S.S Patrimônio cultural, turismo e ordenamento territorial, Disponível em < https://revistas.ufpr.br/turismo/article/view/53958 > Acesso em: 17 mar. 2020
2 Bruck, Mazahir Salomão. Entrevista: Eclea Bosi. 2013 Disponível em < file:///C:/Users/mytty/AppData/Local/Packages/Microsoft.MicrosoftEdge_8wekyb3d8bbwe/TempState/Downloads/4301-Texto%20 do%20artigo-16908-4-10-20121130%20(1).pdf >
Acesso em 6 abr. 2020 c) Modularidade
(3) na aproximação afetiva e cultural dos moradores locais em relação a cidade, com intuito de promover a educação patrimonial, valorização da economia local e reafirmar a memória afetiva da Fábrica.
• Para as novas construções, o uso de materialidades contemporâneas que atribuam a nítida diferença entre “velho” e “novo”.
• Para os edifícios preservados, são mantidas as edificações contidas na resolução de tombamento da Fábrica Antarctica.
O projeto também contempla a necessidade da composição projetual por meio do conforto térmico e a sustentabilidade. Para isso, foram pensados alguns anexos modulares:
• Jardineiras suspensas:
Jardineiras suspensas compostas de gradis para auxiliar na absorção de ruídos, calor e qualidade do ar (Figura 103);
• Brise-soleil e gradil: Brises em estrutura metálica e madeira para proteção térmica e visual (Figura 104);
• Placas termoacústicas:
Placas termoacústicas com acabamento em pintura vermelha para auxiliar na absorção de calor e ruído (Figura 105);
• Módulos em vidro:
Panos de vidro fixo transparentes e espelhados para ampliar a permeabilidade entre espaços fechados e abertos (Figura 105); d) Conforto térmico
O conforto térmico em um edifício é importante para a satisfação mental de temperatura do ambiente para os usuários. Assim, são utilizados rasgos internos em todos os edifícios com intuíto de promover as principais estratégias bioclimáticas que visam otimizar a ventilação cruzada e a iluminação natural.
“A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, sendo de grande importância para a higiene em geral e para o conforto térmico de verão em regiões de clima temperado e de clima quente e úmido.” (FROTA e SCHIFFER, 2001, p.124)
“Não menos importante é a orientação das aberturas e dos elementos transparentes e translúcidos da construção, que permitem o contato com o exterior e a iluminação dos recintos” (FROTA e SCHIFFER, 2001, p.16)
6.4.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES
Cervejaria Antarctica da Mooca - Em busca de um novo polo tur stico e cultural
Para o programa de necessidades pretendido ao local, pensou-se na setorização do complexo em:
(1) Áreas abertas:
Compreenderão espaços com maior massa de arborização, pisos drenantes e gramados. Nessas áreas será aplicado um programa que incentive atividades ao ar livre, compondo-se assim:
• Praças para conectar espaços e fragmentos verdes;
• Playgrounds;
• Mobiliários urbanos (exemplo: bicicletário, bancos, lixeiras, bebedouros etc.);
• Áreas gramadas para piqueniques;
• Áreas para pequenos eventos (shows ao ar livre, festividades, etc.);
(2) Áreas cobertas:
Para essas áreas serão considerados todos os edifícios novos ou a serem restaurados. Nessas construções serão criados programas que valorizem a arquitetura por meio do incentivo a educação e ao pertencimento histórico que a Fábrica possui à Cidade, assim pretende-se promover polos de atividades com características que componham o complexo:
• Polo recreativo: Edificações para atividades voltadas ao cinema e teatro;
• Polo esportivo: Edificações para quadra coberta, vestiários e sanitários;
• Polo turístico e corporativo: Edificações para galerias gastronômicas locais, comércios, serviços, hotelaria para turistas e escritórios corporativos compartilhados;
• Polo cultural e educacional: Edifícios voltados a reativação de parte da fábrica para produção e comercialização de cerveja artesanal, museu histórico da cervejaria e centro de estudos compostos de salas de coworking e laboratórios e biblioteca;
Legenda de construções
Legenda de cores
Construção
Grama
Mesclagem de piso e grama
Piso intertravado
Piso intertravado
Legenda
1 - Teatro e cinema
2- Banheiro e vestiário externo
3- Quadra poliesportiva
4- Hotel
5- Coworking e comércio
6- Portaria
7- Comércio e serviços
8- Memória Cervejaria da Mooca