2021
JÓ em foco! Deus e o diabo na esfera do céu Os muitos filhos de Jó O primeiro amigo O segundo amigo O terceiro amigo e um quarto verdadeiro O Beemote – em carne e espírito O Leviatã – em espírito e carne
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Jó tem tudo de nós, e nós temos
tudo de Jó.
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Jó em foco! Jó sempre tem sido associado à paciência. Mas ele e tudo o que representa vão muito além disso. Não sei se ele se gloriava como Paulo nas suas tribulações, mas os resultados práticos na vida espiritual destas duas vidas sofridas deveriam ser iguais. “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tr ibulação produz [a tr adução mais precisa seria ‘tem poder para’ e não consequência certa] a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.3-5). Sua vida vinha em perfeita sintonia com a justiça prática e seu desejado desdobramento – filhos abençoados e vida próspera. Mas um sofrimento atroz e incomum se abate sobre ele e que arrasta toda sua família à desgraça. Surgem três amigos. Chegam até a se assentar juntamente com ele no chão duro, sofrendo as mesmas dores e lágrimas. Calam-se como que esperando uma reação do amigo. Que dizer nessas horas? Palavras corriqueiras e vazias
do tipo – Deus é bom o tempo todo?! Deus é fiel?! Não eram eles nem nós que tínhamos que raspar suas feridas, nem os cães nos lambiam. Então Jó abre sua boca em amargura... descamba sua miséria, vomita toda sua dor e inconformação... insiste em demonstrar a pureza de suas mãos e lábios durante toda sua vida... e aí seus problemas se acentuam... Aqueles grandes amigos não podiam combinar pureza de vida com sofrimento atroz. Se fosse hoje, provavelmente seriam adeptos da ‘teologia da prosperidade’. Em vez de o consolarem, acusam-no impiedosamente. Um jogo de braço de ferro com acusações falsas de um lado, e a defesa segura da justiça de Jó de outro, vai se entrelaçando até que aparece um quarto amigo. Mas nada afasta sua dor e incompreensão íntimas. Até que o próprio Deus resolve condescender e olhar para seu filho. Mas, antes de responder suas perguntas e dúvidas cruciais que acompanham desde sempre toda a humanidade, faz -lhe inúmeras outras perguntas. Uma após outra vai demonstrando sua soberania, seu poder; de uma certa forma até seu distanciamento necessário... e destronando toda nossa arrogância e incompetência espiritual. Vamos tentar analisar este livro de uma forma diferenciada. Não vamos bater nas mesmas teclas de sempre. Va-
mos investigar os acusadores através de suas conclusões pelas suas falas. Separemos o joio do trigo. Jó tem tudo de nós, e nós temos tudo de Jó. Que Deus nos ilumine nesta tarefa em revelar um pouco mais de nós mesmos e Dele próprio.
Deus e o diabo na esfera do céu Como bom estudante de Teologia em toda minha vida cristã, sempre achei insuficiente aquela divisão – muito humana aliás – da vontade do Senhor entre ativa e permissiva. Deus quer (soberanamente ativo) e Deus permite soberanamente passivo). Quando permite é porque a culpa não é dele, mas simplesmente quis permitir. Como se ao permitir, ficasse totalmente isento da responsabilidade do ocorrido.
E certamente a culpa (estamos falando de culpa agora e não responsabilidade!) não passa para ele. Como poderíamos culpar a Deus pela transgressão de Adão? Ou mesmo pelos nossos pecados? Ninguém poderia culpá-lo por algo que Ele mesmo não cometeu. Foram seus agentes livres que trouxeram à tona o pecado e abriram a porta ao castigo divi-
no. Mas o que eu quero acentuar não é a culpa, e sim a responsabilidade. Vamos ao caso específico de Jó, transcrevendo apenas sobre a justiça de Jó enfatizada por Deus e sua ‘permissão’ quanto à tentação do diabo.
“E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal... Então respondeu Satanás ao Senhor... estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face...
E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contr a ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor” (1.8-12). Como podemos deduzir desta fala do próprio Deus, que sua atitude tenha sido apenas permissiva? Ele simplesmente poderia ter respondido ao seu maior inimigo – Xô!!! Não adianta querermos isentar Deus de responsabilidade neste caso, embora a culpa estivesse nas mãos do tentador. A partir do momento que Deus tinha conhecimento da integridade de seu servo Jó, que passou o direito ao inimigo de testá-lo, que Deus tinha poder de impedi-lo da ação tentadora – não podemos retirar Sua responsabilidade sobre o ca-
so todo, do início ao fim. Mas fique tranquilo! – Deus não precisa pedir desculpas pelo seus atos. E é aqui o ponto em que quero chegar, pela arrogância dos tempos em que vivemos. Como se o Criador de todas as coisas não tivesse o direito de agir segundo sua vontade livre e soberana, vontade esta que foi passada aos homens em certo grau, e que sabemos usar dela com muita astúcia e ‘direito’. “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Rm 9.20-21). Podemos não entender. Podemos não aceitar. Mas não podemos alterar o sentido óbvio destas palavras. Deus é, no sentido mais absoluto da palavra, dono e Senhor sobre tudo e todos.
“Só tu és Senhor; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora” (Ne 9.6). “Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1).
Para Satanás – o caso de Jó, crendo que ele não suportaria e pecasse, seria objeto de desculpa para si mesmo, uma vez que no passado ele também foi galardoado de forma excepcional no céu. Ele somente se esqueceu de que ele pecou de posse de sua função celestial, e não depois que Deus retirou sua bênção sobre ele. Para Deus – seria não só uma aprovação do seu próprio caráter galardoador sobre aqueles que o buscam em sinceridade de coração, mas também um exemplo ou figura dos sofrimentos maiores do redentor divino – Jesus – em vida absolutamente justa e santa. Para Jó – um passo a mais no aperfeiçoamento de seu caráter e fé. Paulo conhecia bem esta conjuntura. “E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, par a que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto pr azer nas fr aquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” (2 Co 12.9-10). Tudo o que se envolveu no drama terrível daquela família, era da responsabilidade de Deus – não permissiva – mas ativa. Do Deus que “conhece a nossa estrutura; lembrase de que somos pó” (Sl 103.14). “Porque sem mim nada
podeis fazer” (Jo 15.5). Ao final, Deus aparece a Jó exatamente porque sabia que era responsável por aquele sofrimento. Inversamente, a Paulo Deus aparece antes do sofrimento, para prepará-lo à grandeza do seu chamado missionário.
Há uma frase no livro ‘O pequeno príncipe’ que fiz questão de decorar. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Nosso Senhor é responsável por absolutamente tudo que acontece... mas tudo com um propósito gracioso, digno do Deus de Israel e da Igreja, corpo de Cristo. “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; Que nos consola em toda a nossa tribulação, par a que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus. Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo” (2 Co 1.3-5).
Os muitos filhos de Jó Não podemos deixar de observar, como já propusemos em notas anteriores, que o descritivo inicial e principal de um personagem marca sua posição no reino dos homens e de Deus, para o bem e para o mal. E assim é para o caso dos filhos de Jó. Não adianta uma atitude positiva, sadia, santa e espiritual dos pais, se os filhos não andarem em conformidade com os atos e fé daqueles. Ninguém tem comunhão com Deus por tabela. Pode ter ‘aparência de piedade’, como declara o apóstolo, mas a fé só pode ser provada, aprovada e imputada pelas obras, como sempre foi e será até ao final breve. Mas o que insinua a Escritura a respeito destes filhos e de muitos que lhes seguem os passos – dentro mesmo de nossas congregações?
“E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles...” (Jó 1:4). Seu pai bem que tentava... “Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de
madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia J ó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoar am a Deus no seu cor ação. Assim fazia Jó continuamente” (Jó 1.5). Vou propor alguns textos para que você tenha a oportunidade de exercer seu entendimento e inteligência espirituais, e chegue você mesmo às conclusões que o Espírito Santo deseja ao nos indicar tais coisas. “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra” (Lc 21.34-35). “Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Mc 4.19).
“E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos” (Lc 17.26-27). “Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de Sodoma...” (Lc 17.28-29). Dentro de brevíssimo tempo o corpo verdadeiro e invisível de Cristo também será recolhido à sua arca celestial. A porta de Laodiceia se fechará finalmente. Esta Sodoma global acordará espantada com o sumiço repentino dos muitos Lós que se agregaram ao pai da fé – Abraão. Então sete anos de castigos serão selados, tocados e derramados sobre o mundo dos gentios e de Israel. “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Ap 1.3).
O primeiro amigo Antes de analisarmos os (pre)conceitos de Elifaz, seu primeiro amigo, vamos observar como os discursos de todos os envolvidos foram dispostos pelo livro de Jó.
Interessante notarmos que, em forma de discursos e réplicas alternadas entre os envolvidos do grupo humano, cada um fez 11 falas. Elifaz, Bildade e Eliú formularam 3 falas cada um (desconsiderando a divisão por capítulos), e somente Zofar destilou sua sabedoria duas vezes. Obviamente Jó foi o que mais se pronunciou, visto que respondia a cada argumento e também era o que mais sofria. Defenderse é sempre mais difícil que acusar. Deus faz um discurso único ao final, mas dividido pela marcação textual – “Respondeu mais o SENHOR a Jó”. Tentaremos elucidar esta divisão ao final.
Passemos ao caso de Elifaz. Vamos transcrever suas
principais falas em cada uma de suas 3 réplicas e que indicam bem seu (pre)julgamento do que se passava na vida de Jó. “Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade, e semeiam mal, segam o mesmo” (4.8) – seria o mesmo que dizer que Jó semeou o mal e o colheu. “Bem vi eu o louco lançar raízes; porém logo amaldiçoei a sua habitação. Seus filhos estão longe da salvação; e são despedaçados às portas, e não há quem os livre” (5.34) – pelo prisma deste amigo, Jó não só colheu o mal que plantou, como ainda condenou seus filhos à perdição, quando a Escritura mostra contrariamente que ele ainda sacrificava de forma preventiva caso seus filhos tivessem pecado. Em sua segunda réplica ele acrescenta. “Porque a tua boca declara a tua iniquidade; e tu escolhes a língua dos astutos. A tua boca te condena, e não eu, e os teus lábios testificam contra ti” (15.5-6) – ou seja, não sou eu, Elifaz, que não te compreendo, mas você Jó te condena a ti mesmo, o que me faz idôneo e me inocenta nos meus (pre)julgamentos sobre você. “Quanto mais abominável e corrupto é o homem que bebe a iniquidade como a água?” (15.16) – suas palavras vão pesando mais em vez de aliviar.
Sua terceira fala arremata impiedosamente. “Porventura será o homem de algum proveito a Deus?... Ou tem o Todo-Poderoso prazer em que tu sejas justo...?” (22.2-3) – certo é que o homem não traz proveito ao bem estar de Deus, mas dizer logo em seguida que Deus não se compraz com a justiça dos seus santos, é perverter todos os caminhos do Criador sobre suas criaturas. Se Deus não tem prazer em nossa justiça, por que Ele o exige de nós e nos condena em caso contrário? E depois de condenar positiva e cabalmente seu amigo com palavras cruéis deste naipe – “Não deste ao cansado água a beber”, “As viúvas despediste vazias”, “Por isso é que estás cercado de laços...” (22.7-10) – quando Jó garantiu firmemente em sua defesa que sua vida foi pautada pela justiça ao próximo e a Deus, Elifaz arremeta num lance de piedade digna de fariseus: “Se te voltares ao Todo-Poderoso, serás edificado; se afastares a iniquidade da tua tenda... Então o Todo-Poderoso será o teu tesouro [uma alusão ar rogante ao seu pr ópr io nome que significaria ‘Meu Deus é ouro puro’ ou ‘Deus é meu tesouro’]... Porque então te deleitarás no TodoPoderoso, e levantarás o teu rosto para Deus” (22.23-26). Jó nunca se apartou do Todo-Poderoso como queria fazer crer seu amigo. Ele se indignou justamente porque su-
as obras estavam de acordo com sua fé e submissão ao seu Deus, não entendendo os motivos mais profundos para tanto sofrimento. Mas agora te peço que faça um simples exercício que te fará bem à alma. Volte um pouco mais acima e releia os testemunhos de Elifaz sem o contexto da vida de Jó, ou seja, o texto isolado em si mesmo. Depois retorne daqui... Suas palavras de sabedoria estão em perfeita consonância com toda a Escritura. Os Salmos são repletos destas verdades ditas de muitas formas e através de muitas figuras. O problema não estava na semente, mas na terra. A palavra era perfeita, mas não naquela ocasião e para aquele homem. Ele lançou palavras verdadeiras ao homem errado, palavras de justa sabedoria a alguém que era mais justo e sábio que seu acusador. Meu pai lançou em nosso rosto muitas vezes uma passagem que só descobrimos muito tempo depois – Mateus 7.1. E esta palavra dita há tanto tempo ainda está em pleno vigor, para todo e qualquer mortal. A seguir vamos ouvir as palavras do segundo amigo.
O segundo amigo As palavras de Bildade seguem as de seu amigo primeiro, mas com alguns acréscimos perigosos. Será que ele foi contaminado pelo discurso acusatório do outro? Passemos ao melhor de seus 3 discursos. “Porventura perverteria Deus o direito? E perverteria o Todo-poderoso a justiça? Se teus filhos pecaram contra ele, também ele os lançou na mão da sua tr ansgressão” (8.3-4). Para ele não havia dúvida de que Deus só estava retribuindo o que os filhos de Jó haviam plantado. O mais interessante é que Bil já começa sua fala tocando no ponto mais fraco de um pai já em agonia. Ele até poderia tratar com Jó que o ouvia, mas jamais acusar os filhos que não poderiam se defender. E o que encontramos na segunda fala? Afora a continuação de seus ataques pessoais aos ímpios – e Bil frisava nas ‘entrelinhas’ que Jó era um deles – encontramos duas profecias que jamais poderiam se concretizar. “A sua memória perecerá da terra, e pelas praças não terá nome” (18.17).
A prova memorial de que Jó não se enquadrava nos moldes de seu segundo acusador é o próprio livro de Jó que ora estudamos, escrito há milênios e divinamente preservado até hoje e para sempre. Não só alivia a dor dos que porventura se encontrem nestas tristes circunstâncias, como condena todos os caluniadores de todos os tempos. “Não terá filho nem neto entre o seu povo, e nem quem lhe suceda nas suas mor adas” (18.19). Seu vaticínio falso não contava com a restauração de Jó e o prolongamento de sua semente multiplicada em 10, como atesta o último capítulo de seu livro.
Deixo duas passagens que calam a voz da ignorância, da incredulidade e da impiedade que também se erguerão em breve contra os ungidos do Senhor, na tentativa de invalidar nossa memória e nossa filiação garantidas em Cristo. “Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17). “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagr asse pelas aflições o pr íncipe da salvação deles. Porque, assim o que santifica, como os que são santi-
ficados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hb .10-11). Obrigado, Senhor Jesus, por ter descido a este vale de impiedade, injustiças e pecado, com a árdua tarefa de morrer exatamente por estes que tudo a Ti devem, e, paga a sentença de morte eterna que nos cabia, não só nos dá um novo nome que brilhará para sempre pela eternidade afora, mas nos coloca dentro da família de Deus ao nos chamar carinhosamente ‘irmãos’. Mas o que nos reserva o terceiro e último discurso de Bildade?
Como, pois, seria justo o homem para com Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher?... E quanto menos o homem, que é um ver me, e o filho do homem, que é um vermezinho!” (25.4-6). Como garante Paulo em sua carta aos Romanos bem mais à frente no tempo– “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda. Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só” (Rm 3.10-12). Realmente nem Jó poderia ser justo sob o peso desta condenação divina, e ele nunca se eximiu desta justiça santa
que provém de Deus. Ele mesmo já tinha chegado a esta conclusão. Então Jó respondeu, dizendo: Na verdade sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?... Porque, ainda que eu fosse justo, não lhe responderia; antes ao meu Juiz pediria misericórdia” (9.1-2,15). O problema era mais complexo do que parecia. Se, como acertou Bildade, ninguém será justo aos olhos de Deus, então ninguém será salvo ao final, ainda que suas vidas fossem retas na prática das relações humanas. Mas e dentro da relação divina?
Jó estava um passo à frente de seu oponente. Ele podia confiar na misericórdia de Deus porque ele mesmo profetizou: “Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! [e graças a Deus foram!]... Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. [e é bem provável que ele não entendesse plenamente o conceito do Filho se levantando da terra e se assentando aos céus] E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, Vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e não ou-
tros o contemplarão; e por isso os meus r ins se consomem no meu interior (19.23-27). Bildade via a justiça no campo meramente humano – Jó ia muito além ao antever profeticamente, graças à sua comunhão contínua e íntima com seu Deus, a redenção propiciatória de um Redentor divino-humano, como ele atesta em outro lugar. “Porque ele [Deus] não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos (9.32-33). Por isto o Filho de Deus se fez verme, para ser um perfeito mediador entre Deus e os homens e dispor graciosamente da redenção pela fé no seu sangue. “Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me veem zombam de mim, estendem os lábios e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre; livre-o, pois nele tem prazer” (Sl 22.6-8). “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). Bildade bem reconhecia o homem como verme, mas não passava disso. Jó antevia um Redentor divino – pela fé –
que se levantaria da terra em nosso favor. Com todo sofrimento e miséria que Jó passava, ele ainda tinha um testemunho melhor que seus amigos. O segundo amigo também falava segundo a justiça que vem dos homens pela lei.
Jó falava de uma justiça que vinha do próprio Deus pela misericórdia, e que durava para sempre. Mas passemos ao terceiro amigo.
O terceiro amigo e um quarto verdadeiro Zofar, o último dos 3 amigos, não diferencia muito sua fala dos anteriores, mas faz a gentileza de acrescentar maior castigo. Vou transcrever 4 traduções de sua fala principal – 11.5-6. “Mas na verdade, quem dera que Deus falasse e abrisse os seus lábios contra ti! E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; sabe, pois, que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade” (Corrigida Fiel). “Ah, se Deus lhe falasse, se abrisse os lábios contra você e lhe revelasse os segredos da sabedor ia! Pois a ver dadeira sabedoria é complexa. Fique sabendo que Deus esqueceu alguns dos seus pecados” (Nova Versão Internacional). “Eu gostaria que Deus falasse e lhe desse uma resposta! Ele lhe ensinar ia os segredos da sabedor ia, pois há mistérios na explicação das coisas. Assim, você veria que Deus o está castigando menos do que você merece” (Nova Tradução Linguagem de Hoje).
“Oh, se Deus falasse e te dissesse o que pensa! Oh, se ele te fizesse ver exatamente quem tu és, porque ele sabe bem tudo o que tens feito. Ouve! Deus, sem dúvida alguma, está a castigar-te, mas está a fazê-lo muito menos do que mereces!” (O Livro). Em qualquer das traduções, por mais ou menos exaltada, duas coisas são certas para Zofar – Deus estava castigando Jó por suas transgressões – e menos do que ele merecia. Até aqui nenhuma novidade. Mas vamos desatar agora os nós deste julgamento precipitado e indevido. Devemos entender a problemática erguida pelos acusadores, distinguindo duas bases de condenação – a natureza do pecado e o pecado pessoal propriamente. O pecado, qualquer que seja ele, é fruto de nossa natureza caída e pecaminosa. Pela natureza que herdamos de Adão depois da queda, todos estamos condenados inexoravelmente, mas que o Antigo Testamento não tratava tão claramente quanto o Novo.
“Porque, como pela desobediência de um só homem [pecado pessoal de Adão no Éden], muitos foram feitos pecadores [natureza pecaminosa tr ansmitida a todos os descendentes], assim pela obediência de um [justiça de Jesus na cruz] muitos serão feitos justos [pela fé no sacrifício do Filho]” (Rm 5.19).
Ninguém poderia atestar nosso estado íntimo de pecadores se não fossem os pecados cometidos exteriormente. Estes são a prova daquele. “Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos” (Lc 6.44). Uma figueira não deixa de ser figueira se ela não produzir figos. E Jó não estava isento da natureza do pecado, mesmo que sua vida fosse justa ao ponto de ninguém poder comprovar algum pecado em sua vida, como tentaram seus acusadores. Jó não seria inocentado jamais ao olhos divinos, ainda que sua conduta diante de Deus e dos homens fosse exemplar, como ele mesmo garantia e já frisamos anteriormente. Um quarto amigo que se reuniu posteriormente aos 3 primeiros, Eliú, não vai condená-lo por algum pecado pessoal, antes vai exaltar a justiça e perfeição absolutas de Deus que se elevam sobre qualquer mortal pecador por natureza. “Eis que vim de Deus, como tu; do barro também eu fui formado. Eis que não te per tur bar á o meu ter ror, nem será pesada sobre ti a minha mão” (33.6-7). “Se Ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego, toda a carne
juntamente expiraria, e o homem voltar ia par a o pó” [Eliú não se refere a algum pecado específico, mas à condenação derivada da pecaminosidade humana diante da justiça e santidade absolutas de Deus] (34.14-15). Nosso maior mal está em julgarmos o próximo quando somos feitos do mesmo material. Somado ao fato que julgamos através de uma análise momentânea, como que por uma pequena fresta, sem levar em conta toda a soma da vida que somente Deus tem acesso amplo. “Tens por direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?... Eis que Deus é excelso em seu poder... Eis que Deus é grande, e nós não o compreendemos, e o número dos seus anos não se pode esquadrinhar... Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não podemos compreender... em Deus há uma tremenda majestade. Ao Todo-Poderoso não podemos alcançar; grande é em poder; porém a ninguém oprime em juízo e grandeza de justiça. Por isso o temem os homens; ele não respeita os que se julgam sábios de coração” (35,2; 36.22,26; 37.5,22 -24). Sem dúvida alguma, Eliú tinha uma concepção melhor de Deus e do homem em suas relações mútuas, e por isto mesmo não foi condenado por Ele quando incumbiu Jó da tarefa de orar e sacrificar somente pelos três amigos primeiros.
“Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei” (42.8). E também Jó só foi aceito aos olhos de Deus depois de sacrificar, orar – mas principalmente perdoar – seus detratores. “Então foram Elifaz, Bildade e Zofar, e fizeram como o Senhor lhes dissera; e o Senhor aceitou a face de Jó” (42.9). Vou finalizar trazendo a resposta de Deus para o desafio de Zofar, quando ele desejava “que Deus falasse e abrisse os seus lábios”. “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo... O qual, sendo o resplendor da sua glória [emanação perfeita em carne de todas as perfeições do Todo Poderoso], e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas...” (Hb 1.1-3).
O Beemote – em carne e espírito Finalmente, depois de todo embate espiritual entre Jó e seus amigos, o próprio Deus aparece em um redemoinho e começa – não a responder – mas a perguntar a Jó sobre vários temas comuns da vida. Podemos dividir seu longo questionamento em duas partes. Os capítulos 38 e 39 tratam de muitos assuntos da vida cotidiana. Deus pergunta sobre a criação da terra, do mar e seus limites, das nuvens, o amanhecer – pergunta sobre o mundo dos mortos... Passa para a neve entesourada para o “tempo da angústia” (38:23), numa clara alusão ao julgamento final. Sobe até as constelações de Órion e da Ursa. Vai ao reino animal perguntando sobre os leões, os corvos, as cabras montesas, o jumento bravo, o boi selvagem, a avestruz, o cavalo diante da guerra, a morada do gavião e a presa da águia. Todos os elementos vivos e inanimados em questão são usados continuamente pela Escritura – “como uma verdadeira figura” (1 Pe 3.21) – visando diversos ensinos e profecias. Os personagens aqui descritos vão muito além do físico, mas passam para o mundo espiritual, ensinado algo espiritual, como bem argumentou Jesus – “Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (Jo 3.12).
As muitas perguntas podem até ser respondidas do ponto de vista físico e científico, mas dificilmente poderiam ser respondidas do ponto de vista espiritual. “Ora, o homem natural [ou estritamente preso às regras deste mundo] não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucur a; e não pode entendêlas, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2.14). Mas é no segundo golpe discursivo de Deus, aos capítulos 39 e 40, que as coisas complicam. Duas espécies totalmente estranhas ao nosso ecossistema contemporâneo são descritas – o Beemote e o Leviatã.
Não adianta traduzir infantilmente o primeiro animal como ‘hipopótamo’, quando seu soberbo e monstruoso descritivo nada tem a ver com ele. Nem adianta querer roubar ou rebaixar o sentido exaltado de toda narrativa do livro, alegando que se trate de valor poético. Deus não responderá ao sofrimento mais atroz de Jó, e por dilatação a toda humanidade, com mera poesia e figuras pequenas da presente ordem. O sofri-
mento humano em toda sua história será respondida na morte cruel do Filho amado na cruz ensanguentada. Nada há de poético aqui ou lá. A descrição destes dois monstros incompreendidos é 100% real, como é 100% real a descrição da vergonhosa cruz. Deus precisava trazer à tona elementos que se enquadrem à altura da hediondez do pecado e do justo castigo divino. Sim, amados! Os dois espécimes estranhos que se encontram debaixo do mesmo céu que os outros que já comentamos acima, ainda que em tempos distantes, falam de algo mais profundo e espiritual, que vamos tentar clarear agora com algumas comparações.
“Contempla agora o Beemote, que eu fiz contigo, que come a erva como o boi... Ele é obra-prima dos caminhos de Deus” (40.15,19). Analisemos o primeiro termo em negrito, e que aparece somente mais 3 vezes em toda Bíblia seguindo esta fórmula restrita. “Por isso Moabe disse aos anciãos dos midianitas: Agora lamberá esta congregação [de Israel] tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo” (Nm 22.4). “Fizeram um bezerro em Horebe e adoraram a ima-
gem fundida. E converteram a sua glória na figura de um boi que come erva” (Sl 106.19-20). “Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tir ado dentre os homens, e comia erva como os bois” (Dn 4.33).
Caminhando em sentido contrário, Nabucodonosor – comendo erva como boi – vive o castigo divino da retirada de seu trono pela sua arrogância e prepotência. A imagem do bezerro que come erva levantado pelo povo no deserto quando Moisés estava no monte, representa a mudança corrupta e idólatra da adoração do Deus vivo para o deus morto. Será que você já está percebendo onde quero chegar?! Moabe, por sua vez, vive o medo de perder sua posição para uma nação, não mais justa do que ela, mas certamente mais agraciada por Deus em seus propósitos eternos. Se você quiser saber mais desta substituição que se efetuou nas esferas celestiais, pode ler o livro “O princípio da substituição dos mordomos” acessando https://issuu.com/ministerioescrito/docs/do_verdadeiro_-_substitui____o
Beemote fala de Lúcifer em sua perfeição celestial, mas que não bastará para resistir à queda – na verdade será o motivo dela.
Ele é expulso do seu trono (Nabuco) – converte-se em imagem de adoração em todas as suas formas pagãs (bezerro), rival do culto santo ao Deus vivo e, finalmente – teme o castigo eterno de Deus que o varrerá deste mundo (Moabe), perseguindo o povo escolhido. Quanto ao primor do segundo termo em negrito, achamos o seguinte pela versão Almeida Atualizada, passagem esta consagrada para a descrição de Lúcifer antes de sua queda. E assim como o Beemote físico teve seu fim trágico, também o espiritual. “Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedor ia e per feito em for mosur a. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa... estiveste sobre o monte santo de Deus... Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste cr iado, até que...” (Ez 28.12-15). Vamos abrir um capítulo extra para esmiuçar melhor a segunda figura do mesmo personagem e concluir esta análise do livro de Jó.
O Leviatã – em espírito e carne Seguindo o espírito da primeira grande figura usada por Deus para responder nossos grandes conflitos existenciais, a segunda tem sua ‘evolução’ lógica. A descrição deste monstro segue sem interrupção ao do Beemote – sem pausa, sem brecha para argumentação – como um desdobramento do primeiro. Vamos comparar somente três ‘coincidências’ entre ele e sua figura caída. O mais do capítulo 41 deixamos para seu exercício espiritual.
“Cada um dos seus espirros faz resplandecer a luz,
e os seus olhos são como as pálpebras da alva” (Jó 41.18). “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva!” (Is 14.12). Quanto ao termo ‘espirro’, só há mais uma passagem na Escritura para este reflexo involuntário.
“Depois [Eliseu] desceu, e andou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele, então o menino espirrou sete vezes, e abriu os olhos” (2 Re 4.35). Cada um dos espirros do Leviatã da morte, superabundará na graça de Deus que resplandecerá à luz da face de Jesus Cristo, de quem Eliseu é figura. *** “As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como com selo apertado (Jó 41.15).
“E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado” (At 9.18). É prazer de Satanás cegar com escamas – é prazer do nosso Deus dar vista aos cegos. Nem vamos comentar sobre “uma couraça de esca-
mas” do gigante Golias... *** “Ele vê tudo que é alto [ou ‘olha para tudo com desprezo’ – NTLH]; é rei sobre todos os filhos da soberba” (Jó 41.34).
“E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus [eu] exaltarei o meu trono, e no monte da congregação [eu] me assentarei, aos lados do norte. [Eu] Subirei sobre as alturas das nuvens, e [eu] serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13-14). *** Conquanto o Beemote apareça somente no livro de Jó, o Leviatã tem outras aparições. E aparece somente mais três vezes pelo texto inspirado. Vamos reprisar somente a passagem de Isaías, pela brevidade de seu cumprimento. “Porque eis que o Senhor sairá do seu lugar, para castigar os moradores da terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá mais os seu mortos. Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã, serpente veloz, e o leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar” (Is 26.21-27.1).
Embora seja mais que óbvia a simbologia para “o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás” (Ap 20.2), é certo também que os 3 personagens descritos no tempo do fim, quando o Senhor castigar os moradores da terra, represente a tríade maligna que se erguerá do mar e da terra (Ap 13) sob a força do “grande dragão vermelho” (Ap 12). “E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, par a os congregar par a a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap 16.13-14). Teremos oportunidade, se tivermos tempo hábil antes da volta de nosso Senhor para o bendito arrebatamento de sua Igreja, de continuarmos o assunto escatológico no estudo dos profetas maiores e menores. Por ora, fechamos o livro de Jó com o seguinte entendimento. A resposta de Deus a Jó e seus acusadores finda com a descrição de dois monstros inigualáveis que, simbolicamente, tratam do grande culpado de todo pecado e condenação introduzidos desde a esfera celestial – o Beemote – e passando para nossa esfera de vida – o Leviatã. Podemos resumir sua atuação maligna sobre o reino de Deus e dos homens com uma repreensão do apóstolo
Paulo ao espírito de um certo inimigo dos caminhos de Deus. “Disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessar ás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (At 13.10).
Aos caminhos perturbadores do inimigo de todas as almas, o Filho de Deus nos assegura: “E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus... E, despojando [ou retir ando seus per tences] os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 1.20, 2.15). Glória a este grande Deus! Salmos que nos aguarde!