2020
1º Reis Concepções
Um elemento estranho no templo de Salomão Somente a Lei na arca A ruptura de Israel Um profeta velho e um homem de Deus Samaria que se Acabe! Elias e o Pai
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1. Concepções do livro
Abrimos agora o período de reinado dos reis subsequentes da linhagem de Davi. Salomão, seu filho, trará um período de extrema riqueza e paz para seu povo, como claro tipo do reinado milenar de Cristo em paz e segurança. Constrói o templo do Senhor com uma pompa não característica da simplicidade do Deus Vivo, e ainda com associação dos gentios. No momento de introduzir a arca do Senhor no templo, algo inédito: só as tábuas da lei se encontravam dentro, a vara de Arão florescida e o vaso de maná haviam sumido. O que será que havia acontecido? O começo de seu reinado será virtuoso, mas a partir do momento em que se une com a filha de Faraó, num jugo espiritual desigual, as idolatrias e dificuldades começam. A ‘paz’ que caracterizava seu reino, aliás o significado de seu próprio nome, findam com ele, e seu filho herdeiro em sua arrogância pueril promoverão uma ruptura do governo, levando à criação de dois estados soberanos – um denominado Judá, ao sul, com controle desta tribo e a de Benjamim, e outro denominado Israel, ao norte, numa aliança de 10 tribos. Estas duas coligações estarão em perpétuo conflito, ora com avanço de uma ora de outra.
Uma expressão singular marcará os dois livro de Reis – “e fez o
que era reto” e “fez o que era mau perante o Senhor”. Estas expressões estão diretamente ligadas à fé dos reis das duas nações, com suas consequências quase que óbvias boas ou más para toda a nação. Jeroboão e Acabe são os nomes que melhor representam a impiedade, dissolução e rebeldia de Israel. Associada à divisão provocada por Jeroboão, lemos a intrigante passagem do profeta velho que desvia pela mentira o caminho de um homem de Deus. Lembrando que o original hebraico não faz divisão entre os livros, mas são um só documento, este primeiro livro que analisamos, da forma como ficou dividido, tem como premissa acentuar as bases da corrupção dos dois reinos, como que preparando terreno para sua queda final e deportação para a Assíria e Babilônia no segundo. Também neste livro se ergue um dos maiores profetas do Antigo Testamento – Elias, e sua tipologia na justiça do Deus de Israel, nos moldes da intransigência da lei. Profetizará com veemência sobre a casa de Acabe, rei impiedoso que edifica sobre os alicerces duvidosos de Jeroboão. Começaremos então com o reinado unificado de Salomão.
2. Um elemento estranho no templo
Talvez a mais excelente conquista de Salomão tenha sido a construção do templo do Senhor. Centro de culto, adoração e unificação de seu povo, e sob as bênçãos de seu pai Davi, um templo de proporções e riquezas magníficas é erigido ao Senhor. Mas exatamente aqui começam os problemas. Vamos fazer algumas comparações com o santuário do deserto, logo após a saída de Israel no Egito. “Depois falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de sabedoria, e de entendimento, e de ciência...” (Ex 31.1-3). “E enviou o rei Salomão um mensageiro e mandou trazer a Hirão de Tiro. Era ele filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro, que trabalhava em cobre; e era cheio de sabedoria, e de entendimento, e de ciência...” (1 Re 7.13-14). Há uma diferença gritante entre um homem a quem Deus capacita pelo seu Espírito e outro que nasce e desenvolve tal aptidão invejável no currículo. A carne, por mais requintada que pareça, nunca suprirá as necessidades do reino de Deus, isto é tarefa do Espírito. E esta aptidão natural marcará o templo de Deus com características pagãs. Comparemos novamente. “Hirão... filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali... seu pai um homem de Tiro... fez mais o mar de fundição [que se somava às dez pias de cobre], de dez côvados de uma borda até à outra borda,
perfeitamente redondo” (7.14-23). Eu desafio ao leitor e leitora encontrarem dentro do santuário original de Moisés, algum elemento circular feito por Bezalel. O círculo, como símbolo esotérico sem início e sem fim, representa unidade de pensamento ou forma espiritual, regidos não por Deus, mas pelo destino. O sentido usado não é que o círculo una pensamentos, mas antes escraviza, acorrenta, arrasta nos vícios e destinos do mundo sem Cristo, que jaz no maligno, na operação do erro e no espírito do anticristo. Tudo era quadrado ou retangular no santuário de Moisés, representando faces que se encaram, que se desafiam, que se corrigem segundo o sentido comum usa-
do pela Palavra de Deus: “Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros, e assim cumpr ir eis a lei de Cr isto” (Gl 6.1-2).
Mas neste caso específico da engenhosidade de Hirão, seu design arredondado está associado ao comércio profano e infindável de Tiro, cidade fenícia de seu pai, que é usada por Deus para tipificar o anticristo e o dragão em Ezequiel 28. Vamos ainda ter oportunidade para falar sobre este comércio. No entanto, apesar da mistura insinuada sutilmente no templo que deveria ser para o Senhor, sua forma será aceita por Ele.
“E o Senhor lhe disse [a Salomão]: Ouvi a tua oração, e a súplica que fizeste perante mim; santifiquei a casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias” (9.3). Talvez já o Senhor indicasse, na sua soberania e graça peculiares, que um dia esta casa não seria exclusivamente para o povo da promessa, hebreus por excelência, mas para todo aquele que invocasse este Deus de Israel em justiça e em verdade. Daí sua aceitação nos moldes do coração humano. Mas é sempre bom lembrar que a casa em si mesma não era salvaguarda daquela nação, pois o Senhor vai acrescentar imediatamente ao versículo acima. “E se tu andares perante mim como andou Davi, teu pai, com inteireza de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos, então confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre... Porém, se vós e vossos filhos de qualquer maneira vos apartardes de mim, e não guardardes os meus mandamentos... destruirei a Israel da terra que lhes dei; e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença... E desta casa, que é tão exaltada, todo aquele que por ela passar pasmará, e assobiará, e dirá: Por que fez o Senhor assim a esta terra e a esta casa? E dirão: Porque deixaram ao Senhor seu Deus...” (9.4-9). Ninguém deve se vangloriar de nada, absolutamente nada, que não seja o Senhor e seu sacrifício favorável e suficiente da cruz do Filho de Deus, e andar “como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, supor-
tando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.1-3). Em nossa nota seguinte, abriremos a arca e notaremos que lá só havia as tábuas da lei. Dois importantes ingredientes haviam sumido misteriosamente.
3. Somente a lei na arca
Três figuras foram introduzidas na arca construída por Israel durante sua jornada no deserto, e nesta sequência – as duas tábuas da lei, o vaso com o maná e a vara florescida de Arão.
Elas simbolizavam respectivamente – a vontade governamental de Deus (justiça e juízo), a provisão diária (o maná fala muito mais que a comida física, mas a espiritual que vem do céu) e o sacerdócio (ligação entre o pecador e o Santo). Vejamos algumas conexões. “Já é tempo de operares [tempo de julgamento], ó Senhor, pois eles têm quebrantado a tua lei” (Sl 119.126).
“Nem só de pão viver á o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). “Também ungirás a Arão e seus filhos, e os santificarás para me administrarem o sacerdócio” (Ex 30.30). Mas quando a arca foi introduzida no templo recém inaugurado de Salomão, somente as tábuas de pedra restavam. Podemos entender desta maneira. A lei inflexível de Deus pode até ser rejeitada pelo homem, mas é por ela que conhecemos o caráter santo de Deus e, como contrapeso, nossa distância desta pureza. Paulo acentua de forma clara e inequívoca. “E o mandamento que era para vida, achei eu que me era para morte. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, me enga-
nou, e por ele me matou. E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado” (Rm 7.10-14). Resumindo o pensamento acima – apesar da Lei ser boa em si mesma, acaba gerando a morte, já que o homem em todo tempo e em qualquer situação está sem condições de cumpri-la pela morte da carne pelo pecado. É bom lembrar que Deus não pode mudar seu caráter santo e justo. Para resolver o impasse, Deus envia seu Filho – o verdadeiro “pão que desce do céu” (Jo 6.50) – como oferta pelos nossos pecados e pagamento aos olhos de Deus em nosso lugar. Com isto, inaugura-se o sacerdócio de Cristo, abrindo, de forma mediatória, o caminho da terra para o céu, do físico para o espiritual, da morte para a vida, do pecado para a santidade, da inimizade para a comunhão plena. Podemos falar de outra forma – a lei inflexível de Deus, portanto condenatória por causa do pecado que em nós habita, é cumprida pela oferta do corpo (maná que desce do céu) de Cristo em nosso lugar, abrindo assim a porta do sacerdócio de Cristo nos céus a nosso favor. No caso de Israel, já que a arca estava sob sua tutela, tanto a oferta (Jesus morto) quanto o sacerdócio (Jesus ressuscitado) foram recusados antes e no momento da visita do seu Messias. O símbolo da oferta de Cristo – maná – foi recusado naquelas palavras odiosas e
atrevidas. “E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Nm 21.5). Quanto ao sacerdócio representado pela vara de Arão, se o leitor e leitora acessaram a terceira nota sobre o primeiro livro de Samuel, quando falamos de Eli e sua casa, não ficariam espantados por não encontrar a vara de Arão dentro da arca do concerto. Desnecessário descrever o desprezo ao sacerdócio de Cristo pelos sacerdotes e escribas do seu tempo. Infelizmente, devido nossa tendência autossuficiente, arrogante e hipócrita, valorizamos a Lei que não pode salvar e menosprezamos a graça bondosa de Deus em Jesus. Não repitamos o grave erro de Israel ao falar na sua falta de autoconhecimento antes de receber a lei – “E [Moisés] tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos” (Ex 24.7). Lembra aquela exortação cuidadosa de Tiago.
“Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna” (Tg 4.13-16).
Eles no passado e muitos no presente têm vivido sem liberdade, “porque é mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali” (Is 28.10). É mais que certo que se pudéssemos abrir as ‘arcas’ de nossas igrejas, só encontrássemos duas tábuas repletas de lei.
Confesso que não era desta forma que queria terminar esta nota; minha intenção era falar da recusa do maná escondido e do sacerdócio perfeito de Cristo nesta era descompromissada, ou antes compromissada consigo mesmo, de Laodicéia, “para quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Co 10.11). A seguir lançaremos uma breve vista sobre a ruptura de Israel em dois grupos rivais.
4. A ruptura de Israel
A história de Israel é cheia de inimizades e rupturas. Já vimos algo em nossas primeiras notas em Gênesis e Êxodo. Começando por Jacó que veio grudado aos calcanhares de seu irmão Esaú, sua saída de casa foragido da cólera de seu irmão, depois seus filhos que lhe trouxeram muita tristeza ao coração, e passando para José escravizado no Egito, discórdias no deserto, as dez vezes que tentaram o próprio Senhor (Nm 14.22)... penso que o símbolo maior desta falta de união entre eles se encontre no momento mais sublime de sua história – quando da entrada em Canaã, onde as promessas de Deus desde Abraão começam, duas tribos e meia acharam por bem ficar aquém do território prometido e demarcado. É como se nos contentássemos em pleno voo do arrebatamento a nos deixar extasiar por alguma galáxia interessante. Bem podia clamar o profeta Isaías sobre seu povo, e estendendo a nós também. “Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra” (Is 1.9). Como indicou nosso Senhor na sua sabedoria divina, um pouco de fermento levedará toda massa. Não poderia haver outro desfecho para Israel senão sua ruptura já indicada por tantos tristes episódios. Neste caso, tudo re-começou com Salomão e sua necessidade em agradar suas tantas esposas pela idolatria. O tem-
plo do Senhor erigido com tanta riqueza não foi garantia contra as intempéries das suas escolhas em vida. “Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como o coração de Davi, seu pai... Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor” (1 Re 11.4-6). A resposta do Senhor foi a altura. “Pois que houve isto em ti, que não guardaste a minha aliança e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o farei, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei; por ém todo o r eino não rasgarei; uma tribo [Benjamim] darei a teu filho [Roboão], por amor de meu servo Davi, e por amor a Jerusalém, que tenho escolhido” (11.11-13). Por causa da falta de tato de seu filho Roboão ao agravar o jugo de seus súditos, Jeroboão (escolhido pelo Senhor para levar a cabo esta divisão) leva consigo as 10 tribos do norte, restando a Roboão somente Judá e Benjamim ao sul, denominada Judá.
A partir daqui, duas nações independentes seguirão seus caminhos. E Jeroboão, empossado agora de seu novo cargo, trará uma abominação que será uma pedra de tropeço amarga para Israel e que será a base da condenação ao cativeiro Assírio. Numa estratégia em semelhança de adoração, uma idolatria abominável aos olhos de Deus será forjada. Aliás, acho que já dissemos em outra nota, a semelhança é a mais eficaz arma de Satanás para nos enganar.
“E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino à casa de Davi. Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judá. Assim o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizer am subir da ter r a do Egito. E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dã. E este feito se tornou em pecado; pois que o povo ia até Dã para adorar o bezerro” (1 Re 12.26-30). Além deste pecado, outro ainda mais grave será instituído. “E fez Jeroboão uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se fazia em Judá [a Páscoa tr adicional e divina era comemorada no 7º mês ao 14º dia], e sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que fizera; também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera. E sacrificou no altar que fizera em Betel, no dia décimo quinto do oitavo mês, que ele tinha imaginado no seu coração” (12.32-33). Estas abominações lhe renderão uma memória em forma de testemunho divino que se atrelará a todos os reis subsequentes. “Contudo [Jorão, filho de Acabe] aderiu aos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fizer a Isr ael pecar ; não se apar tou deles” (2 Re 3.3). “E fez [Pecaías, filho de Menaém] o que era mau aos olhos do Senhor; nunca se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, com que fez pecar a Israel” (2 Re 15.24). E assim a triste e condenatória fórmula será reprisada para todos os reis de Israel, inclusive Jeú de quem se diz que fez a vontade do
Senhor em sua ‘limpeza’ espiritual. Mas o que queremos frisar nesta humilde nota é a SEMELHANÇA que procede do coração humano. Nada substitui o real, o divino, o invisível. Todas as vezes que elementos visíveis de adoração são ‘esfregados’ em nossos olhos, devemos redobrar nossa atenção. Gosto deste rápido testemunho de Paulo e da exortação de João que falam muito à nossa igreja Laodiceia. “Porque Demas me desamparou, amando o presente século” (2 Tm 4.10). “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da car ne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2.15-17). Passemos então a dois profetas e suas ações discrepantes.
5. Um profeta velho e um homem de Deus
Como vimos em nota anterior, Jeroboão foi o grande inventor de males que condenaram a nova nação ao norte, Israel. Não poderia deixar de haver um profeta da parte do Senhor que não condenasse o grave pecado. Vamos apenas comentar o aspecto tipológico em suas quatro fases principais. E eis que, por ordem do SENHOR, veio, de Judá a Betel, um homem de Deus; e Jeroboão estava junto ao altar [não o do Senhor], para queimar incenso. E ele clamou contra o altar por ordem do Senhor... Sucedeu, pois, que, ouvindo o rei a palavra do homem de Deus, que clamara contra o altar de Betel, Jeroboão estendeu a sua mão de sobre o altar, dizendo: Pegai-o! Mas a sua mão, que estendera contra ele, se secou, e não podia tor nar a tr azê-la a si... Então o homem de Deus suplicou ao Senhor, e a mão do rei se lhe restituiu, e ficou como dantes. E o rei disse ao homem de Deus: Vem comigo para casa, e conforta-te; e dar-te-ei um presente. Porém o homem de Deus disse ao rei: Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão nem beberia água neste lugar. Por que assim me or denou o Senhor pela sua palavra, dizendo: Não comerás pão nem beberás água; e não voltarás pelo caminho por onde vieste. Assim foi por outro caminho; e não voltou pelo caminho, por onde viera a Betel” (1 Re 13.1-10). Um dia também Jesus saiu de Judá e veio para a casa que deveria ser de Deus (Betel). “Visto ser manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio” (Hb 7.14).
“E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda” (Jo 2.16). A recusa, tanto da parte de Jeroboão quanto dos sacerdotes e escribas pela pregação de Jesus, renderam um castigo de ressecamento – a mão governamental daquele rei e simbolicamente o ressecamento da figueira de Israel (símbolo por excelência do ministério de governo). “E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões... E, deixando -os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite. E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome; e, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente” (Mt 21.13-19). E assim como o homem de Deus não podia comer pão nem água naquele lugar, pois não poderia haver comunhão do santo com o profano, também Jesus, representado por seus discípulos em sua parábola do reino, não teriam como comer pão e água pela dureza de coração do seu povo. “Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber” (Mt 25.42). E por último, o homem de Deus não poderia voltar pelo mesmo caminho ao seu lugar de habitação original. Também o Filho não voltou pelo mesmo caminho, pois sua verdadeira casa não passava por este mundo, mas para a casa do Pai pela ressurreição gloriosa de um novo corpo.
“E dizia-lhes [aos seus discípulos]: Vós sois de baixo, eu sou de
cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo 8.23). “... ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo” (2 Co 5.16). “Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (1 Co 15.43). Acho que falamos o bastante sobre os dois homens de Deus, o humano e o divino. Falemos agora sobre o profeta velho e seu tropeço. Recomeçam as ‘coincidências’. “E morava em Betel um velho profeta; e vieram seus filhos, e contaram-lhe tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel, e as palavras que dissera ao rei; e as contaram a seu pai” (1 Re 13.11). Também os filhos dos escribas e fariseus levavam notícias constantes dos testemunhos de Jesus aos sacerdotes, e assim como tentaram levantar tropeços sobre Jesus, também este velhaco levantou um grave tropeço para o homem de Deus, mentindo descaradamente no nome do Senhor. “Então lhe disse: Vem comigo à casa, e come pão. Porém ele disse: Não posso voltar contigo, nem entrarei contigo; nem tampouco comerei pão, nem beberei contigo água neste lugar... E ele lhe disse: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água (porém mentiu-lhe). Assim voltou com ele, e comeu pão em sua casa e bebeu água” (13.15-19). Eu não tenho dúvida que este profeta velho trata daqueles que querem impor a Lei de Moisés sobre a graça de Deus em Cristo. Muitos cristãos, participando das novas da salvação perfeita em Cristo pela
graça e a suficiência do Espírito nas suas vidas, também são seduzidos por uma lei que não pode jamais salvar. O apóstolo Paulo é especialista neste assunto. “Eu, porém, irmãos, se prego ainda a circuncisão, por que sou, pois, perseguido? Logo o escândalo da cruz está aniquilado. Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade [da cr uz de Cr isto]. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor... Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne... Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei” (Gl 5.11-18). Não obstante, quem morre devorado pelo leão não é o profeta velho, pois como está escrito – “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rm 7.12). Não podemos voltar para a Lei da mesma forma que o homem de Deus não podia voltar pelo caminho de onde saiu. E assim como o leão o devorou no caminho, também devemos temer que o Leão em sua figura de julgamento nos condene se decairmos da graça. “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão... Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Por que nós pelo Espír ito da fé aguar damos a esperança da justiça” (Gl 5.1-5).
Isto lembra o julgamento das obras do cristão no dia de Cristo. “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obr a que alguém edificou nessa par te per manecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento [como no caso do homem de Deus]; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo” (1 Co 3.13-15). “Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás” (Hb 4.1). Apeguemo-nos à fé em Cristo que é pela graça, não acrescentando nada que possa diluir a graça pela mistura de obras mortas, que são pela lei. Mas vivamos em novidade de vida seguindo a atuação e capacitação do Espírito Santo pela mesma fé, graça e luta diária contra a carne, o mundo e o diabo, que vai muito além das negativas da Lei. Em nosso próximo encontro examinaremos as obras de Acabe.
6. Samaria que se Acabe!
Normalmente não gostamos de contrariedades. Temos que repensar nosso posicionamento, nossos conceitos ou preconceitos, e ainda ter que corrigir nossa postura diante de Deus e diante dos homens.
Havíamos comentado na introdução desta nota que dois nomes sobressaíam em maldade e corrupção nos governos do norte: Jeroboão e Acabe. Este construiu sobre as bases daquele. O resumo de seu governo está aqui. “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou. E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. Também Acabe fez um ídolo; de modo que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele” (1 Re 16.30-33). Não vamos comentar sobre Jezabel, nome que virou sinônimo de impiedade e prostituição. Vamos comentar sobre o começo da cidade de Samaria, onde toda verdadeira prostituição cultual toma forma e força. Onri, pai de Acabe, que também andou nos caminhos de Jeroboão, e cujo nome diz muito sobre seu caráter (grosseiro e impetuoso – que age por impulso,
sem razão e muito menos pelo Espírito), comprou por dois talentos de prata o campo de Semer (‘borra de vinho’, conhecido também por fezes do vinho). Seu governo durou 6 anos (número do homem). Interpreto os dois talentos como indecisão no caminho, como a orientação do Senhor que não devemos nos desviar nem para a direita nem para a esquerda, ou uma segunda opção falsa, um atalho para o caminho difícil e santo do Senhor. A prata fala invariavelmente de testemunho. A borra ou fezes de vinho relaciona-se ao sacerdócio, aquela parte do vinho que sedimenta e não serve como consumo. Uma passagem interessante liga esta borra com dois caminhos, aqui numa afronta ao Senhor numa aludida falta de atividade ou indiferença. “E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que se espessam como a borra do vinho, que dizem no seu cor ação: O Senhor não faz o bem nem faz o mal” (Sf 1.12). Semer comprou este campo e fortaleceu a cidade. Seu filho Acabe a transformou no centro ou capital de Israel e ainda a dedicou a Baal, ou seja, ali não era lugar para o Senhor nem seus filhos. Como já frisamos na abertura desta nota, neste momento negro da história de Israel, o Senhor em seu zelo por seu nome e povo abre oportunidade para (re)conhecê-lo. No monte Carmelo (jardim), próximo ao Mar Mediterrâneo (“Carmelo junto ao mar” citado em Jr 46.18), Elias é levantado para o maior dos desafios. Os dois talentos são como que invocados por ele. “Então Acabe convocou todos os filhos de Israel; e reuniu os profetas no monte Carmelo. Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respon-
deu” (18.20-21). O silêncio do povo fala mais do que muitas palavras. E o desfecho todos nós conhecemos. Uma derrota glamorosa sobre todos os demônios invocados por Baal e sua esposa. Era o testemunho claro, inconfundível, uma oportunidade sem igual para aquele povo se converter ou se voltar novamente para o Deus de seus pais.
O sinal do Senhor em fazer esta prova longe de Samaria, capital de Baal, levando-os ao Monte Carmelo, situado às encostas do Mar Mediterrâneo como vimos, já vislumbrava um possível desterro se a nação como um todo não se arrependesse de seus pecados e idolatrias. E assim foi. Cerca de 135 anos depois foi lançado, como em figura, ao mar dos povos da Assíria e nunca mais voltaram. Deus lhes deu mais de um século para se arrependerem. E se continuássemos falando sobre todos os reis seguintes de Israel até o cativeiro, veríamos ainda mais impiedade, crueldade, injustiças, idolatrias. Temo que também nestes últimos dias da acomodada igreja de Laodiceia em que vivemos, também esteja com seu coração endurecido para ouvir a potente mas misericordiosa voz do Senhor a nos conclamar. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Por que vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartaivos, diz o Senhor ; e não toqueis nada imundo, e eu vos r eceber ei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Se-
nhor Todo-Poderoso” (2 Co 6.14-18). A seguir continuaremos nossa visão sobre Elias em suas muitas simbologias.
7. Elias e o Pai
Como já dissemos, diante de um rei extremamente corrupto, somente um profeta a altura que lançasse em rosto da nação suas injustiças e pecados. Elias foi levantado para tal.
Seu nome já é um testemunho claro ao povo que coxeava entre dois deuses – "o Senhor é o meu Deus" ou mais precisamente naquele tempo – "Jeová (Yahveh ou Yehovah) é meu Deus". Sua atuação está mais propensa às características do Pai, ou seja, o Deus que precisa exercer a qualquer custo sua justiça (retidão absoluta) e juízo (julgamento e recompensa pela quebra da lei). Não que Ele não salve, jamais dizemos isto. Mas Ele não pode salvar sem a oferta de sangue que viria bem à frente pelo seu Filho. Outro profeta será levantado depois dele nas características salvadoras do Filho, e que comentaremos no próximo livro. Acompanhemos seu ministério em 3 ocasiões especiais. Surge repentinamente chamando a seca, que duraria por três anos (número que simboliza tanto a marca de Deus em testemunho da graça quanto do castigo), sobre a casa de Israel por causa de Acabe. Ele então é enviado ao ribeiro de Querite (“um corte, uma separação”) ficando ali até que o ribeiro secasse. Não há como não lembrar as palavras do Deus de Israel. “Mas as vossas iniquidades [ou injustiças] fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobr em o seu r osto de vós, para que não vos ouça” (Is 59.2).
Secado o ribeiro, é levado à casa de uma viúva em Sarepta de
Sidom, cidade fenícia, portanto gentílica. Ouçamos o testemunho de Jesus numa clara alusão de que, se a nação não se arrependesse naquela nova oportunidade, suas bênçãos seriam passadas aos gentios. “Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cer r ou por três anos e seis meses [agora Jesus demarca o tempo com precisão], de sorte que em toda a terra houve grande fome; e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva” (Lc 4.25-26). Esta viúva e seu filho que morrerá repentinamente antecipam a condenação de Paulo sobre os gentios e também da misericórdia estendida a eles. Comparemos. “Então ela disse a Elias: Que tenho eu contigo, homem de Deus? vieste tu a mim para trazeres à memória a minha iniquidade, e matares a meu filho? E ele disse: Dá-me o teu filho... Então se estendeu sobre o menino três vezes [testemunho triplo da graça], e clamou ao Senhor, e disse: Ó Senhor meu Deus, rogo-te que a alma deste menino torne a entrar nele. E o Senhor ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu” (1 Re 17.18-22). “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne... Que naquele tempo estáveis sem Cr isto, separados da comunidade de Israel, e estr anhos às alianças da pr omessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” (Ef 2.11-12). “Porque assim como vós [gentios] também antigamente fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia pela desobediência deles [judeus], assim também estes [judeus] agora foram desobedientes [negando seu Messias], para também alcançarem misericórdia [no tempo futuro] pela misericórdia a vós [gentios] demonstrada
[nesta era presente]” (Rm 11.30-31). Passada esta provação, Jezabel promete a morte de Elias quando este havia destruído os 450 profetas de Baal. Então o Senhor o envia ao monte Horebe, o mesmo monte onde Moisés viu passar a benignidade de Deus, porém de forma velada, não lhe vendo a face. “E o anjo do Senhor tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1 Re 19.7-8). Elias chorou ao Senhor sua amargura por se sentir sozinho ante tanta incredulidade, perseguição e frustração. O Senhor se revela três vezes de forma inacessível (vendaval, terremoto e fogo – o Pai em ira) e na quarta uma voz suave manifesta sua bondade (o Pai acessível no Filho). Não existe misericórdia sem antes haver juízo, nem salvação sem a morte de alguém em nosso lugar. O que Deus queria dizer a Elias, e também deve dizer a nós, era que nada passava desapercebido por Ele. Ele julga todos os corações, todas as intenções, todo nosso trabalho. Ele conhece nossa dificuldade, nossa timidez, nossa desesperança tantas vezes, nossas fugas. Os sete mil que também não dobraram os joelhos a Baal também se sentiam sozinhos. Mas nosso Deus não nos deixará sem a devida recompensa. Para os insubordinados, Deus envia Elias para ungir três (agora um testemunho triplo de castigo) executores de juízo. “E há de ser que o que escapar da espada de Hazael, matá-lo-á
Jeú; e o que escapar da espada de J eú, matá-lo-á Eliseu. Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou” (19.17-18). Nos tempos de Moisés, lá em Horebe, o Senhor havia lhe apregoado – “Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do Senhor diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer” (Ex 33.19). Era isto que Deus lembrava Elias, e também deve lembrar a nós – misericórdia a quem misericórdia, justiça a quem justiça. Por fim, Elias é levado num carro de fogo aos céus, diante dos olhos daquele que ele havia ungido em seu lugar, Eliseu. Notemos algumas coisas.
Elias é retirado aos céus, não porque seu testemunho tivesse acabado, mas porque dava lugar a Eliseu naquele momento, representante da graça de Deus (comentaremos sobre ele no próximo livro). Elias, perfeito representante do Pai, e também de todos os profetas que madrugaram e profetizaram em nome daquele Deus Vivo inacessível, não podia, sozinho, perdoar e salvar aquela nação. Era trabalho do Filho que viria em seu lugar, na mesma condição da unção de Elias-Pai ungindo Eliseu-Filho. “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo bem, e cur ando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38). Por isto Deus promete o reenvio de Elias nos fins dos tempos para terminar sua função condenatória sobre o Israel ímpio e as nações rebeldes, uma vez que não creram a verdade revelada no Filho, como
está escrito. “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro [o anticristo] vier em seu próprio nome, a esse aceitareis” (Jo 5.43). Elias se aproxima rapidamente, e não devemos nos espantar quanto ao tratamento que receberão. “E darei poder às minhas duas testemunhas [Elias e Enoque], e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco... E, quando acabarem o seu testemunho [a primeira que testemunha a Israel, a segunda para as nações], a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará. E jazerão os seus corpos mortos na praça da grande cidade [J er usalém] que espir itualmente se chama Sodoma e Egito, onde o nosso Senhor também foi crucificado” (Ap 11.3-8). Mas antes que Elias volte, aguardamos o retorno bendito de nosso Salvador nos céus para buscar sua noiva. Que ela esteja pronta, bem vestida e disposta a fim de receber seu galardão completo. Obrigado por me acompanhar até aqui. Logo lançaremos foco sobre o segundo livro de Reis.