Temo sinceramente que as duras provações que recairão sobre a Igreja do Deus Vivo a partir desta primeira grande prova, chamada COVID19 e que se abateu sobre todo o planeta, não traga, a não ser para os mais íntimos da família de Deus, mudança nas atitudes dos chamados
cristãos.
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2020 Concepções Elias e o fogo do céu
A última viagem de Elias As vestes de Eliseu versus a capa de Elias Eliseu e o Filho Eliseu – parêntese profético Eliseu e o machado
2º Reis
1. Concepções do livro
Abrimos agora o segundo livro dos Reis de Israel e Judá que, como já frisamos, não ocorre no original hebraico, visto se tratar de único livro. O livro começa logo após a morte de Acabe, com seu filho direto, Acazias (que fez o que era mal). Salientamos novamente que, em Israel, somente Jeú fez o que era reto. Seu ‘grande sacrifício a Baal’ poderia ter trazido alguma esperança para esta nação. Mas este pequeno parêntesis de justiça não cobria a multidão dos seus pecados. Israel será levado cativo para a Assíria de forma definitiva ao final de suas apostasias, e uma mistura de gente será reintroduzida na terra e que ficarão conhecidos pela ‘Galileia dos gentios’, muito citados – e odiados – no Novo Testamento como ‘samaritamos’. Judá terá vida nacional mais longa, graças ao piedoso rei Ezequias que soube levar a afronta da Assíria (os mesmos que deportaram Israel ao norte) aos cuidados do seu Deus. Um ato de fé e obediência levou ao massacre de 185.000 inimigos em uma só noite. Também apregoa arrependimento a Judá e a todo restante que
ainda havia em Israel a que venham a Jerusalém para a Páscoa. Outros dois reis que andaram retamente e trouxeram comunhão e prosperidade ao povo de Judá ao sul, foram Josafá e Josias. O primeiro, apesar de seu aparentamento com a casa de Acabe, ensinou a lei do Senhor ao povo de cidade em cidade a partir de seu terceiro ano, caindo o temor do Senhor sobre os povos vizinhos. No entanto sua atuação não é perfeita – sua mistura com a linhagem corrupta de Acabe traz um laço nocivo aos seus herdeiros, abrindo inclusive a porta para entrada de culto a Baal. Era um homem fiel e temente, mas dúbio nas suas ações. Quanto a Josias, humilhou-se após ser encontrado o livro da Lei perdido no templo de Salomão, fazendo forte reforma espiritual entre o povo e uma grande comemoração da Páscoa como nunca antes. Também se diz que nenhum rei antes ou depois dele se converteu de todo o coração ao Senhor. Neste segundo livro, Elias será levado num redemoinho aos céus e um novo profeta – Eliseu – percorrerá os caminhos de Jesus, num tipo formidavelmente gracioso, através de seus milagres e obras. Quero dedicar algumas notas a este tão valoroso profeta. Mas outros profetas bem conhecidos também atuaram neste período negro da história das duas nações – Obadias, Jonas, Oséias, Amós, Miquéias, Isaías, Jeremias... e que comentaremos quando atingirmos seus livros.
Ao fim, Judá será levado cativo para Babilônia, não obstante duas deportações parciais anteriores que não quebrantaram os duros corações dos que restaram. Temo sinceramente que as duras provações que recairão sobre a Igreja do Deus Vivo a partir desta primeira grande prova, chamada COVID-19 e que se abateu sobre todo o planeta, não traga, a não ser para os mais íntimos da família de Deus, mudança nas atitudes dos chamados cristãos. Afinal, o Senhor continua do lado de fora batendo à porta daqueles que, julgando-se cristãos maduros e seguros, segundo a ótica divina não passam de ‘desgraçados, miseráveis, pobres, cegos e nus’. Sua exortação para esta era de Laodiceia ainda vale:
“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, par a que vejas” (Ap 3.18). Nossa próxima nota falará da carreira final de Elias numa alusão à sua futura repreensão aos povos na tribulação que se seguirá a este período sombrio e terminal de nossas igrejas.
2. Elias e o fogo do céu O ministério profético de Elias está chegando ao fim. Antes de partir dará uma demonstração clara e cabal que é o homem de Deus levantado para vindicar a santidade do Deus de Israel, separado de todo mal e mistura.
O rei Acazias (também chamado Jeocaz), caído de uma grade e mortalmente ferido, buscará orientação de um deus pagão qualquer, mas Elias surge no caminho para repreendê-lo. “Mas o anjo do Senhor disse a Elias, o tesbita: Levanta-te, sobe para te encontrares com os mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura não há Deus em Israel, para irdes consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom?” (2 Re 1.3). Descoberta sua identidade pelo rei, ele envia por 3 vezes mensageiros para buscá-lo, e bem provavelmente sem boas intenções. Nas duas primeiras, a cena de juízo devastador se repete. “Então o rei lhe enviou um capitão de cinquenta com seus cinquenta; e, subindo a ele (porque eis que estava assentado no cume do monte), disse-lhe: Homem de Deus, o rei diz: Desce. Mas Elias respondeu, e disse ao capitão de cinquenta: Se eu, pois, sou homem de Deus, desça fogo do céu, e te consuma a ti e aos teus cinquenta. Então fogo desceu do céu, e consumiu a ele e aos seus cinquenta” (1.9-10). Na terceira porém, um soldado com mais temor e sabedoria o invoca com temor e tremor devidos ao representante divino.
“E tornou a enviar um terceiro capitão de cinquenta... chegando, pôs-se de joelhos diante de Elias, e suplicou-lhe, dizendo: Homem de Deus, seja, peço-te, preciosa aos teus olhos a minha vida, e a vida destes cinquenta teus servos... porém, agora seja preciosa aos teus olhos a minha vida. Então o anjo do Senhor disse a Elias: Desce com este, não temas. E levantou-se, e desceu com ele ao rei” (1.13-15). Passando à interpretação destes símbolos, entendo que o cume do monte trata da posição elevada de Deus em sua soberania como Deus e rei de todo o mundo. “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo” (Is 6.1). Jesus também se configurou em glória ante seus três discípulos, numa antevisão de seu reinado glorioso. “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, e transfigurou-se diante deles...” (Mt 17.1-2).
Seu maior inimigo também o conduziu a um monte alto para oferecer-lhe os reinos do mundo. “E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo” (Lc 4.5). Passando ao período tribulacional que se seguirá brevemente ao fim desta era da Igreja, corpo de Cristo, também aque-
las duas testemunhas – Elias e Enoque – “profetizarão por mil duzentos e sessenta dias [ou três anos e meio], vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra” (Ap 11.3-4). O fogo divino do juízo também estará à disposição deles. “E, se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca, e devorará os seus inimigos; e, se alguém lhes quiser fazer mal, impor ta que assim seja morto” (Ap 11.5). Também a mesma seca prolongada por três anos e meio que Elias enviou sobre Acabe, como vimos anteriormente, estará ao seu pleno dispor. “Estes têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobr e as águas par a convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas quantas vezes quiserem” (Ap 11.6). A simbologia parece clara. Elias faz sua última demonstração de sua chamada profética aos olhos de seu povo para ser guardado até os tempos do julgamento futuro quando reaparece associado a outro irmão de fé, Enoque. Antes porém de ser chamado em um redemoinho para os céus, fará uma viagem tripla até o destino do seu arrebatamento, assunto que comentaremos em nosso próximo encontro. Não perca!
3. A última viagem de Elias Chegou o tão merecido descanso do grande profeta Elias. Sua partida seria um tanto diferente do convencional, mas antes o Senhor tinha uma visita programada em três sítios bem conhecidos. Seu futuro sucessor não deixará de forma alguma de acompanhá-lo. “E disse Elias a Eliseu: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Betel. Por ém Eliseu disse: Vive o Senhor , e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Betel” (2 Re 2.2). Betel (casa de Deus) é aquela cidade onde Abraão edificou um altar ao Senhor nas suas peregrinações por Canaã, quando ainda se chamava Luz. Também é o local em que Jacó, fugido de casa, teve a visão noturna de uma escada que subia aos céus e anjos subiam e desciam por ela. Em sua visão, Deus lhe havia dito – “Eu sou o Senhor Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra, em que estás deitado, darei a ti e à tua descendência; e a tua descendência ser á como o pó da ter r a” (Gn 28.1314). Neste momento crucial de paganismo que Elias tinha que combater e condenar, Deus está dizendo a todo seu povo nesta primeira parada – ‘Esta é a minha terra, minha casa que santifiquei para meu povo’. Moisés havia dito antes da parte do Senhor desta forma:
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, por que toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Ex 19.5-6). Acompanhemos de perto sua segunda viagem.
“E Elias lhe disse: Eliseu, fica-te aqui, porque o Senhor me enviou a Jericó. Por ém ele disse: Vive o Senhor , e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim foram a Jericó” (2.4). Jericó foi a primeira cidade que Josué destruiu logo sua entrada em Canaã. Haviam acabado de passar pelo Jordão a seco e já se preparavam para destruir aquela cidade de fortes muros. Acho que o Senhor estava dizendo a todos – “Como vocês não tiveram diligência em prosseguir destruindo seus inimigos, mas se contentaram com a mistura de gente entre vocês, EU mesmo destruirei estas nações e reinarei sobre vós, queiram ou não! Além de lembrá-los que tudo começou ali, lembrava também os altos desígnios do Senhor para aquele povo e também a diferença entre o estado de quando entraram, como povo santo e consagrado, e o estado rebelde e idólatra que Elias era obrigado a confrontar todo dia. Ezequiel diria desta forma. “Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós” (Ez 20.33).
Mas dali, Elias será levado para mais longe.
“E Elias disse: Fica-te aqui, porque o Senhor me enviou ao Jordão. Mas ele disse: Vive o Senhor , e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos” (2.6). Observe o caminho inverso que Deus levou Elias e seu futuro substituto. Saíram da casa de Deus, retornaram ao princípio das conquistas em Jericó e saíram da terra prometida pelo Jordão nos moldes do mesmo milagre que entraram – o Jordão aberto. “Então Elias tomou a sua capa e a dobrou, e feriu as águas, as quais se dividiram para os dois lados; e passaram ambos em seco” (2.8). Acho que a interpretação é mais que óbvia. Assim como o Senhor os havia conduzido à terra que manava leite e mel, agora o Senhor indicava claramente que os removeria de lá caso não se arrependessem. Moisés aliás já havia antecipado tal situação. “Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus... Teus filhos e tuas filhas serão dados a outro povo, os teus olhos o verão, e por eles desfalecerão todo o dia; porém não haverá poder na tua mão... O Senhor te levará a ti e a teu rei, que tiveres posto sobre ti, a uma nação que não conheceste, nem tu nem teus pais” (Dt 28.15-36). Com tudo isto em mente, podemos lembrar as palavras preciosas de Paulo para a nação de Israel como um todo. “E também eles [judeus como nação], se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar” (Rm 11.23).
Seu Deus e nosso Deus só aguarda aquelas majestosas, suplicantes e oprimidas oito palavras gritadas por um povo cercado pelo inimigo mais cruel que está muito prestes a se erguer. “Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Lc 13.35).
Sigamos em nossa próxima nota os passos ditosos e abençoados de Eliseu.
4. As vestes de Eliseu versus a capa de Elias
Quero chamar a atenção agora para três peculiaridades no chamado de Eliseu. A primeira e segunda na companhia insistente de Eliseu no trajeto de Elias. Sua resposta foi sempre pronta e decidida, como já vimos na nota anterior. “Porém ele disse: Vive o Senhor, e vive a tua alma, que não te deixar ei. E assim foram a Betel [e J er icó depois]...” (2 Re 2.2,4). Nas duas primeiras viagens o texto segue esta mesma fórmula. Na terceira há um diferencial que não deve ser desprezado.
“E Elias disse: Fica-te aqui... Vive o Senhor , e vive a tua alma, que não te deixarei. E assim ambos foram juntos” (2.6). Entendo que nas duas primeiras vezes Eliseu tinha como meta o desejo maior do valor profético, enquanto que na última o alvo maior era o amor pelo profeta que logo seria tomado aos céus. Muitos também seguiram a Jesus por causa dos milagres e bênçãos derramadas, mas poucos foram até o fim por amor de sua pessoa. Lembra aquela passagem em que Jesus pergunta três vezes a Pedro se ele realmente O amava. Estamos dispostos a servir nosso Senhor por tudo O QUE Ele tem feito ou por QUEM Ele é? Entendo também que sua insistência em segui-lo, mesmo com Elias dizendo para não acompanhá-lo, mostram aquela dis-
posição, aquela resolução absoluta em seguir custe o que custar. Na verdade, Elias e Deus o testavam quanto à sua resolução em continuar o ministério que Elias havia começado. Jesus tinha uma figura para isto. “E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus” (Lc 9.62). Esta observação mais ácida de Jesus segue exatamente um descaso para com seu chamado anterior. “Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixame despedir primeiro dos que estão em minha casa” (Lc 9:61). Com Eliseu não havia ‘mas’. Estava de todo resoluto não só a servir ao Senhor, como certamente também ansiava a mudança da situação de seu povo, e talvez até de si mesmo. O que nos leva ao terceiro ponto. No momento exato da partida de Elias, suas vestes são transfiguradas. “E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em
duas partes. Também levantou a capa de Elias, que dele caíra; e, voltando-se, parou à margem do Jordão” (2:11-13). Eliseu rasgou suas vestes numa clara alusão a uma figura bem conhecida no Novo Testamento. Tudo seria bem diferente agora. “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se cor r ompe pelas concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é cr iado em ver dadeir a justiça e santidade” (Ef 4:22-24). Ninguém pode militar a favor do Senhor e do seu reino nas condições humanas de desejos carnais e enganos. Estas devem morrer para que o Espírito do Senhor possa agir livremente. Um novo Eliseu, segundo o Senhor, sai daquela cena. E o levantar da capa de Elias revela que seu ministério continuaria, mas através de outra vida. Atente para o fato de que a capa é a mesma, mas não a pessoa. A base profética será a mesma, apesar do indivíduo mudar. Quero salientar este ponto pois será motivo de nosso próximo encontro. Enquanto isto, ore ao Senhor da seara para descobrir qual será sua atuação no reino de Deus e se preparar para estes tempos cruciais e finais.
5. Eliseu e o Filho
Vimos em notas anteriores que o ministério profético de Elias estava relacionado ao Pai em seu julgamento intransigente pela sua Santidade e Soberania. Mas no caso do novo profeta, Eliseu, um novo relacionamento será apresentado, e terá respaldo no ministério correspondente do Filho. Haverá um misto de julgamento intransigente – como quando o Filho entra na casa de seu Pai e expulsa os cambiadores (temos esse paralelo na maldição imposta por Eliseu sobre os mancebos que o zombavam bem no início de seu ministério) – e graça salvadora e transformadora nos inúmeros milagres de Jesus a começar pela água transformada em vinho (sua correspondência se vê no primeiro milagre de Eliseu ao purificar as águas e terra de Jericó, porta de entrada de Israel ao sair do Egito). Quero começar pelo grande milagre de libertação encabeçado pela palavra profética de Eliseu junto ao inimigo comum de Judá e Israel, na ocasião Moabe. “E partiram o rei de Israel, o rei de Judá e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e não havia água para o exército e nem para o gado que os seguia. Então disse o rei de Israel: Ah! o Senhor chamou a estes três reis, para entregá-los nas mãos dos moabitas... Ora, pois, trazei-me um músico. E sucedeu que, tocando o músico, veio sobre ele [Eliseu] a mão do Senhor. E disse: Assim diz o Senhor: Fazei
neste vale muitas covas. Porque assim diz o Senhor: Não vereis vento, e não vereis chuva; todavia este vale se encherá de tanta água, que beber eis vós, o vosso gado e os vossos animais. E ainda isto é pouco aos olhos do Senhor; também entregará ele os moabitas nas vossas mãos” (2 Re 3.9-18). O ministério de Jesus também tem este caráter silencioso, diferente de toda pompa e fogos de artifício de nossas tristes denominações. “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça. A cana tr ilhada não quebr ar á, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça” (Is 42.13). Mas o que mais aproxima o ministério destes dois homens está no efeito duplo destas águas salvadoras. Perceba a diferença: para Israel, águas abundantes, para o inimigo, sangue que leva à destruição. “E sucedeu que, pela manhã, oferecendo-se a oferta de alimentos, eis que vinham as águas pelo caminho de Edom; e a terra se encheu de água [salvação par a seu povo]... E, levantando-se de madrugada, e saindo o sol sobre as águas, viram os moabitas, defronte deles, as águas vermelhas como sangue [morte para o inimigo]. E disseram: Isto é sangue; certamente que os reis se destruíram à espada e se mataram um ao outro! Agora, pois, à presa, moabitas! Porém, chegando eles ao arraial de Israel, os is-
raelitas se levantaram, e feriram os moabitas” (3:20-24). A pregação do nome de Jesus, segundo a visão espiritual de Paulo, também tem este caráter duplo de salvação e condenação. “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas par a aqueles cheiro de vida para vida. E par a estas coisas quem é idôneo?” (2 Co 2:1416).
Como ensina aquela velha figura, quando a cera derrete pela ação do sol e o barro endurece pela mesma ação, não há mudança no sol, mas nos elementos que são influenciados por ele. Assim exortaria Jesus. “E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar em mim” (Mt 11:6).
Vivemos tempos difíceis, como já profetizava Paulo, e que se tornarão ainda mais difíceis. Sejamos como o barro que endurece ante todas estas provas que ainda virão ao mundo antes do retorno de Cristo para buscar sua noiva-Igreja. Pois aqueles que se escondem no reino de Deus deverão dar seu triste testemunho, aos olhos de todos, que são apenas cera que derrete nos momentos de teste mais severo. “Portanto, tomai toda a armadura de Deus [oração por si e pelos outros, leitura constante da Palavra, fé, esperança, paciência, perseverança, jejuns... em consagração de si mesmo a Deus em Cristo] para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:13). Em nosso próximo texto acompanharemos os milagres de Eliseu no caminho da estatura do Filho.
6. Eliseu – parêntese profético
Nesta nota abordaremos uma sequência de cinco milagres, como um parêntesis profético, que além de espelhar em muito o ministério de Jesus enquanto peregrinava no meio de seu povo Israel, também mostram a triste condição espiritual de Israel naqueles tempos. No primeiro caso, uma viúva dos filhos dos profetas (2 Re 4.1), por causa da morte do marido, ou seja, devido à morte da profecia verdadeira dentre os filhos de Israel e Judá, corre o risco de ver seus dois filhos (simbolicamente Israel do norte e Judá no sul) vendidos como escravos para saldar a dívida. O milagre em questão fala do azeite multiplicado que trará bênção e tranquilidade para sua casa. Jesus veio sob esta unção específica e poderosa do Espírito em sua vida, “porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida” (Jo 3:34). O segundo milagre conta de uma mulher sunamita, portanto da tribo de Issacar ao norte, que, na velhice de seu marido, não podia ter filhos, assim como Israel nos tempos de Jesus não conseguia gerar filhos para arrependimento. Realizado o milagre na vida daquela mulher pela atuação de Eliseu, ela gera um filho
que depois de algum tempo morrerá, e pela nova atuação de Eliseu ressuscitará. Israel, nos tempos de Jesus, gerou um pequeno rebanho de fiéis que não representava a totalidade do povo, mas era apenas um remanescente débil e perseguido. A nação teve sua vida nacional cortada pela força de Roma, mas ainda será revivificada quando do milagre maior do derramamento do Espírito sobre toda carne de que profetiza Joel. “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões” (Jl 2:28). O terceiro milagre trata da panela com ervas contaminadas que um grupo havia preparado por causa da fome na terra. A simbologia é muito interessante. Vale a pena destacar. “E, voltando Eliseu a Gilgal, havia fome naquela terra... Então um deles [filhos dos profetas] saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava [espécie de trepadeira], e colheu dela enchendo a sua capa de colocíntidas [fruto venenoso nascido em trepadeira]; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as conheciam” (2 Re 4:38-39).
Gilgal foi a cidade assim denominada quando, passando Israel o Jordão, levantou 12 pedras “para que temais ao Senhor vosso Deus todos os dias” (Js 4.24) e, após a circuncisão de todo o povo, seu Deus declarou: “Hoje retirei de sobre vós o opróbrio do Egito; por isso o nome daquele lugar se chamou Gilgal, até ao dia de hoje” (5:9).
Vemos então novamente filhos de profetas envolvidos, na cidade que deveria lembrá-los da escravidão do Egito, levando a entender que a profecia que vinha dos profetas daquele momento estava matando o povo. Somente um Eliseu, prefigurando Jesus mais à frente, poderia tirar ‘a morte da panela’ pelo simples acréscimo de um ingrediente – a farinha. Sobre esta figura, Jesus representa em si mesmo o poder de salvação pelo esmagar do trigo na composição da farinha que se mistura ao povo e o liberta. “E Jesus lhes respondeu, dizendo: É chegada a hora em que o Filho do homem há de ser glorificado. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se mor r er , dá muito fr uto” (Jo 12:23-24). O esmagamento ficaria por conta do Pai – “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo” (Is 53:10). O quarto milagre foi uma multiplicação de 20 pães de cevada (e os Evangelhos relatam 2 multiplicações de pães por Jesus) que havia saído dos pães das primícias (fruto da primeira colheita) e algumas espigas verdes. Ambos alimentos faziam parte do ritual das leis de Moisés como oferta das primícias (Lv 2).
O terceiro milagre que vimos anteriormente, falava de forma negativa da remoção da morte pelo acréscimo da farinha. Este quarto milagre fala positivamente da multiplicação da bendita massa das primícias. O primeiro removia simplesmente o mal, o segundo alcança todo o povo para vida, lembrando sempre que onde aumenta o pecado, multiplica a graça. Este quarto milagre, que de alguma forma enfoca a fome espiritual, antecipa o mo-
mento quando a Palavra de Deus encherá toda a terra pela plenitude de Israel governando o mundo através de seu Messias Jesus entronizado, em tempo futuro muito próximo. No entanto o quinto milagre, a cura de Naamã o siro (um gentio), diz algo sobre a possível mudança dos atos de Deus ao favorecer um gentio, visto que sua própria nação o rejeitava. Ouçamos as palavras de Acabe, rei de Israel, ao ouvir que aquele gentio procurava cura dentre seu povo. “E sucedeu que, lendo o rei de Israel a carta, rasgou as suas vestes, e disse: Sou eu Deus, para matar e para vivificar, para que este envie a mim um homem, para que eu o cure da sua lepra? Pelo que dever as notai, peço-vos, e vede que busca ocasião contra mim” (5.7). Não foi para isto mesmo que o Senhor chamou Abraão de sua terra, e depois anunciando a Jacó que “na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 28:14)? No entanto, o testemunho que este e tantos outros reis, e toda a nação como um todo, davam era uma incredulidade indigna de tudo o que o Senhor já havia feito por eles. A justa repreensão do Mestre conclui esta transferência do reino para outro povo que desse os frutos esperados por Deus. “E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro. E todos, na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira” (Lc 4:27,28).
Possamos nĂłs, como oliveira brava enxertada no ramo principal do Israel profĂŠtico, conclamar a todos que se arrependam, pois o Senhor e seu galardĂŁo se aproximam rapidamente. Continuaremos a seguir com outros dois interessantes milagres de Eliseu simbolizando tempos distantes, mas nem tanto agora!
7. Eliseu e o machado
Após o milagre da cura da lepra do siro Naamã, outro sinal muito intrigante acontece. Um machado (emprestado), ou viga em outras traduções, havia se afundado sob as águas e Eliseu o ergue com um pedaço de pau (2 Re 6). Penso que tenha muito a ver com o que Jesus se referiu a um certo machado de julgamento em sua primeira vinda. “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a ár vor e, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo” (Lc 3.8-9). Jesus “veio para o que era seu”, sua nação judaica, e foi brutalmente rejeitado pelos líderes do povo. Esta parábola garantia a eles que se não hou-
vesse arrependimento genuíno, sua árvore seria cortada, e como foi!, e Deus buscaria seus frutos de outras nações que estavam “sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo” como argumenta Paulo (Ef 2.12). Seu ressurgir das águas mostra inevitavelmente sua ressurreição com vista agora aos gentios, “poder de Deus para todo aquele que crê, primeiro do judeu [que negou], e também do grego [oportunidade aberta ao gentio]” (Rm 1.16). O empréstimo do machado leva ao raciocínio que deverá haver prestação de contas ao final, coisa que ficou bem clara nas parábolas de Jesus, o Messias rejeitado por eles.
“E dizia esta parábola: Um certo homem [o Pai] tinha uma figueira [gover no] plantada na sua vinha [sacer dócio], e foi procurar nela fruto, não o achando; e disse ao vinhateiro [o Filho]: Eis que há três anos [tempo do ministério terreno do Filho que passou de três anos mas não chegou a quatro] venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele [o Filho], disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar” (Lc 13:6-9). Como já vimos, a figueira foi ressecada simbolicamente após o terceiro ano do ministério de Jesus, pouco antes de sua morte na cruz, indicando o corte do tronco de governo de Israel. E Jesus complementa com a passagem da obrigação da produção dos frutos por outra gente, e isto dito pela boca dos próprios ini-
migos do Senhor. “Mas os lavradores, vendo o filho [Jesus], disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha, e o mataram. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? Dizem-lhe eles [seus próprios inquiridores]: Dará afrontosa morte aos maus, e arrendará a vinha a outros lavradores [passagem aos gentios], que a seu tempo lhe deem os frutos” (Mt 21:38-41). Vemos assim como a simbologia do fracasso de Israel era constante na literatura dos profetas de Israel, e já indicava concomitantemente a passagem desta mordomia, ou exercício de testemunho e comunhão com Deus, a um povo que não pertencia à descendência de Abraão. Por isto Paulo vai dizer a eles e a nós categoricamente. “Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou pr imeir o o evangelho a Abr aão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o cr ente Abr aão” (Gl 3:69). Israel preferiu a prisão da lei e não a liberdade da graça de Cristo. Por isto este mesmo texto continua.
“Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão de-
baixo da maldição; por que está escr ito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, por que o justo viver á pela fé” (Gl 3.10-11). O próximo milagre nesta mesma sequência também tem algo extremamente útil para nos ensinar em alegoria. Os inimigos siros fizeram pelo menos duas emboscadas ao rei de Israel, mas Eliseu era avisado antes pelo Senhor e o rei escapava. Então o inimigo, descobrindo que um profeta se entrepunha em seus planos, resolveu tirá-lo de ação. A famosa passagem de “que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2 Re 6.17), e que seu servo não podia enxergar – simbolizando a dureza do coração do povo israelita – também mostra que um dia suas vendas serão tiradas como foram as do servo. “E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará” (2 Co 3:15,16).
Mas o que é digno de nota em toda esta lição histórica e espiritual, é o banquete servido aos inimigos de Israel quando seus olhos foram abertos em meio à cidade de Samaria. “Então Eliseu lhes disse: Não é este o caminho, nem é esta a cidade; segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais. E os guiou a Samaria. E sucedeu que, chegando eles a Samaria, disse
Eliseu: Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que vissem, e eis que estavam no meio de Samaria. E, quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseu: Ferilos-ei, feri-los-ei, meu pai? Mas ele disse: Não os ferirás; feririas tu os que tomasses prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? Põe-lhes diante pão e água, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor. E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os despediu e for am par a seu senhor ; e não entraram mais tropas de sírios na terra de Israel” (6:19-23). Como não lembrar das graciosas palavras de Davi antevendo o reino milenar de Cristo, onde ele mesmo será o subregente? “Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos...” (Sl 23.5). E também... “E o Senhor dos Exércitos dará neste monte a todos os povos uma festa com animais gor dos, uma festa de vinhos velhos, com tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem purificados. E destruirá neste monte a face da cober tur a, com que todos os povos andam cobertos, e o véu com que todas as nações se cobrem. Aniquilar á a mor te par a sempr e, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tir ar á o opr óbrio do seu povo de toda a terra; porque o SENHOR o disse” (Is 25.6-8). Quão maravilhosa é tua Palavra, ó Senhor, perfeita em todos os mínimos detalhes.
Busque a face deste Senhor misericordioso, na face de Jesus Cristo, pois sua volta é iminente, a curtíssimo prazo, para dar a cada um segundo as suas obras. Obrigado por ter me acompanhado nestas pequenas notas e espero que me encontre novamente na análise do livro de Crônicas a seguir.
A paz de Jesus seja com todos os que buscam e aguardam sua Vinda!