Figueira, Videira, Oliveira - 3 Ofícios distintos

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Projeto Gráfico e Editoração Márcio Bertachini

Composição – 2013 Atibaia – São Paulo Categoria: Estudo Bíblico e Admoestação

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Referências

As citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Almeida – Edição Revista e Corrigida (ERC) de 1994, salvo menção específica: ERA (Edição Revista e Atualizada de 1997). As citações bíblicas com “duplas” aspas são literais (como em “Persiste em ler” na ERC), enquanto as com aspas ‘simples’ são uma adaptação do texto original (como em ‘persistindo em ler’). Os textos demarcados por [colchetes] dentro das citações bíblicas são acréscimos do autor para uma melhor compreensão do texto. Os verbetes enfatizados foram consultados no Dicionário Brasileiro Melhoramentos, 4ª Edição, de 1968. O texto grego do Novo Testamento examinado foi o da “Trinitarian Bible Society, England – H KΑINH ΔIAΘHKH”.


O que Israel desprezou, os gentios desejaram ardentemente.


Controvérsia

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Considerações

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O Senhor a plantar

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Três Ofícios distintos

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A Oliveira

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A Videira

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A Figueira

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Israel a desarraigar

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Controvérsia

“Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel!...” (Jr 31.4). “... O Senhor pisou como num lagar a virgem filha de Judá” (Lm 1.15). “A virgem de Israel caiu, nunca mais tornará a levantarse...” (Am 5.2).

“Como se fez prostituta a cidade fiel!...” (Is 1.21). “... mas tu tens a testa de uma prostituta, e não queres ter vergonha” (Jr 3.3). “... Assim diz o Senhor Jeová a Jerusalém... ó meretriz, ouve a palavra do Senhor” (Ez 16.3,35).

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Considerações preliminares Se o leitor tiver o cuidado de verificar o contexto destas passagens, perceberá facilmente que todas elas tratam da nação de Israel.

E cabe uma pergunta à contradição proposta acima. Como uma virgem poderia ser classificada como uma prostituta? Ou uma meretriz ser considerada virgem? Pois que, no exemplo das três primeiras passagens apresentadas, Israel é denominada virgem depois da prostituição consumada. Poderíamos responder a esta questão tomando a Igreja, corpo de Cristo, como exemplo. Ainda que os membros desta Igreja sejam pecadores e pecadoras, no entanto são redimidos pelo Senhor. Ainda que eventualmente devamos “lavar os pés”, significando o pecado presente em nossas vidas, o próprio Senhor Jesus atestou: “Vós estais limpos”, e “aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo” (Jo 13.5-10). Voltando então à proposta acima, Deus pode ver Israel como uma virgem, pois que a “resgatou da casa da servidão... com mão forte” (Dt 7.8), embora, moralmente falando, ela se comporte como uma prostituta. Realmente, isto é uma grande verdade. E deveria tocar solenemente em nossas almas presunçosas, quando analisadas sob o aspecto prático de nossa vida cristã, já que estas coisas foram escritas para nosso aviso (1 Co 10.11). Mas não esgota a verdade mais profunda que podemos extrair destes símbolos, quando observados sob o prisma do interesse da própria nação a que se refere e do Senhor que a criou. Sobre estes dois símbolos, e outros que se farão necessários ao longo deste estudo, pretendemos assentar alguns tijolos 7


fundamentais para uma correta e perfeita interpretação das coisas que ainda estão por vir. Nós, cristãos, temos recebido ensino sobre ensino acerca dos mais variados assuntos. E, geralmente, não nos portamos como os crentes de Beréia, “examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim”. Ainda que fosse Paulo quem falasse, e ele estava acima de qualquer suspeita, o testemunho das Escrituras estava acima da idoneidade deste santo. Não vamos lançar de novo “o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno” (Hb 6.1-2). Estas experiências e entendimentos são os requisitos mínimos necessários para aqueles que já nasceram de novo, para os que já se achegaram a Deus “com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé”, “tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa... pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19-22).

O que pretendemos é rever alguns conceitos, entendendo apropriadamente alguns símbolos utilizados pelo Espírito Santo em sua Palavra, para vislumbrarmos melhor as coisas que nos cercam, e que são o passo necessário para compreendermos o futuro não muito distante. Não vamos fazer um detalhamento Apocalíptico, mas assentar as pedras fundamentais que nortearão uma correta interpretação e compreensão das “coisas que depois destas devem acontecer”.

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O Senhor a plantar Primeiramente, para o perfeito entendimento da estrutura da Palavra de Deus, devemos sempre ter em mente os três grupos de pessoas que formam toda a humanidade. Sem esta precisa divisão, jamais poderemos “manejar bem a palavra da verdade”, e estaremos sempre tateando em derredor destas páginas tão resplandecentes quanto o sol. Todo o Novo Testamento, distribuído pelas cartas dos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo, ensina esta verdade. “Portai-vos

de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus” (1 Co 10:32). Esta é a divisão pela qual Deus se interessa e atua no momento. E ele tem um propósito especial para os três. Os judeus não englobam os gregos nem a Igreja de Cristo. Os gregos não englobam os judeus nem a Igreja, corpo de Cristo. Mas a Igreja, e somente ela, engloba judeus e gentios em seu corpo. Devemos entender por judeu todo aquele indivíduo que nasce da descendência física de Abraão, pelo seu filho Isaque e Jacó (Israel). Todo aquele que não é judeu na carne é um gentio, ou grego como se refere Paulo, por ter sido esta nação a base da cultura romana em que Paulo vivia. Assim, nós brasileiros, formados pela mistura de vários povos, somos gentios, nacionalmente falando. A Igreja, corpo de Cristo, é constituída por todo indivíduo judeu ou gentio que aceita Jesus como seu salvador e Senhor. 9


Se o leitor reparar com atenção o segundo capítulo da epístola de Paulo aos Efésios, verá que há uma distinção entre estes três grupos de pessoas demarcadas pelos pronomes pessoais “nós” e “vós”. A carta aos Efésios trata deste grupo grego que representa os gentios. “E vos vivificou [gentios], estando vós [gentios] mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes [gentios] segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também [nós, judeus, porque Paulo se inclui agora] antes andávamos nos desejos da nossa carne [judeus], fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos [nós, judeus] por natureza filhos da ira, como os outros também [judeus e gentios em que operava e ainda opera o espírito da desobediência].

Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou [judeus], estando nós [judeus] ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois [gentios] salvos), e nos [judeus] ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus... Portanto, lembrai-vos [gentios] de que vós noutro tempo éreis gentios na carne [porque não eram circuncidados como Abraão], e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão [judeus] feita pelas mãos dos homens; que naquele tempo estáveis [gentios] sem Cristo, separados da comunidade d’Israel [judeus], e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós [gentios], que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto [dos judeus]. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos [judeus e gentios que passam a crer em Jesus] fez um [Igreja]; e, derribando a parede de separação que estava no 10


meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo [em Cristo] dos dois [judeus e gentios] um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo [Igreja], matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe [gentios], e aos que estavam perto [judeus]; porque por ele [Cristo] ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois (gentios) estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos (o Israel fiel), e da família de Deus (todos os fiéis de todos os tempos); edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós (gentios) juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” Para não restar dúvida de que ‘vós’ se refira aos povos estrangeiros, portanto não-judeus, Paulo conclui, iniciando o capítulo terceiro, enfatizando este termo: “Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios...”. Este excelente capítulo já deveria ser o suficiente para entendermos a realidade destes três corpos. Quando desprezamos este tipo de divisão, fazendo com que tudo seja para todos, incorremos em falta grave para com Deus e sua Palavra, e colheremos certamente um fruto espiritual corrompido. Quando Deus fala aos judeus, não queira você, ressuscitado no corpo de Cristo, portanto sendo membro da Igreja, tomar estas palavras ou promessas como sendo suas. Deus não desprezou a nação de Israel, como alguns gostariam que assim fosse. Ouça o que Paulo, judeu por excelência, diz mais sobre seu povo em Romanos 11. “Digo

pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De 11


modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu... Digo pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios [que estavam separados da comunidade de Israel, como vimos acima], para os incitar à emulação [inveja aos judeus]... Porque se a sua rejeição [judeus] é a reconciliação do mundo [gentios], qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são. E se alguns dos ramos foram quebrados (judeus), e tu, sendo zambujeiro [oliveira brava, falando dos gentios], foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti [gentio convertido]. Dirás pois: Os ramos foram quebrados, para que eu [gentio] fosse enxertado. Está bem: pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé: então não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais [judeus], teme que não te poupará a ti também [gentios crentes]. Considera pois a bondade e a severidade de Deus: para os que caíram [judeus], severidade; mas para contigo [gentios “sem Deus no mundo”], a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados: porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro, e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais [judeus], serão enxertados na sua própria oliveira! Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo 12


(para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o libertador; desviará de Jacó as impiedades. E este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus pecados.

Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos [judeus] por causa de vós [gentios]; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento. Porque assim como vós [gentios] também antigamente fostes desobedientes a Deus, mas agora alcançastes misericórdia pela desobediência deles [judeus], assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada. Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia [através da morte de Cristo na cruz, para todo aquele que crê]”. Estas duas longas passagens, aqui expostas na íntegra, revelam claramente a divisão cirúrgica precisa que Deus faz entre estas três categorias de povos. Ele não olha nem para a riqueza, nem para a pobreza; não olha para a força ou a fraqueza; para a cor da pele não atenta; para nossa beleza física, tão cultuada pelo mundo, não se importa. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). “Pelo que, como por um homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5:12). 13


“Pois quê? Somos nós [judeus] mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos [gentios], todos estão debaixo do pecado; como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto: com as suas línguas tratam enganosamente: peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Rm 3.9-18).

Este é o caminho e o viver de toda a humanidade. Individualmente, todos somos iguais diante de Deus: afastados de Sua Verdade. Mas Paulo continua este mesmo comentário acrescentando um velho ingrediente inebriante, que iludiu os judeus do passado e tem iludido muitos dos cristãos atuais: a lei de Moisés. “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei [de Moisés, resumida em seus dez mandamentos] diz, aos que estão debaixo da lei [judeus] o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.19-20).

Ninguém deveria ter dúvidas quanto ao fato de que Deus “mostra a sua palavra a Jacó, os seus estatutos e os seus juízos a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação” (Sl 147.19-20). Paulo confirma esta realidade em sua carta aos Roma14


nos 9:1-5: “Em

Cristo digo a verdade... que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos [judeus], que são meus parentes segundo a carne; que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente: Amém.” A lei foi dada aos judeus, povo formado através da eleição Divina de um homem, Abraão, não para que os salvasse exclusivamente, mas para que fosse o veículo por quem viria Aquele único que pudesse cumprir a lei de Deus em nosso lugar: “Jesus Cristo, homem”. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença” (Rm 3.21-22). “Todos aqueles pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. Ora a lei não é da fé; mas o homem, que fizer estas coisas, por elas viverá. Cristo nos [judeus] resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós [judeus]; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e que pela fé nós [judeus e gentios] recebamos a promessa do Espírito...

Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade... à tua posterida15


de, que é Cristo... a quem a promessa tinha sido feita... as promessas foram feitas a Abraão e à sua posteridade... Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes [Igreja]... Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós [gentios] sois um [Igreja] em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa... Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão o que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus... E assim a lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom... Portanto é pela fé, para que seja segundo a graça... pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo [ao condenar o homem pela lei] e justificador daquele que tem fé em Jesus... a fim de que a promessa seja firme a toda a posteridade, não somente à que é da lei [judeus], mas também à que é da fé de Abraão [os gentios que creem], o qual é pai de todos nós (judeus e gentios que se achegaram a Jesus Cristo pela fé)... por

Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, nosso Senhor Jesus Cristo...” (Gl 3.1016


14,19a,16b,19b,16a,21-22,26-29 / Rm 2.28-29; 7.12; 4.16ª; 3.24b-26; 4.16b; 5.1). Espero que estas poucas passagens tenham sido suficientes para aceitarmos a divisão dos três grupos humanos a que Deus recorreu para buscar o homem perdido. A fé em Jesus Cristo é a base de toda a nossa salvação, “sem as obras da lei”, e é o instrumento seguro, único e eficaz para nossa real e profunda paz com Deus. Qualquer um que tentar acrescentar um til ou um jota da lei de Moisés sobre o fundamento da morte e da ressurreição de Jesus Cristo para nossa total e perfeita salvação, incluindo a manutenção dela, é maldito diante de Deus. O leitor deveria ler cem vezes mais esta introdução, sob oração, se não tem esta convicção plena. Pois, apesar de estarmos falando de coisas profundas, espiritualmente falando, são apenas a superfície mais delgada de tudo aquilo que Deus tem proposto a nós, os salvos, por Jesus Cristo, nosso Senhor. Um tipo claro de tudo o que dissemos pode ser visto no modo, e mais especificamente falando, no meio pelo qual Deus pôde resgatar Israel da mão dos egípcios. As águas tornadas em sangue, as pragas das rãs, a praga dos piolhos, a praga das moscas, a pestilência sobre os animais da casa de Faraó, a praga da saraiva, a praga dos gafanhotos e a praga das trevas não foram suficientes para libertar Israel. Somente quando houve derramamento de sangue, houve perfeita libertação. A lei e suas ordenações, introduzidas posteriormente, igualmente de nada prestaram para este milagre. E neste exato momento, simbolicamente, podemos ver a separação definitiva e contundente entre judeus e gentios. “E haverá grande clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve semelhante e nunca haverá; mas contra todos os filhos de Israel nem ainda um cão moverá a sua 17


língua, desde os homens até aos animais, para que saibais que o Senhor faz diferença entre os egípcios e os israelitas” (Êx 11.6-7). O motivo ou fundamento pelo qual Israel passou incólume por esta terrível prova está, não na lei, mas no “sacrificai a páscoa” (Êx 12.21). “Então

tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e lançai na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas para vos ferir” (Êx 12.22-23). Transportando estes ensinamentos para o tempo presente, pois que para nós foram escritos, nenhuma praga lançada sobre nosso inimigo íntimo, a carne com o pecado, poderá nos libertar. A lei, que declara e fortalece o nosso pecado, expondo-o miseravelmente, também não pode fazêlo. Mas “o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1.7). “Não mudes o marco do teu próximo, que colocaram os antigos na tua herança...” (Dt 19.14.).

O marco decisivo e satisfatório entre a escravidão do pecado, tendo como resultado a morte, e a vida “dentre os mortos” é Cristo. “Porque

o fim [término] da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Não queira mudar este precioso marco imposto por Deus em Cristo, “porquanto ele recebeu de Deus Pai honra 18


e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido” (1 Pe 1.17). Quem assim for achado fazendo, sob qualquer aspecto ou pretexto, “maldito aquele que arrancar o termo do seu próximo” (Dt 27.17); quanto mais o de Deus! Então, podemos concluir nosso raciocínio dizendo que se Deus não faz acepção de pessoas, individualmente falando, faz distinção dos corpos como um todo, levando em conta sempre, como vimos, a clara divisão entre gentios, judeus e a Igreja resgatada pelo sangue de Cristo. Deus tem um propósito especial para cada um destes corpos, e cabe a nós traçarmos bem o limite exato de cada um. Neste estudo, pretendemos esmiuçar um pouco mais sobre a questão de Israel, hoje assentada indevidamente na Palestina. É realidade muito triste para o povo de Deus que despreza o futuro certo de Israel entre as nações do mundo, ou, quando muito, tateia confusamente as páginas inspiradas do Antigo Testamento. Comentaremos a respeito dos outros dois grupos na medida em que se faça necessário.

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Três Ofícios distintos

Gostaria de iniciar propondo três perguntas, formuladas sobre símbolos que o apóstolo Paulo e o próprio Senhor Jesus continuam a desenvolver sobre a base assentada no Antigo Testamento. – A figura que Paulo utiliza para ilustrar o fato do enxerto dos gentios sobre os ramos quebrados do povo judeu, a oliveira de Romanos 11 que já vimos, poderia ser substituída pela videira ou pela figueira? – Quando Jesus declara ser a “videira verdadeira” (Jo 15.1), poderia ter dito que era a figueira ou a oliveira verdadeira? – E quando Cristo amaldiçoa a figueira, pouco antes de sua paixão (Mt 21.18-22), não poderia ter amaldiçoado, simbolicamente, a oliveira ou a videira em seu lugar? Para o leitor descompromissado, talvez não haja importância aparente para estes pequenos detalhes. Poderia ele dizer em sua simplicidade ou desleixo espiritual: ‘São meras ilustrações; o que importa é o entendimento mais amplo do ensino.’ Mas, louvado seja Deus, haverá ainda aqueles que, sob uma irrestrita e santa reverência prestada à Palavra de Deus, não poderão permitir tal desonra, relembrando aos mais afoitos que “toda a Escritura é divinamente inspirada”, e que podemos aprender até mesmo com um simples “til ou jota” cunhado pelo Espírito Santo. 20


Embora estes três símbolos estejam ligados à nação de Israel, retratam apenas uma característica específica deste corpo, assim como os frutos destas árvores lhes são exclusivos. O escritor inspirado interroga as mentes atentas. “Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas, ou a videira, figos...?” (Tg 3.12). Busquemos pelos vastos jardins do Senhor estas três árvores, e vejamos se o seu significado espiritual não corresponde à realidade natural.

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A Oliveira “Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos; mas agora, à voz dum grande tumulto, acendeu fogo ao redor dela e se quebraram os seus ramos. Porque o Senhor dos Exércitos que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade da casa de Israel e da casa de Judá, que para si mesmos fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal” (Jr 11.16-17). “Converte-te, ó Israel, ao Senhor teu Deus; porque pelos teus pecados tens caído... Eu sararei a sua perversão... Eu serei para Israel como orvalho... e a sua glória será como a da oliveira...” (Os 14.1-6). “Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha... Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias...” (Is 5.1-7). “E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro -me de ti, da beneficência da tua mocidade... Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias da sua mocidade... E eu vos introduzi numa terra fértil... Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel...” (Jr 2.1-21). “Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio...” (Os 9.10). “E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; e disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; por que ocupa a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará, e, se 22


não, depois a mandarás cortar” (Lc 13.6-9). Estas passagens mostram claramente a relação simbólica entre Israel e as três árvores. Vejamos agora a característica peculiar dos seus frutos. Primeiro, da oliveira. “E a pomba voltou a ele sobre a tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noé que as águas tinham minguado sobre a terra” (Gn 8.11). “Tu pois ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveira, batido para o candeeiro; para fazer arder as lâmpadas continuamente” (Êx 27.20). “E tornou o anjo que falava comigo, e me despertou... E me disse: Que vês? E eu disse: Olho, e vejo um castiçal todo de ouro... E, por cima dele, duas oliveiras... E, falando-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois raminhos de oliveira...?... Então ele disse: Estes são os dois filhos do óleo, que estão diante do Senhor de toda a terra” (Zc 4.1-14). Noé conheceu que as águas já haviam baixado por causa do testemunho daquele pequeno raminho de oliveira no bico da pomba. As lâmpadas podiam arder continuamente, iluminando o lugar santo, devido ao azeite-combustível. Mas a unção interior que o azeite proporcionava ao candelabro, produzindo luz aos cegos, era devido somente ao sofrimento amargoso produzido anteriormente pelo batimento dos frutos da oliveira. Cristo “não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos” (Is 53.2). Mas Ele disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). A luz que Ele emanava não vinha da sua aparência, mas de sua essência, do seu testemunho constante, preciso e inigualável do “Pai das luzes”. “Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos... Se eu testifico de mim mesmo o meu testemunho não é verdadeiro... mas falo como o 23


Pai me ensinou... Eu falo do que vi junto de meu Pai... Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o meu Pai mo tem dito” (Jo 3.11; 5.31; 8.28,38; 12.49-50). O candelabro era Cristo, sem nenhuma aparência. A luz era o que raiava da sua essência Divina, porém, subserviente. O azeite era a unção plena do Espírito Santo, que, por sua vez, brotava do testemunho do Pai ao Filho, e que passaria obrigatoriamente pelo moer agradável de Cristo na cruz (Is 53.10). A oliveira, portanto, e em consonância com as duas testemunhas de Zacarias e com a ‘boca’ da pomba, fala constantemente de testemunho, de profecia. Trata-se de um Ministério Profético.

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A Videira Desta figura brota outro excelente Ministério. “E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda... E despertou Noé do seu vinho...” (Gn 9.2024). “E aconteceu depois destas coisas que pecaram o copeiro do rei do Egito, e o padeiro, contra o seu senhor, o rei do Egito... E entregou-os à prisão... E ambos sonharam um sonho... Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face, e na vide três sarmentos, e estava como que brotando; a sua flor saía, os seus cachos amadureciam em uvas; e o copo de Faraó estava em minha mão, e eu tomava as uvas, e as espremia no copo de Faraó, e dava o copo na mão de Faraó” (Gn 40.1-11). Como podemos entender estas duas figuras introduzidas nestas peculiares passagens? Noé não podia plantar uma vinha? Certamente. Não podia beber do vinho de sua plantação? Sem dúvida. Mas a questão é mais espiritual que prática. Aliás, a questão prática é sempre resultado da espiritual.

“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos... cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo: sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5.18-21). Se partirmos deste princípio exposto por Paulo, perceberemos que o embriagamento produzido pelo vinho natural leva à manifestação da carne, “em que há contenda”. O embebedamento de Noé levou-o a descobrir-se em sua tenda, num ato leviano, 25


propiciando a que outro zombasse de seu feito, descobrindo-lhe as vergonhas. Em vez de Noé salmodiar ao Senhor “dando sempre graças por tudo”, amaldiçoa miseravelmente ao seu neto Canaã. E o leitor deve ter o cuidado de averiguar com atenção o testemunho do Espírito, analisando minuciosamente as palavras empregadas: “embebedou-se... descobriu-se... despertou do seu vinho”. Nada havia de Divino aqui. Tudo procedia do seu coração maligno. Deus estava distante. Não podia se encher do Espírito porque estava cheio da alegria carnal produzida pelo seu próprio vinho, extraído por suas próprias mãos. A Palavra aos Hebreus, no entanto, alega que Noé, “divinamente avisado das coisas que ainda se não viam temeu, e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé” (Hb 11.7). Sendo herdeiro da justiça que é segundo a fé, não poderia dar lugar a outro vinho sacerdotal. O verdadeiro sacerdócio está no sujeitar-se a Deus, como Cristo, “que, sendo em forma de Deus... aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.6-8). Sobre este verdadeiro e santo vinho sacerdotal, Cristo mesmo encerra: “... não beberei eu o cálice que o Pai me deu?” (Jo 18.11). O único vinho que interessava ao “ente santo” era aquele que partia do “Pai das luzes”. Noé corrompeu momentaneamente seu sacerdócio: não se aniquilou; não tomou a forma de servo; não se humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte. Mas deu lugar ao seu próprio ego, sendo sacerdote de si, e para si mesmo. E o que representava a vide no sonho do copeiro-mor? Porventura não representava a mesma morte, aniquilando-se a si mesmo em prol da vida de Faraó, quando bebia de um copo que não era o seu? Pois sabemos que uma das funções do copeiro era experimentar os alimentos de seu senhor, para que, se porventura estivessem contaminados, morresse em seu lugar. Cristo “fora 26


feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2.9). “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15.13). Como membros de um corpo santo, deveríamos ter sensibilidade espiritual suficiente para discernirmos entre o vinho sacerdotal de Cristo, através da unção do Espírito Santo, e o vinho produzido pela nossa mente carnal. Concluindo, a videira sempre simboliza o maior dos Ministérios celestiais: o do Sacerdócio. E o seu fruto, a uva espremida, o aniquilamento do ego na cruz do sofrimento de nosso Mestre. Resta-nos, então, apreciarmos a majestosa figueira.

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A Figueira “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7).

“Naqueles dias adoeceu Ezequias de morte... Então virou o rosto para a parede, e orou ao Senhor... E chorou Ezequias muitíssimo... Sucedeu pois que, não havendo Isaías ainda saído do meio do pátio, veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Volta, e dize a Ezequias... Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas... E acrescentarei aos teus dias quinze anos... Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos. E a tomaram, e a puseram sobre a chaga: e ele sarou” (2 Re 20.1-7). Nem a folha da figueira, nem a pasta de figos, por si só, podiam curar a chaga decretada. Adão estaria irremediavelmente perdido se não fosse a provisão de um animal morto em seu lugar, e “túnicas de peles” que pudessem vesti-lo convenientemente, embora por tempo determinado, até que viesse o verdadeiro “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E Ezequias teria morrido com sua chaga mortal, ainda que se utilizasse de todos os figos e pastas que pudesse colher e fabricar. Mas havia uma diferença crucial entre os dois.

Adão e Eva agiram segundo o seu próprio raciocínio, e segundo a sua própria vontade. Observe que “fizeram para si” os aventais. Deus já não governava em suas vidas. Ezequias, no entanto, clama com lágrimas em oração por misericórdia, ainda que Deus tivesse dito com veemência: “Ordena a tua casa, porque morrerás e não viverás”. Ezequias buscou o jugo leve e suave de seu Senhor, e como recompensa obteve cura perfeita; não por causa da pasta de figos, mas “conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade: com o fim de sermos para louvor da sua glória...” (Ef 28


1.11-12). Adão desprezou a glória e o governo de Deus quando costurou às pressas suas vestes inúteis. Ezequias, no entanto, submeteu-se à única Pessoa que poderia mudar o rumo da sua história: Aquele que tem as rédeas do Governo Soberano em suas mãos. A figura da figueira em Adão mostra a sua vontade antes da de Deus. O figo espremido em forma de pasta sobre Ezequias mostra a vontade de Deus antes da sua. A figueira, portanto, lembra-nos do Mistério de Governo. Assim sendo, podemos responder aquelas três perguntas com total segurança. Na figura da oliveira brava enxertada sobre a boa oliveira, percebemos que o enfoque é a substituição dos elementos, cuja função é dar testemunho da santidade de Deus, por outros.

A Igreja não poderia substituir Israel quanto ao sacerdócio, utilizando-se do símbolo da videira, pois que Israel tinha como sacerdotes os filhos da tribo de Levi, e é “manifesto que nosso Senhor procedeu de Judá, e concernente a essa tribo nunca Moisés falou de sacerdócio. De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Milquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb 7.11-14). Também a Igreja não substituiu Israel quanto ao Governo, visto que somos “peregrinos e forasteiros”, e “não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura” (1 Pe 2.11 / Hb13.14). A Igreja incorre em grave falta quando busca elementos do sacerdócio levítico para reger sua vida e quando se mistura aos gentios para governar sobre as coisas de um mundo que jaz no maligno. 29


Quanto ao que Jesus proclamou, dizendo ser a verdadeira videira, Ele se referia ao seu Sacerdócio eterno, tanto na eternidade passada quanto ao futuro distante. O Ministério de Governo cabe ao Pai e o de Profecia ao Espírito Santo. Uma melhor explanação sobre este tema pode ser encontrada em outro livro deste autor, intitulado “Do verdadeiro Tabernáculo”. E, finalizando, quanto à maldição da figueira por Jesus, ele enfocava o Governo de Israel, visto que a nação ainda existia, administrativamente falando, embora, espiritualmente, já estivesse morta. Ainda comentaremos sobre isto. É interessante também notarmos que não há nenhuma menção no Antigo Testamento a respeito de Israel ter sido plantado como uma figueira. Vimos que Israel foi plantado por Deus como uma videira e uma oliveira, mas não como uma figueira. Esta exclusão é intencional e cheia de instrução prática para nossas vidas. Tanto o exercício do sacerdócio quanto o da profecia, aos olhos humanos poderiam parecer santos, como no caso dos fariseus. Sacrificar e professar a religião com todo o zelo não demonstram a obediência que Deus, irrestritamente, exige. O primeiro capítulo de Isaías trata exatamente deste engano. “De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais nédios... Não tragais mais ofertas debalde: o incenso é para mim abominação... Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos...” (Is 1.11,13,16). gunta:

E o profeta Samuel exorta, respondendo com uma per-

“Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocausto e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15.22). Por mais agradáveis e santos que o sacerdócio e a profe30


cia nos pareçam, ambos devem ser totalmente submissos ao “mistério da Sua vontade”. Se adoramos ou profetizamos, é segundo o que Deus tem falado e ordenado. A carne para nada aproveita. O Governo, portanto, é exclusivo de Deus, e dele dependem o Sacerdócio e a Profecia. É por isto que Israel, em seu símbolo, não foi plantado como figueira. Podiam estar plantados como videira e oliveira, na terra, pois era seu raio de ação em favor dos povos ao seu redor. Mas o Governo vinha do céu, devendo se submeter a Ele, o “Senhor de toda a terra”. Quando a nação pede ao profeta Samuel um rei “como o têm todas as nações”, o Rei Eterno denuncia-lhes: “Ouve a voz do povo em tudo quanto te disserem, pois não te tem rejeitado a ti; antes a mim me tem rejeitado para eu não reinar sobre eles” (1 Sm 8). Assim, podemos concluir que há uma especificidade sobrenatural na utilização destes símbolos, a ponto de podermos entender sua utilização em questões variadas. Tomemos como exemplo o caso da mulher e dos filhos.

“Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos: feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; e os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa” (Sl 128). A mulher deveria ser uma sacerdotisa em seu lar, oferecendo “dons e sacrifícios” como todo sacerdote (Hb 8.3). Seus dons estão descritos em Provérbios 31, dentre os quais “planta uma vinha com o fruto de suas mãos” (v. 16). Seu sacrifício perfeito é “o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos” (1 Pe 3.4-5). “... filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes”, são o melhor testemunho de um lar equilibrado (Tt 1.6). 31


O homem assim abençoado teve que governar adequadamente seu lar. Mulher e filhos que exerçam governo em casa serão motivo para a devida repreensão do Senhor. Tomemos somente mais um exemplo da utilização destes símbolos para que possamos continuar nosso estudo. “Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos [Governo] dos espinheiros, nem se vindimam uvas [Sacerdócio] dos abrolhos” (Lc 6.44). Os espinheiros e abrolhos mencionados aqui, no sermão do monte, representam o homem hipócrita conforme o próprio contexto. Os hipócritas não podem produzir verdadeiro e santo sacerdócio, bem como governar honestamente as coisas de Deus. Mas o Senhor Jesus não disse que não podem ter a aparência do testemunho, que é representado pela oliveira. E é por este motivo que Jesus usa muito a expressão “hipócritas”, pois estando mortos em suas obrigações para com Deus, testemunham o contrário. Jesus advertiu sobre o perigo de se limpar o exterior do copo, estando o interior cheio de rapina e maldade (Lc 11.39). Embora o joio seja muito parecido com o trigo, não pode servir como alimento. Espero ter sido suficientemente claro na exposição destas ideias. Mas mesmo que o leitor não tenha ainda se apropriado desta realidade, contudo terá mais uma oportunidade de avaliação, pois comentarei agora sobre o lado negativo destes três símbolos.

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Israel a desarraigar Vimos que as três árvores enfocam os três ministérios propostos por Deus para o bom desenvolvimento de seu Reino através dos exemplos humanos já citados. Agora veremos o desleixo de Israel para com eles, e o leitor deveria atentar bem para as palavras assinaladas nos textos seguintes, pois fazem a conexão com o que foi já exposto. Este comportamento ocioso da nação judaica para com as coisas celestiais também deveria nos alertar quanto ao perigo da Igreja em produzir os mesmos frutos espinhosos, “porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4). “Temamos, pois que, porventura deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.1-2). Vejamos o que Israel testifica sendo uma oliveira profética. “Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos; mas agora, à voz dum grande tumulto, acendeu fogo ao redor dela e se quebraram os seus ramos. Porque o Senhor dos Exércitos que te plantou, pronunciou contra ti o mal, pela maldade da casa de Israel e da casa de Judá, que para si mesmos fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal” (Jr 11.16-17). “E o mancebo Samuel servia ao Senhor perante Eli: e a palavra do Senhor era de muita valia naqueles dias; não havia visão manifesta” (1 Sm 3.1). “Pelo que o Senhor cortará de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco no mesmo dia. (O ancião e o varão de respeito é 33


a cabeça, e o profeta que ensina a falsidade é a cauda.) Porque os guias deste povo são enganadores, e os que por eles são guiados são devorados. Pelo que o Senhor não se regozijará com os seus mancebos, e não se compadecerá dos seus órfãos e das suas viúvas, porque todos eles são hipócritas e malfazejos, e toda a boca profere doidices” (Is 9.14-17). “Tardai, e maravilhai-vos, folgai, e clamai: bêbados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida forte. Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e vendeu os vossos cabeças, os videntes. Pelo que toda a visão vos é como a palavra dum livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele dirá: Não posso, porque está selado. Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele dirá: Não sei ler. Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído...” (Is 29.9-13). “Porque povo rebelde é este, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto: dizei -nos coisas aprazíveis, e tende para nós enganadoras lisonjas” (Is 30.9-10). “Negam ao Senhor, e dizem: Não é ele; e; Nenhum mal nos sobrevirá; não veremos espada nem fome. E até os profetas se farão como vento; porque a palavra não está com eles... Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja: e que fareis no fim disto?” (Jr 5.13,31). “Porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à avareza; e desde o profeta até ao sacerdote, cada um usa de falsidade. E curam a ferida da filha do meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz” (Jr 6.13-14).

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“E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam falsamente em meu nome; nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei: visão falsa, e adivinhação, e vaidade, e o engano do seu coração é que eles vos profetizam” (Jr 14.14). “Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito, e coisas que não viram!... Veem vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor os não enviou; e fazem que se espere o cumprimento da palavra” (Ez 13.3-6). Por estas declarações contundentes, entendemos que o Ministério Profético em Israel estava em franca decadência. A oliveira mentia hipocritamente. Mas isto não quer dizer que não houvesse profetas verdadeiros. Sempre há aqueles “sete mil” que não dobram os joelhos para os deuses deste século. Mas qual o testemunho da nação a respeito destes? “Agora, pois, porquanto fazeis todas estas coisas, diz o Senhor, e vos falei, madrugando e falando, e não ouvistes, chameivos, e não respondestes... Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje vos enviei todos os meus servos, os profetas, todos os dias madrugando e enviando-os; mas não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz, e fizeram pior que seus pais” (Jr 7.13,25-26). “E dentre os vossos filhos levantei profetas, e dentre os vossos mancebos nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? Diz o Senhor. Mas vós aos nazireus destes vinho a beber, e aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizeis” (Am 2.11-12). “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos. E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. Enchei vós pois a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; e a uns 35


deles matareis e crucificareis, e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar” (Mt 23.29-35). Há realmente material farto quanto à negligência contra o Espírito Santo, e nem poderia ser diferente. Aos profetas falsos ouviam e se associavam. Aos que buscavam “glória, e honra e incorrupção”, desprezavam, prendiam, torturavam e matavam. Eis o infeliz testemunho de Israel. E quanto ao sacerdócio? Fizeram jus à “vide excelente”? “Quando eu já há muito quebrava o teu jugo, e rompia as tuas ataduras, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo em todo o outeiro alto e debaixo de toda a árvore verde te andas encurvando e corrompendo” (Jr 2.20). “Porque os filhos de Judá fizeram o que parece mal aos meus olhos, diz o Senhor: puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a contaminarem. E edificaram os altos de Tofete, que está no vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e suas filhas; o que nunca ordenei, nem me subiu ao coração” (Jr 7.30-31). “O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nos ângulos dos seus altares” (Jr 17.1). “Porque tanto o profeta, como o sacerdote, estão contaminados; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor” (Jr 23.11). “... esse povo que formei para mim, para que me desse louvor. Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó, mas te cansaste de mim, ó Israel” (Is 43.21-22). “Estendi as minhas mãos todo o dia a um povo rebelde, que 36


caminha por caminho que não é bom, após os seus pensamentos: povo que me irrita diante da minha face de contínuo, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre tijolos; assentando-se junto às sepulturas, e passando as noites junto aos lugares secretos: comendo carne de porco e caldo de coisas abomináveis nos seus vasos... vós, os que vos apartais do Senhor, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais uma mesa para a Fortuna, e que misturais vinho para o Destino” (Is 65.2-4,11). Na vide de Israel não havia mais fruto. Um sacerdócio secular se instaurara. A ordem sacerdotal estava lá. Os sacrifícios e as ofertas continuavam existindo. Mas o vinho que a nação, representada pelos seus sacerdotes, produzia não testificava mais “os sofrimentos que a Cristo haviam de vir”. Corromperam-no, misturando e oferecendo um vinho imundo ao “deus Destino” (conforme a ERA), objetivando não a glória de Deus, mas uma mesa farta para si mesmos. E nossas igrejas não andam pelo mesmo caminho escabroso?

Quanto à decadência moral e espiritual da figueira, basta ler os livros de Reis e Crônicas e se notará a patente condenação dos reis de Israel na constante aparição da expressão: “E fez o que parecia mal aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos gentios que o Senhor desterrara de suas possessões de diante dos filhos de Israel” (1 Re 14.22; 15.3,26,33; 16.25,30; 22.52-54 / 2 Re 3.1; 8.16-18,26-27; 13.1-2; 14.23-24...). Isto sem mencionarmos o pedido do povo de um rei nos mesmos moldes impuros dos seus vizinhos pagãos em 1 Samuel 8, que já reproduzimos. É bem verdade que houve alguns poucos reis que fizeram “o que era reto aos olhos do Senhor”. Mas pairava sobre os ombros da nação o símbolo maior da sua rebeldia: uma nação dividida em duas: a do sul, composta por Judá e Benjamim, chamada Judá, com capital em Jerusalém; e a do norte, formada pelas outras dez tribos, denominada Israel, com sua capital em Samaria, sempre guerreando entre si. E tudo isto produzido pelo brilhante Salomão, “que, no tempo da velhice”, “amou muitas mulheres estranhas”, e “suas mu37


lheres lhe perverteram o seu coração para seguir outros deuses”. “Assim fez Salomão o que parecia mal aos olhos do Senhor; e não perseverou em seguir ao Senhor, como Davi seu pai... Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão: porquanto desviara o seu coração do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera... Pelo que disse o Senhor a Salomão: Pois que houve isto em ti, que não guardaste o meu concerto e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo... Porém todo o reino não rasgarei: uma tribo darei a teu filho, por amor de meu servo Davi, e por amor de Jerusalém, que tenho elegido” (1 Re 11.1-13). Possamos aprender com isto uma importante lição. Ainda que Deus tenha nos aparecido mil vezes, andemos atentamente para não pecarmos contra o Senhor até a nossa velhice, pois o Senhor não terá em conta as mil aparições para não nos julgar segundo nossos pecados e rebeldias.

Finalmente, encerramos esta questão da simbologia das três árvores reunindo os três grupos ministeriais decadentes. “Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se confundem os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, e os seus sacerdotes, e os seus profetas, que dizem ao pau: Tu és meu pai...” (Jr 2.26-27). “Mas tu dize-lhes: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de embriaguez a todos os habitantes desta terra, e aos reis da estirpe de Davi, que estão assentados sobre o seu trono, e aos sacerdotes, e aos profetas, e a todos os habitantes de Jerusalém” (Jr 13.13). “... por toda a maldade dos filhos de Israel, e dos filhos de Judá, que fizeram, para me provocarem à ira, eles e os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes, e os seus profetas, como também todos os homens de Judá e os moradores de Jerusalém” (Jr 32.32). “Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sa38


cerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá” (Mq 3.11). “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta...” (Hc 3.17). Eis aí os três símbolos reunidos na mesma seqüência proposta acima por Jeremias e Miquéias. E tanto Deus tem fixado inabalavelmente estas figuras por todo o texto inspirado, que elas ainda encerram no mesmo espírito o Livro da Revelação, Apocalipse. “E, havendo aberto o sexto selo... as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte... E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas... E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro...” (Ap 6.12-16). “E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Deus da terra” (Ap 11.3-4). “E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras. E o anjo meteu a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus” (Ap 14.18-19). É claramente perceptível a relação destas árvores com os elementos associados a elas: a figueira, no contexto dos reis da terra, sendo julgados pelo que está assentado no trono; as duas oliveiras que profetizam; e a vinha sendo vindimada pelos anjos que saem do “templo, que está no céu”. 39


Muito bem! Vimos de forma contundente a negligência de Israel para com estes três ministérios santos, e estes, associados e simbolizados por três árvores frutíferas. Não seria lógico supormos então que estes ministérios corrompidos também fossem retratados por alguma simbologia? Pois se o santo teve uma representação física, pareceria óbvio supor que a sua degradação também recebesse um símbolo espiritual. E realmente assim é. Mas infelizmente temos de parar por aqui. Que o Senhor nos abra a oportunidade para a conclusão deste importante assunto, que desdobra numa das páginas mais mal compreendidas, se não distorcidas, de Apocalipse.

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