Projeto Gráfico e Editoração Márcio Bertachini
Composição – 04/2001 a 03/2002 Santo André – São Paulo Reedição – 03/2016 Atibaia – São Paulo
ministerioescrito@hotmail.com ministerioescrito.blogspot.com
Imagem da capa Detalhe da sustentação, em forma de arco de paråbola, da ponte Infinity Bridge, sobre o Rio Tees ao norte da Inglaterra. Com 240 metros, comporta ciclovia e passagem para pedestres
A respeito do 2º Ciclo O início do ministério de Jesus foi marcado por uma mensagem clara, aberta e inequívoca. Porém, com a resistência constante de seus ouvintes, culminando com a primeira blasfêmia dos fariseus (retratado ao fim do primeiro ciclo – 'Do Verbo à blasfêmia dos fariseus’), uma densa e espessa nuvem passa a sitiar suas palavras. E quando nos detemos nos objetivos aguardados e antecipados pelas parábolas, assombramo-nos: “Para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que se não convertam, e lhes sejam perdoados os pecados” (Mc 4.12). Houve tempo para abraçar, agora era tempo de parar de abraçar. No entanto, o Senhor multiplica bênçãos, provisões, milagres, perdão, transfigura-se. Ainda assim, nem mesmo seus irmãos creem nele, e o fariseus, cada vez mais coléricos, formam conselho organizado para o matarem. O início deste novo ciclo é aberto com a parábola do semeador, “junto ao mar”, numa clara indicação de que o Senhor se voltará para os gentios (simbolizado pelo mar), se Israel virarlhe as costas. O Mestre estreia a fórmula proposta mais a frente por Paulo: “primeiro do judeu, e também do grego”, para “incitar à emulação (ou inveja) os da minha carne e salvar alguns
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deles” (Rm 1.16; 11.14). O ciclo termina com uma solene advertência: a parábola do credor impiedoso. Provavelmente aqui vemos a última estada de Jesus em Capernaum. Em breve, ele iniciará sua derradeira jornada até Jerusalém, assunto para o terceiro Ciclo.
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Como se deu a compilação “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro” (Ap 22.18-19). Sob este peso e direção é que compus esta compilação dos Santos Evangelhos segundo Mateus, Marcos, Lucas e João, que discorrem sobre o nascimento miraculoso, a vida imaculada, a morte preciosa e a ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, em um único livro. Não foi tarefa fácil. Primeiro pela enorme quantidade de informações contidas nestes Evangelhos, com o agravante de os escritores terem abordado a vida e a pessoa de Jesus sob um determinado ponto de vista, e de forma nem sempre cronológica. E a segunda razão, e também a mais perversa, pela tradição que recebemos de nossos pais, sem os devidos questionamentos. Vamos esmiuçar um pouco mais estas dificuldades. Muitos cristãos sabem que Mateus enfatiza Jesus como Rei; Marcos o mostra como servo; Lucas, como homem; e João o eleva à Divindade. E estes enfoques, obviamente, levaram a narrativas em que, embora centradas no mesmo personagem, um livro contenha comentários que outro omita totalmente. Ou, o que se poderá perceber algumas vezes, parecendo-se tratar de um mesmo acontecimento, pela semelhança dos textos, na verdade os fatos ocorram em tempos distintos, depois de uma observação mais acurada.
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Exemplificando o que me propus a realizar, se tomarmos como fato a crucificação de Jesus, Mateus relata que na cruz foi escrita a seguinte sentença: “ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS” (Mt 27.37). Marcos relata: “O REI DOS JUDEUS” (Mc 15.26). Lucas, por sua vez, mostra: “ESTE É O REI DOS JUDEUS” (Lc 23.38). João, finalmente, revela: “JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS” (Jo 19.19). Observe as lacunas.
ESTE É JESUS ,
O REI DOS JUDEUS O REI DOS JUDEUS
ESTE É
O REI DOS JUDEUS JESUS
NAZARENO ,
REI DOS JUDEUS
Nenhum dos quatro textos revelou a plenitude do que fora escrito em sua condenação. Portanto, com a união das passagens referidas, teríamos o seguinte na íntegra: “ESTE É JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.” Nenhuma palavra falta, nenhuma se repete. Mas este é um caso fácil de se resolver. Uma simples comparação das passagens já é suficiente para se esclarecer a questão. Mas e, por exemplo, quanto à afirmação de Jesus sobre Pedro, que este o negaria três vezes antes que o galo cantasse, relatado em Mateus, Lucas e João, e um outro relato em Marcos que diz que Pedro o negaria duas vezes antes que o
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galo cantasse três vezes? Soma-se a isto a dificuldade de encontrarmos vários personagens envolvidos na história, em dois diferentes locais, e em distintas ocasiões. Como coadunar tudo isto? Ou por exemplo, na famosa e intrigante transfiguração de Jesus ante os discípulos, cujos livros de Mateus e Marcos o colocam seis dias depois de um certo depoimento seu, e Lucas o coloca como sendo quase oito dias depois deste mesmo pronunciamento. Alguém mais apressado poderia alegar que quase oito poderia significar seis. Um físico, ou um engenheiro, poderia permitir uma negligência como esta em sua área de trabalho? Você contrataria, descansadamente, um profissional assim? Se em nosso mundo moderno necessitamos cada vez mais de precisão, e ele certamente passará, por que negligenciarmos as revelações da Palavra de Deus, que “não hão de passar”? E aqui devemos fazer um importante comentário. E este comentário é a base, ou pedra angular, de toda a revelação escrita no livro chamado Bíblia. Foi a partir desse pressuposto e revelação que foi possível unir os quatro Evangelhos em uma só narrativa, apesar de todos os preconceitos em contrário. Usando o mesmo exemplo acima, estamos absolutamente convencidos de que Pedro negou Jesus três vezes naquela noite fatídica. E a partir deste conceito, ou preconceito por assim dizer, propus reunir as passagens relativas a estas negações. Só houve um pequeno problema. As passagens não se encaixavam de forma precisa e natural. Por um momento me desesperei. Será que não havia saída para tal impasse? Havia partido da premissa correta de que “a Escritura
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não pode ser anulada” (Jo 10.35). Sabia que “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”, e que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (2 Pe 1.20-21). Não fazia nada mais que estar “comparando as coisas espirituais com as espirituais” (1 Co 2.13).
A própria Palavra de Deus e o Espírito que em mim habita testificavam que o impasse estava certamente na minha incompetência em alcançar as profundezas de Deus, e jamais, nunca, poderia haver falha nas Escrituras Sagradas. E com esta certeza, levantei-me de minha cadeira, apreensivo e desconsolado, e fui refrescar minhas ideias com um copo de água. Enquanto bebia, orei assim: Ah, Senhor! Eu sei que a tua Palavra é perfeita. Preciso de tua iluminação, ou não vou poder realizar esta tarefa. Ajuda-me! Então mais uma vez o Senhor mostrou-me a sua benignidade. Como numa iluminação momentânea, e não saberia como explicar, o Senhor sussurrou-me no fundo da minha mente algo que eu nunca pensaria de mim mesmo. E a partir desta pequena pista pude montar o quebra cabeça, que o leitor poderá verificar no texto à frente. E a resolução deste questionamento calou ainda mais fundo naquela certeza, já alicerçada, de que os Evangelhos jamais poderiam conter as alegadas contradições, como alguns assim classificam apressadamente. Devo mencionar que esta passagem sempre me intrigou profundamente, e isto muito antes de sequer pensar em fazer tal compilação. E me sentia tão apreensivo quanto a ela, que logo nas primeiras páginas deste trabalho, avancei para esta passagem “problemática”, pois se eu não pudesse resolvê-la, temia não poder realizar a tarefa a que me propusera. Resolvida a questão, soube intimamente que as demais passagens teriam o
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mesmo destino, e regressei ao ponto em que havia interrompido, certo de que só pararia no amém final. Mas o que deve ser ressaltado ao leitor é que não só os Evangelhos participam desta graça, mas “toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça: para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2 Tm 3.16-17), e que “as sagradas letras... podem fazer -te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15). No entanto, quando o leitor apreciar o texto único, não terá um texto sagrado, ou canônico, apesar de estar lendo somente os Evangelhos. Porque se fosse canônico, ou fizesse parte da Palavra de Deus, deveria estar contido dentro da Bíblia, e graças a Deus não está. O Espírito de Deus resolveu por bem narrar a vida de Jesus em quatro narrativas separadas, de forma que o texto unificado não sofre a inspiração mencionada por Pedro em 2 Pe 1.20-21. Aqui se pode dizer o inverso do que se diz da Bíblia. A Bíblia não contém a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus. O texto à frente não é a Palavra de Deus; simplesmente contém a Palavr a de Deus. A vida do Messias deveria ser assim comentada, sob quatro pontos diferentes de vista, para que se cumprisse o que Moisés diz: “... pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o negócio” (Dt 19.15). E o próprio Messias assim o confirma, dizendo: “E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro” (Jo 8.17). Portanto, temos que dois apóstolos confirmam sua humanidade, e outros dois que confirmam sua divin-
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dade, pois “por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (2 Co 13.1). Reunindo então tudo o que já dissemos, se os quatro relatos são a Palavra de Deus, que não podem errar, e eles comentam sobre a vida de uma única e indivisível Pessoa, os quatro Evangelhos devem, naturalmente, ser passíveis de uma união perfeita e equilibrada. Com isto em mente é que pude integrar os quatro documentos em um só; e nos casos em que houvesse possíveis contradições, devido à forma diferente de narrar dos Evangelistas, estas deveriam ser resolvidas de forma natural no momento da reunião dos relatos, para que se tornassem um, da mesma forma que o personagem retratado é um, e o Espírito que os inspirou é um só. Usei, para tal contento, sem diminuir ou aumentar a Palavra de Deus, para que não incorresse nas pragas descritas no início desta introdução, uma fórmula muito simples: não poderia introduzir sequer uma vírgula no texto reunido. Como no caso citado acima, onde lemos a inscrição “Este é Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”, o leitor poderá verificar que as quatro frases estão dentro desta única frase, sem acrescentar ou subtrair nada. Mas como eu havia dito, este trecho é facílimo de se resolver. Houve muitos textos em que, literalmente, sofri para unificá-los. A maioria das vezes devido às diferenças entre os relatos, que no momento da reunião, produziam uma quebra na continuidade lógica do todo. Também gramaticalmente, já que às vezes um texto falava no plural, e outro no singular. Seria impossível citar todas as dificuldades. As maiores complicações foram: primeiramente, a sequência exata dos fatos, no início do ministério de Cristo; o
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sermão da montanha, que num primeiro olhar sobre Mateus e Lucas pareciam se tratar do mesmo sermão, mas depois, num olhar mais penetrante, os Evangelhos na verdade relatavam dois sermões: um sermão chamado “da montanha”, e outro sermão que eu designei “da planície”; a transfiguração; o sermão profético; os dois cegos de Jericó; a última ceia; as negações de Pedro; Jesus perante o Sinédrio; a visita das mulheres ao túmulo no primeiro dia da semana; as aparições de Jesus aos discípulos após sua ressurreição. Todos estes textos terão suas devidas notas, para que o leitor possa entender o meu raciocínio, e também comparar com os Evangelhos, sentindo desta forma a mesma dificuldade que eu senti. Devo mencionar, também, lembrando ao leitor, que os títulos presentes nos Evangelhos, como por exemplo: “A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém”, não fazem parte do texto original, que foi escrito em grego; portanto, não são a Palavra de Deus, e, logo, podem conter erros. No mesmo exemplo acima, lendo a narrativa referente à entrada de Jesus em Jerusalém, o leitor perceberá que não houve nada de “triunfal” em sua entrada, e nem poderia ser assim, visto que o Senhor dos Exércitos adentra Israel montado num jumentinho. Houve então da minha parte algumas mudanças nestes títulos, e quando acrescentei alguma palavra, ou mesmo um título novo, o que foi acrescentado estará entre chaves. E que também será explicado pelas notas. Outra dificuldade a ser mencionada são as repetições dos ensinos de Jesus. Se dentro de um mesmo Evangelho já há semelhanças profundas em alguns acontecimentos, que se dirá de quatro? O leitor pode experimentar estas dificuldades
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ao comparar estas simples passagens: Mt 5:29-30 com 18:8-9; Mt 12:38-40 com 16:1-4; Lc 8:16-18 com 11:33-36; Lc 11:43 com 20:46; Lc 12:11-12 com 21:12-15; Lc 13:15 com 14:5. Mas, na verdade, nem poderia ser diferente. Se pronunciando várias vezes os mesmos discursos, o público entendia muito pouco, imagine-se um único discurso, num tempo em que não havia gravadores. Também as repetições são muito interessantes, pois elas são recolocadas num novo contexto, dando maior dinamismo em suas pregações. Estes discursos repetidos em ocasiões diferentes, obviamente, foram preservados no texto unificado. Mesmo os sinais e milagres de Jesus não foram únicos, mas exaustivamente repetidos para aguçar os sentidos dos ouvintes, pois o mesmo Senhor interpela os seus apóstolos quanto ao seu entendimento; como no caso das duas multiplicações dos pães: “Como não entendeis ainda?” (Mc 8.15-21). Não adentrarei agora em todas as dificuldades, pois a maior parte delas será resolvida nas notas apropriadas. Vamos, antes, ter uma visão panorâmica dos quatro Evangelhos. O Evangelho mais diferenciado trata-se de João. É neste livro que encontramos as grandes pregações de Jesus. Não há muitos milagres narrados aqui; e quase todos os que aqui são encontrados, são exclusivos deste livro, quais sejam: a
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água feita em vinho, a cura do filho dum régulo, a cura do paralítico de Betesda, a cura dum cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. Somente a primeira multiplicação dos pães e seu passeio a pé sobre o mar são comuns aos outros Evangelhos. Mas daqui retiramos as pedras mais preciosas de sua Divindade, quando Ele declara ser um com o Pai, o pão que desce do céu, a água da vida, a luz do mundo, o bom Pastor, a porta das ovelhas, “o caminho, e a verdade, e a vida”, a ressurreição, a videira verdadeira, aquele que saiu do Pai e tornaria para Ele. Somente aqui temos menção da festa dos tabernáculos, da festa da dedicação (ou das luzes) e da primeira expulsão dos vendedores do templo, logo no início de seu ministério. Somente aqui, também, vemos a menção das três páscoas consecutivas que Jesus participaria, depois de seu batismo. E de João se extrai a fala mais longa do Senhor durante a sua última ceia. Mateus, Marcos e Lucas, por terem basicamente a mesma construção, são chamados de Evangelhos Sinóticos; termo que insinuaria a capacidade destes três Evangelhos serem compostos num só esquema. Mas na realidade, somente Mateus e Marcos participam desta aptidão. Há diferenças sutis em Lucas, que num primeiro momento parece tratar de uma reprise dos outros dois livros, mas, na verdade, num olhar mais aguçado, trata de acontecimentos diferentes. O próprio autor foi enganado muitas vezes por essas similitudes, mas tiveram que ser revistas após um exame mais minucioso de seus contextos. Estas diferenças também serão comentadas. O livro de Marcos é o mais curto, e nada comenta so-
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bre a infância de Jesus, partindo imediatamente para a pregação de João Batista. Comparado com Mateus, embora contenha algumas inversões quanto aos episódios ocorridos antes da primeira multiplicação dos pães, no restante são idênticos. Lucas é o livro mais longo, e o único a retratar a história de Isabel e Zacarias. Nele encontramos os detalhes do nascimento de Jesus e João Batista. Seu maior trunfo, no entanto, está em sua sequência da última viagem de Jesus para Jerusalém, comentando fatos e parábolas não abordados pelos outros. Comuns aos quatro evangelhos, temos: o ministério de João Batista, a primeira multiplicação dos pães, a entrada “triunfal” de Jesus em Jerusalém, Jesus preso em Getsémani, a traição de Judas, as negações de Pedro, o julgamento de Jesus pelos sacerdotes, por Herodes e Pilatos, sua crucificação, sua sepultura, sua ressurreição e seus aparecimentos em público após a ressurreição. Dito isto, passemos à forma do texto unificado. Para cada Evangelho usei uma determinada cor, para que o leitor possa visualizar com facilidade os textos. Mateus está em azul; Marcos, em ver melho; Lucas, em pr eto; João, em ver de. Como havia dito, os títulos contêm algumas mudanças, que foram colocadas entre chaves. As passagens analisadas e agrupadas estão mencionadas nos títulos, nas cores devidas,
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bem como as notas necessárias. Utilizei a forma padrão na identificação das passagens, e nos casos em que havia a necessidade de divisão de um único versículo em duas ou três partes, empreguei a sequência abc para identificá-las. Quanto à fonte, servi-me da Edição Revista e Corrigida (ERC) para este trabalho. O leitor, amante da Palavra de Deus, deveria se exercitar acompanhando os textos sagrados enquanto lê a síntese, para que possa entender os artifícios lógicos usados pelo escritor, e não ser um mero expectador. Lembro mais uma vez que não sendo o texto unificado inspirado como a Palavra de Deus é, poderá conter erros quanto à minha visão dos acontecimentos, e que o leitor deverá corrigir, partindo sempre daquelas premissas abordadas há pouco. Quanto às falas entre os diferentes personagens e a sequência exata do ministério do Senhor, procurei encaixá-las da melhor maneira possível, já que os textos nem sempre nos dão a ordem precisa das mesmas, visando sempre o melhor entendimento dos fatos. Espero, com a reunião destes quatro Evangelhos em um só documento, ressaltar as peculiaridades de cada passagem, aguçando-nos os sentidos para as verdadeiras proposições do Espírito Santo, ao dividir a vida de Jesus e seus apóstolos em quatro partes. Além disso, espero que as muitas possíveis contradições e dúvidas sobre certas passagens sejam iluminadas e esclarecidas, contribuindo para a verdade de que “homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”, e que “a Escritura não pode ser anulada”. Fora destes dois objetivos, a unificação não tem valor algum.
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“ (2 Pe 3.10), juntamente com este livro.
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A parábola do semeador A parábola da candeia A parábola da semente A parábola do trigo e do joio As parábolas do grão de mostarda e do fermento Explicação da parábola do trigo e do joio Parábolas, do tesouro escondido, da pérola, da rede Como devemos seguir a Jesus Jesus apazigua a tempestade Os endemoninhados gadarenos A filha de Jairo. A mulher do fluxo de sangue A cura de dois cegos e um mudo Jesus retira-se para Nazaré A ceara e os ceifeiros João Batista envia dois discípulos seus a Jesus As três cidades impenitentes O jugo de Jesus A pecadora que ungiu os pés de Jesus As mulheres que serviam a Jesus com os seus bens Os doze e a sua missão A morte de João Batista A primeira multiplicação dos pães Jesus anda sobre o mar Jesus é o pão da vida para os que creem Jesus é abandonado por muitos discípulos: a primeira confissão de Pedro (Mt 14.34b-36; Mc 6.53-56) A tradição dos anciãos
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A mulher Cananéia Cura de um cego e gago de Decápolis A segunda multiplicação dos pães O fermento dos fariseus Cura de um cego de Betsaida A segunda confissão de Pedro Os discípulos de Jesus devem levar as suas cruzes A [primeira] transfiguração A [segunda] transfiguração A cura de um jovem lunático A incredulidade dos irmãos de Jesus Jesus ensina no templo na festa dos tabernáculos. Dissensão entre os judeus acerca de sua pessoa. Os fariseus mandam prendê-lo A mulher adúltera Discurso de Jesus sobre a sua missão Cura de um cego de nascença Jesus, o bom Pastor A festa da dedicação. Jesus, interrogado pelos judeus, declara-se o Filho de Deus. Desejam apedrejá-lo, e ele retira-se para além do Jordão A ressurreição de Lázaro Os fariseus formam conselho para matarem Jesus Jesus paga o tributo O maior no reino dos céus; quem não é contra nós é por nós; os escândalos O perdão do pecado de um irmão A parábola do credor incompassivo
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Notas
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66 69 70 74 77
79 80 84 85 85 87 88
“Se as parábolas de Jesus eram inacessíveis aos incrédulos e complexas para seus discípulos, ainda são mal compreendidas pelos cristãos.”
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A parábola do semeador (Mt 13:1-23; Mc 4:1-20; Lc 8:4-15) Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar; e ajuntando-se muita gente ao pé dele, e vindo de todas as cidades ter com ele, entrando num barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia. E falhou-lhe de muitas coisas por parábolas, e lhes dizia na sua doutrina: Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear a sua semente, e, quando semeava, caiu alguma junto do caminho, e foi pisada, e vieram as aves do céu, e a comeram; e outra parte caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz e umidade. E outra caiu entre espinhos, e, crescendo com ela os espinhos, a sufocaram e não deu fruto. E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. E, quando se achou só, os que estavam junto dele com os doze discípulos interrogaram-no, dizendo: Que parábola é esta? Por que lhes falas por parábolas?
Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas aos que estão de fora não lhes é dado; porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas aquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia d’Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não
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compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados, e eu os cure. Mas bem-aventurados os vossos olhos porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. E disse-lhes: Não percebeis esta parábola? Como pois entendereis todas as parábolas? Escutai vós, pois, a parábola do semeador. A semente é a palavra de Deus; o que semeia, semeia a palavra; e os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra do reino é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, e não a entendendo, vem logo Satanás, o maligno, e tira a palavra que foi semeada nos seus corações, para que não se salvem crendo. E da mesma sorte os que recebem a semente sobre pedregais; os quais, ouvindo a palavra, logo com prazer a recebem; mas como não têm raiz em si mesmos, antes são temporãos, apenas crêem por algum tempo; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam, e se desviam. E outros são os que recebem a palavra entre espinhos, os quais ouvem a palavra; mas os cuidados deste mundo, e os enganos e a sedução das riquezas e as ambições doutras coisas e deleites da vida, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera, e não dão fruto com perfeição. E os que recebem a semente em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança, um a trinta, outro a sessenta, outro a cem, por um.
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A parábola da candeia (Mc 4:21-25; Lc 8:16-18) E disse-lhes: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do vaso, ou debaixo da cama? Não vem antes para se colocar no velador para que os que entram vejam a luz? Porque nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto e vir à luz. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. E disse-lhes: Atendei ao que ides ouvir. Com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ser-vos-á ainda acrescentada. Porque ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até o que parece ter lhe será tirado.
A parábola da semente (Mc 4:26-29) E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa.
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A parábola do trigo e do joio (Mt 13:24-30) Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseramlhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancálo? Porém ele lhes disse: Não; para que ao colher o joio não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro.
As parábolas do grão de mostarda e do fermento (Mt 13:31-35; Mc 4:30-34) E dizia: A que assemelharemos o reino de Deus? Ou com que parábola o representaremos? O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando dele, semeou no seu
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campo; o qual é realmente a mais pequena de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e cria grandes ramos, e faz -se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham debaixo da sua sombra nos seus ramos. Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado. Tudo isto disse Jesus por parábolas à multidão; para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos seus discípulos, segundo o que podiam compreender.
Explicação da parábola do trigo e do joio (Mt 13: 36-43) Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo. E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem; o campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno. O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos. Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de
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dentes. Então os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Parábolas, do tesouro escondido, da pérola, da rede (Mt 13:44-53) Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem negociante, que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou. Igualmente o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanha toda qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia; e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora. Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos, e separarão os maus dentre os justos. E lançá-los-ão na fornalha de fogo: ali haverá pranto e ranger de dentes. E disse-lhe Jesus: Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor. E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas. E aconteceu que Jesus, concluindo estas parábolas, se retirou dali.
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Como devemos seguir a Jesus nota 01 - pg. 91 (Mt 8:18-22; Mc 4:35; Lc 8:22a) E Jesus, naquele dia, vendo em torno de si uma grande multidão, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para a outra banda do lago. E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu te seguirei. E disse Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça. E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus mortos.
Jesus apazigua a tempestade (Mt 8:23-27; Mc 4:36-41; Lc 8:22b-25)
E, eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E partiram. E, navegando eles, adormeceu sobre uma almofada na popa; e levantou-se grande temporal de vento no mar, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia, estando em perigo.
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E os seus discípulos, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, não se te dá que pereçamos? Senhor, salva-nos. E ele, despertando, disse-lhes: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e a fúria da água, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Onde está a vossa fé? E eles, temendo um grande temor, maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este homem, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
Os endemoninhados gadarenos (Mt 8:28-34; Mc 5:1-20; Lc 8:26-39) E, tendo chegado à outra banda, à província dos gadarenos, que está defronte da Galiléia, quando desceu para terra, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros da cidade; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. E quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o; o qual tinha a sua morada nos sepulcros, e não andava vestido, e nem ainda com cadeias o podia alguém prender; porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cordas foram por
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ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar; mas era impelido pelo demônio, que desde muito tempo estava possesso, para os desertos. E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes, e pelos sepulcros, e ferindose com pedras. E, quando viu a Jesus, prostrou-se diante dele, exclamando e dizendo com grande voz: Que temos nós contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes. (Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo). E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe muito que os não mandasse para fora daquela província para o abismo. E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Se nos expulsas, manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E ele lhes disse: Ide. E saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar. E os que apascentavam os porcos fugiram, e o anunciaram na cidade e nos campos; e eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus a ver o que era aquilo que tinha acontecido. E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo; e temeram. E os que aquilo tinham visto contaram-lhes também como fora salvo aquele
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endemoninhado; e acerca dos porcos. E toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande temor. E, entrando ele no barco, voltou. E aquele homem, de quem haviam saído os demônios, rogou-lhe que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo: Torna para tua casa, para os teus, e conta quão grandes coisas te fez Deus e como teve misericórdia de ti. E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam.
A filha de Jairo. A mulher que tinha um fluxo de sangue
(Mt 9:18-26; Mc 5:21-43; Lc 8:40-56) E, passando Jesus outra vez num barco para a outra banda, ajuntou-se a ele uma grande multidão, porque todos o estavam esperando; e ele estava junto do mar. E, eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés. E rogava-lhe muito dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas em casa e lhe imponhas as mãos para que sares, e viva. Por que tinha uma filha única, quase de doze anos, que estava à morte. E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. E certa mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de sangue, e que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, e por nenhum pudera ser curada,
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antes indo a pior; ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão e tocou a orla do seu vestido. Porque dizia: Se tão-somente tocar nos seus vestidos, sararei. E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. E logo Jesus, conhecendo que a virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão, e disse: Quem tocou nos meus vestidos? E, negando todos, disse Pedro e os discípulos que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: Quem é que me tocou? E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude. E ele olhava em redor, para ver a que isto fizera. Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, vendo que não podia ocultar-se, aproximou-se temendo e tremendo, e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo toda a verdade porque lhe havia tocado, e como logo sarara. E ele lhe disse: Filha, tem bom ânimo, a tua fé te salvou; vai em paz, e sê curada deste mal. Estando ele ainda falando, chegaram alguns do principal da sinagoga, a quem disseram: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre? E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas, crê somente, e será salva.
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E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, e Tiago, e João, irmão de Tiago. E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o povo em alvoroço, e os instrumentistas, e os que choravam muito e pranteavam. E, entrando disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? Retirai-vos, que a menina não está morta, mas dorme.
E riam-se dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi – que traduzido é: Menina, a ti te digo, levanta-te. E o seu espírito voltou, e logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto. E mandou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e disse que lhe dessem de comer. E espalhou-se aquela notícia por todo aquele país.
A cura de dois cegos e um mudo (Mt 9:27-34) E, partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, clamando, e dizendo: Tem compaixão de nós, filho de Davi. E, quando chegou à casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus disse-lhes: Credes vós que eu posso fazer isto? Disseram-lhe eles: Sim, Senhor.
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Tocou então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba. Mas, tendo ele saído, divulgaram a sua fama por toda aquela terra. E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel. Mas os fariseus diziam: Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios.
Jesus retira-se para Nazaré
(Mt 13:54-58; Mc 6:1-6) E partindo dali, chegou à sua pátria, e os seus discípulos o seguiram. E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga deles; e muitos, ouvindo-o, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? Não é este o filho do carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? E não estão aqui conosco todas as suas irmãs? Donde lhe veio pois tudo isto? E escandalizavam-se nele. E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre os seus parentes, e na sua casa. E não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. E estava admirado da incredulidade deles. E percorreu as aldeias vizinhas,
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ensinando. A seara e os ceifeiros (Mt 9:35-38) E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara.
João Batista envia dois discípulos seus a Jesus (Mt 11:2-19; Lc 7:18-35) E os discípulos de João anunciaram-lhe no cárcere dos feitos de Cristo. E, João, chamando dois dos seus discípulos, enviou-os a Jesus, dizendo: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro? E, quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João Batista enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro? E na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males,
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e espíritos maus, e deu vista a muitos cegos. Respondendo então Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o Evangelho. E bemaventurado aquele que em mim se não escandalizar.
E, tendo-se retirado os mensageiros de João, começou a dizer à multidão acerca de João: Que saíste a ver no deserto? Uma cana abalada pelo vento? Mas que saíste a ver? Um homem ricamente trajado de vestidos delicados? Eis que os que andam com preciosos vestidos, e em delícias, estão nos paços reais. Mas que saíste a ver? Um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta. Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face, o qual preparará diante de ti o teu caminho. E em verdade eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele. E desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir ouça. E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele. E disse o Senhor: A quem pois compararei os homens desta geração, e a quem são semelhantes? São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem: Tocamos-vos flauta, e não dançastes; cantamos-vos
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lamentações, e não chorastes. Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio; veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão, e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores. Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.
As três cidades impenitentes (Mt 11:20-24) Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte de seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam se arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Capernaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Porém eu vos digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.
O jugo de Jesus nota 2 - pg. 91 (Mt 11:25a,28-30) Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Vinde a mim,
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todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
A pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lc 7:36-50) E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa. E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enchugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento. Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora. E respondendo, Jesus, disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre. Um certo credor tinha dois devedores; um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize pois: Qual deles o amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou.
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E ele lhe disse: Julgaste bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas, e mos enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, mas esta desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento. Por isso te digo que os seus muitos pecados lhes são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados? E disse à mulher: A tua fé te salvou: vai-te em paz.
As mulheres que serviam a Jesus com os seus bens (Lc 8:1-3) E aconteceu, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele, e algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador d’Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas.
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Os doze e a sua missão (Mt 10:1,5-11:1; Mc 6:7-13; Lc 9:1-6) E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal; e enviou-os a pregar o reino de Deus, e a curar os enfermos. Jesus enviou estes doze a dois e dois, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa d’Israel: E, indo pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios: de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nada leveis para o caminho, nem pão, nem duas túnicas, nem bordões, nem alparcas, nem alforges; senão somente um bordão; porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque ele vos
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entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores e dos reis por causa de mim, para lhes servir de testemunho a eles e aos gentios. Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão. E odiados de todos sereis por causa do meu nome: mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para a outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades d’Israel sem que venha o Filho do homem. Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos? Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se. O que vos digo em trevas dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido pregai-o sobre os telhados. E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais pois: mais valeis vós do que muitos passarinhos. Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.
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Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; porque eu vim pôr em dissensão o homem contra o seu pai, e a filha contra a sua mãe, e a nora contra a sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á. Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo em qualidade de justo, receberá galardão de justo. E qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão. E, saindo eles, pregavam que se arrependessem. E percorreram todas as aldeias, anunciando o evangelho. E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, fazendo curas por toda a parte. E, aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles.
A morte de João Batista (Mt 14:1-12; Mc 6:14-29; Lc 9:7-9) E o tetrarca Herodes ouvia tudo o que se passava (porque o nome de Jesus se tornara notório), e estava em dúvida. E disse Herodes: A João mandei eu degolar: quem é pois
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este de quem ouço dizer tais coisas? E procurava vê-lo. Porque diziam alguns que João ressuscitara dos mortos; e outros que Elias tinha aparecido; e outros que um profeta dos antigos havia ressuscitado. Herodes, porém, ouvindo isto, disse aos seus criados: Este é João Batista, o que batizava, que mandei degolar; ressuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam nele. Porquanto o mesmo Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo manietado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto tinha casado com ela. Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. E Herodias o espiava, e queria matá-lo, mas não podia; porque Herodes temia João, sabendo que era varão justo e santo; e temia o povo, porque o tinham como profeta; e guardava-o com segurança, e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa vontade o ouvia. E, chegando uma ocasião favorável em que Herodes, no dia dos seus anos, dava uma ceia aos grandes, e tribunos, e príncipes da Galiléia, entrou a filha do mesmo Herodias, e dançou, e agradou a Herodes e aos que estavam com ele à mesa; disse então o rei à menina: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. E jurou-lhe dizendo: Tudo o que me pedires te darei, até metade do meu reino. E, saindo ela, perguntou à sua mãe: Que pedirei? E ela disse: A cabeça de João Batista. E, entrando logo apressadamente, pediu ao rei, pediu ao rei, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João Batista.
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E o rei entristeceu-se muito; todavia, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. E, enviando logo o rei o executor, mandou que lhe trouxessem ali a cabeça de João. E ele foi, e degolou-o na prisão. E trouxe a cabeça num prato, e deu-a a menina, e a menina a deu à sua mãe. E os seus discípulos, tendo ouvido isto, foram, tomaram o seu corpo, e o puseram num sepulcro; e foram anunciá-lo a Jesus. A primeira multiplicação dos pães (Mt 14:13-21; Mc 6:30-44; Lc 9:10-17; Jo 6:1-14) E Jesus, ouvindo isto, e regressando os apóstolos, retirouse dali num barco, para um lugar deserto, apartado; e os apóstolos ajuntaram-se a Jesus, e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado. E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam e vinham, e não tinham tempo para comer. E foram sós num barco para um lugar deserto de uma cidade chamada Betsaida. E a multidão viu-os partir, e muitos o conheceram; e correram para lá a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles, e aproximavam-se dele; e ele os recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura. E depois disto, saindo, partiu Jesus para a outra banda do mar da Galiléia, que é o de Tiberíades. E grande multidão o
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seguia; porque via os sinais que operava sobre os enfermos. E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos. E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, teve íntima compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas, e curou os seus enfermos. E, como o dia fosse já muito adiantado, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.
Então, chegando-se a ele os doze, disseram-lhe: O lugar é deserto, e a hora é já avançada; despede a multidão, para que, indo aos lugares e aldeias em redor, se agasalhem, e comprem pão para si; porque não têm que comer. Jesus, porem, lhes disse: Não é mister que vão; dai-lhes vós de comer. E ele disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos: mas que é isto para tantos? Salvo se nós próprios formos comprar comida para todo este povo. Porquanto estavam ali quase cinco mil homens. E ele disse: Trazei-mos aqui.
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E ordenou-lhes que fizessem assentar a todos, em ranchos, sobre a erva verde. E assentaram-se repartidos de cem em cem, e de cinqüenta em cinqüenta. E havia muita relva naquele lugar. E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que o pusessem diante deles. E igualmente repartiu os dois peixes por todos, quanto eles queriam. E comeram todos, e ficaram fartos. E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca. Recolheram-nos pois, e encheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe, que sobejaram aos que haviam comido. E os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças. Vendo pois aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo.
Jesus anda sobre o mar
(Mt 14:22-34a; Mc 6:45-53a; Jo 6:15-21) Sabendo pois Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, logo obrigou os seus discípulos a subir para o barco, e passar adiante, para a outra banda, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só em terra.
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E os seus discípulos desceram para o mar. E, entrando no barco, passaram o mar em direção a Capernaum; e era já escuro, e ainda Jesus não tinha chegado ao pé deles. E o mar se levantou, porque um grande vento assoprava. E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas, tendo navegado vinte e cinco ou trinta estádios. E vendo que se fatigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da quarta vigília da noite aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria passar-lhes adiante. Mas, quando eles o viram andar sobre o mar, assustaramse, dizendo: É um fantasma. E deram grandes gritos, com medo. Porque todos o viam, e perturbaram-se; mas logo falou com eles, e disse-lhes: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, mandame ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas sentindo o vento forte, teve medo; e começando a ir para o fundo, clamou dizendo: Senhor, salva-me. E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste? Então eles de boa mente o receberam no barco. E, quando subiram para o barco, acalmou o vento; e entre si ficaram muito assombrados e maravilhados; pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes o seu coração estava endurecido.
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Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus; e logo o barco chegou à terra para onde iam, já na outra banda.
Jesus é o pão da vida para os que crêem (Jo 6:22-59) No dia seguinte, a multidão, que estava da outra banda do mar, vendo que não havia ali mais do que um barquinho, e que Jesus não entrara com seus discípulos naquele barquinho, mas que os seus discípulos tinham ido sós, (contudo, outros barquinhos tinham chegado de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças); vendo pois a multidão que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Capernaum, em busca de Jesus. E, achando-o na outra banda do mar, disseram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui? Jesus respondeu-lhes, e disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou. Disseram-lhe pois: Que sinal pois fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti? Que operas tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu. Disse-lhes pois Jesus: Na verdade, na verdade vos digo:
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Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome e quem crê em mim nunca terá sede. Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes. Todo aquele que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta; que todo aquele que vê o Filho, e crê Nele tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Murmuravam pois dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. E diziam: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como pois diz ele: Desci do céu? Respondeu pois Jesus, e disse-lhes: Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou o não trouxer: e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus: este tem visto ao Pai. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que
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eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Disputavam pois os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer? Jesus pois lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu: não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram: quem comer este pão viverá para sempre. Ele disse estas coisas na sinagoga, ensinando em Capernaum.
Jesus é abandonado por muitos discípulos: a primeira confissão de Pedro (Jo 6:60 - 7:1) Muitos pois dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Sabendo pois Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos? Que seria pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita;
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as palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não crêem. Porque bem sabia Jesus desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirarvos? Respondeu-lhe pois Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus. Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze. E depois disto Jesus andava pela Galiléia, e já não queria andar pela Judéia, pois os judeus procuravam matá-lo.
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(Mt 14:34b-36; Mc 6:53b-56) nota 03 - pg. 92 E dirigiram-se à terra de Genesaré, e ali atracaram. E saindo eles do barco, logo o conheceram, e mandaram por todas aquelas terras em redor, e trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos, aonde quer que sabiam que ele estava. E, onde quer que entrava, ou em cidade, ou aldeias, ou no campo, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla do seu vestido, e todos os que lhe tocavam saravam.
A tradição dos anciãos
(Mt 15:1-20; Mc 7:1-23) E ajuntaram-se a ele os fariseus, e alguns dos escribas que tinham vindo de Jerusalém. E, vendo que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar, os repreendiam. Porque os fariseus, e todos os judeus, conservando a tradição dos antigos, não comem sem lavar as mãos muitas vezes; e, quando voltam do mercado, se não se lavarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como lavar os copos, e os jarros, e os vasos de metal e as camas. Depois perguntaram-lhe os fariseus e escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos por lavar? E ele, respondendo, disse-lhes: Bem profetizou Isaías
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acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens; como o lavar dos jarros e dos copos; e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e quem maldisser, ou o pai ou a mãe, morrerá de morte. Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor; nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas. E, chamando outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e compreendei. Nada há, fora do homem, que entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele isso é que contamina o homem. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça. Então, acercado-se dele os seus discípulos, depois, quando deixou a multidão, e entrou em casa, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo estas palavras, se escandalizaram? Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. Deixai-os. São condutores cegos: ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova. E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola. Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no
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homem não o pode contaminar, porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas as comidas? Mas o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, falsos testemunhos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura.
Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.
A mulher Cananéia (Mt 15:21-28; Mc 7:24-30)
E, levantando-se dali, foi para os termos de Tiro e de Sidom. E, entrando numa casa, não queria que alguém o soubesse, mas não pôde esconder-se; porque uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, cuja filha tinha um espírito imundo, ouvindo falar dele, foi, e lançou-se aos seus pés. E esta mulher era grega, siro-fenícia de nação, e rogavalhe que expulsasse de sua filha o demônio, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada. Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às
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ovelhas perdidas da casa d’Israel. Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorreme. Ele, porém, respondendo, disse: Deixa primeiro saciar os filhos; porque não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-los aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, das migalhas que caem dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher! Grande é a tua fé: por esta palavra, vai; seja isso feito para contigo como tu desejas. O demônio já saiu de tua filha. E desde aquela hora a sua filha ficou sã. E, indo ela para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, e que o demônio já tinha saído.
Cura de um surdo e gago de Decápolis (Mc 7:31-37) E ele, tornando a sair dos termos de Tiro e de Sidom, foi até ao mar da Galiléia, pelos confins de Decápolis. E trouxeramlhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele. E, tirando-o à parte de entre a multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo, tocou-lhe na língua.
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E, levantando os olhos ao céu, suspirou, e disse: Efatá; isto é, abre-te. E logo se abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente. E ordenou-lhes que a ninguém o dissessem; mas, quanto mais lho proibia, tanto mais o divulgavam.
E, admirando-se sobremaneira, diziam: Tudo faz bem: faz ouvir os surdos e falar os mudos.
A segunda multiplicação dos pães nota 04 - pg. 93 (Mt 15:29-39; Mc 8:1-10) Partindo Jesus dali naqueles dias, chegou ao pé do mar da Galiléia, e, subindo a um monte, assentou-se lá. E veio ter com ele muito povo, que trazia coxos, cegos, mudos, aleijados, e outros muitos: e os puseram aos pés de Jesus, e ele os sarou; de tal sorte, que a multidão se maravilhou vendo os mudos a falar, os aleijados sãos, os coxos a andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus d’Israel. E Jesus, chamando os seus discípulos, disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo há três dias, e não tem que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho, porque alguns deles vieram de longe. E os discípulos disseram-lhe: Donde nos viriam num deserto tanto pães, para saciar tal multidão?
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E Jesus disse-lhes: Quantos pães tendes? E eles disseram: Sete, e uns poucos peixinhos. Então mandou à multidão que se assentasse no chão. E, tomando os sete pães e os peixes, e dando graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, e os discípulos à multidão. E todos comeram e se saciaram: e levantaram, do que sobejou, sete cestos cheios de pedaços. Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens, além de mulheres e crianças. E, tendo despedido a multidão, entrou logo no barco com os seus discípulos, e dirigiu-se ao território de Magdala, Dalmanuta.
O fermento dos fariseus (Mt 16:1-12; Mc 8:11-21) E, chegando-se os fariseus e os saduceus, começaram a disputar com ele, pedindo-lhe, para o tentarem, que lhes mostrasse algum sinal do céu. E, suspirando profundamente em seu espírito, disse-lhes: Quando é chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro. E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Hipócritas, sabeis diferenciar a face do céu, e não conheceis os sinais dos tempos? Por que pede esta geração um sinal? Uma geração má e adúltera pede um sinal, e em verdade vos digo que a esta geração não se dará sinal algum, senão o sinal do profeta Jonas. E, deixando-os, retirou-se. E tornou a entrar no barco, passando seus discípulos para a outra banda. E eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão
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um pão. E Jesus ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e saduceus e do fermento de Herodes. E arrazoavam entre si, dizendo: É porque não temos pão. E Jesus, conhecendo isto, disse-lhes: Por que arrazoais entre vós, homens de pouca fé, sobre o não vos terdes fornecido de pão? Não considerastes, nem compreendestes ainda? Tendes ainda o vosso coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? E não vos lembrais, quando parti os cinco pães entre os cinco mil homens, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Disseram-lhe: Doze. E, quando parti os sete entre os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? E disseram-lhe: Sete. E ele lhes disse: Como não compreendestes ainda que não vos falei a respeito do pão, mas que vos guardásseis do fermento dos fariseus e saduceus? Então compreenderam que não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina dos fariseus.
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Cura de um cego de Betsaida (Mc 8:22-26) E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego, e rogaram -lhe que lhe tocasse. E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E, levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens; pois os vejo como árvores que andam. Depois tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e ele, olhando firmemente ficou restabelecido, e já via ao longe e distintamente a todos. E mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia.
A segunda confissão de Pedro (Mt 16:13-23; Mc 8:27-33; Lc 9:18-22) E saiu Jesus e os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho, aconteceu que, estando ele só, orando, perguntou-lhes, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns João Batista, outros Elias, e outros Jeremias ou um dos profetas antigos que ressuscitou. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo.
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E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do Hades não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.
Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo. Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e que importava que o Filho do homem padecesse muito, e fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria. E dizia abertamente estas palavras. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te para trás de mim Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.
Os discípulos de Jesus devem levar as suas cruzes (Mt 16:24-28; Mc 8:34 – 9:1; Lc 9:23-27) E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, dizia a todos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sobre si cada dia a sua cruz, e siga-me; porque
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qualquer que quiser salvar a sua vida, pendê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem pelo resgate da sua alma? Porque, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na sua glória e na glória de seu Pai e dos santos anjos; e então dará a cada um um segundo as suas obras. Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no reino de Deus com poder.
A [primeira] transfiguração nota 05 - pg. 93 (Mt 17:1-13; Mc 9:2-13; Lc 9:28b) Seis dias depois, e quase oito dias depois destas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e os seus vestidos tornaram-se resplandecentes como a luz, em extremos brancos como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
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Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado filho, em quem me comprazo: escutai-o. E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo. E aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantaivos; e não tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, tendo olhado em roda, ninguém viram senão unicamente a Jesus com eles. E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dos mortos. E eles retiveram o caso entre si, perguntando uns aos outros que seria aquilo, ressuscitar dos mortos. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; e, como está escrito do Filho do homem, que ele deva padecer muito e ser aviltado. Digo -vos, porém, que Elias já veio, e não o conheceram, e fizeram-lhe tudo o que quiseram, como dele está escrito. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista.
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A [segunda] transfiguração (Lc 9:28ac-36) E aconteceu que subiu ao monte a orar e tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago. E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e o seu vestido ficou branco e mui resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias. Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém. E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois varões que estavam com ele. E aconteceu que, quando aqueles se apartaram dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui, e façamos três tendas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias; não sabendo o que dizia. E, dizendo ele isto, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho; a ele ouvi. E, tendo soado aquela voz, Jesus foi achado só; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
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A cura de um jovem lunático (Mt 17:14-23; Mc 9:14-32; Lc 9:37-45) E aconteceu, no dia seguinte, que, descendo eles do monte, quando se aproximou dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e alguns escribas que disputavam com eles. E logo toda a multidão, vendo-o, ficou espantada, e, correndo para ele, o saudaram. E perguntou aos escribas: Que é que discutis com eles? E aproximou-se-lhe um homem da multidão, pondo-se de joelhos diante dele, e respondendo, disse: Mestre, trouxe-te o meu filho, que tem um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, de repente clama, e despedaça-o, e ele escuma, e range os dentes; e só o larga depois de o ter quebrantado, e vai-se secando; e eu disse aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam curá-lo. Senhor, tem misericórdia de meu filho que é lunático, porque é o único que eu tenho, e sofre muito. E, Jesus, respondendo-lhes disse: Ó geração incrédula e perversa! Até quando eu estarei convosco, e até quando vos sofrerei ainda? Traze-me cá o teu filho. E trouxeram-lhe; e quando ele o viu, logo o demônio o convulsionou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando. E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos.
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E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê. E logo o pai do menino, clamando, com lagrimas, disse: Eu creio Senhor! Ajuda a minha incredulidade. E Jesus, vendo que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e não entres mais nele. E ele, clamando, e agitando-o com violência, saiu; e ficou o menino como morto, de tal maneira que muitos diziam que estava morto. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e o entregou a seu pai. E todos pasmavam da majestade de Deus. E, quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que o não pudemos nós expulsar? E Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá – e há de passar; e nada vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa com coisa alguma, senão pela oração e pelo jejum. E, tendo partido dali, caminharam pela Galiléia, e não queria que alguém o soubesse; e, maravilhando-se todos de todas as coisas que Jesus fazia, ensinava os seus discípulos: Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens e matá-lo- ão; e, morto ele ressuscitará ao terceiro dia. Mas eles não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta, para que a não compreendessem; e temiam interrogá-
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lo acerca desta palavra. E eles se entristeceram muito.
A incredulidade dos irmãos de Jesus nota 06 - pg. 96 (Jo 7:2-9) E estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos. Disseram-lhe pois seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele. Disse-lhes pois Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto. O mundo não vos pode aborrecer, mas ele me aborrece a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más. Subi vós a esta festa: eu não subo ainda a esta festa; porque ainda o meu tempo não está cumprido. E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia.
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Jesus ensina no templo na festa dos tabernáculos. Dissensão entre os judeus acerca da sua pessoa. Os fariseus mandam prendê-lo (Jo 7:10-53) Mas, quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também não manifestamente, mas como em oculto. Ora os judeus procuravam-no na festa, e diziam: Onde está ele? E havia grande murmuração entre a multidão a respeito dele. Diziam alguns: Ele é bom. E outros diziam: Não, antes engana o povo.Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus. Mas, no meio da festa, subiu Jesus ao templo, e ensinava. E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe este letras não as tendo aprendido? Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo. Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória, mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça. Não vos deu Moisés a lei? E nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-me? A multidão respondeu, e disse: Tens demônio; quem procura matar-te? Respondeu Jesus, e disse-lhes: Fiz uma obra, e todos vos maravilhais. Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão
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(não que fosse de Moisés, mas dos pais), no sábado circuncidais um homem. Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignai-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem? Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça. Então alguns dos de Jerusalém diziam: Não é este o que procuram matar? E ei-lo aí está falando abertamente, e nada lhe dizem. Porventura sabem verdadeiramente os príncipes que este é o Cristo? Todavia bem sabemos donde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá donde ele é. Clamava pois Jesus no templo, ensinando, e dizendo: Vós conheceis-me, e sabeis donde sou; e eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis. Mas eu conheço-o, porque dele sou e ele me enviou. Procuravam pois prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele, porque ainda não era chegada a sua hora. E muitos da multidão creram nele, e diziam: Quando o Cristo vier fará ainda mais sinais do que os que este tem feito? Os fariseus ouviram que a multidão murmurava dele estas coisas; e os fariseus e os principais dos sacerdotes mandaram servidores para o prenderem.
Disse-lhes pois Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou. Vós me buscareis, e não me achareis; e onde eu estou vós não podeis vir. Disseram pois os judeus uns para os outros: Para onde irá este, que o não acharemos? Irá porventura para os dispersos entre os gregos, e ensinará os gregos? Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me achareis; e: Aonde eu estou vós não
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podeis ir? E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios d’água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado. Então muitos da multidão, ouvindo esta palavra, diziam: Verdadeiramente este é o profeta. Outros diziam: Este é o Cristo; mas diziam outros: Vem pois o Cristo da Galiléia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, da aldeia donde era Davi? Assim entre o povo havia dissensão por causa dele. E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele. E os servidores foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus; e eles lhes perguntaram: Por que o não trouxestes? Responderam os servidores: Nunca homem algum falou assim como este homem. Responderam-lhes pois os fariseus: Também vós fostes enganados? Creu nele porventura algum dos principais ou dos fariseus? Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita. Nicodemos que era um deles, (o que de noite fora ter com Jesus) disse-lhes: Porventura condena a nossa lei um homem sem primeiro o ouvir e ter conhecimento do que faz?
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Responderam eles, e disseram-lhe: És tu também da Galiléia? Examina e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu. E cada um foi para a sua casa. A mulher adúltera (Jo 8: 1-11) Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras; e pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada no próprio ato, adulterando, e na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu pois que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra, e, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus
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acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno: Vai-te, e não peques mais.
Discurso de Jesus sobre a sua missão (Jo 8:12-59) Falou-lhes pois Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas; mas terá a luz da vida. Disseram-lhe pois os fariseus: Tu testificas de ti mesmo: o teu testemunho não é verdadeiro. Respondeu Jesus, e disse-lhe: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei donde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou. Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou. Disseram-lhe pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai: se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.
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Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora. Disse-lhes pois Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me -eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou não podeis vós vir.
Diziam pois os judeus: Porventura quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vós vir? E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados. Disseram-lhe pois: Quem és tu?
Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse. Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido isso falo ao mundo. Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai. Disse-lhes Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo; o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele. Jesus dizia pois aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus
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discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão, contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filho de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. Disse-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Porque não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por Pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o principio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.
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Responderam pois os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio? Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue. Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
Disseram-lhe os judeus: Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte. És tu maior que o nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram: Quem te fazes tu ser? Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus. E vós não o conheceis, mas eu conheçoo: e, se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se. Disseram-lhe pois os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse eu sou.
Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo passando pelo meio deles, e assim se retirou.
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Cura de um cego de nascença (Jo 9:1-41) E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou os seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus. Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia: a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi pois, e lavou-se, e voltou vendo. Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava? Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu. Diziam-lhe pois: Como se te abriram os olhos? Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi. Disseram-lhe pois: Onde está ele?
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Respondeu: Não sei. Levaram pois aos fariseus o que dantes era cego. E era sábado, quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos. Tornaram pois também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo. Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles. Tornaram pois a dizer ao cego: Tu que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via. E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como pois vê agora? Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é nosso filho, e que nasceu cego; mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos, não sabemos: tem idade, perguntai-lho a ele mesmo; e ele falará por si mesmo. Seus pais disseram isto, porque temiam os judeus. Porquanto já os judeus tinham resolvido que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga. Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
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Chamaram pois pela segunda vez o homem que tinha sido cego, e disseram-lhe: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador. Respondeu ele pois, e disse: Se é pecador, não sei: uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo. E tornaram a dizer-lhe: Que te fez ele? Como te abriu os
olhos? Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não ouvistes; para que o quereis tornar a ouvir? Quereis vós porventura fazer-vos também seus discípulos? Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele sejas tu: nós, porém, somos discípulos de Moisés. Nós bem sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos donde é.
O homem respondeu, e disse-lhes: Nisto pois está a maravilha, que vós não saibais donde ele é, e me abrisse os olhos; ora nós sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém é temente a Deus, e faz a sua vontade, a esse ouve. Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer. Responderam eles, e disseram-lhe: Tu és nascido todo em pecados, e nos ensinas a nós? E expulsaram-no. Jesus ouviu que o tinha expulsado, e, encontrando-o, disse -lhe: Crês tu no Filho de Deus? Ele respondeu, e disse: Quem é ele, Senhor, para que nele creia?
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E Jesus lhe disse: Tu já o tens visto, e é aquele que fala contigo. Ele disse: Creio, Senhor. E o adorou. E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem sejam cegos. Aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos cegos? Disse-lhes Jesus: Se fosseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece.
Jesus, o bom pastor (Jo 10:1-21) Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estanhos. Jesus disse-lhes esta parábola; mas eles não entenderam o que era que lhes dizia. Tornou pois Jesus a dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas
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não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar -se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir: eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor: o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa. Ora o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai. Tornou pois a haver divisão entre os judeus por causa destas palavras. E muitos deles diziam: Tem demônio, e está fora de si: por que o ouvis? Diziam outros: Estas palavras não são de endemoninhado; pode porventura um demônio abrir os olhos aos cegos?
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A festa da dedicação. Jesus, interrogado pelos judeus, declara-se o Messias, Filho de Deus. Desejam apedrejá-lo, e ele retira-se para além do Jordão (Jo 10:22-42) E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno. E Jesus andava passeando no templo, no alpendre de Salomão. Rodearam-no pois os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar. Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem
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a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), aquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus? Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas, se as faço e não credes em mim, crede nas obras: para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele. Procuravam pois prendê-lo outra vez, mas ele escapou-se de suas mãos, e retirou-se outra vez para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado; e ali ficou. E muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade. E muitos ali creram nele.
A ressurreição de Lázaro (Jo 11:1-45) Estava então enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos; cujo irmão Lázaro estava enfermo. Mandaram-lhe pois suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus; para que o Filho de Deus seja glorificado por ela. Ora Jesus amava a Marta, e a sua irmã e a Lázaro. Ouvindo pois que estava enfermo ficou ainda dois dias no lugar
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onde estava. Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo: mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz. Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram pois os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.
Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono. Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis: mas vamos ter com ele. Disse pois Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele. Chegando pois Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura. (Ora Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios). E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão. Ouvindo pois Marta que Jesus vinha saiu-lhe ao encontro: Maria, porém, ficou assentada em casa.
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Disse pois Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto? Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. E, dito isto, partiu e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te. Ela, ouvindo isto, levantou-se logo e foi ter com ele. (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara). Vendo pois os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali. Tendo pois Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes?
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Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê. Jesus chorou. Disseram pois os judeus: Vede como o amava. E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse? Jesus pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma caverna, e tinha uma pedra posta sobre ela. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias. Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus? Tiraram pois a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste. E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para fora. E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir. Muitos pois dentre os judeus, que tinham vindo a Maria, e
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que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.
Os fariseus formam conselho para matarem Jesus (Jo 11:46-54) Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseramlhes o que Jesus tinha feito. Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão nosso lugar e a nação. E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pala nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus, que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem. Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com os seus discípulos.
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Jesus paga o tributo nota 07 - pg. 99 (Mt 17:24-27; Mc 9:33ab) E, chegando eles a Capernaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e disseram: O vosso mestre não paga as didracmas? Disse ele: Sim. E, entrando em casa, Jesus se lhe antecipou, dizendo: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos, ou o censo? Dos seus filhos, ou dos alheios? Disse-lhe Pedro: Dos alheios.
Disse-lhe Jesus: Logo, estão livres os filhos; mas, para que os não escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir, e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-o por mim, e por ti.
O maior no reino dos céus; quem não é contra nós é por nós; os escândalos (Mt 18:1-14; Mc 9:33c-50; Lc 9:46-50) Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, mas Jesus, vendo o pensamento de seus corações, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior, dizendo: Quem é o maior no
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reino dos céus? E ele, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos. E, lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles, e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se vos não converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome um menino tal como este, a mim me recebe; e qualquer que a mim me recebe, recebe, não a mim, mas ao que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande. E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue. Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é por nós. Porquanto qualquer que vos der a beber um copo d’água em meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos digo que não perderá o seu galardão. Mas qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurassem ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mais ai daquele homem por quem o escândalo vem! E, se a tua mão te escandalizar, corta-a: melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga; onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor é para ti
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entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno, no fogo que nunca se apaga; onde o bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti. Melhor te é entrar na vida no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno; onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.
Porque cada um será salgado com fogo, e cada sacrifício será salgado com sal. Bom é o sal, mas, se o sal se tornar insulso, com que o adubareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros. Vede, não desprezeis alguns destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus. Porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido. Que vos parece? Se algum homem tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, não irá pelos montes, deixando as noventa e nove, em busca da que se desgarrou? E, se porventura a acha, em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que se não desgarraram. Assim também não é vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes pequeninos se perca.
O perdão do pecado de um irmão (Mt 18:15-22) Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou
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três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja, e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí, estou eu no meio deles. Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete.
A parábola do credor incompassivo (Mt 18:23-35) Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; e, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; e, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
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Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros e, lançando mão dele sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo pois os seus conservos o que acontecia contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disselhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida porque me suplicaste; não devias tu igualmente ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.
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Notas
nota 1 – pg. 27 Como devemos seguir a Jesus
Este texto será revisto mais à frente contendo só o relato de Lucas. Mais uma vez, a semelhança constrangedora nos induz a pensar que os relatos de Mateus e Lucas se referem ao mesmo fato. A explicação está embutida na nota anterior. O contexto de Mateus não é o mesmo de Lucas que diz que estavam “indo eles pelo caminho”, para Jerusalém (Lc 9.57). Também a resposta de Jesus a dois deles não é a mesma. A um, em Mateus, Jesus diz categoricamente: “segue-me...” (Mt 8.22). A outro, em Lucas, depois do convite de Jesus para seguilo, ele mesmo lhe dá outra alternativa: “...porém tu vai e anuncia...” (Lc 9.59-60).
nota 2 – pg. 36 O jugo de Jesus
Recortei a fala dos versículos 25 a 27, que trata das graças dada por Jesus a seu Pai, e as recoloquei juntamente com Lc 10.21-25, no envio dos setenta discípulos. Nada impede que Jesus tenha pronunciado esta mesma fala várias vezes; mas como não há um contexto preciso em Mateus, nem a passagem do envio dos setenta neste mesmo Evangelho, achei por bem uni-la ao texto de Lucas.
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nota 3 – pg. 51 (Mt 14.34b-36 ; Mc 6.53b-56)
Não nomeei esta pequena passagem por se tratar de uma complementação do relato “Jesus anda sobre o mar”. Mateus e Marcos narram que, após o referido milagre, eles passaram “para a outra banda”, e “chegaram à terra de Genesaré”. João, no entanto, acrescenta, com maiores detalhes, que após este milagre, “no dia seguinte” (Jo 6.22 em diante), a multidão que vira o milagre dos pães saiu à procura de Jesus, e o encontrou já na outra banda (Jo 6.25). Ocorrem então a repreensão de Jesus para com a multidão que se preocupava somente com seu ventre, e o abandono de “muitos dos seus discípulos” (Jo 6.60). Estas coisas aconteceram em Capernaum (Jo 6.59). Após este triste incidente, que é omitido por Mateus e Marcos, é que eles se dirigem a Genesaré, conforme esta pequena passagem recortada do texto original, e deslocada após o evento de João. É relatado, também, em Jo 7.1, que, após este “duro discurso”, “Jesus andava pela Galiléia, e já não queria andar pela Judéia, pois os judeus procuravam matá-lo”. Este relato coincide, pois, com a sequência proposta por Mateus e Marcos que, após dirigirem-se para Genesaré (situada na Baixa Galiléia), partiram para as terras mais distantes de Tiro e Sidom, bem ao norte, Decápolis, retornaram para o pé do mar da Galiléia para o segundo milagre dos pães, Betsaida, e Cesaréia de Filipe (ao norte da Galiléia), conforme a sequência de Mt 15 a 17.
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nota 4 – pg. 55 A segunda multiplicação dos pães
Este segundo milagre, obviamente, é posterior à segunda Páscoa que Jesus participara, pois é dito claramente que a primeira multiplicação foi pouco antes desta segunda Páscoa, conforme Jo 6.4. Ainda nesta passagem, segundo o Atlas Bíblico de Yohanan Aharoni et al., editado pela CPAD em 1999, em sua página 173, Magdala (Mt 15.39) corresponde à Dalmanuta de Mc 8.10; por este motivo utilizei os dois nomes como sinônimos do mesmo lugar. Na verdade, mesmo sem a comprovação do Atlas, pela continuidade perfeita dos textos em questão, eu já desconfiava que os dois nomes citados deveriam se tratar do mesmo local.
nota 5 – pg. 60 A [primeira] transfiguração
Insinuamos na introdução que a transfiguração de Jesus ante os discípulos deu-se em dois momentos distintos, porém próximos. Usei naquele momento como argumento principal o fato dos Evangelistas terem estipulado um prazo diferente para o mesmo evento. Mateus e Marcos relatam a transfiguração como sendo seis dias depois de Jesus ter-lhes comunicado que, antes de mor-
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rerem, alguns discípulos o veriam no reino de Deus. Lucas, no entanto, estipula uma data diferente para o ocorrido: “... quase oito dias depois destas palavras...”. Afinal, quase oito poderia significar seis? Supondo que seis dias fosse a data correta, partindo do princípio que são dois testemunhos contra um (Mateus e Marcos contra Lucas), notamos que Lucas acrescentou ao período dos outros autores aproximadamente 33%. Este valor é muito alto para um descuido. Vamos brincar um pouco com os números. Se multiplicássemos os seis dias por dez, teríamos sessenta dias. Seria o mesmo, proporcionalmente, que Lucas dissesse quase oitenta dias depois. O que parecia uma pequena discrepância de somente dois dias, proporcionalmente passou para vinte dias de diferença. E se multiplicássemos os seis por cem, teríamos seiscentos dias. Com o descuido de Lucas ao acrescentar só 33%, ele nos revelaria quase setecentos e noventa e oito dias. Um grave erro de cento e noventa e oito dias, que equivalem a mais de seis meses. Para percebermos melhor este acréscimo, se os seis dias fossem equivalentes a trezentos e sessenta e cinco dias, portanto um ano, passaríamos a contar pelo cálculo de Lucas quatro meses além de um ano. Mas para aqueles que confiam num texto sagrado, não há necessidade de cálculos. Vale apenas lembrar que “quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito” (Lc 16.10). Lucas foi fiel naquilo que narrou, pois também ele pertencia ao grupo dos “homens santos de Deus” que “falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pe 1.21). E além desta diferença cronológica, que por si só já bastaria, há uma importante diferença contextual. Em Mateus e Marcos, Jesus “transfigurou-se diante deles”; ou seja, os discípulos
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viram o momento exato da transfiguração. Mas em Lucas, diz-se que os discípulos “estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória”. E esta dupla transfiguração leva a uma sequência diferente. Mateus e Marcos não poderiam continuar seus relatos como Lucas, que diz: “E aconteceu, no dia seguinte, que descendo eles do monte...” (Lc 9.37). Lucas diz categoricamente que no dia seguinte à transfiguração de Jesus, eles desceram do monte. Ou seja, permaneceram no monte durante a noite, e de manhã desceram. Mateus e Marcos não podem falar da mesma maneira a respeito do dia de sua descida do monte, porque Jesus vai se transfigurar no dia seguinte de novo, provavelmente na madrugada do outro dia, antes de completar o oitavo dia a que Lucas se refere. Somente no oitavo dia Jesus desceria definitivamente do monte. Parece que Jesus não permaneceu no monte entre as transfigurações, pois Lucas é enfático ao dizer que Jesus os levou ao monte quase oito dias depois. Também aqui há a necessidade de um sentido espiritual para esta duplicação. E parte deste princípio. No primeiro caso, em que os discípulos presenciam a sua transfiguração, vê-se a representação daqueles que podem enxergar a glória Divina do Filho por trás do homem Jesus. Portanto, está em consonância com a sua primeira vinda, e aos “bemaventurados os que não viram e creram” (Jo 20.29). No segundo caso, em que os discípulos dormem para esta realidade, o próprio Lucas representará à frente nas palavras de Jesus sobre sua segunda vinda: “E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia” (Lc 21.34).
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“Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor; mas considerai isto: Se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.42-44). “E as coisas que vos digo digo-as a todos: Vigiai” (Mc 13.37). “Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18.8).
nota 6 – pg. 65 A incredulidade dos irmãos de Jesus
Já relatamos que Jesus participou de três Páscoas. A primeira está descrita em Jo 2.13, no início de seu ministério. A segunda, portanto um ano após exatamente, encontra-se em Jo 6.4. E a última, em que ele próprio seria o Cordeiro Pascal, lê-se em Jo 11.55. O momento exato para a introdução desta festa dos tabernáculos, em relação aos outros acontecimentos citados pelos Evangelistas, pareceria difícil de se precisar. Mas, pela sequência dada por João, conclui-se que tenha sido depois da segunda Páscoa. Em João 6, a primeira multiplicação dos pães é datada pouco antes desta segunda Páscoa, pela informação de seu versículo 04. Se a Páscoa era realizada em meados de Abril, conforme a data prescrita por Deus a Israel em Lv 23.5 (“...no mês primeiro,
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aos catorze do mês...”, sendo este primeiro mês o de Nisan, que corresponderia ao nosso mês de Abril), e a festa dos tabernáculos era realizada “... aos quinze dias deste mês sétimo...” (Lv 23.34), sendo este mês sétimo o de Tishrei, correspondendo a Outubro, temos que esta festa dos tabernáculos fosse aproximadamente seis meses após esta segunda Páscoa comemorada por Jesus. Isto significa que, após comemorar esta festa dos tabernáculos mencionada em Jo 7, teria somente mais seis meses de vida, pois ele morreria na terceira Páscoa, em meados do próximo mês de Abril. Mas há uma outra festa mencionada por João logo a seguir: “a festa da dedicação”, descrita em Jo 10.22, na qual Jesus também participou. Esta festa se deu aproximadamente dois meses após a dos tabernáculos descrita acima, pois ela é realizada no final do mês de Dezembro, que corresponde ao mês judaico de Kislev. O que provavelmente aconteceu é que Jesus permaneceu em Jerusalém, ou seus arredores, depois de participar da festa dos tabernáculos, pois somente mais dois meses se interpunham entre a próxima festa, que era a da dedicação. Como sua viagem de volta a Capernaum fosse longa, difícil e cansativa, já que Jerusalém distava dela mais de cem quilômetros (e não havia as facilidades de hoje), e também o texto de João não nos dá a ideia de que Jesus se ausentasse dela, parece lógico supor que ele tenha permanecido em Jerusalém ou seus arredores. Portanto, contando a partir desta festa da dedicação, só restavam aproximadamente quatro meses de vida para o Filho do homem, que morreria na Páscoa em Abril. Lázaro será ressuscitado pouco depois desta festa, já que em Jo 11.7,8 vemos os discípulos reclamando diante da decisão de Jesus voltar para a Judéia, mais precisamente Betânia, que “distava de Jerusalém quase quinze estádios” (Jo 11.18), ou aproximadamente 3 quilômetros.
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Portanto, este ir e vir de Jesus a Jerusalém deve ser colocado, cronologicamente, antes de sua última jornada para Jerusalém, para morrer na Páscoa. E como já vimos, a passagem central deste início de sua última jornada encontra-se em Lc 9.51, quando Jesus “manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém”. O longo trecho de Lc 9.51 a 19.28, que narra esta longa e definitiva jornada, portanto, é posterior à festa da dedicação e da ressurreição de Lázaro, e está compreendida naquele espaço de tempo dos quatro meses restantes para sua imolação na cruz do Calvário. Usando o mesmo raciocínio lógico, se a partir da festa das Luzes Jesus só tinha mais quatro meses de vida, somos forçados a deduzir que o trecho que vai de Mt 15.1 a 17.23 deve ser anterior a esta festa e à dos tabernáculos. Pois que em quatro meses seria impossível Jesus retornar para Capernaum, partir para as terras mais ao norte de Tiro e Sidom, retornar ao pé da Galiléia, subir novamente a Cesaréia de Filipe, como narrado no trecho citado acima, e ainda fazer sua última viagem para Jerusalém. Além do mais, este retorno de Jesus de Jerusalém, mais precisamente de Betânia ao ressuscitar Lázaro, coincide com a expressão de Mt 17.24: “E, chegando eles a Capernaum...”. Mas voltando à festa da dedicação, o leitor não encontrará sequer outra menção desta festa. E isto porque não fazia parte das festas prescritas por Deus a Israel, através de Moisés. A festa das luzes, ou da dedicação (Chanuká, em hebraico), festeja o triunfo dos judeus contra a Grécia, sob liderança dos Macabeus em 164 a.C. A festa ainda é modernamente comemorada em Israel por oito dias, que foi o tempo que durou o óleo de oliva para o candelabro, no templo rededicado pelos judeus de então, quando ele era suficiente para apenas um dia. A veracidade deste milagre, embora não comentado na Bíblia, pode ser observado pelo
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fato do Messias de Israel estar presente à festa. O que seria um contra senso acreditar que o Santo de Israel participasse de uma festa que relembrasse uma mentira. As informações acima, sobre esta festa, foram retiradas de uma publicação do Centro de Informações de Israel, Maio de 1997.
nota 7 – pg. 85 Jesus paga o tributo
Provavelmente aqui vemos a última estadia de Jesus em Capernaum. Embora Lucas não narre esta passagem específica, contudo narra a passagem anterior, que é a da cura do jovem lunático (Lc 9.37-45), e a posterior, já em Capernaum, sobre a discussão de qual deles seria o maior (Lc 9.46-50), que são comuns a Mateus e Marcos; e a sequência imediata em Lucas mostra “o firme propósito” de Jesus “ir a Jerusalém” (Lc 9.51). Mateus e Marcos, no entanto, pulam rapidamente para o fim do ministério de Cristo, ao narrarem a partir de Mateus 19 e Marcos 10 a mesma sequência: “Acerca do divórcio”, “Jesus abençoa os meninos”, “O mancebo rico”, “O pedido dos filhos de Zebedeu”, “O cego de Jericó” e “A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém”. A partir de Lc 9.51 podemos ver a última peregrinação de Jesus para Jerusalém, e até Lc 18.14 todo este período foi omitido pelos outros Evangelistas. A partir de Lc 18.15 o leitor poderá notar a mesma sequência dada acima com algumas omissões e
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outras adições. Assim sendo, o livro de Lucas é o que melhor narra a última viagem de Jesus, saindo provavelmente de Capernaum, que era sua cidade, para Jerusalém, assunto para o 3º Ciclo.
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