ESDRAS em foco!

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Esdras em foco! Ciro e o propósito divino maior Restituição – parcial A festa dos Tabernáculos A reconstrução do Templo Dons e contas Triste confissão necessária

2021

cristoescrito@hotmail.com


Desprezamos um Deus que somente antevê o futuro, mas louvamos e rendemos toda glória Àquele que faz tudo o que Lhe apraz.


Esdras em foco!

Israel e Judá foram levados cativos e envergonhados para terras distantes, como vimos em nossas últimas notas.

Apesar deste livro abrir com a nomeação do grande rei Ciro, foi segundo a vontade determinativa do Deus de Israel que este fosse o instrumento de Sua eterna misericórdia no retorno de Seu povo expulso anteriormente. O homem nunca foi nem nunca será nada sem a devida sanção divina.


“Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito, EU te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Is 45:47). Apesar de todo pecado e rebeldia do povo do Senhor, Deus não pode negar a si mesmo e trará paulatinamente seu povo para sua terra.

Em Esdras vemos não só o início do retorno de Israel – Zorobabel abre a lista dos cativos que retornam – mas os preparativos para que esta nação possa se enraizar novamente como povo santo e testemunhar dos caminhos da salvação às nações em redor. Tudo começa com uma ordem governamental que favorecia o retorno do povo cativo à sua terra bem como sua adoração. Muitas vezes as leis humanas são editadas com propósito específico para favorecer determinado grupo, ainda que outros se beneficiem com elas. Antes porém do lançamento das bases do santuário, o altar dos holocaustos será erigido como base de purificação


de todo o povo remanescente e, principalmente, dos sacerdotes que ministrariam neste novo santuário. No momento do lançamento das bases do santuário, um misto de alegria e lágrimas inundam todo o povo. Os novos se alegram enquanto os velhos choram.

Falsas acusações então são levantadas pelos povos que ali foram colocados no lugar dos judeus que haviam sido dispersos, numa tentativa de frustrar os planos de reconstrução do templo. A obra foi paralisada por alguns anos, mas enfim, sob o reinado de Dario, toda a verdade veio à tona com uma reviravolta na indisposição anterior. Esdras, “escriba hábil na lei de Moisés”, em outra leva de imigrantes que retorna para sua pátria, é incumbido, “segundo a mão do SENHOR seu Deus”, “para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos”. Sendo colocado a par da mistura racial que já descambava em meio ao povo, inclusive entre “os sacerdotes e os levitas” (9.1), leva a Deus uma belíssima confissão dos pecados de seu povo, coisas estas que caberiam muito bem ao povo que se chama hoje ‘igreja do Deus Vivo’. Uma nova aliança então é promovida com base no juramento solene de que seriam despedidas – e quanta dor e lágrimas não foram sentidas! – “todas as mulheres, e os que


delas são nascidos, conforme ao conselho do meu senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei” (10:3). O livro termina em tom sombrio, alertando todos os que viriam a ter ouvidos para ouvir o que o Espírito diz às igrejas: “Todos estes tomaram mulheres estrangeiras; e alguns deles tinham mulheres de quem tiveram filhos” (10.44).


Ciro e o propósito divino maior

Como foi muito bem colocado por Unger, em seu livro ‘A Arqueologia do Antigo Testamento’, o edito real de Ciro (o grande, ou o ariano), permitindo a reconstrução do templo judaico em sua terra original, não foi exclusivo para Israel. Fazia parte de sua política, em relação aos seus súditos submissos, uma certa liberdade nacional de governo e adoração. Um cilindro em barro descoberto em 1879 conteria a permissão dos deportados de repatriação e reconstrução nacional e principalmente religiosa. Alguns contestam a veracidade da informação do livro de Esdras de que Ciro, já em seu primeiro ano, teria permitido o retorno de alguns judeus para a Israel geográfica, alegando que o cilindro permite somente a reconstrução de santuários mesopotâmicos, nada mencionando Judeia ou Jerusalém. Mas, se esta contestação for verdadeira, em que base os judeus puderam voltar


e ainda reconstruir seu santuário? Não teria sido um milagre ainda maior, se somente eles pudessem ter voltado e ainda reconstruído seu santuário? A cegueira de alguns lança mais luz e glória neste caso. Mas este belíssimo exemplar de misericórdia e graça não começa com Ciro propriamente. Começa bem antes, antes mesmo de seu nascimento, para que “a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida” por tantos quantos estejam dispostos a crer antes de ver. Isaías, pelo menos 150 anos antes, profetizou sobre a vinda deste homem que seria instrumento de esperança e reconciliação de Deus ao seu povo amargamente castigado.

“Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. Por amor de meu servo Jacó, e de Israel, meu eleito,


eu te chamei pelo teu nome, pus o teu sobrenome, ainda que não me conhecesses. Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro” (Is 45.1-6). Desprezamos um Deus que somente antevê o futuro, mas louvamos e rendemos toda glória Àquele que faz o que Lhe apraz. “Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens” (Is 45.12). Mas Ciro não enxergou, como muitos não querem ver hoje, que a mão do Todo-Poderoso é quem o guiava em sua jornada endireitada por Deus. Neste mesmo cilindro, Ciro divide sua honra com seu deus Marduque. “Marduque... procurou um príncipe reto, segundo o seu coração, a quem ele tomou pela mão. Ciro, rei de Ansã, ele chamou pelo nome, e para dominar sobre todo o mundo ele o indicou... Para esta cidade de Babilônia ele o fez vir, ele o fez tomar pela estrada da Babilônia, indo como um amigo e companheiro, ao seu lado. Suas numerosas tropas,


em número desconhecido, como a água de um rio, marcharam armadas ao seu lado. Sem batalha ou luta, ele lhe permitiu entrar em Babilônia. Ele poupou a sua cidade de Babilônia de uma calamidade. Nabunaide, o rei, que não o temia, ele entregou em suas mãos.” Também hoje Israel voltou milagrosamente para sua terra natal, desde que foram arrasados por Roma sob Tito a partir do ano 70. Transformaram a partir de 1948, e sob a força de seu maior líder Bem Gurion, uma terra de pântanos e morte numa sociedade rica e próspera, altamente qualificada e secularizada. Mas não foi este retorno que foi profetizado pelo Espírito do Senhor em sua Palavra eterna. “Porque no meu santo monte, no monte alto de Israel, diz o Senhor DEUS, ali me servirá toda a casa de Israel, toda ela naquela terra; ali me deleitarei neles, e ali requererei as vossas ofertas alçadas, e as primícias das vossas oblações, com todas as vossas coisas santas; com cheiro suave me deleitarei em vós, quando eu vos tirar dentre os povos e [EU] vos congregar das terras em que andais espalhados; e serei santificado em vós perante os olhos dos gentios. E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu vos introduzir na terra de Israel, terra pela qual levantei a minha mão para dá-la a vossos pais” (Ez 20.40-42).


Israel retornou para sua terra, mas jamais ao seu Deus. Por esta razão deverão ser espalhados novamente em breve, quando obtiverem uma falsa paz pelas mãos do homem da iniquidade que já está entre nós e prestes a ser levantado no mundo. Assim como Ciro no passado, Ben Gurion* também não enxergou as ternas misericórdias de Deus na direção de seu povo, assim como os cristão não têm enxergado que os eventos que se deram a partir desta epidemia global (e de outros dois eventos que abalarão o mundo em breve), são o palco da preparação do caminho do homem da perdição que promoverá sua falsa paz e repentina destruição do povo de Israel, com vistas à formação de um remanescente fiel que será salvo e introduzido ao seu reino eterno sob Davi. Neste mesmo palco que Deus prepara os caminhos para Israel, também Ele deseja e busca a santificação de sua noiva comprada com sangue para ser recebida aos céus em breve.

“Volta, ó Senhor, para os muitos milhares de Israel” (Nm 10:36). *Para uma rápida biografia deste grande líder acesse http://institutobrasilisrael.org/noticias/politica/david-bengurion-133-anos-depois-o-pai-da-nacao-cultuado-erevistado


Restituição – parcial

Juntamente com a permissão da volta dos judeus cativos para sua terra, estava a permissão para reconstrução de seu santo templo. “No primeiro ano do rei Ciro, este baixou o seguinte decreto: A casa de Deus, em Jerusalém, se reedificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes” (Ed 6.3). Também foram provisionados por este rei a devolução de muitos utensílios de ouro e prata pertencentes à casa de Deus anterior, que acompanhavam toda a ordem de sacrifícios prescritos por Moisés. “Além disso, os utensílios de ouro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor transportou do templo que estava em Jerusalém, e levou para babilônia, serão restituídos, para que voltem ao seu lugar, ao templo que está em Jerusalém, e serão postos na casa de Deus” (6.5). A numeração destes objetos se encontra logo no primeiro capítulo seguindo a mesma lógica do que vimos acima. “Também o rei Ciro tirou os utensílios da casa do Se-


nhor, que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém, e que tinha posto na casa de seus deuses. Estes tirou Ciro, rei da Pérsia, pela mão de Mitredate, o tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, príncipe de Judá. E este é o número deles: trinta travessas de ouro, mil travessas de prata, vinte e nove facas, trinta bacias de ouro, mais outras quatrocentas e dez bacias de prata, e mil outros utensílios. Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos” (1.7-11). Nenhum objeto de cobre foi devolvido ou contado entre os objetos de ouro e prata. E isto tem uma simbologia de extrema importância, pois estes metais simbolizam, como já frisamos em notas anteriores, sua ligação com os ministérios de governo (ouro), profecia (prata) e sacerdócio (cobre, ou bronze em algumas versões). Como os utensílios se relacionavam à casa de Deus e seu sacerdócio, entendo que Deus devolveu à sua rebelde nação o direito de continuarem com sua vida sacerdotal única e própria (do ponto de vista governamental), devolveu o direito de testemunhar do Deus Vivo e verdadeiro através dos sacrifícios que seriam retomados (do ponto de vista profético), mas dava a entender que o sacerdócio em si mesmo seria substituído por algo ou alguém que cumprisse suas funções de forma santa, eficaz e permanente.


Hebreus esclarecerá sobre esta mudança de sacerdócio. Primeiramente o sacerdócio em si mesmo. “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo... sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre... De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote [Jesus] se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Arão?” (Hb 7.1,3,11). O sacerdócio que vinha da linhagem mortal de Arão seria substituído por um sacerdócio eterno, representado por Melquisedeque, sem fim nem começo, desligado do tempo que envelhece. Mas, se o sacerdócio mudasse, também o sacerdote deveria estar alinhado a esta nova mediação.

“Porque nos convinha tal sumo sacerdote [Jesus], santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (7.26-27).


E se o sacerdote divino estava alinhado ao novo sacerdócio eterno, também a oferta deveria estar à altura das exigências divinas e humanas. “Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), para fazer, ó Deus, a tua vontade. Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação [ou oferta] do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” (Hb 10.4-10). Tudo foi mudado “para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra” (Rm 7.6). A ausência da devolução dos utensílios de cobre nos diz tudo isto e ainda mais que não podemos comentar aqui. Passaremos a seguir para a primeira festa comemorada pelos judeus que voltaram do cativeiro – a festa dos Tabernáculos.


A festa dos Tabernáculos

Se voltarmos ao exato momento da entrada de Israel em Canaã, depois de quatro décadas infrutíferas pelo deserto, duas solenidades foram comemoradas logo que entraram – a circuncisão e a Páscoa. Comentamos sobre seus motivos quando analisamos o livro de Josué. No entanto, neste momento do retorno de Israel do seu exílio de sete décadas em Babilônia, uma outra festa será comemorada.

“E firmaram o altar sobre as suas bases... e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos pela manhã e à tarde. E celebraram a festa dos tabernáculos, como está escrito; ofereceram holocaustos cada dia, por ordem, conforme ao rito, cada coisa em seu dia” (3.3-4). Israel entrando em Canaã precisava relembrar que a Páscoa era o motivo maior para sua entrada na terra prometida. Podiam entrar lá pois o sangue daquela festa havia sido aplicado em suas portas no passado, não por aquela geração propriamente, mas por seus pais que, ainda que em desobediência, os representavam como povo eleito. “Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não


foi porventura com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade” (Hb 3.17-19). No entanto, Israel voltando do julgamento e do castigo do exílio precisava entender outra coisa – que não haviam descansado na promessa do redentor que cumpriria todas as exigências divinas de perdão e santidade. Antes, se envolveram, se fascinaram, se enredaram pela justiça que vinha da lei. “Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; pois tropeçaram na pedra de tropeço” (Rm 9.31-32). “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). A festa dos Tabernáculos falava deste descanso que vem pela fé exclusivamente, sem as obras da lei, e que a epístola aos Hebreus continua ensinando. “Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa [a Abraão e sua semente] de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás. Porque também a nós [judeus daquele período em que


se escreveu esta carta] foram pregadas as boas novas, como a eles [a geração do deserto], mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram. Porque nós, os [judeus] que temos crido [no sacrifício do Cordeiro Jesus], entramos no repouso” (Hb 4.1-3). Esta festa falava tanto do passado – “para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas” (Lv 23.43) – como também acenava para o futuro, quando da reunião de todo o Israel salvo em sua terra, mas não antes da festa anterior a esta – o Dia da Expiação, e como bem ensinou Paulo.


“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios [nesta era da Igreja corpo de Cristo] haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.25-26). Podemos resumir estes dois lados da mesma moeda, do passado negligente bem como da esperança da reconciliação de Israel com seu Deus, no mesmo contexto da epístola aos Hebreus.

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” (4:11). Nosso próximo tema fala de uma decisão intransigente e discriminatória, pela ótica desta geração má e adúltera.


A reconstrução do Templo

Chegou o momento de reconstruírem, pela permissão inicial do grande Ciro, seu templo. Os holocaustos já se ofereciam sobre o altar recém construído. “Desde o primeiro dia do sétimo mês começaram a oferecer holocaustos ao Senhor; porém ainda não estavam postos os fundamentos do templo do Senhor... E no segundo ano da sua vinda à casa de Deus em Jerusalém, no segundo mês, Zorobabel... e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram do cativeiro a Jerusalém, começaram a obra da casa do Senhor...” (Ed 3.6-8). Logo aparecem alguns que pareciam dispostos ao bem de Israel. “Ouvindo, pois, os adversários de Judá e Benjamim que os que voltaram do cativeiro edificavam o templo ao Senhor Deus de Israel, chegaram-se a Zorobabel e aos chefes dos pais, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus; como também já lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir aqui” (4.1-2). Talvez ninguém recusasse hoje tal oferta, mas sua res-


posta é desconcertante aos olhos dos homens. “Não convém que nós e vós edifiquemos casa a nosso Deus; mas nós sozinhos a edificaremos ao Senhor Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia” (4.3). É bom relembrar que aqueles que pareciam querer ajudar eram povos estranhos que haviam sido colocados no lugar dos judeus que tinham sido expulsos quando da invasão pela Assíria ao norte. Mas vamos ver os motivos por que eles sacrificavam ao Deus de Israel. “E o rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e Sefarvaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel... E sucedeu que, no princípio da sua habitação ali, não temeram ao Senhor; e o Senhor mandou entre eles, leões, que mataram a alguns deles. Por isso falaram ao rei da Assíria, dizendo: A gente que transportaste e fizeste habitar nas cidades de Samaria, não sabe o costume do Deus da terra; assim mandou leões entre ela, e eis que a matam, porquanto não sabe o culto do Deus da terra. Então o rei da Assíria mandou dizer: Levai ali um dos sacerdotes que transportastes de lá; e vá e habite lá, e ele lhes ensine o costume do Deus da terra... Porém cada nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que os samaritanos fizeram, cada nação nas cidades, em que habita-


va” (2 Re 17.24-29). Há uma grande diferença em cultuar ao Deus Vivo por amor e conhecimento de Sua Pessoa e obra, e cultuar por mera religiosidade que de alguma forma tragam benefícios temporários. E não é o que mais temos visto em nossos dias?

Exatamente agora, diante de nossos olhos, esta imagem do passado está sendo revivida no mesmo contexto da mera religiosidade com vistas a uma forjada paz. Um templo está sendo reconstruído com a ajuda de estranhos, com o slogan ecumênico que se adapta bem às três maiores religiões – Casa da Família de Abraão, prometida a abertura para 2022. Segue abaixo um link de Setembro de 2019 quando houve um primeiro encontro global às claras promovendo o intento. https://exame.com/negocios/releases/como-parte-dainiciativa-global-para-promover-a-paz-o-comite-superior-da -fraternidade-humana-apresenta-o-projeto-da-casa-dafamilia-abraamica/ Zorobabel, naquele retorno gracioso à sua terra, entendeu que o fermento da mistura só corromperia seu culto único a Javé. Recebeu perseguição como recompensa daqueles mesmos que se diziam religiosos (até sacrificavam!), e seu templo ficou paralisado por alguns anos, conforme segue o


contexto de Esdras. Mas a mistura foi rejeitada e afastada, e no tempo do Deus de Israel seu templo foi reconstruído. Estes reconstrutores atuais não sofrerão nenhuma perseguição no momento, pois falam do mundo para o mundo que jaz no maligno.

O fundador da empresa britânica Adjaye Associates, que ganhou o contrato para projetar a Casa da Família Abraâmica, David Adjaye, certa vez descreveu o jardim ao redor das casas de culto como uma "poderosa metáfora, este espaço seguro onde comunidade, conexão e civilidade se combinam". Ali, a serpente não precisará se esgueirar para


entrar. Mas seus feitos proclamarão contra eles mesmos no tempo do Deus de Israel. “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte” (Ap 21.8).


Dons e contas

Outra leva de imigrantes judeus se fez sob liderança de Esdras, nome a que é dado o livro que analisamos. E com ele, ofertas levantadas pelo povo e inclusive pelo rei Artaxerxes de então, foram trazidas para Jerusalém. “Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu, paz perfeita, em tal tempo. Por mim se decreta que no meu reino todo aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir contigo a Jerusalém, vá. Porquanto és enviado da parte do rei e dos seus sete conselheiros para fazeres inquirição a respeito de Judá e de Jerusalém, conforme à lei do teu Deus, que está na tua mão; e para levares a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel, cuja habitação está em Jerusalém” (Ed 7.12-15). Tudo foi pesado e entregue na mão de 12 colaboradores, mas não sem uma ressalva. “Então separei doze dos chefes dos sacerdotes: Serebias, Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos. E pesei-lhes a prata, o ouro e os vasos; que eram a oferta para a casa de nosso Deus, que ofereceram o rei, os seus conselheiros, os seus príncipes e todo o Israel que ali se achou...


E disse-lhes: Vós sois santos ao Senhor, e são santos estes utensílios, como também esta prata e este ouro, oferta voluntária, oferecida ao Senhor Deus de vossos pais. Vigiai, pois, e guardai-os até que os peseis na presença dos chefes dos sacerdotes e dos levitas, e dos chefes dos pais de Israel, em Jerusalém, nas câmaras da casa do Senhor” (8.24-29). No período da lei de Moisés, os valores recebidos jamais poderiam ser inferiores na prestação de contas final, mas também não precisavam ser superiores. No entanto, quando do ministério terreno de Jesus para seu povo Israel, com vistas à oferta do reino de Deus ao seu povo, uma nova responsabilidade será acrescentada. Uma parábola muito conhecida eleva este patamar de prestação de contas. “Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros. Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado” (Mt 25.26-29). “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5.20).


Também a nós, nesta era da Igreja, foram dadas provisões para esta vida, dons que recebemos de Deus e dos homens para utilizarmos com sabedoria em nossa vida e para o bem do reino de Deus. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um” (1 Co 3.11-13). O cristão só pode construir de forma duradoura sobre o fundamento da fé em Cristo, pelos dons e ministérios que nos foram entregues pelo Espírito Santo em nossa união vital com Ele. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (1 Co 12.4-7).


Um dia, mais breve do que se pensa ou deseja, também será pesado todo ouro e prata que recebemos de Deus no exercício de nossa fé, tanto individualmente quanto coletivamente pelo corpo de Cristo. “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus? E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador?” (1 Pe 4.17-18). A seguir, comentaremos sobre uma das mais belas confissões feitas por um servo de Deus, e que bom seria se estivesse nos lábios da noiva do Cordeiro!


Triste confissão necessária Há certas orações nas Escrituras que poderiam ser tidas como inigualáveis. São aquelas retiradas no espremer das uvas, no mais íntimo sofrimento, no entendimento mais elevado das nossas misérias ante a grandiosidade e santidade de Deus. A oração de Esdras, diante da situação de prostituição de seu povo, numa confissão de pecado nacional, leva todas as suas angústias e perplexidade ao Deus de seus antepassados. Mas ele não poderia orar a qualquer momento, tinha que esperar o momento exato do sacrifício da tarde, como bem fica descrito. “Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu permaneci sentado atônito até ao sacrifício da tarde. E perto do sacrifício da tarde me levantei da minha aflição, havendo já rasgado as minhas vestes e o meu manto, e me pus de joelhos, e estendi as minhas mãos para o Senhor meu Deus” (Ed 9.4-5). Não é como no nosso caso, neste período único e bendito da Igreja de Cristo comprada por seu precioso sangue, que temos acesso direto e imediato ao trono de Deus, pois


tudo foi pago e consumado na cruz do Calvário. Esdras e todos os piedosos sob o regime da Lei tinham que esperar o momento oportuno, nós não! “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.19-20). Sua carne rasgada em sacrifício na cruz pelos pecados do mundo inteiro, mas somente apropriado pela fé, é a chave que abriu não só o santuário celeste, mas revelou “um grande sacerdote sobre a casa de Deus” (Hb 10.21). “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hebreus 4.1516). Esdras, naquela hora do sacrifício da tarde, levou seu coração aflito ao seu Deus, assim como nós hoje, neste período final da tarde que se aproxima da noite mais terrível da humanidade, também devemos levar nossas angústias e pecados ao nosso grande e mi-


sericordioso Deus. O tempo do homem chegou ao seu fim! Agora é hora de Deus se levantar para tomar em conta tudo o que a humanidade em seu desvario tem destruído. Temos que redigir sempre as mesmas palavras para nossa lembrança.

“Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?” (1 Pe 4.17). “Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa” (Is 38.1a).

“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos. Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Co 10.11-13). A seguir, lançaremos foco sobre Neemias. Espero que me acompanhe, e a graça de nosso Senhor Jesus – o único Cristo de Deus – seja com todos, amém!


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