Qual a Natureza da Escritura?!

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Qual a Natureza da

Escritura?!

Marcio Bertachini


Lendo ‘O drama da doutrina’ de J. Vanhoozer, encontrei a seguinte afirmação deste grande teólogo. "... as escrituras não têm uma natureza divina, mas um autor divino (e uma origem divina)". Intrigado com a afirmação, passei a relembrar algumas passagens que focariam o tema. Então me lembrei das palavras do Senhor: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida” (Jo 6.63 - observe que ele não fala têm espírito e têm vida, mas são! vida e espírito). Também ele disse: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (Jo 5.39); portanto, se a palavra escrita testemunha as palavras faladas de Cristo que são espírito e vida, e com autoridade tal que abre as portas para a vida eterna, segue por consequência lógica e necessária que estas palavras sagradas participam da natureza daquele que as pronunciou e mandou registrar pelo Espírito Santo. E vendo pelo lado negativo, podemos ler: “Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (João 12:48). A mesma palavra pregada oralmente que foi depositada nas escrituras, e têm tanto poder para salvar como condenar eternamente, obriga que sua natureza divina foi


também impressa de forma milagrosa. Passei então a pensar de outra forma: um fio de cabelo separado da cabeça, perde minha natureza humana? Claro que não, afinal pode se identificar o indivíduo pela natureza genética do fio examinando seu DNA. Embora não se possa dizer que este fio seja eu na integralidade, no entanto o fio carrega informação genética de tudo que eu sou, toda minha natureza, é um pedaço de mim. Portanto, a escritura possui a natureza divina no sentido mais absoluto da palavra, é um pedaço dele mesmo, por isto pode plenamente salvar os que creem nela ou condenar os que a desprezam. E, indo mais além, se a Palavra de Deus é simbolizada por uma semente (“sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” 1 Pe 1:23), não carregaria esta semente toda a natureza da árvore original? Alguém poderia alegar que a semente de uma maçã somente participa da sua origem, mas não da sua natureza? Pelo mesmo raciocínio lógico e espiritual, assim como a semente, por carregar toda a natureza da maçã, pode gerar uma macieira segundo a natureza da anterior, também a palavra de Deus, perfeita semente divina, pode gerar vida segundo a nova natureza divina.


É pois muito mais que origem, mas natureza completa. Ou os símbolos são perfeitos e podemos confiar neles, ou são imperfeitos e não teremos motivos para crer de forma irrestrita na Palavra de Deus, a semente divina.

Concluindo então, podemos ficar seguros, satisfeitos e em ditosa paz que os 66 livros que compõem as Escrituras Sagradas participam da natureza divina na forma mais plena possível, e que foi milagrosamente preservada por ‘homens santos que falar am inspir ados pelo Espírito Santo’.

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