Neemias em foco!
2021
Muros e brechas A confissão de Neemias
A confissão da Igreja à Neemias! A usura e a dádiva A batalha pela fé
A Festa das cabanas Limite dos tempos (nota extra)
cristoescrito@
NEEMIAS em foco! Este livro abre com a triste descrição do estado de Jerusalém, notícia trazida por um dos irmãos de Neemias. Como se denota no texto, ele servia ao grande Artaxerxes (465424 a.C.) no palácio de Susã, capital persa. Enquanto Susã era cercada de riqueza e fortes muros, contrastava “o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo” (Ne 1.3). Neemias se prostra em lágrimas, jejuns e orações, e, passados alguns dias neste estado de tristeza e clamor, levanta ao Deus de seus pais uma confissão que faria muito bem se pudesse ser trazida nos lábios de todo cristão sincero nestes últimos dias. Enquanto serve ao rei, não pode esconder suas dores e inconformismo, o que o leva a fazer seu atrevido pedido de retornar à sua terra e reconstruir sua cidade. Sendo favorecido por seu Deus, retorna em paz e, ao terceiro dia, faz um tour noturno, secretamente, às ruínas da cidade. Uma longa descrição dos trechos da muralha de Jerusalém em reconstrução, bem como seus responsáveis, serão nomeados cuidadosamente, pois Deus jamais se esquece do salário de seus trabalhadores, ainda que não recebamos mui-
to nesta vida. Logo entram em cena os inimigos constantes de Israel, ou melhor, do seu Deus, e de ameaça em ameaça perturbam, mas não impedem a continuidade das obras. Por dez vezes serão avisados pelos judeus que habitavam entre os inimigos das ciladas destes. Lanças e espadas se unem aos instrumentos de restauração dos judeus. Surge então a demanda de algo que se havia ‘esquecido’ na lei de Moisés – o empréstimo por usura aos irmãos mais pobres, e que mesmo o sofrido exílio não havia ensinado. Neemias tomará novamente a rédea do assunto.
Uma nova cilada é engendrada contra Neemias, exatamente no tocante mais sagrado para um judeu – entrar no Santuário no lugar que caberia somente aos sacerdotes consagrados. Neemias é então conduzido por Deus a registrar a genealogia dos que haviam voltado para Judá e, encontrando um registro dos que haviam subido primeiro, um nome muito intrigante é mencionado – Mordecai (ou Mardoqueu em outro livro inspirado). Entra em cena novamente o sacerdote Esdras que lerá perante todo o povo a lei do Senhor, e pasmem – “os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei”!
Uma espécie de reavivamento floresce, e as maiores marcas de um verdadeiro reavivamento brotam – confissão dos pecados e separação das sujeiras e vícios dos gentios que viviam ao seu redor, numa espécie de santificação e consagração santas ao seu Deus. Passando aos dias de hoje, haveria esperança para nossa igreja Laodiceia neste exato momento se ela assim se portasse. Mas temo que a ganância e a luxúria encheram sua medida a tal ponto, que somente a reprovação e o castigo de Deus serão Sua resposta para os dias atuais e próximos.
Muros e brechas Uma lamentável descrição feita por um dos irmãos de Neemias mostra o estado mais íntimo daquela Jerusalém que um dia tinha brilhado sob os governos de Davi e seu filho Salomão em seu ápice. “Os restantes, que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo; e o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo” (Ne 1.3). Contrastando com esta imagem de ruína e miséria, temos alguns textos que indicam a grandeza e prosperidade da fortaleza de Susã, espécie de capital de inverno do Império Persa de onde partiu nosso personagem principal, Neemias. Utilizaremos o relato no livro de Ester ainda para analisar.
Sítio Arqueológico Fortaleza Susã
“Naqueles dias, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã, no terceiro ano do seu reinado, fez um banquete a todos os seus príncipes e seus servos, estando assim per ante ele o poder da Pérsia e Média e os nobres e príncipes das províncias, para mostrar as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor da sua excelente grandeza, por muitos dias, a saber: cento e oitenta dias” (Et 1:2-4). E se não bastasse o banquete longo e bem regado aos maiorais, também foram convidados outros cidadãos menores – porém em momento diferenciado. “E, acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo que se achava na fortaleza de Susã, desde o maior até ao menor, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real. As tapeçar ias eram de pano br anco, ver de, e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e púrpura, e argolas de prata, e colunas de mármore; os leitos de ouro e de prata, sobre um pavimento de mármore vermelho, e azul, e branco, e preto. E dava-se de beber em copos de ouro, e os copos eram diferentes uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo a generosidade do rei” (Et 1:5-7). Mas o que Neemias viu em Jerusalém com seus próprios olhos destoava de todo aquele glamour. “E de noite saí pela porta do vale, e para o lado da
fonte do dragão, e para a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam fendidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo. E passei à porta da fonte, e ao tanque do rei; e não havia lugar por onde pudesse passar o animal em que estava montado” (Ne 2:13-14). Salomão, iluminado pelo Espírito, já havia entendido que há momentos distintos de atuação tanto da parte do homem quanto da parte de Deus. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu... tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; tempo de espalhar pedr as, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar” (Ec 3:1-5). O tempo de ruir havia passado sob o Império Babilônico, devido aos graves pecados de Israel – o tempo de reconstruir havia chegado graças às ternas misericórdias de Deus, começando por Ciro como já vimos. “E será que, como velei sobre eles, para arrancar, e para derrubar, e para transtornar, e para destruir, e para afligir, assim velarei sobre eles, para edificar e para plantar, diz o Senhor” (Jr 31:28). Transportando o símbolo para o futuro certo e breve, o
mundo também será abalado pelos seus muitos delitos e pecados – enquanto Israel será restabelecida a uma glória jamais experimentada por qualquer nação de qualquer tempo. A história será revisada, porém sob perspectiva diferente. Assim como a grande Pérsia se tem transformado até hoje em sítio arqueológico, seus escombros escondidos pela areia do tempo, também as grandes metrópoles deste mundo jazerão cobertas do pó e do desprezo eternos. “De todo cambaleará a terra como o ébrio, e será movida e removida como a choça de noite; e a sua transgressão se agravará sobre ela, e cairá, e nunca mais se levantará. E será que naquele dia o Senhor castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra sobre a terra” (Is 24.20-21). “Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas, e tornarei a edificá-lo” (At 15.16). “E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26). A seguir abriremos nossos ouvidos e corações à oração de Neemias.
A confissão de Neemias A confissão em oração de Neemias é tão sincera e sentida, que não poderíamos deixar de lado nestas reflexões em que temos tentado trazer mais brilho à Palavra de Deus. Primeiro pelo teor da oração em si mesma, segundo pelo poder e influência que teria sobre todos os fiéis de todos os tempos, e terceiro por este tempo final específico em que vivemos. Lembremos que a oração-confissão veio à tona depois que Neemias descobriu e sentiu o estado arruinado em que se encontrava Jerusalém, como vimos na nota anterior. Uma espécie de amargura se instalou em seu coração como bem podemos ler. “E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assenteime e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando per ante o Deus dos céus” (1.4).
Sua preocupação e dor sinceras o levaram a um processo de exame de si mesmo e de seu povo como um todo. Então ele – se assenta – chora – lamenta – jejua – e ora por vários dias até que – sua confissão é derramada em forma de súplica ao Deus de seu povo. De forma muito resumida, sua confissão – bem como
toda confissão em qualquer tempo – toca em 3 pontos cruciais. 1) Ele louva o “Deus dos céus, Deus grande e terrível”; 2) Ele clama pela benignidade de Deus para que estejam “atentos os teus ouvidos e os teus olhos abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel”; 3) Ele faz “confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; também eu e a casa de meu pai temos pecado”. Debaixo do Novo Testamento em que vivemos, também os mesmos ingredientes se fazem necessários, porém sob condições mais promissoras. 1) “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3)”;
2) “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8:32); 3) “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se disser mos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1:8-10). Se nós, membros do corpo de Cristo, não nos assentarmos, chorarmos, lamentarmos, jejuarmos e orarmos insistentemente, até que o mesmo espírito de confissão de Neemias pelos pecados de seu povo se derrame desde o alto sobre nossa Igreja – uma firme, terrível e brevíssima palavra profética recairá sobre todos nós: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca... Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 3:15-16, 19-22).
A confissão da Igreja à Neemias! Ah! Senhor Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! O qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor. Se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que fazemos perante ti, dia e noite, pelos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus, pois todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar. Fazemos confissão pelos pecados dos filhos de Deus, que temos cometido contra ti; também eu e a casa de meu pai temos pecado. De todo nos corrompemos contra ti, pois não temos nos apresentado a Deus como vivos dentre mortos, e os nossos membros a Deus como instrumentos de justiça, que ordenaste a Paulo, teu servo, mas temos apresentado os nossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade. Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a João, teu servo, dizendo: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas,
se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. E vós, humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte, e vos traga à cidade que tem firme fundamento que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome. Eles são teus servos e o teu povo que resgataste com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, e com a tua forte mão nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós, para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito. Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje os teus servos, e dálhes graça perante este homem Jesus Cristo. Eu digo amém e amém, e você?
A usura e a dádiva Um problema grave se levanta na congregação dos que haviam retornado à terra de Israel – o velho e novo esquema da usura, ou modernamente falando, dos juros que ‘devoram’ nosso trabalho. Uns reclamavam da dificuldade de obter o trigo, outros que haviam empenhado terras e vinhas para obtenção deste trigo, e ainda outros que haviam pedido emprestado até para pagar os tributos costumeiros. “Porque havia quem dizia: Nós, nossos filhos e nossas filhas, somos muitos; então tomemos trigo, para que comamos e vivamos. Também havia quem dizia: As nossas terras, as nossas vinhas e as nossas casas empenhamos, para tomarmos trigo nesta fome. Também havia quem dizia: Tomamos emprestado dinheiro até para o tributo do rei, sobre as nossas terras e as nossas vinhas” (Ne 5.2-4). A Lei mosaica era clara quanto ao empréstimo entre irmãos e tribos de Israel. “Se emprestares dinheiro ao meu povo, ao pobre que
está contigo, não te haverás com ele como um usurário; não lhe imporeis usura” (Ex 22.25). “Não tomarás dele juros, nem ganho; mas do teu Deus terás temor, par a que teu ir mão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás do teu alimento por interesse” (Lv 25.36-37). A resolução do caso se encontra descrito pelo capítulo cinco de Neemias, que não vamos detalhar, pois buscamos “coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação” (Hb 6.9). Deus esperava entre os filhos de Israel, como espera dos filhos de Deus neste tempo presente, a misericórdia – que retira a dívida, e a graça – que enche as mãos. “O ímpio toma emprestado, e não paga; mas o justo se compadece e dá” (Sl 37.21). “E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” (Tg 2.15-16).
Deus pode exigir tal conduta pelo simples fato de que Ele forneceu o exemplo maior, elevou a conduta simplesmente meritória pela graciosa. “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef 2.4-5). “Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cr isto mor reu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira” (Rm 5.7-9). Cabe a nós nestes últimos dias antes de nossa reunião com Ele, assim como Israel restituiu os bens daqueles pobres que buscavam o simples pão de cada dia, também devolvermos o que cabe a nosso irmão e irmã.
“Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.7-8). E, acima de tudo – “Confessai as vossas culpas uns
aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Vamos começar a devolver a cada um o amor de Cristo que já foi derramado em nossas vidas??
A batalha pela fé O capítulo 8 de Neemias é um desdobramento do anterior. Neste, Neemias já tinha seus muros edificados e suas portas levantadas. Os porteiros – que zelavam pela entrada do povo santo e fechamento do impuro, os cantores – que conduziam o louvor e ação de graças ao Senhor, e os levitas – que ministravam junto aos sacerdotes na casa do Senhor erguida por Esdras (Ne 7.1-2), todos eles já se encontravam devidamente assentados em suas funções. Lembremos que Jerusalém estava em completa ruína, cabendo a Esdras, no livro anterior, e agora Neemias reconstruírem todos os alicerces arrancados pelo Senhor, graças às negligências espirituais de Israel. Mas não havia somente trabalho e dedicação aos membros que de alguma forma estavam ligados ao Templo e ao culto da fé. Os simples membros moradores daquela cidade também tinham papel fundamental na segurança da cidade restaurada. “E disse-lhes: Não se abram as portas de Jerusalém até que o sol aqueça [em palavras espirituais – não se permitiria a entrada de nada relacionado às trevas], e enquanto os que assistirem ali permanecerem, fechem as portas, e vós trancai-as; e ponham-se guardas dos moradores de Jeru-
salém, cada um na sua guarda, e cada um diante da sua casa” (Ne 7.3). Nesta presente era da Igreja de Jesus Cristo, também a membresia deve ter sua parcela de trabalho e dedicação nas coisas de Deus. Bastam poucas palavras para a necessidade extrema da conduta do corpo de Cristo como um todo, tanto dos líderes quanto dos liderados. “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).
“Mas o justo viverá pela fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele” (Hb 10.38). “Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa” (Lc 6.49).
Se não nos portarmos assim em nossas vidas espirituais – individualmente, o capítulo 8 nunca será uma realidade em nosso meio coletivo. “E chegado o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na pr aça, diante da por ta das águas; e disser am a
Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o SENHOR tinha ordenado a Israel” (8.1). Se você fizer uma busca na expressão – todo o povo se ajuntou como um só homem –, encontrará raríssimo exemplo da mesma dedicação. Mas este não é o resultado de algo fortuito, despreparado, desmotivado, como que por obrigação, mas do preparo de homens que se dispuseram para o trabalho árduo, sem se importar com as dificuldades que enfrentariam. Queriam o bem de Israel, mas acima de tudo – servir ao Deus de Israel que fora ultrajado. O resultado de tal congregação unida em volta dos oráculos de Deus levou inevitavelmente a alguns resultados espirituais inéditos que nem em nossos dias temos visto com clareza. “E leu no livro diante da praça, que está diante da porta das águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens e mulheres, e os que podiam entender ; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei [temos todos estado atentos em nossas congregações?!]... E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra [temos nos inclinado na mesma propor ção de adoração e contrição da alma?!]...
E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei [temos chor ado pelo estado caótico de nossa vida civil, social e religiosa?!]” (Ne 8.3,6,9). O Amém, Amém! sem os ouvidos abertos, rostos em terra e choro sincero não pode mudar o estado de coisas que temos visto e presenciado. A fé, sem o passo da decisão e da coragem, teria deixado Abraão em sua terra natal. Teria poupado Isaque, mas não veria jamais o substituto gracioso de Deus. Teria sufocado Moisés no cesto. Teria sucumbido Josué e Calebe no deserto, sem entrar na terra prometida e desejada. “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas, os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estr anhos...” (Hb 11.32-34). Pois não recuaram diante do preço que poderiam pa-
gar com “escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados... errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé [em outr as palavr as – suas obras testemunharam do poder da fé em ação], não alcançaram a promessa” (Hb 11.36-39). A Igreja de Laodiceia em que vivemos e servimos tem estado pronta para – vencer, praticar, alcançar, fechar, apagar, escapar, tirar, esforçar, expulsar – à altura dos desafios destes últimos dias, pela fé que ela diz possuir?!
A seguir acamparemos juntos às tendas deste povo sofrido.
A Festa das cabanas Uma de nossas notas no livro anterior de Esdras foi dedicada à festa dos Tabernáculos, isto logo após a dedicação das bases do altar do Senhor por Zorobabel e os sacerdotes de então. Agora, neste livro de Neemias, a festa é comemorada novamente depois da reconstrução dos muros terminada, porém acrescenta um novo detalhe – as cabanas. Creio que esta nova festividade ressalta outro detalhe que passamos a comentar.
Você deve se lembrar como comentamos na nota anterior, que todo o povo tinha se reunido como um só homem em Jerusalém, vindo cada um de sua cidade em redor. E leram no livro da Lei tudo o que Esdras passou a ensinar e explicar. E o povo começou a chorar pelo entendimento recém adquirido de que por causa dos pecados de seus pais se encontravam naquela triste situação. Entenderam que o desleixo para com a Lei recebida por Moisés, provocara seu desterro por 70 anos pelas mãos de nações gentias. Mas naquele mês sétimo em que se reuniram agora, a partir do 15º dia não cabia mais o choro. “E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Es-
dras, o escr iba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei” (Ne 8.9). Ainda que tinham entendido que seu estado de miséria se devia às suas culpas e pecados, tanto deles quanto de seus pais, o momento não permitia o choro. Continuemos a leitura com Esdras. “Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força. E os levitas fizer am calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais. Então todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a fazer grande regozijo; porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber” (8.10-12). O contexto deste contentamento ‘forçado’ do povo está no entendimento de que estavam no sétimo mês, como menciona o primeiro verso deste capítulo 8, e certamente duas festas neste mês já haviam passado – a festa das Trombetas e da Expiação. Já fizemos duas notas próprias para estas benditas festas na análise do livro de Levítico. Na segunda festa da
Expiação, o afligir da alma e do choro eram perfeitamente adequados. “Mas aos dez dias desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor. E naquele mesmo dia nenhum trabalho fareis, porque é o dia da expiação, para fazer expiação por vós perante o Senhor vosso Deus. Porque toda a alma, que naquele mesmo dia se não afligir, será extirpada do seu povo” (Lv 23.27-29). O dia da Expiação era o dia máximo daquele povo, quando eles eram nacionalmente perdoados. E quem não choraria diante do perdão gracioso de Deus, sobre criaturas tão miseráveis e culpadas, e que passavam para as costas do substituto animal. Eles – o povo –deveriam ser castigados e queimados, mas a provisão divina de um cordeiro imaculado os substituía favorável e eficazmente. Não nos lembra nada hoje?! É bem provável que pelo peso desta festa fúnebre ao 10º dia, em que morria o cordeiro de Deus que tirava o pecado de Israel, suas lágrimas e dores ainda corriam soltas na terceira e última festa, comemorada ao 15° dia – Cabanas ou Tabernáculos. Notemos um pouco novamente desta festa. “Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis a festa do Se-
nhor por sete dias; no pr imeiro dia haver á descanso, e no oitavo dia haverá descanso. E no primeiro dia tomareis para vós ramos de formosas árvores, r amos de palmeir as, r amos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias” (Lv 23.39-40). Como já disse o sábio, há “tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar” (Ec 3.4). O castigo sobre Israel há havia passado. Choraram e prantearam escravos em Babilônia por 70 anos. Agora eram livres de novo para viverem em sua terra em plenitude. O que foi choro e amargura longa, agora era esperança e alegria como esta festa indicava. Não posso deixar passar esta oportunidade em comparar com nossa Igreja comprada por sangue. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). “Mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14). Abramos outra nota para não tornar o texto tão longo.
Limite dos tempos Abrimos uma exceção para este livro de Neemias com um comentário extra pela importância do assunto. Vamos passar dos limites agora, ou nossa mensagem ficará presa ao futuro certo do perdão nacional de Israel, mas sem um novo despertamento do que vem à frente – para eles e nós principalmente! Israel não podia chorar naquela ‘festa das cabanas’ logo após a reconstrução dos muros de Jerusalém, pois seu julgamento temporário havia passado naquele desterro em Babel. Podiam e deviam lembrar dos motivos para toda aquela miséria a que tinham sido lançados. Mas nova temporada de reconciliação estava aberta a eles, pois uma nova festa (Cabanas ou Tabernáculos) estava se vislumbrando – aquela que indicava seu retorno ao convívio feliz na terra juntamente ao seu Deus. Israel está novamente em sua terra, como nação soberana a partir de 15/05/1948, há exatos 72 anos, 11 meses, 1 semana e 3 dias, contando deste dia (26/04/21) em que escrevo esta nota. Deus, em sua soberania misericordiosa, permitiu que sua figueira novamente florescesse. Ele esperava e ainda espera que seu povo reconheça seu Messias crucifica-
do pela festa da Páscoa a que Ele foi submetido há tantos séculos. Temos visto que jamais como grupo nacional se arrependeram daquele assassinato vergonhoso. Estão satisfeitos em sua terra apesar da distância do seu Deus. Ainda o louvam com os lábios, mas seu coração está looooonge do verdadeiro Messias. Desconhecendo e desdenhando Aquele Jesus que fora feito um pouco menor que os anjos, buscam outro que lhes pareça mais favorável – menos rigoroso, menos radical, menos contundente. Alguém mais ‘soft’, inclusivo. Seguindo o espírito das festas como vimos acima, passaram pelo julgamento divino por 1878 anos de desterro global (desde a diáspora de 70 sob Tito a 1948 sob Bem Gurion), que culminou com o terrível e tão conhecido Holocausto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Mas não reconheceram o tempo de se voltar a Deus e clamar pelo verdadeiro Messias que já morreu, durante todo o descanso destes quase 73 anos. Deus lhes deu momentâneo descanso em sua própria terra, de forma milagrosa, para repensarem todos os seus passos no passado, na tentativa de fazê-los compreender os motivos de tanta desgraça individual e coletiva, e se arrependerem. “Feri-vos com queimadura, e com ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, comeu a locusta; contudo
não vos convertestes a mim, disse o Senhor. Enviei a peste contr a vós, à maneir a do Egito; os vossos jovens matei à espada, e os vossos cavalos deixei levar presos, e o mau cheiro dos vossos arraiais fiz subir às vossas narinas; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor. Subverti a alguns dentre vós, como Deus subver teu a Sodoma e Gomorra, e vós fostes como um tição arrebatado do incêndio; contudo não vos convertestes a mim, disse o Senhor. Por tanto, assim te farei, ó Isr ael! E porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus” (Am 4.9-12). Israel se encontrará com seu Deus no momento mais crucial da humanidade que está prestes a se levantar, porque não reconheceram a visita de seu Messias humano-divino. A tribulação por vir, denominada pela Escritura como ‘angústia de Jacó’, recairá sobre esta nação impiedosamente, juntamente com todas as outras nações por sua associação profana com eles. Mas agora vamos levantar o foco. Assim como Israel está satisfeita em sua terra, como se ela fosse seu maior galardão, também a Igreja do Cordeiro destes últimos dias está satisfeita em sua associação com o mundo e seus ideais limitados pela carne. O testemunho desta era de Laodiceia – acomodada em seus bancos, satisfeita com seu testemunho aparentemente
eficiente, segura de seus louvores vazios, grata pela fidelidade de Deus mas sem se ajustar à vontade Dele, morna na tentativa imunda de agradar a Deus e aos homens – está sendo posto à prova neste exato momento. Já dissemos anteriormente – esta doença global é a primeira de uma série de 3 provações ou tentações que recairão sobre todos indistintamente. Esta provações são indistintas – agem tanto no mundo quanto na Igreja. E esta Igreja não tem entendido nem atendido ao chamado prestes a ocorrer para se encontrar com seu Senhor nos ares. Teima em crer que tudo voltará ao normal, e suas velhas atividades meramente religiosas a se eternizar. Esperar esta atitude do mundo incrédulo é algo totalmente próprio daqueles que estão mortos em seus delitos e pecados. Mas não se poderia esperar isto daquela que se diz viva entre mortos. Em não entender e aceitar a correção do Senhor neste flagelo, mais duas grandes provações recairão sobre ela. Não sabemos o período exato, mas sabemos sem nenhuma sombra de dúvida que dentro de alguns meses, não mais que um ou dois anos, tudo se revelará. O Senhor Jesus não aceitará vestes imundas para seu casamento celestial com a noiva comprada por seu sangue. Assim como seus 3 discípulos foram acordados por 3 vezes de seu sono profundo no momento mais crucial da vida de
Jesus no Getsêmani – e só acordaram realmente minutos antes da chegada do ‘traidor’ – também Ele está nos acordando através destas 3 chamadas globais antes da reunião do seu corpo com Ele mesmo. Tudo se reprisará. Esteja atento.
“Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mor tos, e Cristo te esclarecerá. Por tanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo; porquanto os dias são maus” (Ef 5.13-16). “E porque isso te farei, prepara-te, ó [Igreja], para te encontrares com o teu Deus” (Am 4.12). Este assunto não terminará aqui. Nós o retomaremos no momento oportuno. Findamos assim a análise do livro de Neemias. Ester que nos aguarde!