Altar e Serviço

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Unção

Consagração

Santificação


Maquete do altar do holocausto em madeira, cobre, aço, epóxi e cânhamo, pintados em cobre confeccionado pelo autor


da escrita à edição Márcio Bertachini

Composição – 05/2013 Reedição – 09/2017 Atibaia – São Paulo

ministerioescrito@hotmail.com ministerioescrito.blogspot.com


Temas Alerta.......................................................................07 Entrada ao Sacerdócio ............................................08 1º Um Novilho ........................................13

2º Um Carneiro .......................................17 3º Outro Carneiro ....................................20 O movimento da Oferta ..........................................23 Predicados e exigências do Ofício Sacerdotal ........28 As Luzes e Perfeições do Cordeiro .........................33


Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.

(Jo 15.5-6)


Alerta necessário Abordamos aqui o pano de fundo, como alegoria para a Igreja, dos sacrifícios necessários para a entrada de Aarão e seus filhos ao sacerdócio. Devo salientar com veemência que as figuras a seguir não se referem jamais à entrada do pecador na esfera celestial em Cristo (tão comumente confundidas), ou tratando de outra forma, não trata em hipótese alguma do nosso perdão e justificação necessários para salvação eterna. Uma vez que fomos já aceitos Nele pela regeneração, e portanto filhos de Deus inculpáveis, o Senhor nos conduzirá à esfera do serviço para a propagação do reino de Deus, cabendo a cada um, mediante oração, fé e diligente paciência, compreender seu chamado e qual sua posição ministerial para em tudo agradarmos ao Senhor. Somente deste ponto de vista, as figuras a seguir terão a devida competência, energia e habilidade para trazer à luz a vontade soberana de Deus em Cristo. Recomendamos piamente que não rejeiteis ao que vos fala do céu, pois nós “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo” (2 Co 5.10).

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Entrada ao Sacerdócio

A consagração dos sacerdotes para poderem oficiar no tabernáculo é repleta de ensino. Deles, e por reflexo a nós, que ministramos através de nosso próprio tabernáculo, nossas vidas renovadas em Cristo e ungidas pelo Espírito Santo, dentro do tabernáculo maior, o corpo de Cristo, a Igreja, se diz: “Também farás túnicas aos filhos de Aarão... E vestirás com eles a Aarão teu irmão, e também seus filhos; e os ungirás, e consagrarás e os santificarás, para que me administrem o sacerdócio” (Êx 28.40-41). Estas três palavras não são sinônimas. Mas representam uma sequência de passos indispensáveis,

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seguros e únicos para que os sacerdotes estivessem aptos ao serviço sacerdotal. Estes sacrifícios não representam a entrada à fé em Cristo, ou seja, nossa salvação, pois Aarão e seus filhos foram salvos pela Páscoa, mas representam a entrada ao serviço sacerdotal entre seus irmãos. Inicialmente há a necessidade da unção. A unção fala da escolha ou eleição, da parte de Deus, dos homens que Ele deseja para cumprir um determinado serviço. A unção parte sempre de Deus em favor de seu alvo, seja ele quem for. Embora vivamos num tempo em que os homens tomem esta honra para si, ungindo-se uns aos outros, sem a consulta ou o favor Divino, daí a convulsão religiosa que nos assola e nos confunde. “Então se achegarão os sacerdotes, filhos de Levi (pois o Senhor teu Deus os escolheu para o servirem, e para abençoarem em nome do Senhor...)” (Dt 21.5). Dos atuais sacerdotes em Cristo se diz: “Mas o que nos confirma convosco [Paulo se referindo ao seu ministério entre os gentios] em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus” (2 Co 1.21). “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades [ir para o ministério de evangelização] e deis fruto” (Jo 15.16). “Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis... Para que não haja

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divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado um dos outros... E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores...” (1 Co 12.18,25,28). Esta escolha nos garante, da parte de Deus, os recursos necessários que nos permite a entrada ao mundo espiritual e a energia eficaz para a realização da Sua Vontade. Esta unção, pois, também fala do Espírito Santo como agente capacitante. Mas esta escolha do Senhor gera em contrapartida uma responsabilidade: nossa decisão em obedecer ou recusar Suas ordens. Daí a necessidade da consagração. Se a unção é elemento exclusivamente Divino, a consagração é elemento humano. Mas esta é efeito daquela, jamais o inverso, ou se tornará mera religiosidade. A consagração dos sacerdotes falava da necessidade destes homens se ofertarem ao Senhor como instrumentos em suas santas mãos. Na intersecção santa das duas, a unção para o serviço e a sua entrega voluntária, nasce a santificação prática ou separação deles. Compreenderemos melhor estes três pontos se analisarmos brevemente os sacrifícios envolvidos e necessários para tal resultado, em Êxodo 29 e Levítico 8 em conexão. “Isto é o que lhes hás de fazer, para santificálos, para que me administrem o sacerdócio: Toma um novilho, e dois carneiros sem mácula...” (Êx 29.11).

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A santificação é o objetivo, passando necessária e invariavelmente pela unção e consagração, alimentada pelo sacrifício de Cristo em nosso lugar, composta pelos três animais envolvidos, e que procuraremos entender seu significado mais profundo. Antes, porém, vemos somente Aarão sendo vestido e ungido com o santo azeite. “Depois tomarás os vestidos, e vestirás a Aarão da túnica e do manto do éfode... E tomarás o azeite da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça: assim o ungirás” (Êx 29.5-7). Neste momento, somente Aarão é ungido, pois sendo ele sumo sacerdote, representa Jesus no mesmo ofício futuramente. Em seguida, Aarão será novamente ungido juntamente com seus filhos sacerdotes. Neste momento há somente a unção da pessoa de Aarão com as vestimentas sagradas, como vimos, pois representa a escolha do Filho como sumo sacerdote da parte do Pai. E não há necessidade de sacrifício de sangue para tal unção, pois que Cristo é sem pecado. “O Espírito do Senhor está sobre mim; porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos” (Is 61.1), falando de “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e a virtude” (At 10.38). “Depois, farás chegar seus filhos, e lhes farás vestir túnicas, e os cingirás com o cinto, a Aarão e os seus filhos, e lhes atarás as tiaras, para que tenham o sacerdócio por estatuto perpétuo, e sagrarás a Aarão

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e seus filhos...” (v. 8-9). Agora, a consagração de todos eles se fará através do triplo sacrifício, pois que serão vistos como homens pecadores, necessitando de um substituto capaz.

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1º o novilho

“E farás chegar diante da tenda da congregação, e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho; e degolarás o novilho diante do Senhor à porta da tenda da congregação. Depois tomarás o sangue do novilho, e o porás com o teu dedo sobre as pontas do altar, e todo o sangue restante derramarás à base do altar. Também tomarás toda a gordura que cobre as entranhas, e o redenho do fígado, e ambos os rins, e a gordura que houver neles, e queimá-los-ás sobre o altar; mas a carne do novilho, e a sua pele, e o seu esterco queimarás com fogo fora do arraial: sacrifício por pecado é” (v. 10-14). Neste primeiro sacrifício há uma profusão de ensino. O novilho, em toda a Escritura, está ligado à servidão. A gordura queimada no altar demonstra que o ego, com todas as nossas vontades, deve ser queimado, para adentrarmos ao ministério unicamente com os propósitos do Senhor. Uma análise rápida desta figura nos esclarecerá. “Na sua gordura se encerram, com a boca falam soberbamente” (Sl 17.10). “... os olhos deles estão inchados de gordura... a soberba os cerca” (Sl 73.6-8).

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Assim como a gordura provoca o inchaço do corpo, no campo espiritual vemos Paulo falando da igreja de Corinto: “ (1 Co 5.2; 4.6-8). O ego elevado também foi o motivo da contenda do Senhor com Israel. “Porque o meterei na terra que jurei a seus pais, que mana leite e mel; e comerá e se fartará, e se engordará: então se tornará a outros deuses e os servirá, e me irritarão, e anularão o meu concerto” (Dt 31.20). “E, engordando-se Jesurum, deu coices; engordaste-te, engrossaste-te, e de gordura te cobriste: e deixou a Deus que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação” (Dt 32.15). Lembre-se também de que a condenação do diabo foi a “soberba”. “... para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo” (1 Tm 3.6). Onde há o ego gorduroso, não há, nem pode haver a vontade do Senhor. Em conexão à queima de toda gordura, são queimados do lado de fora a carne, a pele e o esterco, coisas típicas do homem do mundo que se contrapõem à vontade de Deus, de forma simbólica.

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“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado... Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.14,18). “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de

(Rm

6.12-13,16).

(Rm 8.13). “Mas agora despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com seus feitos...” (Cl 3.8-9). “Que, quanto ao trato passado vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano...” (Ef 4.22). Ao contrário do que nos doutrina o mundo, devemos consumir nossa vontade egoísta em favor de todo o corpo. Vemos em Cristo o exemplo maior, que, “sendo em forma de Deus... aniquilou-se a si

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mesmo, tomando a forma de servo... de sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2.5-7). Ao se queimar satisfatoriamente o ego, o Espírito poderá agir livremente, segundo a sua boa vontade. Foi exatamente com esta intenção que Jesus instruiu aos discípulos que o quisessem seguir, registrado em Mt 16.24.

“Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo...”

Retornemos ao ritual.

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2º um carneiro

“Depois tomarás e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro, e degolarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o espalharás sobre o altar em redor; e partirás o carneiro em suas partes, e lavarás as suas entranhas e as suas pernas, e as porás sobre as suas partes e sobre a sua cabeça. Assim queimará todo o carneiro sobre o altar: é um holocausto para o Senhor, cheiro suave; uma oferta queimada ao Senhor” (Êx 29.15-18). Quando formos capazes de nos negarmos, então um novo propósito será a nossa meta. O lavar das entranhas e das pernas falam desta nova vida. “E tendo um grande sumo sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu. E consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras” (Hb 10.21-24). “Estai pois firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz” (Ef 6.14-15).

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“... E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou... Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl 3.10,12). “... e vos renoveis no espírito do vosso sentido: e vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.23-24). O sacrifício deste primeiro carneiro limita-se ao indivíduo, à vontade do Senhor para cada cristão nascido de novo em sua função de sacerdote. O sacrifício anterior, do novilho, não era de cheiro suave ao Senhor, pois era oferta pelo pecado, era a queima de tudo que fosse desagradável a Deus, e naturalmente agradável a nós. Este sacrifício e o próximo são de cheiro suave, pois representam a nova vontade do Senhor em nossas vidas, que naturalmente nos é contrária. Seria a continuação daquela proposição de Jesus. “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz...” Esta cruz que nos é oferecida não é, como se supõe, que os nossos sofrimentos e aflições nos puri-

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ficarão diante de Deus. Em absoluto. Está em intimidade com a própria cruz de Cristo. Negar-se a si mesmo em prol dos outros, tanto bons quanto maus, é o próprio peso da cruz, visto que é contrário à nossa natureza egoísta. Se podemos agora aniquilar nossos desejos pecaminosos é porque Cristo venceu na cruz e ressuscitou para uma nova vida. “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3.12).

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3º outro carneiro

“Depois tomarás o e Aarão e seus filhos porão as suas mãos sobre a cabeça do carneiro; e degolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Aarão, e sobre a ponta das orelhas direitas de seus filhos, como também sobre o dedo polegar das suas mãos direitas, e sobre o dedo polegar de seus pés direitos: e o resto do sangue espalharás sobre o altar ao redor. Então tomarás do sangue, que estará sobre o altar, e do azeite da unção e o espargirás sobre Aarão e sobre os seus vestidos, e sobre os seus filhos, e sobre os vestidos de seus filhos com ele; para que ele seja santificado e os seus vestidos, também seus filhos, e os vestidos de seus filhos com ele” (Êx 29.1921). O sangue nas suas partes direitas, representando o ouvir, o agir e o caminhar, talvez tenha conexão com Hebreus 1.13 a respeito de Cristo: “Assenta -te à minha destra...” É um lugar de honra, e, portanto, deve ser encarado com “temor e tremor”. Se fomos despidos do velho homem queimando a carne, a pele e o esterco no primeiro sacrifício do novilho, os instrumentos fracassados de nossa vontade corrupta, neste seremos revestidos com novos trajes santificados, mas não para nós mesmos. Estas

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vestimentas não falam da nossa pureza moral, como no sacrifício anterior, mas estão ligadas às vestes sacerdotais específicas para o ministério entre os homens, descritas no contexto anterior (Êx 28.4-43), ou seja, falam de uma posição sacerdotal a que fomos promovidos, em nossas obrigações para com o mundo – o ministério de reconciliação – e para com a Igreja de Deus – sua edificação. “E tudo isto provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação... e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse” (2 Co 5.18-20). “Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele” (1 Co 3.10). “Pelo que exortai-vos uns aos outros, e edificai-vos uns aos outros, como também o fazeis” (1 Ts 5.11). O sangue espargido sobre as novas vestes mostra que esta santificação provém exclusivamente do sangue de Cristo em nosso lugar, e o azeite da unção é o Espírito que “vivificará os vossos corpos mortais” (Rm 8.11). Tanto a vestimenta como a santificação da vestimenta, tudo vem do Senhor. A única parte que nos caberia seria nossa consagração, nosso ego levado à cruz para morrer, ressurgindo o homem novo

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que é de Deus segundo seu Espírito. Somente o homem renovado em Cristo pelo Espírito Santo e devidamente empossado pelo Senhor em seu ministério, pode ouvir, caminhar dignamente diante dele e ainda atender-lhe em seus santos desígnios. E santificado assim, o mundo já não lhe pertence, e este mesmo mundo que vive das suas corrupções não pode entender suas atitudes e motivações que afloram do novo caráter de Cristo nele. Mas este terceiro sacrifício não para por aqui.

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O movimento da oferta

“Depois tomarás do carneiro a gordura, e a cauda, e a gordura que cobre as entranhas, e o redenho do fígado, e ambos os rins com a gordura que houver neles, e o ombro direito, porque é o carneiro das consagrações; e uma fogaça de pão, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão do cesto dos pães asmos que estiverem diante do Senhor, e tudo porás nas mãos de Aarão, e nas mãos de seus filhos; e com movimento o moverás perante o Senhor. Depois o tomarás das suas mãos, e o queimarás no altar sobre o holocausto por cheiro suave perante o Senhor; oferta queimada é ao Senhor” (Êx 29.22-25). A continuação deste terceiro sacrifício torna mais vivo o que propusemos antes, ou seja, que ele atende às necessidades do corpo de Cristo, e não a nós mesmos, visto que está em conexão com os pães asmos, ilustrado em 1 Coríntios 5.7-8. “Alimpai-vos pois do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da

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malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade”. Cada crente verdadeiramente assim santificado passa a fazer parte desta nova massa, pois que estão “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Jesus Cristo é a pedra da esquina: no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2.20-21). “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos [os dois rins com sua gordura], quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1 Co 12.12-13). Se cada indivíduo queimar sua própria gordura, então toda a massa terá queimado toda a gordura, representado pela queima desta nova gordura. Assim completa-se a instrução do Mestre com o movimento da oferta em Mt 16.24.

“Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”

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Todos estes sacrifícios, bem como todos os outros sacrifícios que nem chegamos a comentar, foram substituídos pelo único sacrifício eficaz, perene e celestial.

(Hb 10.10-

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“Mas vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e de bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza duma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.11 -14). A suma de tudo que temos dito é: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).

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(2 Pe 3.11). Perceba, ó leitor, a profundeza de detalhes somente nesta questão da consagração de Aarão e seus filhos para o sacerdócio. E o que se dizer do ministério mesmo? E de todos os sacrifícios complicados e repletos de detalhes em Levítico? E tudo não passava de sombra. Somente apontavam para o verdadeiro sumo sacerdote, Cristo, e seus coerdeiros, o corpo de Cristo. Nisto podemos compreender melhor o motivo do enorme castigo de Satanás ao desprezar, no céu, o mais excelente dos Ministérios. E pela graça e infinita misericórdia de Deus, Ele nos convida a participar deste corpo santo, tendo o privilégio incomparável de ministrarmos juntamente com os anjos nos novos céus e nova terra. “ E a chave para a entrada a este reino de luz é Jesus Cristo, feito “sacerdote eternamente” (Hb 5.6), o qual, “sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.9). “Ora a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.1-2). “E ninguém toma para si esta honra, se não o que é chamado por Deus, como Aarão. Assim tam-

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bém Cristo se não glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu filho, hoje te gerei. Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque... Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas segundo a virtude da vida incorruptível” (Hb 5.4-7; 7.16). “Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.24-25). “Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.26). Não poderemos comentar tudo o que concerne ao ofício sacerdotal e substitutivo de Cristo, visto que seria necessário um tratado Teológico. Vamos apenas comentar os pontos principais, visto que é por ele que temos acesso ao Pai.


Os predicados e exigências do Ofício Sacerdotal

Primordialmente devemos lembrar que Jesus “veio para o que era seu” (Jo 1.11), ou seja, veio para cumprir as promessas de restauração da nação de Israel, através do perdão dos pecados (Jr 31.31-34), para em seguida implantar o Reino dos céus, com sede em Jerusalém e Davi como seu corregente. Leia Ezequiel 34.23-30. Israel deveria tê-lo compreendido. A implantação do Reino era necessária sim, porém, antes, era mais necessária a resolução do problema do pecado da nação. Eles se portaram exatamente como no deserto. Preocupavam-se exclusivamente com seus problemas carnais, depois com os espirituais, se é que pensavam nos espirituais, precisamente como vemos hoje.

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João Batista veio anunciando um Cordeiro, não só um Rei. Querer inverter a ordem Divina é sempre típico do homem, seja quem for. Mas vamos avaliar melhor a situação de João Batista. De quem era filho? “Existiu no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Aarão; e o seu nome era Isabel. E eram ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade. E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem de sua turma, segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso” (Lc 1.5-9). Em seguida, o anjo Gabriel aparece no templo e lhe profetiza o nascimento de um filho “no espírito e virtude de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos; com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lc 1.17). Ora, se Zacarias era sacerdote, João Batista também o era por sua linhagem sacerdotal. O sacerdote, como vimos, tem por função “oferecer dons e sacrifícios” (Hb 8.3),

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(Lc 3.3), “vestido de pêlos de camelo, e um cinto de couro em torno dos seus lombos” (Mt 3.4).

Mas apesar do seu sacerdócio não ter sido vinculado às ofertas no templo do Senhor, todavia, como sacerdote que era, apresentou o verdadeiro “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.2). E assim como João vinculava “os frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.8) à vinda do Reino dos céus, Jesus começou fazendo o mesmo. “Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: (Mt 4.17). A sua proposta é simples: sem arrependimento, sem Reino. E onde encontramos este arrependimento de Israel?

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Israel, como nação, jamais se arrependeu de toda sua rebeldia e incredulidade. Não creram nos profetas a eles enviados, muito menos em seu Messias. Sobre esta recusa, Malaquias já colocava de forma condenadora. “O filho louvará o pai, e o servo ao seu Senhor; e, se eu sou Pai, onde está a minha honra? E, se eu sou Senhor, onde está o meu temor? diz o Senhor dos Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome e dissestes: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do Senhor é desprezível. Porque, quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! Ora, apresenta-o ao teu príncipe: terá ele agrado em ti? Ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos Exércitos. Agora, pois, suplicai o favor de Deus, e

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ele terá piedade de nós: isto veio da vossa mão; aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos Exércitos. Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação. Mas desde o nascente do sol até ao poente será grande entre as nações o meu nome” (Ml 1.6-11). O Espírito de Deus adverte aqui que Ele não aceitaria a oblação do corpo de Cristo pelas mãos de Israel, porque nunca houve arrependimento de sua parte, e assim, com esta recusa, a sua condenação seria justa e cabal. Mas das nações debaixo do sol ele aceitaria, tanto que Cristo foi oferecido pelas mãos de César. Em sua santa soberania, coube a Deus endurecer o coração de Israel para dar oportunidade de arrependimento aos gentios, e formar um novo corpo: o corpo de Cristo, a Igreja. Este período já dura aproximadamente dois mil anos, e com seu término, Deus voltará a tratar com a rebelde Israel. Cumprir-se-á o que fora dito pelo sumo profeta: “Porque eu vos digo que desde agora não me vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 23.39). Este encontro marcado já há tanto tempo está prestes a ser atendido.

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As Luzes e Perfeições do Cordeiro Mas voltando a olhar para a cruz, ali Jesus cumpre todos os desígnios de Deus para o homem e para Deus mesmo. Na cruz, Ele é “justo e justificador”; é “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”; é a “virtude do Altíssimo”; é “o caminho, e a verdade e a vida”; é “a pedra principal de esquina”; é “a luz que alumia todo o homem que vem ao mundo”; é “a misericórdia e a graça”; é “a água”; é “o pão da vida”; é “a porta” e o “pastor das ovelhas”, o “bom” e “Sumo Pastor”; é a “ressurreição e a vida”; é a “videira verdadeira”; é o “Filho do homem, que está no céu”; é o “Servo”; é o “Santo”; é o “Justo”; é o “Príncipe”; é o “Salvador”; é a “semelhança da carne do pecado”; é o “Nome que está acima de todo o nome”; é a “paz de Deus que excede todo o entendimento”; é o “propósito e a Vontade de Deus”; é o “Filho amado em quem se compraz a minha alma”; é a “Sabedoria: justiça, e santificação e redenção”; é o “segundo homem, e o Senhor

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do céu”; é o “Sim e o Amém para todas quantas promessas há de Deus”; é a “Glória de Deus”; é a “imagem de Deus”; é a “iluminação do conhecimento da Glória de Deus”; é o “ministério da reconciliação”; é o “resgate da maldição da lei”; é a “circuncisão do coração”; é o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”; é a “redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas segundo as riquezas de sua graça”; é o “cabeça da igreja”; é a “dispensação da graça de Deus” e a “dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus”; é a “couraça da justiça, o escudo da fé, o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”; é o “Verbo de Deus”; é o “Senhor”; é a “Palavra de vida”; é a “vida eterna”; é o “poder de Deus, para nós, que somos filhos, e loucura para os que perecem”; é onde “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”; é a “palavra agradável temperada com sal”; é o “trabalho do amor e a paciência da esperança”; é o único “Mediador entre Deus e os homens”; é a “abolição da morte”; é o “despojamento dos principados e potestades”; é o “resplendor da glória e a expressa imagem da pessoa do Pai”; é o “mistério da piedade”; é a “palavra fiel e digna de toda aceitação”; é o “grande sumo sacerdote perfeito para sempre”; é o “Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo”; é o “Novo e melhor Concerto”; é o “autor e consumador da fé”; é o “sangue da aspersão que fala melhor do que o de Abel”; é o “mesmo ontem, e hoje, e eternamente”; é o “sangue do concerto eterno”; é o “cordeiro imaculado e incontaminado

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conhecido ainda antes da fundação do mundo”; é a “pedra eleita e preciosa de Deus”; é a “propiciação pelos nossos pecados”; é a “fiel testemunha, o primogênito dos mortos”; é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores”; é o “Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos”; é o “verdadeiro e Santo Dominador”; é o “que era, e que é, e que há de vir”; é a porta do tabernáculo, e o átrio, e o altar do holocausto, e a bacia de cobre, e o candelabro, e a mesa dos pães da proposição, e o incensário, e a fumaça do incenso, e o véu, e a arca, e o testemunho, e o propiciatório; é o “Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro”; é “Deus bendito eternamente”. Amém! Chegamos à página mais inspirada, gloriosa e imarcescível deste livro. Jesus cumpriu tudo. Nenhum outro ser, celeste ou terreno, em qualquer época remota ou futura, possui as mesmas virtudes, conquistas e direitos, seja por direito adquirido ou em sua essência. “Está consumado”, como Ele mesmo proferiu na cruz. Com sua morte em nosso lugar, resolveu o maior dos problemas do homem e do Universo: o pecado; porque “Ele se fez pecado por nós”. Por Ele, temos livre acesso ao Pai, e o tabernáculo terrestre torna-se apenas uma lembrança. Pelo corpo de Jesus, poderemos, todos nós os que crermos e aceitarmos sua salvação e senhorio, caminhar pelo “meio da sua praça”; banharmo-nos no “rio puro da água da vida, clara como cristal”; achegarmo-nos com confiança e ousadia ao “trono de Deus e do Cordeiro”; maravi-

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lharmo-nos com os “doze fundamentos do muro” da “santa Jerusalém”. Ap 21.4). Que gloriosa esperança! É infinitamente superior ao que nos sugere o mundo. “Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos socorridos em tempo oportuno... Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne... Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.16; 10.20; 4.15).

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