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SENSAÇÕES TELEVISÃO
Ases na cozinha, estrelas na TV Correm o mundo, vendem milhões de livros e arrastam verdadeiras legiões de fãs que nem estrelas rock. Conheça os chefes-celebridade que invadiram os ecrãs da televisão e as estantes das livrarias. TEXTOS DE MARIA JOÃO BOURBON
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iga-se a televisão e eles estão em todo o lado: Jamie Oliver a percorrer Itália numa velha carrinha para conhecer os sabores locais ou a invadir as escolas do Reino Unido para ensinar as crianças a comer melhor (SIC Mulher); Anthony Bourdain a comer o mundo no premiado “Não Aceitamos Reservas” (SIC Radical); Gordon Ramsay a gritar e insultar os concorrentes de “A Cozinha É Um Inferno” (SIC Radical); Tom Colicchio (“Top Chef”, Sony Entertainment) e George Calombaris (“MasterChef Australia”, SIC Mulher) a alimentar os sonhos dos potenciais chefes do futuro; ou ainda as belas Nigella Lawson e Sophie Dahl a condimentar as suas receitas com doses massivas de sensualidade (SIC Mulher). As novas estrelas da culinária saíram da cozinha, invadiram o pequeno ecrã, encheram os escaparates das livrarias e vingaram no mundo da publicidade. Viraram verdadeiras celebridades que, mais do que comida ou receitas, vendem a sua imagem. São marcas que geram identificação, confiança e têm um efeito sobre o consumidor. Basta entrar nos bastidores dos programas de Jamie Oliver para perceber que os ingredientes do seu sucesso vão muito além da cozinha. A receita é servida com uma boa dose de marketing, que não se esgota na presença na televisão. Por exemplo, o último livro de Oliver, “Jamie’s 30-Minute Meals” (“Refeições de Jamie em 30 Minutos”, numa tradução literal), vendeu já mais de 1,5 milhões de livros no Reino Unido, tornando-se o livro de culinária mais vendido de sempre no país. O jovem chefe britânico não está sozinho. Os 76
REVISTA ÚNICA · 23/07/2011
Jamie Oliver Gordon Ramsay
Tom Colicchio
Escocês, 44 anos “Isto é a coisa mais nojenta que provei em toda a minha vida!”, grita o chefe depois de cuspir para o chão. “Vai-te embora daqui!” Não é fácil agradar a Gordon Ramsay, o diabo da gastronomia que, quando quer, pode tornar qualquer cozinha num inferno. Gritos, palavrões e pratos partidos são alguns dos ingredientes de sucesso do seu reality show “Hell’s Kitchen” (“A Cozinha É Um Inferno”, SIC Radical), onde chefes profissionais e amadores procuram dar um impulso à carreira. Ramsay conhece bem o caminho até ao sucesso: gere um império de 28 restaurantes com várias estrelas Michelin e é o terceiro chefe mais rico do mundo, segundo a revista “Forbes”. Ingredientes: palavrões, exigência e qualidade Programa de televisão mais recente: “A Cozinha É Um Inferno”, SIC Radical Último livro editado: “Ramsay’s Best Menu” (2010)
Norte-americano, 49 anos Muito mudou na vida deste natural de Nova Jersey desde que, aos 14 anos, começou a fazer hambúrgueres e sanduíches de queijo num snack-bar. Hoje, é um chefe mediático, galardoado com vários prémios de gastronomia, dono de vários restaurantes, incluindo os nova-iorquinos Craft e Colicchio & Sons. Mas é como jurado e produtor do programa “Top Chef” que a maioria das pessoas o conhece. Grava uma temporada durante um mês intensivo e, no seguinte, está pronto para voltar à cozinha. Os seus méritos com os alimentos vão muito além da cozinha. Numa festa, salvou a vida a uma mulher que se engasgara com um pedaço de frango, aplicando-lhe a manobra de Heimlich. Ingredientes: técnica, precisão e autodidatismo Programa de Televisão: “Top Chef”, Sony Entertainment Último livro editado: “Witchcraft” (2009)
Inglês, 36 anos É uma máquina de fazer dinheiro: tem uma produtora de televisão, vários livros e artigos de cozinha, e uma cadeia de restaurantes. E é também um génio da comunicação oral, capacidade que o trouxe para a televisão quando ainda era um jovem e inexperiente cozinheiro. Nada o inibe de falar, nem o facto de ser “sopinha de massa”. Fala para a câmara, depressa e sem se atrapalhar, num sotaque típico da classe operária — que não é seu e se esforça por manter. Já percorreu Itália numa carrinha ‘pão de forma’ para ir ao encontro das raízes da sua cozinha favorita e lançou campanhas para levar a alimentação saudável a escolas britânicas e americanas. Com ele, comer bem é cool. Ingredientes: estilo, humor e simplicidade Programa de televisão mais recente: Jamie Oliver em Itália, SIC Mulher Último livro editado em português: “Cozinhar com Jamie Oliver” (Livraria Civilização, 2010)