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Protegendo os que nascem frágeis
from OSSOS DO OFÍCIO
by COEP Brasil
excluídas, que vivem à margem. Isso não é conjuntural - é histórico. E com a estrutura ainda em formação, sem grandes certezas, a incerteza é permanente dos dois lados, determinando o que chamamos de "a dinâmica do novo." Essa dinâmica de arriscar, de correr riscos, só é possível com a inevitável renovação de quadros. Quanto às instituições privadas, a grande preocupação é a necessidade do retorno financeiro. Trabalhamos com uma população que não é mercado. Se fosse, teria os instrumentos já consolidados: escolas, assessorias e consultores. Como obter resposta financeira com
É muito produtivo você aprender assim coisas diferentes, cada dia coisas novas. Eu estava sempre no médico e falei "vou entregar minha vida nas mãos de Deus. Vou trabalhar" E estou ficando boa. Não sinto mais uma série de problemas que sentia antes. TO conseguindo reagir O trabalho pra mim representa tudo. É a minha vida.
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Lecilda Freitas de Arruda cooperativada
Funções
. Capacitação: Montagem e coordenação de cursos, produção de material didático e treinamentos
. Formação: Organização do grupo a ser cooperativado, formação em cooperativismo, acompanhamento de gestão
. Projetos: Atividades da cooperativa, viabilidade econômica, acompanhamento técnico
. Administração: Legalização da empresa, administração e acompanhamento financeiro
um processo que, no fundo, é educacional? Como não se constituem em mercado e não têm resposta financeira, como manter o projeto? Poderiam até vir a ser mercado num segundo momento mas, na prática, o caráter privado não é compatível com os seus objetivos e sua lógica financeira certamente desviaria o eixo principal ao_ trabalhar apenas com aqueles grupos identificados como mercado.
Na universidade - e não vemos a universidade como um todo - temos quadros, gente nova, o caráter interdisciplinar e a busca do conhecimento. A universidade possibilita o crescimento de grupos. Como qualquer instituição tem lógica própria, mas não conhecemos outros espaços com nichos para a dinâmica do novo e de vanguarda, que ocorra no seu âmbito sem, efetivamente, ferir a grande estrutura. Os processos acontecem com a certeza de que ela, enquanto instituição, jamais será sequer semelhante ao que está sendo vivenciado. Mas enquanto reproduz determinado modelo, ela propicia que outros existam. Convive com as diferenças, com forte grau de autonomia.
E, à medida que parte da universidade consiga perceber essa realidade, é possível uma mudança no seu próprio eixo de conhecimento, no sentido de ser um campus avançado de fomento de novos conhecimentos e processos transformadores. Constatamos isso quando começam a surgir outros grupos universitários interessados no projeto, procurando a Incubadora como campo de pesquisa. E não são poucos os grupos que têm nos procurado.
Foi decisivo tudo acontecer na universidade por ser também um espaço que possibilita a neutralidade, embora existam naturalmente correntes políticas e ideológicas que interagem, às vezes, de formas até conflitantes. Mas sua legitimidade social nos permite uma aproximação muito mais ágil, ao contrário, por exemplo, de quando o contato com a comunidade é feito em nome de governos. Nestes casos, a tendência é a imediata identificação com poderes
Atuação dos setores
9apacitaçãO") Formação de Treinamento cooperativa Legislação Mercado
Protegendo os que nascem frágeis
As incubadoras de empresas são projetos recentes e bastante modernos no mundo inteiro. O objetivo primeiro é proteger algo frágil que está 1 começando a existir Há muito pouco tempo o mercado mundial contatou o enorme potencial existente no meio acadêmico para a geração de empresas e novos negócios. Na década de 80, a própria conjuntura pressionou para que se aprofundasse a discussão sobre a necessidade de criar espaços para que estas sementes germinassem. A partir de então a proposta das incubadoras se fortaleceu e começou a ser difundida intemacionalmente.
Existem hoje, no Brasil, 70 incubadoras. Em 90 eram 8. A perspectiva é de que no final de 1998 estaremos ultrapassando a barreira de 100 incubadoras instaladas, em sua grande maioria — cerca de 70% — em universidades e voltadas para empreendimentos de base tecnológica. Muitas estabelecem parcerias com associações empresariais e prefeituras. Nos EEUU, ao contrário, existem 530 unidades em operação e apenas 30% como incubadoras de alta tecnologia. Grande parte dos projetos no mercado americano é dirigida a segmentos específicos da população. Existem desde incubadoras para estimular geração de empresas para mulheres até aquelas que investem em tribos indígenas.
Na Coppe, o projeto da Incubadora de Empresas começou a ser discutido em 1990, mas só inidamos, efetivamente, as nossas atividades em 1994, exatamente no prédio onde, poucos anos depois, foi instalada a Incubadora de CooperatiNás. O grande diferencial é que a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Popularesié absolutamente pioneira no Brasil.
Temos registrado na nossa associação um enorme interesse entre os participantes sobre esse trabalho que hoje consta de nossa pauta de discussões como um tema da maior relevância. A"incubação" de novos negócios é, na prática, um mecanismo muito vivo que se presta para várias atividades. Temos, por exemplo, na UFRJ uma incubadora que abriga artistas plásticos. Mas o que marca a diferença deste projeto é o seu potencial de gerar empregos, dando oportunidade de melhoria de condições de vida à população carente.
O momento agora é de apoiar essa experiência da Coppe, em função do seu pioneirismo e de sua importância social, no sentido de amplificar e dar maior divulgação para que os resultados não só sejam conhecidos como multiplicados.
Mauricio Guedes Pereira Coordenador da Incubadora de Empresas — COPPE/UFRJ e presidente da AssoCiação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas