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Prefácio: Preservar o passado, garantir o presente, apostando no futuro
from OSSOS DO OFÍCIO
by COEP Brasil
sensibilidade e O Brasil é um país que tem parte de sua memória perdida na história de muitos cidadãos anônimos. A vontade política eles, que dirigem sua fé para a construção de um futuro mais digno, que conseguem fazer da esperança uma bandeira, e do seu duro cotidiano uma trincheira de luta e festa, dedicamos esse livro. A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares tem um rosto muito semelhante ao do povo brasileiro, com os seus vícios e as suas virtudes. Relatar nossa trajetória e a construção desse projeto passa necessariamente por um registro de caráter documental. Seria lamentável que nossa história se perdesse com as pessoas que ainda hoje, no dia-a-dia, a estão escrevendo, porque, sem dúvida, essa é uma história que ainda está sendo escrita. Retratar, em plena crise social e económica, um país que pode dar certo e ações positivas que vêm acontecendo nos seus subterrâneos, mesmo reconhecendo todas as dificuldades, é tarefa inadiável. Além de sistematizarmos informações que podem servir de referência a outros grupos e estudiosos que se interessem pelo cooperativismo popular ou trabalhem em áreas afins, provocamos internamente um processo reflexivo. A oportunidade de poder parar para pensar no que se está fazendo é sempre produtiva. Os fatos poderiam ser abordados a partir de vários ângulos: realizações, dados estatísticos, cronologia do processo ou relato institucional, entre muitos outros. Optamos por duas vertentes. A primeira reconhece que a história da construção da incubadora é também a história da construção das cooperativas populares, ou seja, esse é um projeto de construção coletiva. Não nasce pronto: é fruto de todos os que somaram suas forças nessa caminhada. Esta a razão que nos levou a convidar, além da equipe técnica e dos cooperativados, todos aqueles que, com o respaldo de suas instituições, participaram direta ou indiretamente deste processo. Alguns, por questões operacionais de produção ou dificuldades no sistema de comunicação, infelizmente, não puderam documentar sua participação nos quadros de depoimentos. Mas, com certeza, isso não diminui a cumplicidade vivenciada tanto nos momentos difíceis quanto na celebração das vitórias. Buscamos também complementar esse trabalho e ampliar o debate, com depoimentos de formadores de opinião e personalidades do cenário nacional que, pela prática de seus ofícios, de alguma
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maneira se identificam com nossos objetivos. A outra vertente que definiu a linha editorial desse trab l alho foi a divulgação de informações sobre as cooperativas e a incubadora, de maneira a contribuir com aqueles que se dispõem a estudar novas relações de trabalho a partir de experiências em desenvolvimento. Entendemos que, no momento em que a Incubadora de cooperativas populares se transforma num modelo de ação da universidade no combate ao desemprego e à exclusão, com metodologia desenVolvida para ações de inserção social, a partir da inserção econômica' tomase fundamental expor toda a complexidade, conflitos e dificüldades que existem por trás de resultados tão positivos. O modelo em discussão é reflexo de crises e fruto de ' ,muitos conflitos. Neles, moldamos parte de nossa estrutura. A sensibilidade dos técnicos, a confiança e a vontade de vencer dos cooperativados são as fórmulas mínimas para o sucesso do projeto. É a partir destas leituras que contamos aqui a nossa história, conscientes de que a incubadora nasce num momento de restruturação econômica. Uma restruturação que não se limita aos excluídos, interfere no mercado formal e se estende a uma ampla parcela da sociedade. Por isso, projetos como o da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares suscitam tanto interesse, polêmicas e discussões. Esse não é um trabalho dirigido aos excluídos. Mim processo de restruturação econômica, extrapola o campus e toma outra dimensão na busca de alternativas para o grave momento que vivemos no campo das novas relações estabelecidas em conseqüência da internacionalização da economia. A Incubadora se insere hoje num debate nacional sobre novas relações de trabalho, envolvendo questões como cooperativismo, mercado, legislação e sistemas de crédità.
A responsabilidade de implantá-las em todo o Brasil, respeitando as formas de organização dos trabalhadores e as culturas locais, é tão grande quanto o compromisso de crescer sem jamais relegar a um segundo plano a sensibilidade.
Não sei em quanto tempo vamos fazer, o que importa é o que faremos nesse tempo.
preservar o passado, garantir o presente, apostando no futuro
Criada para o fomento e o desenvolvimento científico e tecnológico, a Finep atua em uma vertente que trata, especificamente, da contribuição da ciência e da tecnologia para a solução de demandas sociais. Em tempos de globalização e internacionalização das economias o emprego é uma questão central. Formalizar propostas e incentivar a reflexão, de maneira a ver com mais clareza os fatores que determinam essa tendência, e suas conseqüências para a sociedade, é tarefa prioritária. Recentemente a Unkamp coordenou, junto com o Instituto de Economia da UFRJ, uma pesquisa para definir quais os pontos determinantes da competitividade da indústria brasileira. O Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira computou, além dos fatores tecnológicos, absorção de novas tecnologias, políticas gerenciais incorporadas ao longo dos anos e uma série de outros mais setoriais, um conjunto de itens que influem diretamente na competitividade denominados "fatores sistêmicos": a empresa é afetada como um todo a partir das relações de trabalho. A pesquisa chama a atenção para a necessidade dos empresários se preocuparem com as condições que o trabalhador tem para participar do sistema produtivo. A partir destas conclusões, a Finep estimulou a realização de novos estudos e lançou o programa Educação para a Competitividade, oferecendo às empresas financiamento para programas educativos de formação básica e ensino fundamental a seus trabalhadores - uma das maiores carências no âmbito dos fatores sistêmicos que afetam a competitividade. No campo da educação, o nível do trabalhador brasileiro é muito baixo em relação aos demais países. Isso dá ao pais uma posição extremamente desconfortável no contexto da globalização e da reestruturação produtiva. Investimos em novos estudos para saber o que as empresas já estão fazendo nessa área, quais as tendências e qual seria a receptividade do programa, ampliando a discussão com diversos setores. Foi firmado um convênio com o Codefat - Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, onde a Finep financia projetos desse e de outros programas considerados importantes na linha de oferecer melhores condições de trabalho e de incentivar a expansão