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Responsabilidade social
from OSSOS DO OFÍCIO
by COEP Brasil
Estava muito difia7, não tinha para onde correr Muita coisa mudou. Porque tem as amizades, tem os amigos. Quando um não tem, o outro vem, ajuda. Quando um não traz comida, o outro traz e &Ade. Tem aquele amor aquele carinho com o outro. É, sem dúvida, o verdadeiro sentido do cooperatMsmo.
Geralda de Magela Batista cooperativada
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para início de O cooperativismo popular está em pauta e se reflete no .brilho dos olhos de um grande contingente de cidadãos C brasileiros. É através do cooperativismo, ou seja, da inserção econômica, que esses grupos atingem a tão sonhada inserção social. É a partir dessa realidade - entendendo o cooperativismo como um instrumento e não como um fim - que a equipe técnica da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, cooperados, formadores de opinião, acadêmicos e instituições que nos acompanham nesta caminhada, relatam nesta publicação a construção de um projeto que estabelece novos parâmetros nos debates sobre as relações de trabalho. São histórias de vitórias e derrotas, dúvidas e certezas, dores e festas, mas permanentemente de lutas e transformações. Nosso objetivo primeiro é a inserção social de grupos excluídos que se utilizam do cooperativismo como instrumento político e econômico, buscando viabilizar uma saída coletiva em um sistema que sempre lhes foi desfavorável. De uma maneira geral, não nos consideramos uma equipe de promoção e divulgação do cooperativismo, mas até agora foi essa a forma mais positiva que encontramos para atingir nossa principal meta. O que, a princípio, se desenhava como um projeto conjuntural, que tinha como público-alvo grande parcela da população em processo progressivo de exclusão do mercado de trabalho, hoje, após longo período de observação e convivência, o que se vê são pessoas que não "estão" excluídas. Elas "são" - e sempre foram - excluídas. A grande verdade é que o cooperativismo está servindo não só para inserir aqueles que nessa nova conjuntura estão perdendo o mercado mas, principalmente, aqueles que historicamente nunca o integraram. É com esse Brasil que trabalhamos.
Responsabilidade social
Aimplantação da Incubadora de Cooperavas da COPPE traduz uma • sintonia absoluta com o cenário internacional. Trata-se de uma iniciativa arrojada, capaz de apontar às comunidades de baixa renda os caminhos da organização e da geração de trabalhos mais dignos. O sucesso do projeto comprova que ações simples, implementadas com metodologia e determinismo podem ter, na prática, um forte impacto social. Do ponto de vista da prestação de serviços para instituições públicas, podemos constatar na UFRJ ,mais especificamente no Centro de Tecnologia, a eficácia do trabalho cooperativado ao substituir o serviço de limpeza, até então, feito por ., pessoas contratadas, com baixa remuneração, pelo da cooperativa. Além de Caro, o serviço não atendia às nossas necessidades. Com a mudança, pudemos : ' . constatar claramente Gomo a organização de pessoas de urna mesma comunidade gera uma relação de cooperação e compromisso com o trabalho. i A COPPE possui uma forte vertente social. Desenvolvemos vários projetos na área de engenharia destinados a questões de interesse público. Nosso intuito é apoiara expansão da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, min base em tecnologias e metodologias desenvolvidas na universidade, transformando-a em um programa nacional. Através deste projeto mantemos nosso compromisso com a sociedade, formalizando as relações já estabelecidas, e apontando caminhos e soluções viáveis capazes de gerar oportunidade e inserir, de forma digna, um contingente cada vez maior de pessoas no mercado de trabalho. Esta é uma iniciativa que pode se propagar em todo o pais, onde grande parcela da população encontra-se alijada do mercado formal. No Rio de Janeiro as cooperativas populares se transformaram num forte incentivo para muitoS que passaram a ver no trabalho organizado uma oportunidade e esperança de uMa nova vida.
Segen.Estefen Diretor da COPPE •
Cronologia institucional da Incubadora 05 de janeiro 1995 . Reunião no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ . Articulação — Comitê das Entidades Públicas no Combate à Fome pela Vida — COEP . Instituições COPPE/UFRJ — GCOOP/BB — SUPER-RJ/BB
O que eu mais gosto é quando discutimos o que é melhor para a gente, quando ouvimos a opinião de todos. Não é uma pessoa que decide, mas a gente que decide. É a parte do voto, do pessoal ouvir o que você sente, o que você pensa e o que você quer Quando sentamos e decidimos, a opinião da gente é válida.
Marcelo Siqueira da Silva coo perativado
Primeiro semestre 1995 . Elaboração da primeira proposta -COPPE/GCOOP/BB . Primeiro apoio - FINEP/FBB
Maio 1995 . Convênio para criação
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Signatários: FINEWFBB/BB/COPPE
No stricto sensu, o cooperativismo popular não existe. Existe o cooperativismo como um sistema econômico, tanto aos olhos do Estado, quanto do ponto de vista da legislação. Por isso, para sua maior visibilidade, era fundamental nomeá-lo. É como a elaboração das leis. Numa sociedade com diferenças sociais tão evidentes, a legislação é feita, ou deveria ser, exatamente para evitar injustiças. Utilizar o mesmo instrumento econômico para uma sociedade com tantas desigualdades é adotar, inevitavelmente, uma postura injusta. Era necessário criar outros padrões, outros indicadorõs, que definissem e que pudessem subsidiar as políticas governamentais que poderiam surgir no âmbito do projeto. ! Hoje, quando falamos em cooperativa popular, estamos I definindo que aquele grupo social ao qual nos referimos é diferenciado e, como tal, merece um tratamento diferenciado. Na medida em que 1 nosso trabalho venha a subsidiar políticas públicas, é importante que I os governos tenham referenciais para determinar suas ações. Quando pleiteamos que cooperativas populares não paguem a taxa de alvará, 1 mas paguem a sua renovação, estamos afirmando que aquelas pessoas não têm condições de pagar. Não estamos afirmando queas cooperativas de um modo geral não devem pagar. Quando insistimos que o crédito tem que ser diferenciado, estamos dizendo para quem deve ser diferenciado.
Para marcar essas diferenças, para definir diretrizes políticas, é necessário conceituar o grupo com o qual se está trabalhando e, principalmente, ter clareza das conseqüências do processo, no sentido de evitar a má utilização desse importante instrumento.
A primeira vez que utilizamos a expressão "cooperativismo popular"- que não é invenção nossa, muito ao contrário, e senso comum - houve muito conflito dentro do próprio s stema cooperativista que a entendia como uma vontade nossa de criar um i novo patamar ou um elemento estranho ao sistema. Viram muito
Segundo semestre 1995 . Apoio na implantação da COOTRAM - Universidade Aberta-FIOCRUZ/COPPE/UFRJ/Universidade Federal de
Santa Maria
Convênio: Fundo Municipal de Desenvolvimento Social — Fundo Rio — Secreta ia Municipal de Desenvolvimento
Social — SMDS/COPPE
1° semestre 1996 . Inicio das atividades . Formação de cooperativas — Baixada Fluminense e Favelas Cariocas
mais como um fator divisor do que como uma via de integração. Utilizávamos sempre o exemplo da habitação popular.
Quando se classifica habitação e habitação popular, não se está desqualificando a habitação, e sim dizendo que, do ponto de vista legal, em termos de financiamento, de requisitos urbanísticos, ela tem que ser diferenciada para que possa vir a integrar parcela considerável da população. E, hoje, na legislação, o que é habitação popular tem, por exemplo, juros diferenciados no sistema de crédito.
2° semestre 1996 . Inauguração da Incubadora . Convênios: SEBRAE-RJ/COPPE; Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social — SMDS/RJ (Programa Favela Bairro); Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR)/COPPE, Ministério da Agricultura e do Abastecimento . Criação do Fórum de Cooperativas Populares
Pela mesma razão nomeamos e buscamos definir exatamente o que é o cooperativismo popular, tarefa ainda em construção, apesar de já termos avançado bastante na discussão de suas bases fundamentais.
As cooperativas populares se constituem numa importante resposta a uma economia que está em processo de profundas 1, mudanças em todo o mundo. Na França, o trabalhador esta indo para as ruas fazer frente ao processo de precarização da classe trabalhadora. No Brasil, não temos essa correlação de forças, mas temos o dever de apontar alternativas e dar respostas. Que caminhos apontar a alguém que informa que na sua comunidade 70% das pessoas estão sem emprego? O caminho que temos trilhado visa a inserção do trabalhador no mercado, de trabalho de forma a garantir os benefícios já conquistados: abono natalício, descanso remunerado e crescente participação, tendo como princípio básico para o seu crescimento, a qualificação e a formação. Para que estes princípios permaneçam ao longo da historia destas cooperativas, o caráter democrático de sua gestão é fundamental. Ponto de pauta desde os primeiros contatos com os grupos que se candidatam a ser "incubados", torna-se realidade através dos instrumentos por nos acompanhados, como os contratos, as assembléias, as comissões de ética e a criação de fundos que garantam o crescimento da empresa - Fundo de Investimento - e o crescimento e a garantia dos direitos sociais - Fundo Social.
Além da previdência do Estado, as cooperativas ainda podem incorporar outros instrumentos que garantam esses benefícios, como os planos de saúde coletivos. O mais importante, no entanto, é a certeza de que todas as receitas revertam para a própria cooprativa, o que significa que tudo o que entra é dos cooperativados. O sucesso do investimento reverterá necessariamente para eles. Se registrarmos ainda que capacitação e educação formal compõem a metodologia adotada e que, em termos de remuneração, há eqüidade na
1° semestre 1997 . Convênio: Hospital Universitário Pack() Ernesto — Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) . 8 de março — Dia Internacional da Mulher — Trabalho e Cooperativismo Secretária Executiva do Comunidade Solidária Secretária para Assuntos Sociais do Estado do Rio de Janeiro Secretária Municipal de Desenvolvimento Social — Conselho Estadual da Mulher Presidente do Banco da Mulher Fórum de Cooperativas Populares