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Luz antes do fim do túnel
from OSSOS DO OFÍCIO
by COEP Brasil
Além do prestigio, da dinâmica do novo, requisito básico para quem quer construir, outro fator determinante foi a postura política de sua direção, que teve uma visão progressista nas suas relações. A cultura Coppe talvez não admitisse a incorporação em seus programas de um projeto com esse perfil, mas não podemos esquecer que foi o corpo da Coppe que elegeu seus dirigentes, o que a coloca como fruto de uma linha de pensamento majoritária naquele momento. Tudo isso permitiu que o projeto, apesar das dúvidas quanto ao seu caráter, e do grande questionamento interno, não fosse inviabilizado. A direção deu a sustentação política para que ele acontecesse. Na época, o Professor Roberto Bartholo estava criando um novo núcleo, um laboratório na área de engenharia de interesse social, dentro da Engenharia de Produção e também deu um grande apoio,
Cooperativas incubadas
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Cooperativa de Trabalho Novo Horizonte - NOVO HORIZONTE
Municipio de Duque de Caxias — Baixada Fluminense /RJ
Fase: Fundada, legalizada, em operação — acompanhamento no mercado Formação: Curso Básico de Cooperativismo: 04/96 - 64 horas, 09/97 - 24 horas. Assessoria antes do mercado —192 horas, projeto —270 horas, administração -200 horas, formação —600 horas Associados: 120 Postos de Trabalho: 110
legitimando o projeto dentro da instituição e trabalhando na mesma vertente. Foi essa área que nos deu, no primeiro momento, o maior suporte operacional.
Identificamos no processo de implantação e consolidação da Incubadora, a reação de três grupos: um radicalmente contrário, que considerava a proposta inadmissível, baseado no argumento ideológico de que a Coppe estaria entrando na área específica do serviço social, o que desmoralizaria a instituição. Esse grupo torceu contra, mas não jogou esforço maior para inviabilizá-la. Outro grupo achava interessante, identificando-a como algo que não incomodava, semelhante a distribuição de cestas básicas ou de ticket refeição - uma forma ajudar um pouco os pobres. Não incomodaria a instituição esse trabalho social. Já um terceiro grupo, especialmente do corpo
Cursos: Contabilidade de Cooperativas I, Rotinas Administrativas I, Metodologia para Confecção de Atas I, Limpeza Doméstica e Predial e Iniciação à Informática. Setores: Limpeza Geral e Laboratorial e Construção Civil. Histórico: Inicio das atividades em dezembro 95. Primeira cooperativa incubada, inicialmente era formada por diaristas, depois agregando-se a ela trabalhadores da construção civil. A Novo Horizonte teve dificuldades para entrar no mercado; com o apoio do Comité da Ação da Cidadania de FURNAS Centrais Elétricas, entrou efetivamente no mercado em agosto 97, atuando na área de limpeza geral. O setor de construção civil foi desativado em janeiro 97 e está sendo reorganizado neste momento.
Luz antes do fim do túnel
Aeconomia solidária tem hoje um forte apelo: é uma forma prática de enfrentara crise do trabalho. De um modo geral, prefeituras, políticos e sindicalistas têm demonstrado interesse crescente por empresas autogeridas, co-geridas ou por organizações coletivas e comunitárias.
Coletivamente, os trabalhadores têm muito mais força e recursos para construir formas mais dignas de trabalho. É, sem dúvida, um processo superi r de organização da produção em relação às empresas capitalistas.
Trabalhadores em cooperativas de produção não obedecem a ninguém, não têm patrão e, por outro lado, não podem fazer corpo mole, como acontece muitas vezes com quem tem quem pague seu salário no final do mês. Ao contrário, eles são obrigados a se interessar, a se comprometer, a atuar em conjunto com os seus pares. Esse exercício democrático e de cidadania é muito superior ao que ocorre no sistema capitalista.
É verdade que existem criticas no movimento sindical, mas é verdade também que os sindicalistas estão divididos. Alguns setores dizem que os cooperativados deixam de ser trabalhadores, apontando uma série de pontos considerados inaceitáveis para os sindicatos quando as empresas se transformam em cooperativas. E outros setores apostam no sindicato de trabalhadores em qualquer condição dentro de um ramo setorial, sejam eles cooperativados ou não.
Espero e acredito que a CUT e o movimento sindical, a partir dos frutos de todas estas experiências e do crescimento destes grupos se convençam de que pelo fato de ser um cooperado nenhum cidadão deixa de fazer parte da classe trabalhadora. Será muito útil aos sindicalistas poder contar com as cooperativas, pois estes os informarão sobre as reais condições do mercado quando houve' negociações salariais. O caminho é esse Em breve, cooperativas e sindicatos vão seguirjuntos.
Paul S nger Prof. de Economia da' USP
Cooperativa de Mecânica, Eletricidade e Instrumentação Civil - COMEICE Município de Duque de Caxias — Baixada Fluminense /RJ
Fase: Formada, legalizada, em operação — acompanhamento no mercado Formação: Curso Básico de Cooperativismo: 03/96 - 36 horas. Assessoria antes do mercado — 144 horas, projeto — 144 horas, administração -200 horas, formação —600 horas Cursos: Contabilidade de Cooperativas I, RotinasAdministrativas I, Metodologia para Confecção de Atas I. Setores: Eletricidade Industrial e Portaria.