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O grande desafio: ganhar escala
from OSSOS DO OFÍCIO
by COEP Brasil
as variantes, como conseguir determinado perfil dos técnicos para trabalhar, já que as condições de trabalho não são as melhores. Além disso, conseguir um profissional que contemple pré-requisitos mínimos, não só do ponto de vista técnico, mas de identidade tom o projeto, não é tarefa simples. Algumas áreas são muito mais difíceis que outras.
A adaptação é mais simples para os que vêm das áreas humanas. O pessoal de administração ou áreas técnicas encontra mais dificuldades. Nada disso é perceptível em entrevistas. Aflora no decorrer do tempo de descoberta dessas pessoas, a partir do momento que o projeto se identifique com elas e elas se identifiquem com o projeto. Alguns técnicos chegam e ficam a reboque da tecnologia que aprenderam na escola, voltam para universidade e abandõnam o projeto. A única maneira de permanecer é reciclando essa tecnologia, porque os valores absorvidos anteriormente se confrontam com os valores reais da comunidade. Ou ele automaticamente encara essa auto-reciclagem ou vai embora, como muitos foram.
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Algumas pessoas são chamadas, outras são indicadas por membros da equipe e outras chegam, não sabemos de onde, querendo trabalhar conosco. Umas saem muito rápido, outras permanecem dando o sangue. Ficam mais aquelas que têm maior inquietude. 70% das pessoas que integram a equipe da Incubadora estão lá de forma integral e 30% estão por oportunidade, talvez pela bolsa, ou por não terem encontrado nada melhor. E isso também muda no tempo. Não são poucos os que entram por opção de trabalho e descobrem um outro mundo. Outros foram por opção absoluta: não sei o que eu quero, mas sei o que não quero. Ficaram e se formaram, aprendendo e ensinando.
O perfil do quadro técnico varia muito e diversos fatores contribuíram para isso: dependendo do momento que as cooperativas estão passando, investimos mais em assessoria, em seguida, mais em formação e isso vai moldando seu perfil. Em alguns momentos o
Cooperativa dos Trabalhadores do Morro da Mangueira - COOPMANGA Favelas que compõe o complexo da Mangueira, Município do Rio de Janeiro.
Fase: Fundada, legalizada, em operação. Formação: Curso Básico de Cooperativismo: 09/96 - 192 horas,. Assessoria antes do mercado — 192 horas, administração 200- horas, formação —300 horas Cursos: Lavanderia e cozinha Hospitalar. Setores: Lavanderia e cozinha Hospitalar.
A Cooperativa não é mais que nada. É a mesma coisa dos outros servicos. Mas minha família sente que mudou muito. Antigamente não dava e agora tá dando. Aos poucos tá dando. Trabalho dia de semana e fim de semana também. Eu levanto a minha casa, vou lá pro meu terreno fazer minha casa. Moro em casa própria no terreno do meu pai. Agora comprei um terreno.
Genivaldo Nascimento cooperativado
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administrativo tinha maior peso. Hoje é a formação. Daqui a três meses certamente a assessoria irá igualar ou superar.
Mas em todos os momentos responsabilidade é uma palavrachave. É o que mantém esse projeto vivo. Cumplicidade. Correr junto. Isso fica muito claro nas avaliações de equipe. É comum
Histórico: Inicio das atividades outubro 96. Formação motivada pelo Hospital Universitário Pedro Emesto — UERJ. Primeiro contrato celebrado em 01/97 com o Hospital Pedro Emesto e posteriormente com o Instituto de Assistência do Servidor do Estado do Rio de Janeiro no final de 97.
Associados: 280 Postos de Trabalho: 225
O grande desafio: ganhar escala
ejComunidade Solidária, desde o primeiro ano, participa da implantação deste projeto que, já na sua origem, se preocupava com a realidade da população de baixa renda e o combate à exclusão. A soma de esforços da Fiocruz, do Banco do Brasil , da Fundação Banco do Brasil e, posteriormente, da Finep e de outras instituições, mais a inquestionável experiência da Coppe, permitiu que a idéia se consolidasse e fosse ampliada para outras regiões. A proposta de multiplicara Incubadora e propagá-la sempre foi consenso nesse grupo. Tínhamos todos o mesmo entendimento: a linha fundamental de ação é a melhoria da qualidade de vida, a capacitação e a educação.
Dentro do Comunidade Solidaria trabalhamos com cinco eixos específicos: redução da mortalidade infantil; apoio ao ensino fundamental (primeiro grau); melhoria das condições de moradia (habitação e saneamento básico); geração de ocupação e renda e apoio à agricultura familiar. A partir destas áreas investimos no apoio a outras parcerias, inclusive para capacitação de jovens com recursos de entidades privadas. Trabalhar investimentos a serviço das comunidades mais carentes é nosso objetivo maior e o projeto da Incubadora se insere nessa perspectiva, contemplando de maneira bastante expressiva uma de nossas cinco principais áreas de ação. .
Nesta trajetória, apoiamos, num segundo momento, a criação do Fórum de Cooperativismo de Trabalho, sob a coordenação do Comunidade Solidária e do COEP, buscando soluções para os sérios problemas enfrentados no processo de formação das cooperativas, como, por exemplo, a concessão de alvarás. Dentre as principais realizações destaco a implantação de uma central de atendimento sobre cooperativismo no Ministério da Agricultura, com um serviço de telefone público à disposição para consultas. Reunidos em um seminário nacional ampliouse a discussão sobre o cooperativismo de trabalho abordando, em grupos, temas como capacitação, produção, formação e legalização.
Participei também de reuniões nas áreas de cooperação, como a que ocorreu no Hospital Pedro Emesto, com cooperados. Foi uma experiência extremamente rica conversar com essas pessoas, trazê-las para dentro da universidade para que reflitam sobre as suas problemáticas. Os cooperados sentados com os professores nos bancos da universidade para buscar, junto coma academia, soluções para os seus problemas. É o saber a serviço da prática. Na busca de altemativas, abre-se uma outra discussão para essas pessoas, e cria-se instrumentos de acesso à informação, porque um dos maiores entraves do cooperativismo é a falta de conhecimento dos cooperados com relação aos seus direitos e deveres.
O que precisamos agora é agilizar esse processo e ampliar a experiência aproveitando a metodologia que já está disponível. Nosso maior desafio hoje é ganhar escala.
Ana Peliano Secretária Executiva do Comunidade Solidaria