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O novo demanda abnegação

claros, estabelecendo convênios a partir de objetivos muito bem definidos. Em todos eles a inserção social é o objeto, não se colocando em discussão nem a metodologia nem o campo de ação. Vale o objeto, e ele se realiza na medida em que o produto é a inserção social, postos de trabalho ou o nome que se queira dar. A realidade é muito forte, maior que as idéias e os programas. Em alguns convênios foram grandes as preocupações com relação à confiabilidade da academia. Questionava-se se sua capacidade de executar, com a alegação de que a academia discute muito e produz pouco, e trabalhar com políticas de governo, às vezes, tem um tempo determinado que nem sempre a academia acompanha. Alguns relatavam experiências anteriores, com o argumento de que a academia não respondia ao "time" dos projetos de ação direta. Isso envolv a coisas mínimas como período de férias, greves ou qualquer outra turbulência que não levasse à execução daquele contrato. Outros contratantes ou conveniados demonstravam preocupação tom a forma de execução. Em todos os casos um ponto é muito importante: a confiabilidade. Os convênios foram progressivos. Eles não ocorrem num mesmo momento. A adesão de outros grupos se dá a partir de trabalhos já realizados. Com exceção do Banco do Brasil, da Fundação Banco do Brasil e da Finep e a articulação do Coep, que investiram em algo que não existia, todos os outros convênios são assinados mediante resultados, e o que eles deixam claro é a necessidade da realização do projeto.

Quando se elabora o convênio fala-se de postos de trabalho. Não está em questão a indicação, nem do cooperativado, nem do tipo de cooperativa, nem de suas inaugurações. Nunca houve essa colocação. Em todas as reuniões discute-se vantagens, desvantagens e resultados obtidos e nisso eles são muito rigorosos. O que está faltando e por que não se conseguiu? Muitas vezes, a grande preocupação é com relação aos resultados obtidos, e não com a forma como está sendo construído o projeto.

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Cooperativa Especial da Praia Vermelha - PRAIA VERMELHA Usuários do sistema de Saúde Mental, diversos Municípios / RJ

Fase: Formação e acompanhamento no mercado Formação: Curso Básico de Cooperativismo. Assessoria antes do mercado constante, projeto, administração, formação —constante. Cursos: Culinária da Castanha-do-Pará e Cartonagem. Setores: Culinária da Castanha-do-Pará e Cartonagem.

responsabilidade, Chegamos finalmente ao momento em que a Incubadora começa a se transformar em cumplicidade e realidade. Toda essa articulação política vai tomando vulto, outros apoios se somam, até que confiança em uma reunião do Coep, em maio de 1995, com a presença dos dirigentes de estatais, foi assinado o convênio do Banco do Brasil, da Fundação Banco do Brasil, Finep e Coppe para a sua instalação.

Histórico: Inicio das atividades em julho 96. Surgida a partir da discussão do Encontro Estadual de Saúde Mental de 1996. Agentes motivadores: Instituto de Psiquiatria da UFRJ- IPBBIUFRJ, Hospitais Psiquiátricos Philippe Pinai e de Jurujuba ADDOM, Associação Cabeça Firme. Cooperativa especial dos usuários do sistema de saúde mental, se desenvolve com metodologia própria. Convênio firmado com Cooperativa de Xapuri no Acre

Associados: 20 Postos de Trabalho: —

O novo demanda abnegação

AIncubadora de Cooperativas tem para a Gerência de Cooperativismo do Banco do Brasil um significado muito especial. Trabalhamos neste projeto há muito tempo, desde o seu inicio. Sempre foi nossa vontade atuar em programas de formação e capacitação na área do cooperativismo. Apesar do nosso cotidiano, tomado por outras questões do banco, dispensamos atenção especial ao Programa das Incubadoras. Aexperiência tem nos mostrado a importância de trabalharmos no sentido de fazer nascer um novo tipo de emp esas cooperativas, onde os cooperados estão treinados, conscientes do que é ser um "empresário-cooperativo" e do significado de participar nos processos de decisão da entidade onde trabalha e, ao mesmo tempo, é proprietário. E um crescimento em termos de cidadania e isso vem transformando as pessoas. Os exd u idos e com baixa auto-estima de ontem estão hoje totalmente envolvidos com o traba ho e se preparando para atuar no mercado. Temos consciência de que os problemas de gestão e a falta de capacitaçâo nas cooperativas — como também nas empresas de uma maneira geral — refletem diretamente em sua competitividade no mercado e no acesso ao crédito. Pessoas mais capacitadas terão condições de gerir melhor o seu negócio e estarão mais preparadas a participar, com maior engajamento e não à margem, dos processos sociais. É importante lembrar que a sociedade deverá aindd esforçar-se muito para encontrar soluções para os "dificultadores" (questões legais, burocracia, formas tradicionais de crédito) que retardam o desenvolvimento das populações mais carentes. Nessa experiência pioneira que o Banco do Brasil vive, é inquestionável que a receita para o sucesso do projeto foi o comprometimento das pessoas. A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares só deu certo porque conseguimos alternativas para a solução de várias dificuldades. Dentro do modelo . burocrático tradicional ela não aconteceria. Parece que há uma regra: os projetos que prosperam e apontam soluções viáveis são os que contam coma partidi pação e o empenho daqueles que estão dispostos e acreditam que existem novas dadas, novos caminhos e persistem. I O novo demanda abnegação e o apoio de quem acredita. E para apostar no novo e ganhara aposta, o primeiro passo é acreditar nas idéias, acreditar que é possível. E foi o que aconteceu: reuniram-se, para deflagrar esse processo, ema série de profissionais que, além do respaldo institucional, traziam o compronlisso pessoal. Acreditaram, arregaçaram as mangas, a idéia prosperou e estamo vendo nascer esse novo movimento na história do cooperativismo brasileiro.

Léc o Lima Gerência de Cooperativismo do Banco do Brasil

Com este salto de qualidade começa também a batalha para a efetivação do convênio, o que só acontece em dezembro, quando se dá o repasse dos recursos. No percurso somos atropelados por fatos novos: em julho desse mesmo' ano, o contrato da empresa de limpeza da Fiocruz estava para se encerrar e a direção da instituição opta por contratar a Cooperativa de Manguinhos. Isso significava que teríamos que iniciar naquele momento o trabalho, via Cootram, de forma que ela pudesse se transformar numa empresa de porte para atender a Fiocruz. A Cootram passa então de vinte para quatrocentas pessoas.

A direção da Fiocruz, através da Universidade Aberta, monta parte do quadro, recruta pessoal para gerenciar o projeto e administrar a Cooperativa, e nós nos agregamos para estruturar os cursos e assessorar na parte de gestão, o que fazemos até dezembro, exatamente quando são liberados os recursos e nasce a Incubadora.

A primeira equipe foi formada por quatro estudantes de Engenharia de Produção, inquietos e com pré-disposição de trabalhar em "outras paisagens. "Na busca de pessoas para montar a equipe, o Professor Miguel de Simoni, da Engenharia de Produção, participa da montagem inicial e dá as primeiras aulas. Incorporamos um administrador de empresas com prática em cooperativismo e agregamos um funcionário da UFRJ. Foi o primeiro grupo, formado em julho de 1995, para a nossa primeira etapa. A partir de janeiro de 1996, contratamos novos técnicos e vamos, paulatinamente, formando o quadro, num primeiro momento muito ligado à Engenharia de Produção e mais à frente se ampliando para outras áreas.

Se a cada três meses nós nos perguntássemos como está estruturada a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, teríamos, a cada três meses, uma resposta. Entre a formatação inicial, que falava de um projeto com a concepção de assessoria e formação, ao grupo que hoje se reúne, enquanto a filosofia de formação e assessoria é a mesma, a forma como isso se molda é distinta. São muitas

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