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O papel social das entidades públicas

O papel social das entidades públicas

AFiocruz, diferentemente de outras entidades, tem uma concepção soda muito avançada. Aexperiênda da UniversidadeAberta e a própria Cooperativa dos Trabalhadores de Manguinhos, além de outros movimentos que a instituição lidera, confirmam que esse processo não é fruto de investimentos individuais. Mas a vivência com todas as parcerias já estabelecidas no Coep ensinou-me que mesmo quando há um forte apoio institucional é inegável a importância de termos as pessoas cedias nos lugares certos. A Fiocruz, na implantação da Cootram, linha além da vontade política um grande envolvimento de uma verdadeira rede de pessoas dispostas a fazer acontecer; a população estava mobilizada, e ainda existia o mercado, que ema própria %cruz bancando politicamente a contratação da cooperativa. Tudo era favorável, mas os desafios cresciam na mesma proporção. A proposta ousava caminhos novos, esbarrando em problemas que iam desde a contratação, passando pelas resistências ao cooperativismo, permanentemente identificado com a terceidzação, até o fato da comunidade não estar capacitada a lidar com aquela experiência. Era preciso capacitar a comunidade para o trabalho. É nesse momento que o Coep-Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida entra na discussão, propondo, em parceria com o Banco do Brasil e a Coppe, a implan ação da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares.

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Apostamos na idéia e abrimos as portas das instituições que compõem a nossa rede para que o projeto se concretizasse, cumprindo nosso papel de mobiliza as empresas públicas para somar forças e investir no combate à exclusão, à fome e à miséria. O Coep é, na verdade, uma corrente com elos que formam uma rede inédita no pais, rompendo bloqueios e abrindo as portas de instituições que nem sempre reconheciam os melhores canais para atuar na área social e que hoje vêem com outros olhos os projetos baseados em sólidas parcerias e compromissos comuns. As experiências da Cootram e, em seguida, da Incubadora, levaram a outras possibilidades, como a criação do Fórum de Cooperativismo e do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas, ambos dando ao projeto uma dimensão nacional.

A partir deste novo enfoque, o cooperativismo é discutido nacionalmente como uma altemativa real de trabalho, particularmente para quem não está no mercado. Recentemente o Coep comemorou mais uma significativa vitória quando, depd s de três anos, a Câmara Social do Governo aprovou recomendação, encaminhada a todas as entidades públicas, no sentido de considerarem a opção da contratação de serviços como uma alternativa importante a partir da experiência do Coep.

A Incubadora de Cooperativas tem ainda o importante papel de trazer essa questão social para dentro das universidades brasileiras. Para a população, quem é a universidade? E, na Incubadora, isso é muito cristalino. Replicar essa experiência para outras regiões é fundamental. O grande desafio, no entanto, é ver esse projeto crescer mantendo a autonomia, que é a marca da experiência da Coppe, e a energia e a força dos que os construiram.0 desafio é crescer sem afetar seus principais alicerces.

André Spitz Secretário Executivo do Coep - Comitê de Entidades Públicas no Combate à Fome e pela Vida

A cultura sindical aponta historicamente para a negociação salarial, muito mais que para a gestão dos meios de produção, e por isso essa discussão também é, de certa forma, nova para os sindicatos. Não conhecemos um cooperativado que tenha abandonado uma carteira assinada para entrar para uma cooperativa e temos a certeza de que, se tivesse oportunidade de escolher, não abriria mão da carteira. Mesmo assim os sindicalistas nos confundem com o empresariado, que utiliza o discurso do custo Brasil, dos direitos trabalhistas, dos que pagam para manter o empregado, da CLT, apontando o cooperativismo, ou seja, a terceirização, como a melhor alternativa para o crescimento nacional.

O confronto não nos surpreende. Na medida em que o projeto cresce e se amplia, mais as contradições, antes administradas, vêm à tona. E a tendência é que se acirrem em todas as áreas, especialmente num ano eleitoral. Se dissermos que há uma possibilidade remota de trabalho daqui a três meses, é possível manter durante esse período um grupo coeso em tomo de algo concreto que é o trabalho, sem permitir que aquele grupo só funcione naquela eventualidade. E com um outro desafio: conseguir que esse grupo discuta as mudanças que o cooperativismo pode imprimir em suas vidas e o que significam as ações coletivas. Até hoje existem cooperativas incubadas há mais de um ano com cooperativado perguntando "tenho direito ao auxílio natalício?", "Minha mulher está grávida, ela tem ou não tem direito ao auxilio-maternidade?". O "eu tenho direito, você tem obrigação de me fornecer" é muito forte na cultura do trabalho. Ele perde o direito na medida em que não tem patrão? Ele não perde direito, mas como é que se separa o direito da norma, o direito da lei do direito da relação patrão-empregado? Não é porque está na CLT que se tem direito, nem porque não é mais regido pela CLT que se perde o direito. É nesse contexto que trabalhamos com as comunidades. Não basta um estatuto perfeito,

com o qual os cooperativados não se identificam. O estatuto é um acordo entre eles para gerir a mesma empresa, conviver na mesma comunidade. O estatuto é a legislação trabalhista deles, e vai ter que se transformar também no acúmulo das conquistas históricas desses trabalhadores tendo como base os seus direitos naturais. O trabalhador tem direitos naturais que vão além do que está previsto em lei. Se perdeu a salubridade do emprego enquanto lei, tem enquanto direito. É tão natural quanto sagrado. Quando colocamos que o nosso direito está escrito em algum lugar, significa que quando ele for revogado deixamos de ter aquele direito, mas quando sustentamos os nossos direitos a partir de nossas necessidades, esse direito supera as normas.

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Cooperativa dos Trabalhadores do Morro do Vidigal - COOPVID

Morro do Vidigal, bairro do Leblon, Município do Rio de Janeiro Fase: Fundada, em legalização, em operação Formação: Curso Básico de Cooperativismo: 11/97 - 36 horas e 4/98 36 hora. Assessoria antes do mercado —96 horas, administração 36 - horas, formação —160 horas Cursos: Limpeza e Conservação em hotelaria, Contabilidade de cooperativas l Setores: Limpeza geral e hoteleira Histórico: Inicio das atividades setembro de 1997 Associados: 40 Postos de Trabalho: —

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