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Mulher, etnia e geração de renda

Mulher, etnia e geração de renda

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Num tempo de grande avanço tecnológico e desenvoNimento do mundodo, trabalho, tem se manifestado um grande movimento na organização dab mulheres, no sentido de garantir sua atuação qualitativa nos diversos setoresda sociedade deforma que istotem sido discussão mundial nas últimas conferenciais da ONU (ECO/92, População e Desenvolvimento, Cairo/94, Beiting195 e Istambul/96 etc.) ' A mulher tem buscado sair do paradigma fictício do eterno feminino, mulher sedutora, frágil e submissa. i . O cotidiano da mulher vem mudando, ela tem lutado poreducaçâo, portrabalho, por maior controle sobre os meios de produção, direito à moradia, remuneração adequada.

No entanto, mesmo percebendo este avanço, a mulher ainda é muito 1 discriminada e sua exclusão permanece na sociedade. Existem mais de uni bilhão de pessoas pobres no mundo e a maioria destas é de mulheres, perfil este que,a ONU qualificou de "feminização" da pobreza. Neste contexto fica notório a desigualdade de gênero, desigualdade esta que é construída entre homens e mulheres que ‘ierri a ser fundamentados nas diferenças biológicas e que concede mais poder ao homerh do que a mulher Tal poder é constituído socialmente definindo o papel que a mulher exerce na sociedade independente de etnia ou classe social.

Tendo em conta o contexto do negro no Brasil - que é o segundo país do rriundo com população de origem africana - onde existe o mito da democracia racial Adota-se a ideologia do embranquecimento no campo econômico onde a população negra representa 60% da força de trabalho e apenas 25% deste rendimento é destinado para sua sobrevivência. 1 Na educação os negros não têm as mesmas oportunidades sendo mantidos huma situação de exdusão. Os meios de comunicação social freqüentemente apresentam o negro em posição subaRema. Neste contexto a escola é uma grande barreira porque reproduza desigualdade quando educa diferenciando os papéis degenero e etnia.

Sendo assim percebemos que apobreza e a exclusão são mais acentuadas com mulheres negras que sofrem tríplice desigualdade - gênero, etnia e renda. Ó rendimento salarial é um indicador importante para verificação deste fato. Esta tríplice desigualdade que recai sobre a mulher é vista e acentuada no trabalho onde a renda dos homens brancos, segundo o IBGE, é de 4,9% e da mulher branca, de 2,8%, sendo que o salário da mulher negra é 50% menor que o salário da mulher branca.

Observando o mercado-de-trabalho como um dos espaços privilegiadds de demonstração de relações desiguais entre homens e mulheres, a Incubadora 1 Tecnológica de Cooperativas Populares vem desempenhando um trabalho de formação e assessoramento que possibilita a integração no mercado de grd inde número de mulheres de favelas do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. ,

Nas cooperativas populares a diferenciação de remuneração é baseada na qualificação profissional e não por sexo ou etnia possibilitando uma efetiva eqüidade salarial entre homens e mulheres. O cooperativismo tem sido uma alternativa de organização do trabalho que se pauta no princípio de solidariedade, cidadania e autogestão.

Ir Mana de Jesus Pereira, Lúcia Adriana, Sílvia Fernandes, Rasa Maria e Suzete lima Grupo de Estudo: Mulher, Etnia e Geração de Renda da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares t t

era menos pobre. Em Caxias, são dois ônibus, em Manguinhos o trabalho é ao lado. O respaldo da Fiocruz garantia em 30 dias a resposta financeira - era uma certeza. Em Caxias, o que havia era só a promessa de trabalho, então eles não investiam. Em determinado momento nós nos comprometíamos com o mercado, e não tínhamos resposta da comunidade. Em outro, tínhamos a resposta e não havia mercado. Seria necessário um trabalho mais conjunto, com um nicho de mercado garantido, para que se pudesse mobilizar as pessoas.

Foi dessa forma caótica e incipiente que a primeira cooperativa foi surgindo. Mesmo assim, garantimos que algumas lideranças permanecessem dois anos. Um trabalho aqui, um trabalho lá, alguns apoios, e alguns conflitos de lideranças comunitárias. Como essa cooperativa nasce de um movimento de habitação, onde já havia liderança, o surgimento de novos lideres nesse processo gera conflitos que levam, inclusive, em determinado momento, à sabotagem do trabalho.

Era totalmente diferente da Fiocruz, que é um mercado à procura de gente. Em Caxias tivemos que mobilizar gente à procura de mercado. E havia até mesmo a falta de credibilidade porque estávamos iniciando. Tinham que investir a fundo perdido. Ir de Caxias para a cidade universitária, todos os dias representa um salário mínimo de passagem. . A partir de janeiro de 1996 já contamos com o apoio efetivo da Finep e alguns apoios da própria universidade. Outros grupos vão surgindo na medida em que o trabalho vai sendo conhecido e isso gera uma grande demanda. A notícia corre muito rápido, mesmo antes da divulgação na imprensa e vários grupos nos procuram. A pressão aumenta e aí acontece nosso primeiro conflito interno. A equipe técnica era formada por pessoas da academia e pessoas que já tinham trabalho de campo. Isso resulta em leituras divergentes com relação ao momento em que vivíamos. O grupo

Canal das Taxas Bairro do Recreio dos Bandeirantes/RJ

Fase: Pré-diagnóstico Histórico: Contato realizado em 04/97

ligado à academia avaliava que só devíamos dar início ao trabalho com a segunda cooperativa quando todo o processo estivesse mais maduro. Funcionaríamos quase como um campus de estudo, e só daríamos prosseguimento depois do projeto discutido, fortalecido e com material didático pronto. Em cerca de um ano estaríamos aptos a partir para o segundo grupo. Outra parte da equipe, por conhecer a demanda emergencial e também por vislumbrar que o projeto cresceria rapidamente, entendia que isso seria o seu fim e que ele jam i ais se renovaria nesse tempo. Apostava que só sobreviveríamos se optássemos por crescer naquele momento, defendendo a entrada imediata de outras cooperativas. A visão era de intervenção mesmo sem saber aonde ia se chegar. A opção foi de abrir as portas a outros grupos. Em fevereiro já eram três. Um deles, da Baixada, era formado por grupos rotativos, com dez anos de experiência profissional e nenhum ano no mesmo emprego. Era uma mão-de-obra flutuante, com qualificação técnica, formada dentro da Reduc. Trabalhavam nas empresas que prestam serviços à Reduc, e a cada contrato eram recontratados. Existiam casos de pessoas que sequer saíam da mesa onde trabalhavam, mas que já haviam mudado três vezes de patrão. São criados então dois grupos: de manutenção de instalações elétricas, e o outro que trabalhava com caldeiraria. A mão-de-obra era completamente diferente do primeiro grupo de Caxias. O desafio era se comportar como empresas de grande porte para disputar o mercado. O que se tomou muito difícil pela dimensão que precisavam ter, com capacidade gerencial e capital social. Foram inclusive sabotadas, a partir de todo um trabalho marginal. Uma delas consegue até disputar mercado e depois se desestrutura por questões internas, em conseqüência - na nossa leitura - de sabotagem. Divide-se em dois grupos quando consegue o seu quarto contrato, jogando claramente com a destruição ao fazer uma aliança com a empresa contratante. Nessa aliança há a divisão interna.

Favela de Nova Aliança Vila Aliança/RJ

Fase: Pré-diagnóstico Histórico: Inicio das atividades: 03/98; primeiro contato com interlocutores locais; pré-diagnóstico realizado com a comunidade local

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