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Engenharia e apartheid social
from OSSOS DO OFÍCIO
by COEP Brasil
Engenharia e apartheid cultural
A, A engenharia é uma das traduções da natureza. Engenheiros são artistas dos números.Com essas abstrações, eles criam e recriam significados, afrontam a natureza, desafiam a realidade e contrariam leis que eles , próprios formulam. Com números ou equações —que não passam de nú gigos que não devem ser identificados—os engenheiros fazem o que o diabo duvida. Para dançar conforme a música, ai vão alguns números, que são tambéril uma outra tradução desse país. i i
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Quantas pessoas nesse pais lêem livros regularmente, vão periodicamente ao teatro e/ou ao cinema, freqüentam shows ou espetáculos de dança, asIsistem a concertos e óperas, visitam museus— histórico ou de arte—, adquirem CDs de música popular brasileira, alugam ou compram fitas de videocassete? I
Quantos brasileiros participam da, digamos, produção artística do seu próprio pais? Um milhão? I
É muito, quando se considera que entre os últimos filmes brasileiros nenhum teve tantos espectadores. Mas, sejamos generosos e otimistas. No Brasil 'tudo é tão grande que se pode pesara mão. Exageremos. Vamos dobrar esse número. Digamos que dois milhões de pessoas têm familiaridade com a arte brasileira.
Para completar o raciocínio, num pais obcecado pela televisão, vamos introduzir os números da indústria de entretenimento. E não estamos mais falando em arte, mas em cultura de massa. Digamos que, diariamente, sessenta Milhões de pessoas vêem televisão e consomem o restante da produção fonográfica que também não pode ser chamada de arte. Sessenta milhões! Isso é mais do que a população da maioria dos países do mundo.Então, com o máximo de complacência e o mínimo de rigor, pode-se dizer que cerca de sessenta e dois milhões de habitantes consomem a indústria cultural e a produção artística do Brasil. . 1
Acontece que, num pais de quase cento e sessenta milhões de habitantes, cerca de cem milhões, dispersos poresse continente, estão excluídos do processo C L:triturai.
É o apartheid cultural, que se superpõe ao apartheid social. É a exclusão Mais absoluta, exclui o cidadão, seu corpo e seu espirito Estamos caminhando para uma situação absurda: a construção de duas civilizações numa mesma geografia.
Estimular e favorecer— seja de que forma for—a apro)timaçao" , a convivênCia e a associação dessa massa dispersa de exduidos é uma maneira de abrir os caminhos para °surgimento espontâneo de um imagináriocoletivo edaí uma cultura, comj expressões diversificadas eesãticas próprias, capazde restaurar identidades, 1 significados e valores. Foi o que o pessoal da COPPE ,com seu engenho e arte, propiciou I corn esse projeto. O que mais se poderá fazer? i 1
Alciorie Araújo Dramaturgo e Oscritor
Começou então um louco tempo de correr atrás. Disputa de renovação e a criação de outros convênios. Fomos procurados por vários grupos para realizar trabalhos, mas tudo isso exige um longo processo. Urge a necessidade de fazer convênios para viabilizar o trabalho. O tempo que tínhamos para estar aprendendo era o momento em que investíamos no crescimento. Crescemos no grito. Todos esses convênios se concretizam algum tempo depois. Isso sempre acontece. Só que no meio de tudo isso fica um enorme vácuo. Em meio a todo esse processo, ainda em 1996, amadurece a proposta de criação de um Fórum de Cooperativas Populares. No corre-
A Família .63% se consideram chefes de família em função da contribuição da renda geral do grupo familiar. Mas esse número cai (para 61%) quando perguntados se têm companheiro ou cônjuge, frente a 39% que não têm. Destes - com companheiros ou não, 82% dos entrevistados têm filhos.
Escola e cursos .66% tem escolaridade até o? grau incompleto. 15% são anafalbetos ou semi, media maior do que os que têm 2° grau completo (12%). Porém, cerca de 90% dos filhos dos entrevistados estão em escolas ou creches.