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Multidisciplinaridade da equipe

A multidisciplinaridade da equipe

Esta característica tem se mostrado fundamental para viabilizar a , implementação das ações da Incubadora. Muitos de seus membros residem, senão nas próprias favelas em que a Incubadora atua, nas suas proximidades. Contudo, grande parte é constituída por graduandos e gradtrados em áreas que vão da teologia à pedagogia, da arquitetura à contabilidade, da sociologia à engenharia de produção. Este capital humano que a Incubadora dispõe tem se mostrado uma das maiores razões do sucesso da iniciativa.

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Uma característica complementar facilmente perceptível para quem visita as modestas instalações da Incubadora, é a disposição com que os membros da equipe se entregam às tarefas diárias, seja na sede, nas favelas, ou durante os cursos de cooperativismo. O ambiente é extremamente agitado, com grande ' movimento de pessoas: presidentes e diretores de cooperativas, cooperaOados, visitantes interessados na criação de cooperativas e pessoas de outras instituições, atraídas pelo noticiário sobre a Incubadora. Em razão da grande demanda!, é comum a realização de duas ou três reuniões simultâneas, que absorvem totalmente o tempo da equipe.

Nas comunidades, a situação não é muito diversa. As reuniões são bastante dinâmicas, denotando o interesse dos participantes. Arelacão é de troca: de um lado, as noções do cooperativismo são passadas em linguagem simples, Li ; acessível; de outro, as perguntas são feitas com a crueza que reflete a dur realidade daquela população. Cabe ao pessoal do grupo de Formação, também chamado grupo "de Campo", decodificar, analisar e traduzir as respostas de 'volta para a comunidade, generalizando, com exemplos, o que era particular. O domínio da linguagem e do universo daquelas comunidades, entretanto, facilita bastante a missão da equipe. I , I

Texto extraído da tese "A criação de cooperativas populares como instrumáto de geração de trabalhos e renda: o caso da Incubadora Tecnológica de Coopara ivas Populares da COPPE/UFRJ".

Ricardo Silva Pereira Mestre em Engenharia d Produção

. 77% participaram de cursos de capacitação profissional nos últimos dois anos. Destes cursos, a maioria (80%) disse que foram os realizados pelas Cooperativas/Incubadora. 80% (147 pessoas) co: locaram em prática o que aprenderam nos cursos e 98% acham importante fazer cursos para conseguir um emprego. I

Qual é a sua profissão? Além das mais comuns como empregadas domésticas, trabalhadores da construção civil, os cooperativados definiram sua profissão. Destaque para algumas, como: alfaiate, profético, músico, instrumentador cirúrgico, inspetor de controle de qualidade.

corre de dar cursos e assessoria, sentimos a necessidade de ter um outro espaço em que as cooperativas pudessem, com autonomia, e em conjunto, analisar criticamente o nosso trabalho, discutir perspectivas, os limites da universidade e o seu papel político, delimitar nossa ação enquanto autarquia pública e a própria função do Fórum, tendo em vista que o trabalho de incubagem era com tempo limitado.

Provocamos a criação desse Fórum também como uma oportunidade de crescimento dos grupos. A maior parte das cooperativas e suas lideranças não tinham prática da política. Articular vários grupos, criar um campo de discussão em que pudessem debater suas posições políticas era um fato novo. Houve muita confusão sobre o que era política, o que era trabalho, qual o papel do Fórum. O projeto vai se desenvolvendo e num período de um ano amadurece. Foi uma bela conquista, com alguns fatos marcantes. A Incubadora foi convidada para o "Encontro de Cooperativismo de Trabalho" em Brasília. Conseguimos ónibus da universidade para o

Sou costureira e diretora financeira. Entrei como secretária e agora sou Diretora Financeira. Tem coisas que eu não entendia, principalmente finanças. Mas se tiver alguém que explique, eu aprendo. 1;5 aprendendo na prática. Tem umas 100 pessoas inscritas. Eles chegam lá no escritório, e falam assim: "Não é aqui que tá dando trabalho?"

Maria das Mercês coo perativada

Ganhando mais.. Salário Mínimo 1 a 2

% Antes 32,0 2 a 3 24,0 3 a 4 9,0

4 a 5

3,0 Mais de 5 2,0 Sem informação 30,0 % Cooperativa

74,0 21,5 4,5 0,0

transporte e eles se organizaram para conseguir alimentação. Produziram por conta própria camisetas onde se lia: "Cooperativa Popular, nós existimos". O fato de ter ido a Brasília, conhecer a capital, e mais do que isso, saber que havia outros grupos do Brasil, que o enContro não era local, provocou uma reação impressionante. Visitar o Con esso, ser recebido em gabinete de senadores, teve um efeito incalculável.

Toda a organização, a mobilização, foi fruto de movimentos liderados pelas cooperativas. Questionamentos foram respond'clos pelos próprios cooperativados quanto ao papel da universidade e críticas ao cooperativismo popular rebatidas com segurança. Chegaram ao encontro dois dias depois de partirem do Rio, porque o ônibus quebrou. Nb coquetel, realizado no encerramento, estava lá obviamente diferenciado o espaço dos cooperativados populares, famintos pelo tempo de viagem, e os garçons nitidamente privilegiavam aquelas mesas. Uma das cooperativadas era irmã da amiga da cunhada.. enfim, o chefe de cozinh4 ordenou e os garçons cumpriram as ordens. É o famoso "pobre tem em tudo o que é lugar". A mesa mais bem servida foi indiscutivelmente ai dele A experiência do encontro de Brasília foi muito intere sante e deu um novo ânimo para a estruturação do Fórum que viveu Llurante a sua montagem problemas decorrentes do próprio Mon[iento que enfrentávamos: as cooperativas não estavam consolidadas é com a entrada de novas cooperativas havia uma mudança rias lideranças. 1 Em outra ocasião, também em Brasília, já no final dê 1997, no Congresso da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, os cooperativados que integravam o Fórum se mobilizaram e com recursos próprios participaram do encontro. Mais uta \.7z voltam fortalecidos e dispostos a reunir esforços para organizar o Fórum, que ainda hoje está em processo de construção. A tarefa não é das mais simples. Fazer a cooperativa funcionar consome] a maior parte do tempo e, no processo, as ações operacionais são quase sempre 1 consideradas prioritárias. Entre o Fórum e a cooperativa as nergias são canalizadas, em sua grande maioria, para as coo'peráivas.

. 49% dos entrevistados trabalham cerca de oito horas por dia. , .95% dos cooperativados não procuram nenhum outro tipo de trabalho extra (bicos) ou outras formas de complementação de renda. Isto significa dizer que estão vendo futuro na cooperativa e que a remunereão está cobrinddo os gastos básicos.

Casa, comida e roupa lavada . 86% moram em casa de alvenaria, sendo que 82% dos entrevistados tem casa própria, seja posse ou não, como no caso das favelas. . 57% dos entrevistados afirmam ter investido na casa depois que ent aram para a cooperativa.

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