Acontecências

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ACONTECÊNClAS


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uando penso na infância, impossível não lembrar das horas passadas ouvindo histórias. Durante a noite, a panela de mingau de fubá com queijo fumegava e a voz da avozinha me levava para Conceição do Mato Dentro, me apresentava a avó menina vivendo dias longos socando café no pilão, lavando roupa no rio; das aventuras do avô forte, viajante, encontrando animais ferozes e lutando contra a pobreza e violências que atravessavam seu corpo de homem negro. Saudosas das narrativas interioranas, perguntamos para as senhoras entrevistadas se lembravam de causos que ouviam quando meninas e, para nossa surpresa, as aparecências foram tomando corpo.

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Percebemos que o livro de contos seria composto de histórias de terror; com isso em mente, revisitamos as gravações e nos demos conta que existe muito mais horror nas vidas dessas mulheres do que as assombrações que cercavam os imaginários infantis pré internet, pré televisão. Contados com a leveza que o tempo impõe às memórias, são eventos quase irrelevantes para quem nunca teve o privilégio de enxergar suas próprias dores como opressões estruturais, perceber seu corpo feminino como alvo do machismo, da misoginia, do racismo, das questões de classe e tantas outras.


Os contos foram reescritos com o intuito de criar unidade de estilo sem perder as marcas da narrativa oral, com o cuidado de manter as escolhas de palavras, as expressões próprias de cada pessoa que compartilhou com nossos olhos, ouvidos e celulares curiosos os imaginários construídos em outras épocas, que se adaptam e contextualizam com o tempo que passa. Durante os encontros, ficou evidente a falta que sentem de serem escutadas, a dificuldade de entender como se inverteram as relações e se a mocidade delas era carregada de respeito e reverência pelos mais velhos, hoje se evidencia a desimportância social de suas figuras e padecem com o desprezo que o culto à juventude impõe ao seus corpos velhos. Nós do coletivo Chakumbolo desejamos que esse livro arrepie seus cabelos e instigue o desejo de ouvir histórias dos velhinhos do seu cotidiano.


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u mesma nunca vi nada diferente. Muita gente diz que já viu isso, já viu aquilo. Nunca vi nada, sangue de Jesus tem poder! Nunca fiquei preocupada, mas tem quem fale que Fulano morreu e voltou… não sei, não. Naquele tempo o povo não tinha o que fazer e inventava histórias para assustar a gente; e colocavam medo mesmo. Em mim não. Quem contava esses causos eram mais os homens; depois de ter bebido bastante começavam a enxergar coisas na estrada escura.

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Seu avô mesmo contava que, uma vez, ele e um compadre iam numa charrete. Noite clara de lua, a bicharada fazendo barulho no mato. Os dois iam meio calados, embalados pela felicidade do álcool, apreciando o caminho - velho conhecido mudado pelo luar -, quando avistaram uma figura que vinha caminhando na direção contrária. Conforme a distância diminuía, iam reparando no terno branco que combinava com o chapéu, na gravata vermelha reluzindo e, mesmo empoeirados pela terra vermelha da estradinha, dava para notar que os sapatos eram lustrosos. O cavalo, que caminhava mesmo sem pressa, a passeio, parou quando cruzaram com o educado estranho que disse boa noite. Comentaram sobre a sorte de uma noite tão clara; concordaram que estava bom para andar. O homem vinha do Cruzeiro da Forca, justo para onde rumavam os outros dois; tinha ido visitar uns conhecidos que não encontrou, por isso voltava sozinho pela noite. Assuntando, os dois companheiros descobrem que conhecem o amigo do estranho, que conta, então, que ia levando de presente umas sementes de jiló, mas ninguém respondeu às suas palmas.

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Perguntou se os dois não podiam entregar as tais sementes. Sim, decerto que sim. E receberam o pacotinho de papel amarrado com barbante. O homem disse também que estava com sede, ao que os amigos responderam, rindo, só ter cachaça. Também rindo, o homem de terno branco aceitou um trago. Os compadres se colocaram a servir a bebida, alegres por terem topado com um mais um companheiro no caminho. Quando foram entregar o copo meio cheio, já não havia ninguém na noite escura. Seguiram para casa, agora tocando o cavalo a toda velocidade, com os cabelos do pescoço em pé. Levaram o embrulhinho para o tal amigo do Cruzeiro, que quando soube da história, assustado, zuniu longe as sementes de jiló, com medo de atrair a misteriosa figura de volta à sua casa. Diz que o lugar em que as sementinhas caíram era justamente aquela encruzilhada onde tem, imagine só!, uns pezinhos de quiabo, que deram quiabinhos pontudos logo depois da estação das chuvas. Mas você acha? Conversa fiada! Isso era falta do que fazer, porque era cada história sem pé nem cabeça que contavam... Agora não sei se é fruto da imaginação ou se aconteceu mesmo. Comigo nunca aconteceu nada disso, graças a Deus, então não posso confirmar nada. Mas que o povo contava, isso contava.

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embra daquela? Do homem que era lobisomem? Por aquelas bandas, quase sempre, o sino de domingo dobrava luto para um caixãozinho branco. Não faltava história de homem que se enfiava na escuridão para a bebedeira na sexta-feira. E quando, no sábado de manhã, o povo encontrava o condenado caído, roupas rasgadas, virado na bosta de cavalo, ele alegava ter bebido demais, não lembrar de nada. Um desses infelizes parece que chamava Belarmino ou José, já escapa a memória. Aquele que quase ficou louco quando viu o Nenê, recém parido ele não podia ver menino novo. Era o homem aparecer na cidade, terno engomado, cabelo com brilhantina, e o medo mudo se espalhar entre as mães.

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Dizem que Nenê nasceu, numa noite de lua cheia. A madrugada ia longe quando ouviram uivos horríveis nos arredores do sítio. As mulheres já calejadas saíram com espingardas, caçaram o bicho, atiraram enquanto ele tentava fugir. Pelo menos por aquela noite veio a quietude acuada de quem não prega o olho; o cansaço à procura de qualquer ruído no silêncio. De manhã, encontraram caído o tal José - ou Belarmino - ferido, imundo, com as unhas cheias de terra, com certeza de tanto cavoucar por baixo das cercas para tentar pegar o menino. O homem disse ter perdido uma medalhinha de Nossa Senhora, e durante a procura embriagada na terra úmida, caiu no sono ali mesmo.

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Não chegou a passar um mês, em uma noite muito escura nenhum vento soprava e até os animais pareciam estar enfurnados, outro recém nascido não teve tanta sorte. Foi pego pelo lobisomem antes mesmo de ganhar nome. O amaldiçoado puxou seu umbigo que nem tinha caído, e por ali sugou sua vida. Rosnando de satisfação foi morto por violentos golpes de facão desferidos pela mãe da criança que, em fúria, cega de dor, foi tomada por uma força sobrenatural. Os urros da mulher, que trazia o corpo do filho nos braços, acordaram até a casa mais distante na mata escura.

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história que vou contar é verdadeira, aconteceu comigo. De vez em quando minha mãe fazia doces e me mandava levar um farnelzinho para alguma comadre. Eu era muito medrosa, não queria atravessar sozinha o mato que tinha perto de casa; contavam que tinha assombração nas redondezas. Mas mamãe nunca acreditou em aparição, fazia os doces, me mandava levar e quando eu dizia que não queria ir, podia escolher entre obedecer ou apanhar.

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Naquele dia enrolei mais, vendo se escurecia logo e me livrava de ter que enfrentar aquele medo desesperado que tinha. Mas não deu jeito. A tarde já começava a baixar quando fui caminhando para casa da madrinha, nem sei como consegui andar tremendo tanto. Entrei no matagal mal respirando para não fazer barulho e escutar qualquer coisa que acontecesse. Olhava para todo lado e só enxergava mato alto e o céu, cada vez mais vermelho. Fiquei aliviada quando consegui ver o outro lado, o sol baixinho, quase no horizonte. Apertei o passo; agora faltava pouco para atravessar o caminho assombrado. De repente aparece uma lagarta cabeluda, deu nem tempo de desviar e o bicho começa a engordar, a crescer, fica do tamanho de um homem, todo coberto de pêlos, com dois olhos vermelhos minúsculos, cheios de fúria olhando para mim. Foi tudo muito rápido, fiquei pregada no chão; foi só quando a aparição começou a abrir a boca, como se quisesse falar, que comecei a correr. Queria desviar do bicho, mas vontade maior era sair dali o mais rápido possível. Corri desvairada, ele atrás de mim, até que finalmente voltei para a estrada. Só parei no alto do outro morro.

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Sem ar, olhei para trás e vi o monstro na beira do matagal e saltando mais de um metro no ar. Acho que ele ficou preso lá, e bravo por eu ter escapado. Estava soltando fogo pelas ventas. Cheguei na casa da madrinha tão assustada que nem provar do tal doce eu quis e quando contei a história, o filho dela, que já era um rapaz feito, fez questão de me levar de volta para casa. A lua já tinha subido e iluminava nosso caminho, atravessei o mato agarrada no braço dele, cheia de medo da assombração voltar. Mas depois eu soube que a lagarta só aparecia para moça sozinha. Foi uma coisa de outro mundo, contando assim ninguém acredita. Mas eu vi com esses olhos que a terra há de comer e vivi para contar a história.

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inha madrasta era uma mulher muito boa, cedo ficou viúva do primeiro casamento. Nunca teve filhos, cuidava muito bem do meu pai - e de mim também, enquanto eu estava por lá. A casa sempre muito limpa, comida boa e ela não conversava muito. O único prazer que tinha era tecer. À noite, quando todos estavam na cama, a mulher se sentava na roca para fiar. O meu pai passava o dia na roça. Quase toda noite trazia um fardo de algodão para ela, que fiava madrugada adentro, tingia os fios e fazia mantas e tapetes, horas e horas pedalando seu tear.

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Iraci o nome dela. Na roça não era como hoje em dia, tínhamos horário para trabalhar, para dormir, para tudo. Depois da meia-noite era a hora do que não presta, apesar dos conselhos para ir deitar, ia ficando, sozinha. O quanto era quieta e calada durante o dia, falava à noite. Sei porque gostava de espiar o tear funcionando madrugada adentro, achava bonito ver os desenhos se formando conforme a linha de uma cor ou de outra passava, o barulho me hipnotizava. Enquanto achava que ninguém ouvia, Iraci ia contando suas mágoas, revivendo histórias e dizendo as respostas que não deu, ainda atravessadas na garganta. Volta e meia xingava e amaldiçoava. Às vezes a linha, às vezes o tear, às vezes nem sei o que. Tecia e gostava de ficar chamando - não se deve usar essa palavra, perdão meu Deus!, até tem que bater na boca para falar - disgraça. Isso não se diz, porque é o nome da mulher do Chifrudo, e quanto se chama pelo nome, ela vem.

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Assim foi, até a noite que o inacreditável aconteceu. Iraci ficou horas a mais fiando algodão; quanto mais apertava o sono, mais ela xingava. O olho já estava pesando, piscava mais longo, acordando assustada quase caindo do banquinho. Numa dessas vezes, abriu o olho e viu uma mulher muito bonita mexendo nas suas linhas de algodão. Indignada, ela perguntou:


— Quem é a senhora? — Vim aqui te ajudar, fazer companhia para você. Ela não gostou muito, mas a sua mania de ficar calada não permitiu que ela reclamasse. Ficou concentrada na tapeçaria, sentindo os olhos da mulher em cima dela. — Você sempre me chama, agora que cheguei não me dá atenção? Vou em casa buscar uma merenda para nós e volto pra gente lanchar. Só então que ela percebeu que tinha algo de errado, porque a mulher desapareceu no ar, na frente dos olhos dela. Iraci ficou boquiaberta, esfregou os olhos, buscando se convencer de que tinha sido um sonho e já disposta a ir para a cama naquela hora mesmo. Assim que ela se levantou do tear, do mesmo jeito que sumiu, a mulher reapareceu. Seu vestido vermelho arrastava a barra encardida no chão, nos braços ela carregava ossos humanos. Seu sorriso era maldoso, os olhinhos injetados pareciam atravessar a carne de Iraci que se sacudia de nervoso: — Toda noite você chama o meu nome, então hoje eu vim te ver, e trouxe esses regalinhos! - riu uma risada horrorosa, soltou a ossada no chão que, com um estrondo, acordou a casa. Fomos todos correndo aterrorizados com a barulheira. Quando chegamos na sala, Iraci estava caída no meio dos ossos sem poder falar, paralisada. Demorou uns bons meses até que ela voltasse ao normal. Quando ficou bem deu fim no tear e nunca mais ficou trabalhando até tarde. Até hoje na casa dela se dorme às dez horas, no máximo.

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ssa não lembro, não, eu praticamente sei. Sei, porém não vi: aconteceu com um tio. O irmão do meu avô se chamava Américo e bebia muito. De vez em quando ele ia a cavalo nos ver na fazenda, minha avó sempre dizia: “Américo, cê não fica bebendo e andando por aí a noite”. Ele, muito valente, dizia que não tinha perigo, nem homem nem assombração tinha coragem de mexer com ele.

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Dessa vez, acordamos assustadas no meio da madrugada ouvindo palmas. Só eu, a avó e a bisa em casa. Lá o costume era a visita, ainda na rua, gritar “ô de casa!” e quem estivesse dentro respondia “ô de dentro!”, e assim ficava sabendo que eram boas as intenções de quem chegava. Mas tinha que falar e se não dissesse nada, tomava chumbo. Como as palmas insistiam, minha avó passou a mão na espingarda, apontou e esperou. Silêncio. Abriu a porta com o olho na mira, quase atirando no tio. “Ah, Américo, tá ficando louco? Que cê ta fazendo aqui essa hora?” E ele nada. Mudo. Botamos o coitado para dentro, todo suado, sujo de terra, olho arregalado e sem dizer palavra. Instinto de mulher você sabe como é; veio minha bisavó, índia muito poderosa que nunca falou português, e, na língua dela, mandou que a avó passasse um café bem forte, desse para ele sem açúcar e colocasse o pobre para dormir. Na manhã seguinte, com a cara melhorzinha mas ainda mudo e calado, repetimos o procedimento do café, e como mágica, a língua dele desenrolou e o homem desatinou a falar. Eu, fingindo de sonsa, fiquei por ali para escutar a história, porque naquela época criança não podia ouvir conversa dos mais velhos.

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Disse que saiu já tarde e parou para tomar uns goles antes de pegar a estrada. No caminho para nossa casa tinha um matagal, todo mundo sabia que ali tinha assombração. Às seis da tarde certinho, sem pular um dia, aparecia uma tocha na encruzilhada, andando de um mato para o outro. Essa tocha eu vi, lembro como se ela estivesse aqui na minha frente agorinha. Dava para acertar o relógio por ela, todo dia ficava até umas nove horas assombrando aquele mato. Não sei o que deu nele de passar por ali, tão fora de hora. No interior, ninguém anda fora de hora, não é que nem em São Paulo, não. Quem anda fora de hora arrisca a ver umas coisas assim. Contou que ia pelo caminho, quase chegando nessa tal encruza, o cavalo se assustou, levantou nas patas, jogou ele no chão e foi embora em disparada. Ele estranhou, tão manso esse cavalo, já até meio velho para dizer a verdade. Foi se aprumando da queda, quando ouviu uns barulhos de arrepiar até os ossos. Quis perguntar quem estava lá, mas percebeu que a língua enrolou dentro da boca, não podia falar! Nessa hora, avistou um fogaréu surgindo do nada e o que ele viu não tem nem como descrever. Dentro do fogo tinha uma mulher mexendo um caldeirão, e quando ela se virou, meu tio viu o rabão pontudo dela. Depois, saiu das chamas um homem de terno muito arrumado, cabelo penteado, com dois chifres na cabeça e veio vindo na direção que ele estava. Foi o Coisa-Ruim que ele viu! Sorte dele que andava sempre com um terço no bolso. De boca trancada e rezando em silêncio, saiu correndo sem olhar para trás. Andou mais de três horas até chegar em casa e o resto da noite você já sabe como foi.

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aquele tempo não era como hoje. Não tinha teatro, não tinha cinema. O povo se juntava para ouvir e contar histórias. Nas noites de lua cheia sentávamos na soleira da porta, invariavelmente surgiam os causos de uma turma que ia levar o gado de um lugar para o outro e no meio da noite trombavam com um espírito que queria carona no cavalo para atravessar o rio. Eu, criança, ficava de cabelo em pé e a gente acabava dormindo tudo juntinho na mesma cama.

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Mas essa é outra história. A que vou contar agora começa quando, ainda menina, li “O Germinal”. Esse foi o livro que me tirou da infância, me fez prestar atenção nas regras sociais, nas relações entre patrões e empregados, para o fato de o mundo ser dividido pela cor da pele das pessoas. Minha mãe dizia que eu era advogada das causas perdidas. Todo filho de fazendeiro, branquinho, ia estudar na Europa e voltava procurando as jumentas ou as pretinhas. A partir da violência contra as mulheres negras foi forjada a diversidade de cores do Brasil, não se pode negar. Por isso é preciso falar sobre a condição da mulher negra, principalmente com os homens, que limitaram e ainda limitam os nossos futuros. Sempre frequentei a casa do padrinho e da madrinha, parentes do meu pai, brancos e mais ricos que nós. Inclusive havia uma forte separação entre as famílias, afinal meu pai se casou com uma mulher negra e os parentes não gostavam de se misturar. Num certo tempo, levaram para morar com eles e trabalhar na casa uma menina novinha, não devia ter mais do que treze anos. Chamavam ela de Pretinha.

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O padrinho tinha um cinema que só abria aos domingos. Toda semana eu estava lá, tentando entrar de graça. Gostava muito dos filmes, mas nunca tinha dinheiro para pagar pela sessão. Numa tarde, vi a madrinha escorraçar a menina na porta do cinema, na frente de todo mundo: — Aqui não é seu lugar, sua preta sem vergonha. Quis saber o porquê desse tratamento. Me diziam que eu era muito nova, que não entenderia. Isso só atiçou ainda mais meu interesse em saber as razões daquela agressão, sendo que a menina vivia na casa deles. Investigando, descobri que Pretinha estava grávida do padrinho. Ela já nem morava mais lá, tinha sido contratada como doméstica pela família de um açougueiro. Mas seu corpinho franzino começou a mudar, onde tem criança, tem mãe e tem pai também. Imagine se alguém podia descobrir quem tinha colocado barriga nela! A madrinha deu um dinheiro para a menina ir embora. E como ela não fosse - nem devia ter para onde ir, coitada - deram sumiço nela. Até hoje me pergunto o que aconteceu com a menina e com a criança sem pai que ela pôs no mundo. Soube dessa história quando eu era pequena ainda, só por ser muito curiosa e esperta. Mas essa foi apenas uma, que foi escondida e negada. Ninguém soube do destino de Pretinha, de quem eu nunca soube o nome, ou do filho dela. Assim era o esquema. Quantas outras histórias iguais a essa estão na origem do nosso povo?

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conta um cont o

aum enta um ponto


Fim.


Acontecências © 2018 1ª edição Chakumbolo ilustrações: Gim Macieira texto: Luara Erremays revisão: Neide Almeida editado por Móri Zines

Este livro foi impresso em papel pólen bold 70g/m², dobrado e costurado à mãos pela equipe Móri Zines Cópia ___ / 50 São Paulo/SP maio de 2018


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