Bk 210

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N º 210

UM DIA COM... Marco Fidalgo Piloto oficial da marca portuguesa Berg Cycles

TESTES

CUBE Sting 120 Race 29 B´TWIN Rockrider Big8 + 4 PRODUTOS

REPORTAGEM

EXCLUSIVO

NOVIDADES ROSE

A EQUIPA DA BIKE MAGAZINE DESFRUTOU DOS MELHORES TRILHOS DA MADEIRA E DE TERRAS DE BOURO

Estivemos na Áustria e testámos as novidades da Rose para 2015 ESCOLA BIKE

SEGURANÇA NOS TRILHOS

Damos-te alguns conselhos úteis para minimizares os efeitos de um acidente

CANNONDALE Integração máxima

i S F ISBN 5601753001303

Não saias para o trilho sem a tua bicicleta no ponto

PVP continente 3,95€

AFINAÇÃO DA SUSPENSÃO E AMORTECEDOR

setembro 2014

MECÂNICA

MENSAL

5

601753 001303

Acompanha-nos no

00210


Diretor CARLOS ALMEIDA PINTO

cpinto@motorpress.pt

EDITORIAL CARLOS PINTO

DIRETOR

Jornalistas Pedro Pires ppires@motorpress.pt, Fernando Lebre flebre@motorpress.pt Colaborações Gonçalo Ramalho, Nuno Amaral, Nuno Machado, David Rosa, Sónia Lopes, Tiago Aragão, Pedro Maia e Luís Lopes Redação bikemagazine@motorpress.pt mail.bikemagazine@gmail.com Rua Policarpo Anjos, nº 4, telefone: 214 154 500 1495-742 CRUZ QUEBRADA/DAFUNDO Arte Coordenador Miguel Félix Filipa Ferreira, Filipa Fonseca, Joana Prudêncio, Miguel Ferreira, Teresa Cohen Fotografia João Carlos Oliveira, Rui Botas e Pedro Lopes

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Presidente VOLKER BREID

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E

stou a escrever este editorial deitado numa cama de hotel enquanto olho para a minha bicicleta de estrada (que trouxe de férias). Sim, porque mesmo de férias a bicicleta (de BTT ou de estrada) é um item imprescindível. A minha grande dúvida quando preparo a mala para ir de férias não é se levo a camisa azul ou verde, mas sim qual das bikes trago no suporte do carro. Parece algo trivial mas não é, pois são as minhas duas paixões e nenhuma delas é maior do que a outra. Trouxe a de estrada mas olho para os montes à minha volta e apetece-me desbravar os caminhos circundantes. Raios! É uma resolução difícil e equiparável à escolha dos números do Euromilhões! Todos parecem ser potenciais vencedores, mas na hora de os escolher a dúvida permanece.

FÉRIAS A PEDAL

“SIM, SOU CICLISTA, COM TODO O ORGULHO E COM TUDO AQUILO A QUE TENHO DIREITO” Por falar em férias, nunca vos aconteceu estarem numa piscina ou na praia e o típico bronze à ciclista ser motivo para sermos o alvo dos olhares alheios? Sim, sou ciclista, com todo o orgulho e com tudo aquilo a que tenho direito: bronzeado feio e crostas incluídas. E depois há quem nos veja a sair de um hotel trajados a rigor para ir andar de bicicleta com 30 graus e fique a pensar: “este tipo não bate bem”. E então? Sou obrigado a ir todos os dias para a piscina ou para a praia? Ser betetista ou ciclista de certo modo faz-nos ver a vida de outra forma. As prioridades são outras, as rotinas mudam e o mundo continua a girar à nossa volta... Mas de maneira diferente. Em todo o caso, continuo o mesmo Carlos, apenas mais feliz, mais realizado e noutra engrenagem da vida. bikemagazine 3


SUMÁRIO. EDITORIAL

SUMÁRIO

Edição de SETEMBRO

TESTES

ATUALIDADE 05 Staff 06 Impacto 08 Noticiário 21 Betetista da Máscara

APRESENTAÇÕES INTERNACIONAIS 22 Apresentação Rose

ZONA DE TESTES 26 Teste Cannondale F-Si Team 30 Teste Cube Sting 120 Race 29 34 Teste B’Twin Rockrider Big 8 29 38 TNT Calções Castelli Free Aero Race 39 TNT Luvas B’Twin 700 41 TNT Calções Fox Ultra Attack 42 TNT Sapatos Specialized S-Works XC

GUIA DE LOJAS 44 Lojas nacionais

34

B’Twin Rockrider Big 8 29

ZONA EVASÃO 48 Notícias e agenda 51 Bike Team - parceiros e eventos

REPORTAGEM 54 Hans Rey e Kenny Belaey na Córsega 62 All Mountain Terras de Bouro 68 Bike Trip Madeira 94 XI Encontro Nacional de Bicicletas Antigas

ESCOLA BIKE 74 A gestão do esforço 78 Segurança nos trilhos 84 Afinação da suspensão e amortecedor

COMPETIÇÃO 88 Um dia com... 96 Noticiário

TESTES: 34 Teste B’Twin Rockrider Big 8 29 Foto de capa: Rui Botas

Testámos em SETEMBRO Os sapatos são uma ferramenta essencial para qualquer betetista que se preze. Para esta edição testámos os Specialized S-Works XC, sapatos destinados à competição e ao alto rendimento. bikemagazine 5


APRESENTAÇÃO

Rose

SÃO ROSAS,

SENHOR…...

INÚMERAS POSSIBILIDADES DE PERSONALIZAÇÃO DESTACAM A ROSE NO PANORAMA DAS MARCAS QUE PODEMOS ADQUIRIR ATRAVÉS DA INTERNET. OS ALPES AUSTRÍACOS FORAM O PALCO DE TRÊS DIAS DE TESTES INTENSOS E VOLTÁMOS PARA CASA COM MUITO PARA CONTAR. [texto] Pedro Pires

[imagem] Irmo Keizer, Pedro Pires

Com 160 mm de curso, o modelo Uncle Jimbo recebe agora rodas 27,5. 22 09/2014


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015 é um ano de mudanças na gama da Rose. Onze bicicletas foram atualizadas e os modelos Uncle Jimbo, Granite Chief, Ground Control e Root Miller passam a fazer parte de uma nova família com características comuns. A base para esta inovação é um novo desenho de quadro, em que os tubos de alumínio hidroformado permitem prescindir de reforços e peças maquinadas, o que se reflete numa redução do peso. Um dos pontos de rotação do amortecedor foi movido do tubo superior para o tubo do selim, o que permite uma maior variação do slopping entre os diversos tamanhos e também uma maior resistência inicial à força da pedalada.O apoio do desviador está integrado no eixo traseiro e os cabos internos saem agora por uma abertura por baixo do pedaleiro.

Granite Chief

PARA ALÉM DO NOVO QUADRO com um design comum a outros modelos de 2015, esta bicicleta de roda 27,5 e 150 mm de curso passa a estar disponível em tamanho XS.

Root

Miller ESTA 29ER COM 130 MM DE CURSO tem uma coluna de direção mais curta, um ângulo de selim mais vertical e um ângulo de direção mais aberto. A versão Supertrail recebe uma suspensão com 140 mm. bikemagazine 23


TESTE

Cannondale F-Si Team

GEOMETRIA

NEW SCHOOL A F-SI TEAM MOSTRA COMO SUPERAR AS CONVENÇÕES. É UMA DAS MAIS LEVES E RÍGIDAS HARDTAILS DO MERCADO, O QUE POR SI SÓ JÁ MERECE ATENÇÃO, MAS PARA ALÉM DISSO INTRODUZ UMAS QUANTAS NOVIDADES. [texto] Gonçalo Ramalho

A

[imagem] Rui Botas

Cannondale entende que deve ajustar a geometria dos quadros de forma a tornar as bikes de competição perfeitamente adaptadas aos atuais traçados de cross. O objetivo é chegar a um quadro obviamente rígido lateralmente e que também seja de reações mais rápidas e mais eficiente a subir. Não há dúvida de que a F-SI é brilhante neste aspeto, e quando subimos os singles inclinados com curvas fechadas que requerem respostas relâmpago para não perder o andamento torna-se claro que esta é uma das melhores biclas para termos connosco. Uma traseira mais curta cria logo reações mais rápidas e foi 26 09/2014

esta a solução adotada. Mas chegar a umas escoras inferiores mais curtas geralmente implica o desviador dianteiro demasiado próximo do pneu (exceto nestas versões sem desviador dianteiro) e foi preciso “afinar” uns pontos para o conseguir. Como? Com uma traseira alterada em que o cubo e a transmissão foram desviados para a direita 6mm graças a uma aranha específica nos cranques e a um enraiar também específico. A roda utiliza na mesma um eixo QR – solução que a marca considera ideal para XC - mas é construída simetricamente para maior robustez e para a manter alinhada com a roda dianteira. O aro mantém-se centrado, a transmissão é que se mexeu. Assim, não só as escoras ficaram com apenas


Suspensão

Lefty Carbon XLR 2.0 100 mm Travagem

Avid XX 180/160 mm Transmissão

Sram XX1

Acelerações fulminantes Peso Rigidez Guiador com recuo aperto rápido mais prático

429mm, provavelmente as mais curtas no mercado, como a estrutura ganhou em rigidez graças à igual tensão e ângulo dos raios em ambos os lados do aro. Outro efeito deste desenho é o amplo espaço criado, entre as escoras, para pneus enlameados. Na dianteira a Cannondale seguiu com as suas inovações, desta vez na Lefty. Tendo optado por uma direção descontraída (69,5 graus) havia o risco de se tornar pouco eficiente nas subidas inclinadas, mas com um ajuste inteligente no offset da suspensão (eixo dianteiro) evitaram esse problema. As coroas estão mais próximas, a coluna da direção mais curta e a dianteira ficou um pouco mais baixa, algo que era motivo de queixa nas Cannondale. Em termos de suavidade e

progressividade, esta nova Lefty Carbon XLR 2.0 100, com maior fluxo de óleo e maior ajuste da recuperação, não deixa espaço para criticas como algumas versões anteriores, e a adoção do comando da Rock Shox foi inteligente. Depois de termos rolado por zonas tão diferentes como o Gerês, o barrocal algarvio ou os singles da costa vicentina podemos assegurar que o equilíbrio entre agilidade e confiança nesta Cannondale a torna uma das melhores hardtails que já testámos. Não olhando a ângulos e comprimentos de tubos, rolando apenas pela serra é fácil perceber que a F-SI é bem mais domável do que esperamos de uma bike de competição, no sentido em que perdoa tudo e oferece diversão total. bikemagazine 27


TESTE

Cube Sting 120 Race 29

OS ALEMÃES GOSTAM DE SE AVENTURAR POR ESSES ALPES FORA E AS BICICLETAS QUE DESENHAM REVELAM ESSE ESPÍRITO PIONEIRO E INDEPENDENTE. A CUBE STING 120 RACE 29 LEVA-TE À DESCOBERTA [texto] Pedro Pires [imagem] Pedro Lopes [rider] Carlos Parente

DOMESTICA

O TERRENO

A

ntigamente, uma bicicleta com 120 mm de curso apontava mais para as maratonas do que para o Enduro, mas ao juntar a esse valor umas rodas grandes, chegou-se a um tipo de bicicleta que “nem é carne, nem é peixe”, mas que tem potencial para ser aquilo de que muita gente afinal anda à procura. A lista de componentes vai ajudar à polivalência que se pede a uma bicicleta capaz de cumprir longas distâncias sem ter medo de algumas especiais de Enduro e neste aspeto a Sting 120 Race 29 está à altura. Amortecimento Fox com CTD à frente e atrás permite ir da rigidez total

30 09/2014

a um funcionamento sensível e progressivo, enquanto a escolha dos Shimano XT para dar conta da travagem controla a velocidade da melhor maneira possível. O cockpit com chancela da casa podia ser mais recuado e os 90 mm do avanço não estão de acordo com a agressividade desta bicicleta. Apesar de generosos, os pneus Nobby Nic não são dos nossos favoritos para lidar com terrenos muito húmidos ou extremamente secos. A boa notícia é que foram repensados para 2015 e pode ser que no próximo ano já possas desfrutar da sua tração e capacidade de curvar superiores. Graças ao pedaleiro de três pratos, não há subida que te vá fazer desmontar, e naqueles estradões quase a chegar a casa, a mudança mais pesada


Suspensão

Fox F32 CTD 120 Amortecedor

Fox Float CTD Travagem

Shimano XT

Transmissão

Shimano XT

Polivalência Eficácia em zonas irregulares Preço Os Nobby Nic não são dos nossos pneus favoritos...

não vai esgotar com facilidade. Depois de um par de horas a pedalar, atestei o conforto da Sting, graças a um selim bem almofadado e a uma posição direita e sem pressão desnecessária nos braços e costas. Em cima desta Sting tenho a impressão de estar aos comandos de um trator. Sólida e ampla, devora raízes e pedras sem medos e sem surpresas. O clássico sistema 4-bar na traseira filtra vibrações e impactos de forma exemplar, restando ao rider apontar para onde quer ir e dosear os travões de maneira a não escorregar nas curvas. Quando a porca torce o rabo (ou seja, quando os trilhos se tornam mesmo escabrosos e inclinados) sinto-me mais seguro e sei que vou mais depressa, mas em terreno familiar precisava de

mais vivacidade para brincar no terreno. A Sting facilita a tarefa da leitura do solo e perdoa erros, preferindo os trilhos bastante técnicos àqueles mais fluidos, sempre com uma apetência especial para a velocidade. Cada vez mais nos convencemos de que estas bicicletas de curso intermédio são ideais para explorar terrenos agrestes e desconhecidos, já que perdoam os erros e suplantam obstáculos sem necessidade de puxar a frente ou sacar um bunny hop com tanta frequência. Depois de um dia inteiro numa serra inóspita tens de confiar mais na bicicleta e menos nos teus braços e pernas cansados para te safar de dificuldades. É nessa altura que vais perceber que a Sting dá melhor conta do recado que uma ágil e leve rígida de carbono… bikemagazine 31


REPORTAGEM

Trial

NOS TRILHOS

Hans Rey e Kenny Belaey na C贸rsega 54 09/2014


A

ntes de mais e enquanto aguardamos que o Kenny chegue da Bélgica sugiro uma pequena volta perto da zona onde vivo: nos Calangues (às portas de Marselha). Está escuro, mal posso respirar e tenho dificuldades para mexerme. Contudo, como se de um sonho se tratasse escuto a voz do Hans a chamar-me, procurando perceber se eu estou ok. A voz está distante e parece-me longínqua. Sei que não se passa nada de muito grave, mas à medida que tento gritar pelo Hans apenas meros sussurros saem da minha boca. Sinto o peito comprimido como se fossem as rochas em que estou deitado a estarem colocadas por cima de mim. Não tenho bem a certeza daquilo que foi mais chocante. Se o facto de me ter magoado na queda, ou o facto de ter embaraçosamente caído aos pés do “Grande Mestre”. Decidi, no entanto ter uma perspetiva positiva do acontecimento. Afinal de contas, se após o desmaio não tive como primeiro vislumbre uma enfermeira bonita, acabei por ter a visão de um dos grandes ícones do mundo das bicicletas, o que é quase a mesma coisa. Ao levantar-me lentamente apercebo-me de que a dor me

incapacita e o negro nevoeiro ameaça regressar. Apenas alguns momentos antes tinha avisado o Hans para se acautelar com esta passagem, pois sabia que era hiper técnico, áspero, rochoso, íngreme e difícil, mas achei sempre que estava bem preparado. Pois bem, não estava pronto para dar de caras com uma raiz. Ao observar a minha queda sobre as rochas escarpadas, o Hans ficou tão chocado quanto eu. Estava até convencido de que a viagem à Córsega tinha terminado mesmo antes de se ter iniciado. Sentia o corpo todo dolorido e temia mesmo ter algumas costelas partidas. Todavia, depois de o Hans ter viajado milhares de quilómetros para vir ao meu encontro e com o Kenny a chegar proveniente da Bélgica estava determinado a não deixar que esta aventura fosse cancelada. Assim que o múltiplo Campeão do Mundo de Trial Kenny Belaey chegou foi tempo de carregar as nossas bikes. Ambos os mestres do Trial haviam trazido consigo bicicletas de Enduro, assim como bicicletas de Trial pelo que a minha carrinha quase de imediato ficou bastante carregada. Aí estávamos nós a caminho do Porto de Marselha, no sul de França. Como tínhamos algum tempo livre decidimos subir os degraus para a Notre-Dame-de-la-Garde e fazer um

PEGUEM EM DOIS ESPECIALISTAS MUNDIAIS NA ARTE DO TRIAL, METAM-NOS NUM BARCO A CAMINHO DA CÓRSEGA E VEJAM A MISTURA PERFEITA QUE NASCE A PARTIR DE HANS REY E KENNY BELAEY. [texto] Cedric Tassan [imagem]: Cedric Tassan

bikemagazine 55


REPORTAGEM - MADEIRA

DA SERRA Bike trip Madeira

68 09/2014


QUANDO UM SPOT COMEÇA A FICAR FAMOSO, A INVEJA RÓI. ANDAVA TUDO “MADEIRA PARA AQUI, MADEIRA PARA ALI” - NÓS TAMBÉM TÍNHAMOS DE EXPERIMENTAR...

[texto]

Pedro Pires [imagem]

Motion Studios (facebook.com/ motionstudiospt),

Pedro Pires, Joselino Sanchez

A

h e tal, o carro já está todo riscado, vou marcar aqui no desenho a toda a volta…” dizia a senhora do rent-a-car enquanto mirávamos a bomba que nos ia levar pelas estradas da Madeira. Mal a chave entrou na ignição, a luz no tablier avisou-nos de que tudo ia correr bem: “Airbag Malfunction”… afinal, se

caíssemos de um barranco, o Airbag também não servia de nada. Com este pensamento lá fomos estrada fora até aos Prazeres, a 30 minutos do Funchal, para nos encontrarmos com o Joselino Sanchez, mentor do projeto Bikulture, rider, construtor de trilhos e cicerone por excelência. O seu papel de anfitrião implicou logo ali um almoço no restaurante Prazeres Rurais e depois de enchermos o bucho com cozido e cabrito ficou assente que as pedaladas ficavam para o dia seguinte. Aproveitámos para ir espreitar o mar e enquanto eu tentava encontrar vestígios de vida animal nas águas atlânticas, o Renato ficou a uniformizar o bronze à ciclista, fruto de uma primavera solarenga de peito tapado e braços ao léu. Fechámos a tarde num bar de Paul do Mar, onde fomos “assobrinhados” (sim, ela dizia que era nossa tia…) por uma senhora que nos tentou impingir metade das raparigas da ilha. Sopa de peixe e lapas no bucho e ala para a cama, que o dia seguinte prometia descidas com fartura e havia que descansar. Ficámos mais que bem instalados na Casa da Avó Zeza, um alojamento que proporciona conforto e independência aos riders que queiram ficar instalados no Jardim do Mar. O nosso segundo dia na ilha começou sem pressas. Enquanto ajustávamos as nossas cavalgaduras, travámos conhecimento com uma moça muito simpática, de seu nome Stefanie Klostermeier, que também estava na Madeira para andar de bicicleta e aproveitou para fazer um filme com a colaboração da Motion Studios.

bikemagazine 69


Escola

74 09/2014


A GESTÃO

DO ESFORÇO GERIR CONVENIENTEMENTE O ESFORÇO É UMAS DAS QUESTÕES MAIS PREMENTES QUE ENVOLVEM O MUNDO DO DESPORTO. TIAGO ARAGÃO CONCEDE-NOS DE SEGUIDA ALGUMAS DICAS QUE TE VÃO PERMITIR DAR UMA RESPOSTA ADEQUADA A ESTE TEMA.

M

uito comummente se debate, mais entre atletas amadores, acerca da gestão da intensidade ao longo de uma prova, seja ela de longa ou de média duração. O “focus” deste discurso é a busca em encontrar aquele ritmo ideal para realizar toda a prova, sem existirem quebras significativas no rendimento desportivo do indivíduo, por forma a assegurar que consegue completar o percurso no menor tempo possível. Será de todo esta questão pertinente? Haverá uma resposta concreta e específica? É sobre isso que irei dissertar nas próximas linhas, procurando levar-vos a um consenso acerca da abordagem às vossas provas e acerca de quais os melhores meios para gerir o esforço durante as mesmas.

As variáveis implícitas numa competição

Antes de partir para a resposta à nossa questão, convém analisar todo o contexto em que a prova

[texto] Tiago Aragão [imagem] Arquivo

se desenvolve, de modo a estudar todos os fatores que irão influir no rendimento físico do atleta e, obrigatoriamente, no seu resultado final.

Tipo de prova

Consoante seja uma competição de XCO, de resistência, Maratona, prova por etapas ou mesmo um desafio de 24 horas, a forma de abordagem é necessariamente diferente. Isto porque quanto mais curta for a competição maior intensidade está desde logo implícita à mesma. Este facto deve-se principalmente a uma filtragem “natural” do ritmo desportivo-motor, já que em distâncias mais curtas os sistemas energéticos de fornecimento de energia durante o esforço permitem atingir ritmos de rendimento competitivo superiores. Um percurso mais acidentado vai também influir na gestão do esforço do atleta, isto em conjugação com o nível de preparação física do indivíduo. Já que, ao estudar a altimetria do trajeto, o atleta vai definir as zonas em que se sente mais à vontade e melhor preparado para tirar maior proveito das suas capacidades atléticas, bem como as zonas do mesmo onde terá que se defender, por bikemagazine 75


Escola Nos trilhos do teu "quintal" ou em aventuras pelo estrangeiro, os acidentes são sempre de evitar. Mas eles acontecem, por isso é melhor estares preparado... O que fazer em caso de sinistro

STOP AOS ACIDENTES

A BICICLETA É DOS VEÍCULOS MAIS VULNERÁVEIS ÀS LEIS DA GRAVIDADE E UM PEQUENO MOMENTO DE DISTRAÇÃO PODE ORIGINAR UMA QUEDA. DE SEGUIDA DEIXAMOS-TE ALGUMAS DICAS QUE TE IRÃO AJUDAR A EVITAR E A MINIMIZAR AS CONSEQUÊNCIAS DE UM ENCONTRO IMEDIATO COM O SOLO. [texto] Fernando Lebre

78 09/2014

[imagem] Arquivo e Fotolia


U

m acidente de bike pode conduzir-nos a um malabarismo engraçado que, com sorte, algum amigo regista para mais tarde meter no Youtube e contigo soltar umas boas gargalhadas. Isto, claro está, se daí vierem apenas inofensivos arranhões. Todavia, uma queda pode igualmente degenerar num incidente grave que origine lesões que metam em causa o teu bem-estar físico. Se for este o caso, a qualidade e a rapidez do socorro prestado tornam-se determinantes para diminuir as sequelas sofridas pelo acidentado. Embora, em inúmeras ocasiões, os acidentes sejam impossíveis de evitar, existe um conjunto de dicas a ter em linha de conta para que as consequências de uma queda sejam atenuadas. Tanto na situação mais simples como na mais gravosa é essencial procurar manter a calma, mesmo quando o momento é stressante e dificulta esse estado de alma. Ainda assim, nunca te esqueças de que a calma será uma importante aliada para que exista capacidade de discernimento que te conduza à tomada das melhores decisões. Este aspeto é particularmente importante para os betetistas, em virtude de em muitas ocasiões o local do acidente se verificar num trilho existente num local ermo e de difícil acesso por parte das entidades que possam vir a prestar socorro.

Prevenção: o melhor remédio

Uma forma de reduzir as consequências nefastas de um acidente passa muito pela nossa capacidade de prevenção.

Nesse sentido, existem alguns comportamentos que deverás ter em linha de conta e que te poderão ser muito úteis. Numa era em que as novas tecnologias dominam o nosso quotidiano, as mesmas podem revelar-se numa ferramenta primordial para te ajudar a sair de uma situação de aperto. Desse modo, quando sais para a tua habitual volta de bike é primordial de que te assegures de que levas o teu telemóvel contigo. No mesmo deverás incluir sempre algum contacto de emergência. Isso permitirá a que um familiar, ou outra pessoa por ti escolhida, seja contactada pelas equipas de socorro no caso de a queda te ter levado a perder os sentidos. Deverás ter também o 112 como um dos números gravados no modo de marcação rápida, para que mais rapidamente possas pedir ajuda em caso de acidente. Verifica também se o teu telemóvel tem rede no sítio onde vais dar a tua volta. Não te esqueças igualmente de transportar contigo os

documentos de identificação. Já nos ensina a velha máxima de que “cada caso é um caso” e o corpo humano também tem especificidades próprias às quais é necessário dar resposta. Nesse sentido, uma importante ajuda adicional que deverás ter em linha de conta é a possibilidade de transportar contigo, de forma bem visível, um conjunto de informações relevantes onde constem o teu nome, grupo sanguíneo e se és alérgico a algum tipo de substância ou fármaco. Isto ajudará a que as equipas de socorro possam proceder de forma eficaz ao tipo de ajuda que mais se adequa ao teu caso específico. Hoje em dia existem, por exemplo, pulseiras de emergência médica no mercado, que poderão ser uma boa solução para transportar contigo quando sais para o mato. Se não sabes o teu grupo sanguíneo, então este pode ser o pretexto ideal para praticares uma boa ação: doa sangue. Assim descobres o teu grupo sanguíneo e cumpres a nobre missão bikemagazine 79


Escola De nada te vale teres umas suspensões cheias de siglas no nome e com detalhes douradinhos se não estão afinadas para o teu andamento e peso. Afina a tua máquina e desfruta...

dá-lhe

Suspensões no ponto

84 09/2014

GÁS!


A SUSPENSÃO E O AMORTECEDOR SÃO DOIS DOS COMPONENTES MAIS IMPORTANTES DE UMA BICICLETA DE SUSPENSÃO TOTAL. SE ESTIVEREM BEM AJUSTADAS, MAXIMIZARÁS A PERFORMANCE E O CONFORTO.

1

[texto] BIKE [fotografia] Gonzalo Manera

FERRAMENTAS

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2

O "sag"... Este anglicismo ainda desconhecido para muitos é descurado por inúmeros praticantes de BTT que não sabem as inúmeras vantagens que advêm do seu correto uso no funcionamento das suas suspensões. No fundo, o sag é a percentagem de curso consumido (sobre o curso total) quando o nosso peso está em cima da bicicleta. As suspensões estão desenhadas para que usando o sag adequado utilizem todo o curso, melhorando a sua capacidade de absorção das irregularidades do terreno. Com pressão excessiva, ou com um sag muito baixo, a suspensão fica mais dura e menos absorvente ao ser mais difícil usar todo o curso. O sag adequado é calculado segundo a barra da suspensão (que coincide com o curso real da roda) e sobre o êmbolo do amortecedor. É recomendado que ande à volta dos 20-25%, dependendo do fabricante, podendo ser reduzido para 15% para uma utilização mais firme ou aumentado para 30% para maior comodidade.

1. BOMBA PARA SUSPENSÕES. Imprescindível. Para modificar a pressão não se pode utilizar outro tipo de bomba. 2 CHAVE ALLEN DE 3 MM. Utilizamo-la para pressionar o obus das válvulas e retirar o ar, mas pode-se utilizar outra ferramenta. 3 FITA MÉTRICA. Serve para medir o sag e o curso da suspensão e amortecedor. bikemagazine 85


UM DIA COM...

MARCO FIDALGO

ELE É PROFISSIONAL. PROVAVELMENTE DOS POUCOS PROFISSIONAIS QUE PORTUGAL TEM PARA OFERECER AO MUNDO DO BTT. HUMILDE E TRABALHADOR, REGE-SE POR VALORES ANTIGOS COMO OS DA AMIZADE, DO COMPANHEIRISMO E DA FAMÍLIA. [texto e imagem] Luís Lopes

88 09/2014


MARCO FIDALGO

M

arco Fidalgo é um pai dedicado, é fiel aos valores e aos

compromissos. Diz ter o emprego de sonho, pois representa uma marca que lhe proporciona vivências únicas, permitindo-lhe viajar, conhecer novas cidades, novos povos e culturas. Profissionalmente faz o que muitos fazem por lazer... Tem consciência da oportunidade que lhe deram e é por isso que, todos os dias, faz com que não se arrependam de terem apostado nele. O Marco Fidalgo é o piloto oficial da BERG Cycles, uma marca portuguesa que tem vindo a dar que falar e a quem deve a felicidade de se sentir realizado no desenvolvimento de uma atividade profissional que lhe passa diante dos olhos sem que este se aperceba. É inevitável viver a vida a “brincar” quando o que fazemos como fonte de rendimento é tão aquilo que desejamos que praticamente não sentimos que estamos a trabalhar. Mas é nas pistas que o Marco tem agradecido a todos os que o rodeiam. Com um palmarés invejável, vive cada

Nome: Marco Fidalgo Treinador: Valter Sousa ( www. valtersousa.net ) Equipas: SPECIALIZED AVALANCHE, SINTESI - Bike Center, BTTERRA, GT Bicycles e atualmente desde 2007 a Berg Cycles Factory Team BiciDaMontagna. com Nacionalidade: Portuguesa Localidade: Chão Pardo Bpm max:191 Bpm min: 34 Comida favorita: Bacalhau com grão e batata cozida Bebida favorita: Cola

É INEVITÁVEL VIVER A VIDA A “BRINCAR” QUANDO O QUE FAZEMOS COMO FONTE DE RENDIMENTO É O QUE DESEJAMOS bikemagazine 89



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