Ciclismo a fundo 50

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N.

/// A FUNDO

Bimestral I maio/junho 2017

Grande entrevista

RUI COSTA

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Teste: Felt VR6 Alimentação: prós e contras do leite Competição: todas as provas nacionais e internacionais Reportagem: Évora Granfondo Mecânica: travões de disco Entrevista: Delmino Pereira

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O EXPRESSO ALENTEJANO QUANDO NUMA MANHÃ QUENTE, MAS VENTOSA, MAIS DE 1000 CICLISTAS SAEM DE ÉVORA EM DIREÇÃO ÀS LONGAS RETAS QUE CARACTERIZAM A PAISAGEM ALENTEJANA SÃO DOIS OS PENSAMENTOS A RETER: VELOCIDADE E UM IMENSO MAR DE GRUPOS ESPALHADOS ESTRADA FORA. E FOI ISSO QUE ACONTECEU. [texto] João Tiago Martins [imagem] Organização

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DELMINO PEREIRA

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ENTREVISTA

NOVAS IDEIAS PARA O CICLISMO PORTUGUÊS

A CUMPRIR O SEGUNDO MANDATO À FRENTE DOS DESÍGNIOS DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE CICLISMO, DELMINO PEREIRA PRETENDE DOTAR ESTE DESPORTO DE NOVOS HORIZONTES, QUE SE ENQUADREM DENTRO DAQUELES QUE SÃO OS PARÂMETROS MODERNOS DA MODALIDADE. A CICLISMO A FUNDO FOI SABER TUDO AO PORMENOR. [texto] Magda Ribeiro [imagem] João Carlos Oliveira

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atisfeito com o trabalho que tem sido desenvolvido, mas com a ambição de fazer ainda mais e melhor pelo crescimento e sustentabilidade do ciclismo nacional. É deste modo que o Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) encara o trajeto que tem pela frente, com novos projetos e com uma outra visão sobre a forma de praticar esta modalidade no nosso país. Que balanço faz destes quatro anos e meio à frente da FPC? Atingimos praticamente todos os nossos objetivos, apesar de este mandato ter coincidido com uma grande crise no nosso país. Perante todas essas conjeturas, é um balanço bastante positivo. Continuamos a crescer em relação ao número de filiados e das

atividades organizadas. Para além disso obtivemos resultados excelentes ao nível das Seleções Nacionais, com três títulos mundiais. Ficou surpreendido com estes sucessos? Estamos perante uma bela geração de atletas e temos trabalhado no caminho certo. Por isso essa probabilidade existia. Ainda assim, a imprevisibilidade desportiva não nos deve fazer pensar que os resultados são factos adquiridos. Não coloco os triunfos como as metas exclusivas. Ser presidente da Federação é um cargo que ainda o motiva no diaa-dia ou gostava de ter um novo desafio na carreira? Neste momento ainda me motiva. Estamos a afinar um conjunto de ações, e temos ainda muitos objetivos para cumprir.

A concessão da Volta a Portugal Já se sabe quem irá organizar a Volta a Portugal para o período de 2018 a 2025? O processo de candidaturas terminou a 31 de março e surgiu apenas uma candidatura, que foi proposta pela Podium. Neste momento estamos a avaliá-la, mas parecenos que vai ao encontro dos nossos objetivos. Mais importante do que abrirmos um concurso foi legitimarmos as partes e reformularmos a fórmula de concessão, que assenta naqueles que são os princípios do novo ciclismo. Quais serão as grandes diferenças? Haverá uma maior cooperação institucional e um maior envolvimento na coordenação desportiva do projeto da Volta. A organização desta prova

e de outras devem fazer parte do plano integrante da estratégia e da política desportiva desenvolvida pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Agrada-lhe o trabalho que foi desenvolvido nos últimos anos pela Podium? A Podium cumpriu a 100% o que estava estipulado no contrato. No entanto este era um contrato firmado há 16 anos e que já não tinha correspondência com a atualidade e com aqueles que são os nossos novos desejos para o ciclismo. Há hipótese de esta corrida voltar a ter mais dias de duração? Não me parece. A tendência mundial dos grandes espetáculos desportivos passa por menos dias com mais intensidade. Esta é a única corrida da Europa Tour que tem 11 dias e para subir de categoria a UCI impõe de imediato um www.facebook.com/Ciclismoafundo 61


História

O MEDALHEIRO

português [texto] Magda Ribeiro [imagem] Graham Watson, Pedro Lopes, FPC e Arquivo

Ivo e Rui Oliveira estão a dar cartas na vertente de Pista

Todos temos bem presente na memória aquela que foi a maior conquista do ciclismo português: a medalha de ouro de Rui Costa no Campeonato do Mundo de 2013. No entanto este feito foi “tão-só” o corolário de outros êxitos que já faziam parte do historial da modalidade. Comecemos pelo ano de 1996. Numa altura em que o ciclismo luso estava algo arredado dos grandes palcos internacionais, Cândido Barbosa conseguiu contrariar esta máxima, alcançando aquela que foi a primeira medalha de ouro da equipa das quinas na vertente de estrada. No Campeonato da Europa de Sub-23, realizado a 18 de junho na Ilha de Man (Reino Unido), o jovem da Rebordosa mostrava-se ao mundo, vencendo categoricamente a corrida de fundo, e deixando nas posições seguintes o italiano Daniele Contrini e o russo Sergei Ivanov. Fruto desta conquista, o corredor envergou ao longo da temporada de 1997 – altura em que representava

Tanto o ouro, como a prata e o bronze fazem parte das conquistas

da Seleção Nacional nos mais conceituados palcos do ciclismo de estrada. Momentos únicos da história deste nosso desporto e que voltamos a fazêlos “subir ao pódio” nas linhas que se seguem.

a Maia - a camisola azul com estrelas douradas, simbolizando o título europeu que era seu. Uma “jersey” que não passava seguramente despercebida e que, somada às suas inúmeras vitórias ao sprint, saltaria à vista dos responsáveis da gigante espanhola Banesto, que o contratariam na época seguinte. Em 2002 o nosso ciclismo voltaria a atrair a atenção sobre si. Foi em Zolder, na Bélgica, que uma nova medalha passou a integrar o pecúlio das nossas Seleções. No palco dos Campeonatos do Mundo – que consagraram o italiano Mario Cipollini na estrada e o colombiano Santiago Botero no contrarrelógio – Portugal subiu igualmente ao pódio, por intermédio de Sérgio Paulinho. O corredor luso (que este ano retornou ao nosso país para representar a Efapel) brilharia na prova de contrarrelógio, ao ser terceiro classificado, tendo gasto mais 1m28 do que o vencedor, o lituano Tomas Vaitkus (que precisou de 38m40 para cumprir o www.facebook.com/Ciclismoafundo 67


HISTÓRIA 1996 Cândido Barbosa: Campeão Europeu de fundo na categoria de Sub-23

2002 Sérgio Paulinho: Medalha de bronze no Mundial de Contrarrelógio de Sub-23

2004 Sérgio Paulinho: Vice-Campeão Olímpico de fundo de Elites

2009 Nelson Oliveira: Vice-Campeão Mundial de Contrarrelógio em Sub-23

Rui Costa venceu os Mundiais de Florença contra todas as expetativas

percurso). De referir que a medalha de prata ficou na posse do russo Alexander Bespalov. A SUBIDA AO MONTE OLIMPO

Foi bem perto do “topo do Monte Olimpo” que Portugal colocou a sua bandeira. Estávamos em Agosto de 2004, altura em que a Grécia voltou a organizar os Jogos Olímpicos (108 anos após aquela que foi a primeira edição da Era Moderna). A Seleção Nacional apresentou-se na corrida de fundo com quatro atletas: Cândido Barbosa, Gonçalo Amorim, Nuno Ribeiro e Sérgio Paulinho. Os dois primeiros não finalizariam a prova. Por sua vez, o atual diretor desportivo da W52/ FC Porto conseguiu andar entre os primeiros, concluindo no 27.º lugar. Quanto a Paulinho? A história seria outra. Aos insistentes ataques de Paolo Bettini, o corredor natural de Oeiras foi respondendo com eficácia, a par de parcos corredores de nomeada, como Alexander Vinkourov. Até que, de forma inesperada, ou talvez não, o italiano viu atrás de si somente o corredor da 68 Ciclismo a Fundo

LA/Pecol, de 24 anos. Uma companhia que teria, cooperante, até bem perto da linha de meta. Contudo, a forte ponta final do corredor transalpino levá-lo-ia à vitória ao cabo dos 224,4 quilómetros que compuseram o desafio. O português, ainda assim, levava para casa a medalha de prata, ao passo que o belga Axel Merckx (filho do campeoníssimo Eddy Merckx) chegaria à meta oito segundos depois do vencedor e alcançaria o bronze. Este resultado permitiria a Paulinho assinar contrato com a espanhola Liberty Seguros/Würth, iniciando assim uma longa e profícua carreira internacional. Sete anos depois de ter alcançado uma medalha num Mundial, Portugal retorna ao pódio, também no contrarrelógio e igualmente no escalão de Sub-23. As diferenças? O protagonista e a cor da medalha. Depois do bronze de Paulinho seria a prata de Nelson Oliveira a fazer vibrar os adeptos nacionais. A 23 de setembro de 2009, em Mendrisio, na Suíça, o atleta natural de Anadia, que se estreava em Mundiais, completaria os 33,2 quilómetros do

percurso em 41m03, tendo gasto mais 19 segundos do que o vencedor, Jack Bobridge. “Já me ocorreu que posso ter feito história”, diria à agência Lusa. O alemão Patrick Gretsch, com mais 28 segundos do que o australiano, completou o pódio (de referir que o bem conhecido alemão Marcel Kittel finalizaria na 4.ª posição). Bicampeão nacional de Contrarrelógio de Sub-23, Oliveira, de 20 anos, pertencia então às fileiras da formação espanhola CC Lugo/ Artesania Galicia, tendo assinado no final da temporada um contrato com a Xacobeo/Galicia. EUROPEU DE SONHO

O Campeonato Europeu de ciclismo de Estrada de 2010, levado a cabo em Ancara, na Turquia, foi memorável para a velocipedia nacional. Neste evento, que se desenrolou entre os dias 15 e 18 de julho, Portugal não teve uma, nem duas, mas sim três razões para sorrir! No segundo dia do evento, o nosso território atraiu a atenção mediática, ao alcançar a medalha de bronze no Contrarrelógio de Sub-23. O


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BALANÇO DA ÉPOCA [texto] Magda Ribeiro [imagem] UVP, Arquivo e Bettini

A HISTÓRIA

REESCREVE-SE 76 Ciclismo a Fundo


QUEBRARAMSE TRADIÇÕES E VIVERAM-SE MOMENTOS DE REGOZIJO POR, UMA VEZ MAIS, O NOME DE PORTUGAL TER SIDO BADALADO ALÉMFRONTEIRAS. ASSIM FORAM OS ÚLTIMOS MESES NO CICLISMO DENTRO E FORA DE PORTAS. RELEMBRE CONNOSCO ALGUNS DOS MOMENTOS MARCANTES DAS MAIS RECENTES PEDALADAS.

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urante anos, muitos foram aqueles que tentaram conquistar por mais de uma vez a “Alentejana”, mas ela, caprichosa, nunca tal havia permitido. Foi preciso chegarmos até à 35ª edição para que ela finalmente cedesse aos encantos de Carlos Barbero (Movistar Team) e lhe permitisse repetir o feito alcançado em 2014. Se é surpreendente que o “feitiço” tenha sido quebrado, certo é que praticamente desde a primeira etapa que foram muitos os que acreditaram que “seria desta”. A comemorar as suas “Bodas de Coral”, a Volta ao Alentejo apresentou duas novidades: por um lado desenrolou-se mais cedo do que o habitual - disputando-se de 22 a 26 de fevereiro -, por outro subiu de escalão – sendo agora de classe 2.1 internacional. Apesar de esta aproximação à Volta ao Al-

garve apenas ter valido a presença de uma equipa WorldTour (a espanhola Movistar), compareceram cinco formações Continentais Profissionais e ainda 13 Continentais (nas quais se incluíam as seis portuguesas). Apesar de tamanha concorrência forasteira, foi uma equipa portuguesa a realizar a primeira celebração nesta corrida. No final dos 158 quilómetros, que ligaram Portalegre a Castelo de Vide, a discussão acabaria por ser feita entre um grupo restrito. Na lei do mais forte, o ciclista do Sporting/Tavira Rinaldo Nocentini levou a melhor, deixando nas posições seguintes Eduard Prades (Caja Rural/Seguros RGA) e Carlos Barbero, todos com o mesmo tempo. Para além do corredor italiano, também o colombiano Aldemar Reyes (Manzana Postobón) teria motivos para sorrir. Ao vencer três dos quatro prémios de montanha do dia, o melhor

jovem do Troféu Joaquim Agostinho de 2016 deu um passo gigante rumo à conquista da camisola de melhor trepador (que não lhe fugiria até ao encerrar da competição). O “assalto” à liderança por parte de Barbero ocorreu logo na segunda etapa. E nem precisou de vencer para conseguir tal desiderato. Na chegada a Portel, o atleta espanhol classificou-se no segundo posto, transformando o atraso de seis segundos para Nocentini na geral numa vantagem de três. Quanto à tirada em si, ficou marcada por uma fuga de vários corredores, que veriam as suas pretensões deitadas por terra após uma perseguição encetada pela Movistar, que via nesta tirada uma boa oportunidade para “roubar” a amarela. À chegada, o holandês Jacob Ariesen (Metec/TKH Mantel) seria o mais rápido na lei do sprint. Ao terceiro dia viveu-se a mais longa jornada da edição deste ano: 208 quilómetros, entre Mourão e Mértola, nos quais não existia qualquer subida pontuável. No “papel” era expectável uma chegada rápida, propícia a um embate entre velocistas. Contudo, uma queda na aproximação ao último quilómetro dizimou por completo o pelotão. Quem tirou o melhor proveito da situação foi Juan Molano (Manzana Postobón), que acabou por averbar um triunfo para o seu palmarés. O ciclista colombiano levou a melhor diante de Christopher Lawless (Axeon Hagens Berman) e de Carlos Barbero, ciclista que, www.facebook.com/Ciclismoafundo 77


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